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Magda Tagliaferro

MAGDALENA MARIA YVONNE TAGLIAFERRO
(93 anos)
Pianista e Professora de Piano

☼ Petrópolis, RJ (19/01/1893)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/09/1986)

Considerada uma das grandes pianistas brasileiras do século XX, Magda Tagliaferro impôs uma nova concepção de sonoridade feminina no teclado. Exímia intérprete, tornou-se uma referência interpretativa. Foi um símbolo da arte de tocar piano, uma personalidade de energia contagiante, um talento exuberante. Desde sempre foi reverenciada pela crítica. Desenvolveu uma brilhante carreira artística, sem nunca esquecer da missão pedagógica. Segundo ela, não há gênio no mundo que resista à falta de estudo.

Nascida em Petrópolis, filha de pais franceses, iniciou seus estudos com seu pai, fazendo sua primeira apresentação pública aos 9 anos de idade. Com 13 anos ganhou o primeiro prêmio do Conservatório de Paris.

Participou de concertos na Europa, Brasil e nos Estados Unidos. Conviveu com grandes compositores como Fauré, Maurice Ravel, Poulenc, entre outros grandes artistas do século XX, e foi também professora no Brasil e na França. Gravou seu primeiro disco em 1929 e recebeu diversos prêmios e condecorações nacionais e internacionais.


Desenvolveu uma técnica de ensino muito particular e foi criadora do que hoje chamamos de Aula Pública, que visa a educação dos alunos e a formação do público, o que hoje chamamos de masterclass.

Em 1940 fundou a Escola Magda Tagliaferro e em 1969 constituiu a Fundação Magda Tagliaferro. Para ela, o homem só poderia ser verdadeiro se, em seu desejo de perfeição, aceitasse e, até mesmo, tirasse partido de sua falibilidade.

Seu último aluno bolsista em Paris, o pianista e produtor paulista Fábio Caramuru, vem coordenando uma série de projetos culturais em sua memória, a convite da Fundação Magda Tagliaferro.

Seu nome brilha ao lado de artistas como Arthur Rubinstein, Vladimir Horowitz, Claudio Arrau, Antonieta Rudge, Guiomar Novaes e Marguerite Long.

Bruno Giorgi

BRUNO GIORGI
(88 anos)
Escultor e Professor

* Mococa, SP (13/08/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/09/1993)

Filho de imigrantes italianos, em 1911, mudou-se com a família para Roma e, no início da década de 1920, estudou desenho e escultura.

Oscar Niemeyer e  Bruno Giorgi
Na Itália, participou de movimentos antifascistas, tendo sido preso e condenado a sete anos de prisão. Após ter cumprido quatro anos da pena, foi extraditado para o Brasil, por intervenção do embaixador brasileiro na Itália.

Em 1937, em Paris, frequentou as academias La Grande Chaumière e Ranson, tendo conhecido, nessa última, Aristide Maillol, que passa a orientá-lo. Conviveu com Henry Moore, Marino Marini e Charles Despiau.

Em 1939, de volta a São Paulo, trabalhou com os artistas do Grupo Santa Helena e participou do grupo Família Artística Paulista.

A convite do ministro Gustavo Capanema, em 1943, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde instalou ateliê na Praia Vermelha, e deu aulas, entre outros, para Francisco Stockinger.

Dos monumentos públicos de sua autoria destacam-se Monumento à Juventude Brasileira (1947), nos jardins do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro; Candangos (1960), na Praça dos Três Poderes, e Meteoro (1967), no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília; Condor (1978), na Praça da Sé, São Paulo, Integração (1989), no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Fonte: Wikipédia

San Tiago Dantas

FRANCISCO CLEMENTINO DE SAN TIAGO DANTAS
(53 anos)
Jornalista, Advogado, Professor e Político

* Rio de Janeiro, RJ (30/08/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/09/1964)

Francisco Clementino de San Tiago Dantas nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de agosto de 1911, filho de Raul de San Tiago Dantas e de Violeta de Melo de San Tiago Dantas.

Ingressou em 1928 na Faculdade Nacional de Direito, concluindo o curso em 1932. Nesse ano, filiou-se à Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de inspiração fascista. Ativo militante integralista, afastou-se do movimento por ocasião da preparação do levante para depor o presidente Getúlio Vargas, em 1938. A partir de então, passou a dedicar-se à carreira acadêmica e à advocacia.

Entre 1945 e 1946, trabalhou no Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1949, assumiu a vice-presidência da refinaria de petróleo de Manguinhos, cargo no qual permaneceria durante nove anos. Atuou tambem como assessor pessoal de Getúlio Vargas durante seu segundo governo (1951-1954), participando da discussão do anteprojeto de criação da Petrobrás e do projeto de criação da Rede Ferroviária Federal.

Retornou à vida política em 1955, ingressando no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em outubro de 1958 elegeu-se deputado federal por Minas Gerais.

Nomeado pelo presidente Jânio Quadros embaixador do Brasil na ONU em 22 de agosto de 1961, não chegou a assumir o cargo em virtude da renúncia de Jânio Quadros, três dias depois. Esse fato provocou uma grave crise política, pois os ministros militares vetaram a posse do vice-presidente João Goulart na presidência. Foi então apresentada uma emenda constitucional instituindo o regime parlamentarista de governo. João Goulart assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, indicando Tancredo Neves, do Partido Social Democrático (PSD) como primeiro-ministro. San Tiago Dantas foi escolhido para a pasta das Relações Exteriores.

San Tiago Dantas e João Goulart (Reprodução AE)
Seguidor da chamada "politica externa independente", iniciada no governo Jânio Quadros, San Tiago Dantas promoveu o reatamento das relações com a União Soviética, e na reunião de chanceleres dos paises americanos, realizada em janeiro de 1962, em Punta del Este, discordou da posição dos Estados Unidos, que pretendia expulsar Cuba da Organização dos Estados Americanos.

