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Emílio Garrastazu Médici

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
(79 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Bagé, RS (04/12/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1985)

Foi um militar e político brasileiro, Presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Obteve a patente de General do Exército.

Vida Antes da Presidência

Médici era neto de um combatente Maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandú, e seu pai era de origem italiana.

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 1930 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Em abril de 1964, por ocasião do Golpe Militar de 1964 - ou Revolução de 1964, na visão dos militares -, Médici era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.

Com o afastamento definitivo do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência da República uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo Presidente da República.

Na Presidência da República

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, Emílio Garrastazu Médici foi eleito Presidente da República por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, havendo 75 abstenções.

Tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. No entanto, seu governo foi considerado o mais obscuro e repressivo de toda a história do Brasil independente. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, permitindo que seu sucessor Ernesto Geisel iniciasse a abertura política. As denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil.

No campo político, o governo Médici foi responsável pela eliminação das guerrilhas de esquerda rurais e urbanas. A repressão às manifestações populares e à guerrilha (para alguns, terrorismo) ficou a cargo do Ministro do Exército Orlando Geisel. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no Regime Militar (Castelo Branco e Artur da Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político.

Nas duas eleições ocorridas durante seu governo, a Arena saiu amplamente vitoriosa, fazendo, em 1970, 19 senadores contra 3 do MDB, e, em 1972, elegendo quase todos os prefeitos e vereadores do Brasil. Eram proibidas manifestações populares e reivindicações salariais por trabalhadores.

Os três ministros mais importantes de seu governo, e que tinham grande autonomia, eram Delfim Netto, que comandava a economia, João Leitão de Abreu, como coordenador político, e Orlando Geisel, que comandava o combate à subversão.

O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico que ficou conhecido como o Milagre Brasileiro. Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis e a produção de automóveis, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. Em 1972, passou a funcionar a televisão a cores no Brasil.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de propaganda associando patriotismo com apoio ao Regime Militar, e o fato de ter feito o senador, ex-participante da Coluna Prestes e ex-chefe de polícia do Rio de Janeiro durante o Estado Novo e a era Vargas, Filinto Müller, presidente do Congresso Nacional e da Arena.

Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: Brasil, ame-o ou deixe-o inspirada no dístico conservador americano Love it or leave it.

Foi o período durante o qual o país viveu o chamado Milagre Brasileiro: crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e grandes incentivos fiscais à indústria e à agricultura foram a tônica daquele período.

Assim os ministros mais famosos do governo Médici foram os da Fazenda, Delfim Netto e dos Transportes, Mário Andreazza, além de Jarbas Passarinho, por causa do MOBRAL.

Nessa época, também foram construídas casas populares através do Banco Nacional da Habitação (BNH). O Milagre Econômico começou a entrar em crise, já em 1973, com a Crise do Petróleo de 1973.

No seu governo, concluiu-se o acordo com o Paraguai para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, à época a hidrelétrica de maior potência instalada do mundo.

No campo social, foi criado o Plano de Integração Social (PIS) e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos trabalhadores rurais.

Foi feita uma grande campanha de alfabetização de adultos através do MOBRAL e uma campanha para melhoria das condições de vida na Amazônia com a participação de jovens universitários chamado Projeto Rondon. Esse projeto foi reativado em 19 de janeiro de 2005, durante o Governo Lula.

No entanto, segundo a Fundação Getúlio Vargas, no governo Médici persistiu a miséria e a desigualdade social. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

A euforia provocada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol (Médici dizia-se torcedor do Grêmio), em 1970, conviveu com a repressão velada ou explícita aos opositores do regime, notadamente os ativistas de orientação esquerdista. Médici foi aplaudido, em uma partida de futebol, no estádio do Maracanã.

Em 1972, foi comemorado o Sesquicentenário da Independência do Brasil, sendo levados para São Paulo os restos mortais do Imperador Dom Pedro I.

Fim do Mandato e Sucessão

Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Medici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".

Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.

Morte

Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em entrevista ao programa Roda Viva na decadá de 1980, João Saldanha o chamou de "O maior assassino da historia do Brasil".

Fonte: Wikipédia

José Linhares

JOSÉ LINHARES
(70 anos)
Advogado e Presidente do Brasil

* Baturité, CE (28/01/1886)
+ Caxambu, MG (26/01/1957)

Foi um advogado brasileiro e Presidente da República durante três meses e cinco dias, de 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946. Foi o primeiro cearense Presidente do Brasil.