Em março, chefiou a delegação brasileira enviada a Genebra para participar da Conferência de Desarmamento, onde o Brasil se definiu como "potência não-alinhada".

Deixou o ministério em junho, para poder disputar um novo mandato na Câmara dos Deputados. Ainda em junho, Tancredo Neves renunciou. Para substituí-lo, João Goulart encaminhou ao Congresso Nacional o nome de San Tiago Dantas, que era apoiado pelos setores nacionalistas e de esquerda do parlamento e pelos sindicatos. Contudo, as forças conservadoras vetaram sua indicação. Em outubro de 1962, foi reeleito deputado federal.

Em janeiro de 1963, uma consulta popular determinou por larga margem de votos o retorno ao regime presidencialista. O presidente formou então um novo ministerio e San Tiago Dantas assumiu a pasta da Fazenda, comprometendo-se com um programa de austeridade econômica baseado no Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, de autoria de Celso Furtado, ministro extraordinário para o Planejamento.

O plano previa a retomada de um índice de crescimento econômico em torno de 7% ao ano, e a redução da taxa de inflação, que em 1962 chegara a 52%, para 10% em 1965. Logo após sua posse no ministério, San Tiago Dantas tomou medidas voltadas para a estabilização da moeda e aboliu os subsídios para as importações de trigo e de petróleo a fim de aliviar a situação do balanço de pagamentos, conforme exigência do Fundo Monetário Internacional. Em março, viajou para os Estados Unidos, com o objetivo de discutir a ajuda norte-americana ao Brasil e a renegociação da dívida externa.

Em meio à crescente polarização entre conservadores e reformistas, San Tiago Dantas fez um pronunciamento pela televisão em abril, apontando a existência de duas esquerdas: a positiva, onde ele mesmo se inseria; e a negativa, onde incluia a ala esquerda do PTB. Diante das dificuldades encontradas na aplicação do Plano Trienal, em junho João Goulart mudou mais uma vez seu ministério. Celso Furtado deixou a pasta do Planejamento e San Tiago Dantas a da Fazenda.

Quando San Tiago Dantas reassumiu seu mandato, setores militares, políticos e empresariais já se organizavam em torno da deposição de João Goulart. A pedido do presidente, ele começou a articular as correntes políticas próximas do governo com o objetivo de evitar a sua derrubada. Em janeiro de 1964, concluiu a elaboração de um programa mínimo voltado para a formação de um governo de frente única, que incluiria desde o PSD até o Partido Comunista Brasileiro. Entretanto, o PSD e a Frente de Mobilização Popular (FMP), liderada por Leonel Brizola, manifestaram-se contra. A FMP acusava João Goulart de conciliar com grupos contrários às reformas de base e só passou apoiar a formação da frente única quando o golpe militar era iminente. Deflagrado em 31 de março de 1964, o movimento foi vitorioso, levando o general Humberto Castelo Branco ao poder.

San Tiago Dantas faleceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1964 vítima de um Câncer no Pulmão.

Era casado com Edméia Carvalho Brandão.

Fonte: Fundação Getúlio Vargas

Vladimir Herzog

VLADO HERZOG
(38 anos)
Jornalista, Professor e Dramaturgo

* Osijek, Croácia (27/06/1937)
+ São Paulo, SP (25/10/1975)

Foi um jornalista, professor e dramaturgo nascido na Croácia (à época ainda parte do Reino da Iugoslávia), mas naturalizado brasileiro. Vladimir também tinha paixão pela fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o cinema. Passou a assinar Vladimir por considerar seu nome muito exótico nos trópicos.

Vladimir tornou-se famoso pelas consequências que sofreu devido às suas conexões com a luta comunista contra a ditadura militar, autodenominada movimento de resistência contra o regime do Brasil, e também pela sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Sua morte causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela redemocratização do país. Segundo o jornalista Sérgio Gomes, Vladimir Herzog é um "símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça".

Primeiros Anos

Herzog nasceu na cidade de Osijek, em 1937, na Iugoslávia (atual Croácia), filho de um casal judeu, Zigmund e Zora Herzog. Com o intuito de escaparem do Estado Independente da Croácia (estado fantoche controlado pela Alemanha Nazista e pela Itália Fascista), o casal decidiu emigrar, com o filho, para o Brasil, na década de 1940.

Educação e Carreira

Herzog se formou em filosofia pela Universidade de São Paulo em 1959. Depois de formado, trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, notavelmente no O Estado de São Paulo. Nessa época, resolveu passar a assinar Vladimir ao invés de Vlado pois acreditava que seu nome verdadeiro soava um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.

Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a Ditadura Militar no Brasil de 1964-1985, como também no Partido Comunista Brasileiro.

Prisão e Morte

Em 24 de outubro de 1975 - época em que Vladimir já era diretor de jornalismo da TV Cultura - agentes do II Exército  o convocaram para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que era proibido pela ditadura).

No dia seguinte, Vladimir compareceu ao pedido. O depoimento de Vladimir era dado por meio de uma sessão de tortura. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.

No dia 25 de outubro, Vladimir foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI/CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vladimir enforcado.

Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI/CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que supostamente sua morte foi feita por estrangulamento. Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", o que gerava comentários irônicos de que Vladimir e outras vítimas haviam sido "suicidados pela ditadura".

Pós-Morte

Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem tinha dois filhos. Com a morte do marido, Clarice passou por maus momentos. Com medo e opressão, teve que contar para os filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. A mulher, três anos depois, conseguiu que a União fosse responsabilizada, de forma judicial, pela morte do esposo. Ainda sem se conformar, ela diz que "Vlado contribuiria muito mais para a sociedade se estivesse vivo".

Gerando uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Vladimir impulsionou fortemente o movimento pelo fim da Ditadura Militar Brasileira. Após sua morte, grupos intelectuais, agindo em jornais e meios de comunicação, e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil.

Diante da agonia de saber se Vladimir havia se suicidado ou se havia sido morto pelo Estado, criaram-se comportamentos e atitudes sociais de revolução. Em 1976, por exemplo, Gianfrancesco Guarnieri escreveu Ponto de Partida, espetáculo teatral que tinha o objetivo de mostrar a dor e a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido. Segundo o próprio Guarnieri:

"[...] Poderosos e dominados estão perplexos e hesitantes,impotentes e angustiados. Contendo justos gestos de ódio e revolta, taticamente recuando diante de forças transitoriamente invencíveis. Um dia os tempos serão outros. Diante de um homem morto, todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobre tudo quando é o Velho que assassina o Novo."

Legado

Em 2009, mais de 30 anos após a morte de Vladimir, surge o Instituto Vladimir Herzog. O instituto destina-se a três objetivos:

  • Organizar todo o material jornalístico sobre a história de Vladimir, como meio de auxílio a estudantes, pesquisadores e outros interessados em sua vida e obra;
  • Promover debates sobre o papel do jornalista e também discutir sobre as novas mídias;
  • Ser responsável pelo Prêmio Jornalistico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que premia pessoas envolvidas no jornalismo e na promoção dos direitos humanos. 

Fonte: Wikipédia

Homero Icaza

HOMERO ICAZA SÁNCHEZ
(86 anos)
Advogado, Professor, Poeta, Escritor, Cônsul e Executivo de Televisão.

☼ Cidade do Panamá, Panamá (10/01/1925)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/08/2011)

Homero Icaza Sánchez foi um advogado, cônsul e executivo de televisão nascido na Cidade do Panamá, Panamá, no dia 10/01/1925.

Era consultor da Rede Globo de Televisão desde 1971, foi o fundador do Instituto Técnico de Análises e Pesquisas (ITAPE) em 1968 e foi cônsul do Panamá no Rio de Janeiro por quase duas décadas, além de ter sido professor catedrático.

Ainda criança aprendeu o valor do conhecimento. O jovem Homero Icaza Sánchez se formou no Colégio de La Salle em 1943.

Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu uma bolsa do Itamaraty para estudar direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda não sabia que jamais abandonaria o Brasil.

Foi durante a graduação, em 1947, que publicou "Primeros Poemas", seu livro de estreia, uma coletânea de poesia em espanhol.


Publicaria outras duas antologias com os seus poemas, como o melancólico "Poemas Para Cuerda" (1956) e o romântico "Un Solo Amor" (1979). Algumas de suas obras chegaram a ser traduzidas para o português.

Antes de se formar, inscreveu-se em uma pós-graduação em sociologia na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que contribuiu com a sua carreira como cônsul do Panamá no Rio de Janeiro, função que exerceu por 18 anos.

Mas foi em 1971 que encontrou sua verdadeira vocação. Enquanto o Brasil ainda engatinhava nas pesquisas de mercado, tornou-se diretor da área na Rede Globo.

Provocou mudanças bem-sucedidas, como transferir as novelas de época para a faixa de horário das 18h00. Sua habilidade para interpretar os números do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) era tamanha que ganhou o apelido de El Brujo.

Homero Icaza morreu na terça-feira, 30/08/2011, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, RJ. O corpo de Homero Icaza Sánchez foi cremado na quarta-feira, 31/08/2011, às 15h00, no Crematório do Caju.

Dorina Nowill

DORINA GOUVÊA NOWILL
(91 anos)
Filantropa, Administradora e Pedagoga

* São Paulo, SP (28/05/1919)
+ São Paulo, SP (29/08/2010)

Nascida em 1919, filha de pai português e mãe italiana, Dorina cresceu na Rua Matias Aires, entre a Rua Frei Caneca e a Rua Augusta, região central de São Paulo, e foi matriculada no Instituto Elvira Brandão onde foi contemporânea dos futuros atores Paulo Autran e Célia Biar. Empolgou-se com a Revolução Constitucionalista de 1932 participando da coleta de cigarros e sabonetes para os soldados. Frequentava o Clube Português e era uma menina comportada.

A Aba Bateu em Seu Olho Direito

Em 16 de agosto de 1936 foi com a família à missa das 9h do Colégio São Luiz. Naquela manhã, uma amiga de sua mãe usava um chapéu de abas largas. Ao se despedirem, ela quis dar um beijo em Dorina e a aba bateu em seu olho direito. No dia seguinte de manhã, fechou o olho esquerdo e no outro surgiu uma mancha opaca, bem no centro da visão. A mácula havia sido afetada, não pelo choque, mas por uma razão clínica não traumática como descobriu depois.

O que se seguiu foram visitas a oftalmologistas, exames e mais exames, mas em 14 de outubro: "Vi uma cortina de sangue e nada mais distingui. Era como se eu estivesse vendo uma vidraça com chuva escorrendo. Em vez de água, sangue". Ela, então, soube que não mais poderia enxergar. Sua mãe pediu a Deus: "Se Dorina não puder voltar a ver, que pelo menos se conforme, aceite e possa assim viver."

De 1936 a 1943, Dorina viveu um processo de adaptação a seu novo modo de vida. Foi apresentada ao método braile de leitura e sua mãe pode comemorar o "milagre da aceitação".

Naquele ano, 1943, ela conseguiu uma vitória inédita – ser aceita como aluna regular no Caetano de Campos, para o Curso Normal. Foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo numa escola comum de formação de professores.


Ainda estudante, outra conquista foi quando a mesma escola implantou o primeiro curso de especialização de professores para o ensino de cegos em 1945. Em 2008, ela contou como conseguiu não desistir:
"Eu perdi a visão e ao mesmo tempo encontrei o apoio de meus pais em tudo o que eu queria realizar. Devo a eles a forma de encarar com realidade as novas situações e de resolver os problemas sem mistificações, mas dentro de uma proposta real de vida, baseada sempre na verdade. O início foi encarar a realidade como ela se apresenta, pois é aí que encontramos forças para dominar o desânimo e a falta de coragem, depois encontrar soluções mais adequadas, embora diferentes daquelas com que todos nós contamos desde os primeiros dias de vida."
Após diplomar-se, viajou para os Estados Unidos, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano, pela Fundação Americana Para Cegos e pelo Instituto Internacional de Educação. Frequentou um curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Columbia. Ao voltar ao Brasil, Dorina mergulhou no trabalho para implantar a primeira imprensa braile de grande porte no país. Também foi convidada a organizar o Departamento de Educação Especial da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Esse cargo foi fundamental para ela e seus amigos comemorarem quando a educação para cegos se transformou em atribuição do governo por força de lei. Em 1953, em São Paulo, e em 1961, em todo o país.

Companheiro de Toda Uma Vida

Em fevereiro de 1950, casou-se com Alexandre Nowill, companheiro de toda uma vida, com quem teve cinco filhos e viveu uma relação de companheirismo em todas as atividades em que acabou se envolvendo.

Dorina foi convidada para dirigir o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil, criado pelo Ministério da Educação, em que permaneceu de 1961 a 1973 tocando projetos que implantaram serviços para cegos em diversos estados do país, além de campanhas para a prevenção da cegueira.
"Aprendi que eu mesma teria de resolver como manter as minhas aspirações dentro de um nível capaz de me satisfazer, mas nunca pensei em desistir e fui resolvendo grandes problemas, mesmo com elementos diferentes do início da minha vida."
O reconhecimento pelo trabalho de Dorina Nowill foi além de nossas fronteiras. Ocupou cargos em organizações internacionais de cegos. Em 1979, foi eleita presidente do Conselho Mundial dos Cegos.

Em 1981, Ano Internacional da Pessoa Deficiente, discursou na Organização das Nações Unidas (ONU). E ainda batalhou com ardor pela criação da União Latino-Americana de Cegos (ULAC).

Certa vez, viajou sozinha a Nova York e, depois de esbarrar em muita lata de lixo, aprendeu a se virar com a bengala.
"Sem força interior não se encontram soluções. Viver tem que ser real, não pode ser uma história, é preciso viver e 'viver é realizar'. A realidade, muitas vezes, é dura, mas é preciso enfrentá-la."

O Primeiro Centro de Reabilitação

Em 1989, Dorina registrou mais uma vitória, quando o Congresso Nacional ratificou a Convenção 1599 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da reabilitação, do treinamento e da profissionalização de cegos, resultado de mais uma luta, que havia começado 18 anos antes com o primeiro centro de reabilitação criado pela Fundação.

O Centro de Memória da Fundação guarda a história de luta pela inclusão social em sua sede, na Vila Clementino, em São Paulo. Ali, uma exposição aberta ao público orienta museus a receberem pessoas com deficiência visual e, desde 2006, promove o programa de formação em acessibilidade para museus. Estudantes cegos de todo o Brasil estudam com os livros produzidos na Fundação. Eles imprimem ainda as revistas Veja e Cláudia, além de outras específicas sob demanda. A Biblioteca Circulante de Livro Falado da Fundação Dorina Nowill Para Cegos possui um acervo com cerca de 900 títulos em áudio de obras de diversos autores, desde clássicos da literatura brasileira aos mais variados best-sellers internacionais. Esse serviço está disponível gratuitamente para pessoas com deficiência visual de todo o Brasil.
"Acreditamos que a educação seja o melhor caminho para a inclusão social. Para a pessoa com deficiência visual, ter acesso garantido à literatura, ao estudo ou ao entretenimento é questão primordial em seu desenvolvimento pessoal. Anualmente são produzidas milhares de páginas em braile de livros didático-pedagógicos, paradidáticos, literários e obras específicas solicitadas pelos deficientes visuais... A natureza é sábia. O rico potencial do ser humano procura suprir quaisquer perdas. É preciso enfrentá-las em toda a sua realidade. Muito difícil para uns, um pouco menos para outros, fácil para ninguém."

Aos 91 anos, com a saúde debilitada e num leito de hospital em São Paulo, a bravíssima Dorina de Gouvêa Nowill lutou pela vida da mesma maneira que a desfrutou - com tranquila consciência. Já não falava e resistia à alimentação. Muito magra, enfrentava problemas nos pulmões e no esôfago. Seus cinco filhos, 12 netos e três bisnetos rezavam por essa mulher, que ganhou o respeito e a admiração de todos os brasileiros.

"Quando perdi a visão, percebi que algo tinha se modificado. Nesse momento tão particular, simplesmente surgiu uma força interior que me impulsionou a encarar a própria vida 'sem ver' e a importância que dei a outras possibilidades foi muito maior que o desespero de ter perdido a visão. Eu tinha de enfrentar as situações como elas se apresentavam e todos esperavam a minha reação. Nesse momento foram surgindo soluções de acordo com meu temperamento e com minhas aspirações. Hoje acredito que não perdi aspirações, apenas tive de modificá-las um pouco, até mesmo para mantê-las, mesmo dentro de situações para as quais não estava preparada integralmente", contou ela em sua autobiografia lançada em 1996, "...E Eu Venci Assim Mesmo", em que conta em detalhes de como cuidou dos filhos, da casa, do casamento e de suas ações sociais ao mesmo tempo.

A pedagoga Dorina Nowill, morreu por volta das 19:30hs de domingo, dia 29/08/2010, em São Paulo. Ela estava internada por conta de uma infecção e sofreu uma parada cardíaca no Hospital Santa Isabel.

Ela deixou cinco filhos, doze netos e três bisnetos. O velório aconteceu às 8:00hs de segunda-feira 30/08/2010 na sede da Fundação Dorina Nowill, localizada na Zona Sul de São Paulo. O enterro aconteceu às 15:30hs, no Cemitério da Consolação.

Para conhecer mais a Fundação, visite o site no link: Fundação Dorina Nowill

Fonte: Contigo e R7

Afonso Arinos

AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO
(84 anos)
Jurista, Político, Historiador, Professor, Ensaísta e Crítico

☼ Belo Horizonte, MG (27/11/1905)
┼ Rio de Janeiro, RJ (27/08/1990)

Afonso Arinos foi um jurista, político, historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro, nascido em Belo Horizonte, MG, em 27/11/1905. Destacou-se pela autoria da Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial em 1951. Ocupou a Cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde foi eleito em 23 de janeiro de 1958.

Filho de Afrânio de Melo Franco e de Sílvia Alvim de Melo Franco, sobrinho do escritor Afonso Arinos. Casou-se com Ana Guilhermina Rodrigues Alves Pereira, neta do presidente Rodrigues Alves, com quem teve dois filhos. Era irmão de Virgílio Alvim de Melo Franco.

Formou-se em 1927 na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, começando a carreira como promotor de justiça da comarca de Belo Horizonte.

Viajou para Genebra a fim de aperfeiçoar seus estudos. De retorno ao Brasil em 1936, iniciou a carreira de professor na antiga Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro ministrando aulas de História do Brasil.

Atuou ainda como professor no exterior ministrando cursos de História Econômica do Brasil na Universidade de Montevidéu (1938), curso na Sorbonne, em Paris, sobre cultura brasileira (1939) e cursos de literatura na faculdade de letras da Universidade de Buenos Aires (1944).

Em 1946, foi nomeado professor de História do Brasil do Instituto Rio Branco, Instituto este responsável pela formação e aperfeiçoamento profissional dos diplomatas de carreira do governo brasileiro. Foi catedrático de Direito Constitucional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade do Brasil.

Carreira Política

A carreira política de Afonso Arinos começou em 1947, quando foi eleito deputado federal por Minas Gerais em três legislaturas, de 1947 a 1958. Foi líder da União Democrática Nacional (UDN) até 1956, e depois líder do bloco da oposição ao Governo de Juscelino Kubitschek até 1958.

Dois fatos, sobretudo, marcaram fortemente a sua presença na Câmara dos Deputados: a autoria da lei contra a discriminação racial, que tomou o seu nome, Lei nº 1.390, de 03/07/1951, e o célebre discurso, pronunciado em 09/08/1954, pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas. Quinze dias depois o presidente suicidou-se no Palácio do Catete.

Em 1958, foi eleito senador pelo antigo Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. Permaneceu no Senado Federal até 1966, mas afastou-se duas vezes do cargo para assumir o Ministério das Relações Exteriores, no governo de Jânio Quadros, no qual implementou a Política Externa Independente (PEI) e no regime parlamentarista do primeiro-ministro Francisco Brochado da Rocha, em 1963.

Foi o primeiro chanceler brasileiro a visitar a África, estando no Senegal do então presidente Léopold Sédar Senghor, em 1961.

Chefiou a delegação do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), durante as Assembléias Gerais de 1961 e 1962. Foi embaixador extraordinário, participando do Concílio Vaticano II em 1962, terminando com a chefia da delegação brasileira à Conferência do Desarmamento, em Genebra, no ano de 1963. É de sua autoria o capítulo sobre declaração de direitos que consta da Constituição de 1967.

Foi nomeado, pelo presidente José Sarney, presidente da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, denominada Comissão Afonso Arinos, criada pelo Decreto nº 91.450 de 18/07/1985, com o objetivo de preparar um anteprojeto que deveria servir de texto básico para a elaboração da nova constituição. Em 1986, aos 81 anos, elegeu-se senador pelo Partido da Frente Liberal (PFL).

Foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), membro do Conselho Federal de Cultura, nomeado em 1967, quando da sua criação, e reconduzido em 1973.

Afonso Arinos recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por duas vezes, quando da publicação de dois dos seus volumes de memórias: "Planalto" (1969) e "Alto-Mar Maralto" (1977).

Em 19/07/1958, Afonso Arinos tomou posse da cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebido pelo acadêmico Manuel Bandeira.

Afonso Arinos faleceu em pleno exercício do mandato de senador, em 27/08/1990. À época, encontrava-se filiado Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por defender este, em seu programa partidário, a implantação do parlamentarismo no país.

Prêmios e Títulos

  • Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
  • Intelectual do Ano em 1973 (Prêmio Juca Pato, da Sociedade Paulista de Escritores);
  • Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil, pela sua biografia de Rodrigues Alves.

Fonte: Wikipédia

Alceu Amoroso Lima

ALCEU AMOROSO LIMA
(89 anos)
Crítico Literário, Professor, Escritor e Líder Católico

* Rio de Janeiro, RJ (11/12/1893)
+ Petrópolis, RJ (14/08/1983)

Filho de Manuel José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima, estudou no Colégio Pedro II, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1913, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O paraninfo de sua turma foi o professor de Filosofia do Direito Sílvio Romero. Estagiou e advogou no escritório do advogado João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi seu professor na Faculdade de Direito.

Adotou o pseudônimo Tristão de Ataíde, ao se tornar crítico em 1919 no O Jornal. O pseudônimo servia para distinguir a atividade de industrial da literária. Alceu Amoroso Lima então dirigia a Fábrica de Tecidos Cometa, que herdara de seu pai.

Casou-se com Maria Teresa de Faria, filha do escritor Alberto de Faria, que também foi membro da Academia Brasileira de Letras. O escritor e acadêmico Octávio de Faria era irmão de Maria Teresa e cunhado de Alceu Amoroso Lima. O escritor e acadêmico Afrânio Peixoto era casado com uma irmã de Maria Teresa de Faria, sendo assim concunhado de Alceu Amoroso Lima.

Alceu Amoroso Lima e Hamilton Nogueira em 1957.
Aderiu ao Modernismo em 1922, sendo responsável por importantes estudos sobre os principais poetas do movimento.

Após publicar seu primeiro livro, o ensaio "Afonso Arinos" em 1922, travou com Jackson de Figueiredo um famoso e fértil debate, do qual decorreu sua conversão ao catolicismo em 1928. Tornou-se um líder da Renovação Católica no Brasil.

Em 1932, fundou o Instituto Católico de Estudos Superiores, e, em 1937, a Universidade Santa Úrsula.

Após a morte de Jackson de Figueiredo, o substituiu na direção do Centro Dom Vital e da revista A Ordem.

Em 1941, participou da fundação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde foi docente de literatura brasileira até a aposentadoria em 1963.


Foi representante brasileiro no Concílio Vaticano II, o que o marcaria profundamente. Foi um dos fundadores do Movimento Democrata-Cristão no Brasil.

Publicou dezenas de livros sobre os temas mais variados. Morou na França e nos Estados Unidos no início da década de 50, onde foi diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Panamericana, cargo em que foi sucedido por Érico Veríssimo em 1952. Durante esse período, ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades inclusive na Sorbonne e nos Estados Unidos.

Tornou-se símbolo de intelectual progressista na luta contra às transgressões à lei e à censura que o Regime Militar após 1964 iria impor ao povo brasileiro.

Denunciou pela imprensa a repressão que se abatia sobre a liberdade de pensamento em sua coluna semanal no Jornal do Brasil e na Folha de São Paulo.

Patrocinou em múltiplas ocasiões as cerimônias de formatura de estudantes de diversas especializações que rendiam tributo à sua luta constante contra os regimes de caráter autoritário.

Foi reitor da então Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro e também membro do Conselho Nacional de Educação.


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 29/08/1935 para a cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Miguel Couto, sendo recebido em 14/12/1935 pelo acadêmico Fernando Magalhães.

Morte


Obras

Impõem-se ao olhar de quem lê os seus textos os termos interligados de pessoa, ser, liberdade, eterno e moderno. Estas palavras são recorrentes em muitos de seus livros.

  • 1927 - Estudos - Segunda Série
  • 1932 - Política
  • 1938 - Idade, Sexo e Tempo
  • 1938 - Elementos de Ação Católica
  • 1943 - Mitos de Nosso Tempo
  • 1946 - O Problema do Trabalho
  • 1951 - O Existencialismo e Outros Mitos de Nosso Tempo
  • 1953 - Meditações Sobre o Mundo Interior
  • 1962 - O Gigantismo Econômico
  • 1965 - O Humanismo Ameaçado
  • 1973 - Memórias Improvisadas
  • 1975 - Os Direitos do Homem e o Homem Sem Direitos
  • 1977 - Revolução Suicida
  • 1983 - Tudo é Mistério
Fonte: Wikipédia

Florestan Fernandes

FLORESTAN FERNANDES
(75 anos)
Sociólogo, Professor e Político

* São Paulo, SP (22/07/1920)
+ São Paulo, SP (10/08/1995)

Foi um sociólogo e político brasileiro. Por duas vezes foi Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores.

Segundo seus próprios relatos, Florestan Fernandes enfrentou, ainda criança, enormes dificuldades para estudar. Filho de mãe solteira, não conheceu o pai. Começou a trabalhar, como auxiliar numa barbearia, aos seis anos. Também foi engraxate.

Estudou até o terceiro ano do primeiro grau. Só mais tarde, voltaria a estudar, fazendo curso de madureza, estimulado por frequentadores do Bar Bidu, no centro de São Paulo, onde trabalhava como garçom.

Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, formando-se em Ciências Sociais. Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II.

Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de mestre com a dissertação "A Organização Social dos Tupinambá". Em 1951, defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá", posteriormente consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora com maestria o método funcionalista.

Uma linha de trabalho característica de Florestan nos anos 50 foi o estudo das perspectivas teórico-metodológicas da sociologia. Seus ensaios mais importantes acerca da fundamentação da sociologia como ciência foram, posteriormente, reunidos no livro Fundamentos Empíricos da Explicação Sociológica.

Seu comprometimento intelectual com o desenvolvimento da ciência no Brasil, entendido como requisito básico para a inserção do país na civilização moderna, científica e tecnológica, situa sua atuação na Campanha de Defesa da Escola Pública, em prol do ensino público, laico e gratuito enquanto direito fundamental do cidadão do mundo moderno.

Durante o período, foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra, com a tese "A Integração do Negro na Sociedade de Classes". Como o título da obra permite entrever, o período caracteriza-se pelo estudo da inserção da sociedade nacional na civilização moderna, em um programa de pesquisa voltado para o desenvolvimento de uma sociologia brasileira.

Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista. Inicialmente no bojo dos debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do capitalismo monopolista.

Aposentado compulsoriamente pela Ditadura Militar em 1969, foi Visiting Scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e Visiting Professor na Universidade de Yale e, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Em 1975, veio a público a obra A Revolução Burguesa no Brasil, que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do capitalismo no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom Max Weber com interpretações alinhadas à dialética marxista.

No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em Cuba, a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais.

Em suas análises sobre o socialismo, apropriou-se de variadas perspectivas do Marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda.

Em 1986 foi eleito Deputado Constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita.

Em 1990, foi reeleito para a Câmara dos Deputados. Tendo colaborado com a Folha de São Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.

O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que foi orientado em seus trabalhos acadêmicos por Florestan, estabeleceu com ele forte relação afetiva, mantida até a morte do sociólogo.

Florestan, com graves problemas no fígado, em 1995, submeteu-se a um transplante de fígado mal sucedido na Hospital das Clínicas de São Paulo, realizado pelo professor Silvano Raia.

A causa da morte foi Embolia Gasosa Maciça (bolhas de ar no sangue), 6 dias após sofrer um transplante de fígado.


Iberê Camargo

IBERÊ BASSANI DE CAMARGO
(79 anos)
Pintor, Gravurista e Professor

* Restinga Seca, RS (18/11/1914)
+ Porto Alegre, RS (09/08/1994)

Iberê Camargo iniciou seus estudos ainda no Rio Grande do Sul, na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, com Parlagreco e Frederico Lobe. Já em Porto Alegre estudou pintura com João Fahrion.

Em 1942 ele chegou ao Rio de Janeiro, onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes. Mas, insatisfeito com a metodologia ali adotada, juntou-se a outros artistas, também insatisfeitos, e com seu professor de gravura, Alberto da Veiga Guignard, para fundar o Grupo Guignard.

Em 1953 tornou-se professor de gravura no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, lecionando mais tarde essa técnica em seu próprio ateliê ou em permanências mais ou menos longas em Porto Alegre e em outras cidades, inclusive do exterior.

Embora Iberê Camargo tenha estudado com figuras marcantes representativas de variadas correntes estéticas, não se pode afirmar que tenha se filiado a alguma. Suas obras estiveram presentes, e sempre reapresentadas, em grandes exposições pelo mundo inteiro, como na Bienal de São Paulo e na Bienal de Veneza.


Prisão

No dia 5 de dezembro de 1980 ocorreu a maior tragédia na vida de Iberê Camargo: o pintor deixou o ateliê mais cedo, à procura de uma loja de cartões natalinos, e quando dobrava uma esquina no bairro de Botafogo, parou para observar a discussão de um casal.

O marido, vestindo apenas um calção, irritou-se: "O que é que está olhando?"

Após um empurra-empurra, Iberê e o desconhecido caíram no chão. Assustado, Iberê sacou a arma e matou o homem. Detido na hora, passou um mês na prisão, até receber habeas corpus.

Vida Pessoal

Iberê Camargo não gostava de cachorros nem de crianças e teve apenas uma filha, Gerci, fruto de um romance passageiro na década de 1930. Renovou as amizades, mas encontrou o verdadeiro companheirismo em 1983, no gato Martim, o seu "cucuruco", como o chamava.

O pintor colocava o bichano no bolso do macacão enquanto preparava seus quadros e fazia questão de que sua esposa, Maria Coussirat Camargo, pusesse um prato de comida para o gato na mesa de jantar. "O animal é melhor do que o homem, que hoje come na tua mesa e amanhã te faz velhacaria", comparava.

Morte

Iberê Camargo sofria de Câncer e morreu vítima de Insuficiência Respiratória em Porto Alegre. Segundo um amigo, Iberê não queria parar de pintar. Na véspera da sua morte, mesmo enfraquecido, o artista fez cinco desenhos a lápis em um pedaço de papel.

O velório do artista aconteceu na pinacoteca do Museu de Artes do Rio Grande do Sul, onde foram colocados trabalhos do pintor e frases escritas por ele.

Morreu dois meses após concluir o painel Solidão, sua última obra.

Fundação

Em 1995, no ano seguinte à sua morte, foi criada a Fundação Iberê Camargo, com sede na antiga moradia do artista, no bairro Nonoai, para conservar, catalogar e promover obra de Iberê. Mais tarde, a sede mudou-se para o bairro Cristal, em um prédio projetado pelo renomado arquiteto português Álvaro Siza Vieira.


Eduardo Rabello

FRANCISCO EDUARDO RABELLO
(63 anos)
Médico e Professor

☼ Barra Mansa, RJ (22/09/1876)
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/08/1940)

Eduardo Rabello foi um médico dermatologista e professor brasileiro nascido em Barra Mansa, RJ, no dia 22/09/1876. Ele foi um dos pioneiros da dermatologia brasileira.

Seu nome batiza o Hospital Estadual Eduardo Rabello em Senador Vasconcelos, RJ, referência estadual em atendimento em geriatria.

Eduardo Rabello era filho de Eduardo Rabello e de Maria Teodora dos Reis Rabello. Formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com a tese "Hematologia na Ancilostomíase" (1903).

Inspetor de profilaxia da lepra e doenças venéreas do Departamento Nacional de Saúde Pública. Fundador da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 1912, e presidiu esta sociedade 1925/1940.

Especializou-se em radiologia e fundou no Rio de Janeiro o Instituto do Rádio da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1914, instituição pioneira na radioterapia brasileira.

Professor da cadeira de dermatologia e sifiligrafia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Foi sócio fundador e diretor da Fundação Gaffrée Guinle em 1923.

Foi membro titular da Academia Nacional de Medicina em 1917. Foi sócio fundador da Sociedade Brasileira de Radiologia em 1929 e foi cavaleiro da Ordre National de la Légion d'Honneur (Ordem Nacional da Legião de Honra).

Fonte: Wikipédia

Moacir Santos

MOACIR JOSÉ DOS SANTOS
(80 anos)
Professor, Arranjador, Compositor, Maestro e Instrumentista

* Vila Bela, PE (26/07/1926)
+ Los Angeles, EUA (06/08/2006)

Moacir Santos é considerado pelos críticos e pesquisadores musicais como um dos principais arranjadores e compositores brasileiros, aquele que renovou a linguagem da harmonia no país.

Nasceu em uma família simples no sertão de Pernambuco e antes de completar dois anos de idade foi morar com a mãe Julita e os 3 irmãos em Flores do Pajeú. Um ano depois, ficou órfão e foi adotado pela madrinha Corina, passando a viver, mais tarde, com a tutora Ana Lúcio.

Desde cedo, sua brincadeira preferida era a de imitar, com outros meninos, a banda de música de sua cidade. Improvisava a brincadeira utilizando-se de latinhas e pífanos. Presente em todos os ensaios da banda, foi eleito vigia, com a função de evitar que as crianças mexessem nos instrumentos e com o direito de experimentá-los. Sua inclinação para a música era tão forte que os músicos da cidade lhe presenteavam com instrumentos, como violão e flautim, que o menino tocava intuitivamente. Recebeu conhecimentos musicais de vários mestres de banda, como o mestre Paixão, enviado pela Brigada do Estado de Pernambuco.

Aos 14 anos de idade já era um dos integrantes da banda local, tocando saxofone, clarinete, pistom, banjo, violão e bateria. Nessa ocasião, decidiu fugir de casa em direção a uma cidade maior, com o propósito de expandir seu talento musical. Pegou carona com jovens caminhoneiros e rumou com eles para Alagoa de Baixo. Em seguida, começou sua vida de andarilho por várias cidades nordestinas, sempre procurando trabalho nas bandas de música e sendo bem acolhido pelos músicos locais.

Moacir Santos
Sua primeira oportunidade de apresentação no rádio ocorreu em 1943, no programa Vitrine, da Rádio Clube de Pernambuco.


No ano seguinte, ingressou na Banda da Polícia Militar da Paraíba, como sax-tenorista, tendo-se desligado como sargento músico de primeira classe.

Em 1945, Severino Araújo, líder da Orquestra Tabajara, que trabalhava na Rádio PRI-4, recebeu um convite para atuar no Rio de Janeiro. Com isso, houve a necessidade de se estruturar uma nova orquestra na qual o instrumentista foi convidado a participar. Ingressou, assim, na função de sax-tenorista e clarinetista da Jazz Band da Rádio PRI-4, Rádio Tabajara da Paraíba. Continuou compondo suas músicas e dois anos depois, já casado com Cleonice, foi nomeado regente da Orquestra.

Em 1948, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, por intermédio do músico Lourival de Souza, da Orquestra Tabajara, que o apresentou como o "fera do saxofone", começou a tocar no Clube Brasil Danças. Em seguida, ingressou na Rádio Nacional Rio de Janeiro, como sax-tenorista solista da Orquestra do Maestro Chiquinho, participando de todos os programas de envolvimento orquestral da emissora.

Estudou Teoria, Harmonia, Contraponto, Fuga e Composição com Paulo Silva, José Siqueira, Virgínia Fiusa, Cláudio Santoro, João Batista Siqueira, Nilton Pádua, Guerra Peixe e Hans Joachim Koellreutter, de quem se tornou assistente.

Durante dois anos, morou em São Paulo, onde regeu a orquestra da TV Record, voltando logo em seguida para o Rio de Janeiro.

Em 1967 mudou-se para Los Angeles pois fora convidado para a estréia mundial do filme Amor no Pacífico, do qual havia sido compositor. Estabeleceu moradia fixa na região de Pasadena, na California, onde viveu compondo trilhas para o cinema e dando aulas de música.

Realizações da Carreira


Conhecido pelo seu virtuosismo, dominava o saxofone, o piano, a clarineta, a trompeta, o banjo, o violão e a bateria. Note-se que ele iniciou-se como tocador de clarinete aos 11 anos.

É tido como um dos maiores mestres da renovação harmônica da Música Popular Brasileira.

Foi parceiro de Vinicius de Moraes, e por esse foi homenageado na canção Samba da Bênção, com Baden Powell:

"Moacir Santos / tu que não és um só, és tantos / como este meu Brasil de todos os santos."

Foi assistente do compositor alemão Hans Joachim Koellreutter e professor de músicos como Baden Powell, Paulo Moura, João Donato, Nara Leão, Roberto Menescal, Sérgio Mendes e outros importantes nomes da música brasileira.

Em julho de 2006, ganhou o Prêmio Shell de Música.

Morte

Moacir faleceu em 18 de Julho de 2006, vitima de um Derrame Cerebral que havia sofrido há dois dias, uma semana depois de completar 80 anos.



Obras

O seu primeiro disco intitula-se Coisas, lançado em 1965 pela gravadora Forma. Já morando nos Estados Unidos lançou os discos The Maestro (1972), Saudade (1974) e Carnival Of The Spirits (1975) pelo selo Blue Note Records, e Opus 3 Nº 1 (1978) pelo selo Discovery.

Suas mais conhecidas composições são Coisa n. 5, Menino Travesso, Triste de Quem, Se Você Disser que Sim (com Vinicius de Moraes) e Nanã (com Mário Teles).

Em 2001 sua obra foi novamente lançada no Brasil através do álbum Ouro Negro com arranjos e produção de Mário Adnet e Zé Nogueira, e com participações especiais de grandes artistas como Milton Nascimento, Djavan, Ed Motta, Gilberto Gil, João Bosco, João Donato entre outros.

Em 2005 foi lançado um DVD com um show da Banda Ouro Negro gravado ao vivo no SESC Pinheiros em São Paulo, e um disco, pela Biscoito Fino, com várias composições do inicio da carreira do maestro, nunca antes gravadas chamado Choros & Alegria.