José Linhares nasceu em Baturité, CE, em 28 de janeiro de 1886. Formado em direito, foi nomeado Desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal logo após a Revolução de 1930 e assumiu o ministério do Supremo Tribunal Federal em 1937 e a vice-presidência da Corte em 1940.

Exercia o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal quando o então Presidente da República, Getúlio Vargas, foi deposto, em 29 de outubro de 1945. Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral assumiu a Presidência do Brasil e ocupou o cargo até 31 de janeiro de 1946. Sua gestão foi marcada principalmente por medidas que buscavam retomar a democracia no país.

O Estado Novo de Getúlio Vargas, que era marcado pela intervenção governista, começou a ser mudado por José Linhares, que substituiu os interventores em cada estado brasileiro por membros do Poder Judiciário, que receberam poderes para elaborar uma nova Constituição. Extinguiu o Tribunal de Segurança Nacional, o Conselho de Economia Popular e houve fim do Estado de Emergência, instituído na Constituição de 1937.

Entre suas medidas econômicas, José Linhares teve como foco conter a inflação e, manteve a polêmica Lei Antitruste criada por Getúlio Vargas e que havia contribuído para sua deposição. Por meio de eleição indireta, Eurico Gaspar Dutra foi eleito Presidente da República em dezembro de 1945.

José Linhares voltou a exercer o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal entre 1951 e 1956.

José Linhares morreu na cidade de Caxambu, MG, no dia 26 de janeiro de 1957.

Rodrigues Alves

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES
(70 anos)
Advogado, Político, Conselheiro do Império e Presidente do Brasil

☼ Guaratinguetá, SP (07/07/1848)
┼ Rio de Janeiro, RJ (16/01/1919)

Rodrigues Alves foi um advogado, político, conselheiro do Império Brasileiro, presidente da província de São Paulo, presidente de Estado, ministro da Fazenda e 5º presidente do Brasil.

Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.

Rodrigues Alves foi o último paulista a tomar posse como presidente do Brasil. Foi eleito duas vezes, cumpriu integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se estender de 1918 a 1922).

Filho do português Domingos Rodrigues Alves e de Isabel Perpétua Marins. Estudou no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. O pai viera para o Brasil em 1832, fixando-se em Guaratinguetá.

Domingos Rodrigues Alves abandonou a vida de comércio e se dedicou à lavoura, tornando-se plantador de café. Contratou casamento com a filha de Antônio de Paula e Silva, de antiga família local, Isabel Perpétua. A outra filha de Paula e Silva, Guilhermina, casou com o filho do Visconde de Guaratinguetá, José Martiniano de Oliveira Borges. Viviam no Largo do Rosário, hoje Praça Conselheiro Rodrigues Alves, e tiveram 13 filhos. Domingos Rodrigues Alves morreu aos 94 anos.

Depois de estudos, passou para o Colégio Pedro II, e ali permaneceu sete anos no internato. Era colega de Joaquim Nabuco, que dizia nunca ter tirado o primeiro lugar por culpa de Rodrigues Alves.

Bacharelou-se em letras e diplomou-se na tradicional Academia do Largo de São Francisco, na turma de 1870. A ela, em determinado período, pertenceram também Ruy Barbosa, Aureliano Coutinho, Castro Alves e Afonso Pena. Também pertenceu a essa privilegiada turma o paranaense Brasílio Itiberê da Cunha, autor da modinha "A Sertaneja", a primeira manifestação nacionalista na música brasileira. Itiberê foi destacado diplomata, honrando seu grupo acadêmico. Segundo Afonso Arinos, foi a turma mais gloriosa que jamais cursou qualquer faculdade de direito brasileira.

Em 1875 casou-se com Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta de Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, cuja propriedade principal era a Fazenda das Três Barras.

O Visconde de Guaratinguetá era de humilde extração, filho de pais pouco abonados. A fortuna veio a princípio da primeira esposa. No decorrer da sua existência, pelas suas qualidades pessoais e pelo seu amor ao trabalho, transformou-se em verdadeiro potentado. Falecido em 1879, sendo Rodrigues Alves advogado da viúva e inventariante, verificou-se que devia ser um dos homens mais ricos do Brasil no Segundo Reinado. O monte-mor partilhável foi a mais de mil contos, fortuna gigantesca pois correspondia a meio por cento de toda a circulação monetária do país.

A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois importantes e sólidos pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso Visconde de Guaratinguetá, chefe conservador da província, escolhido justamente por representar na época a região que, em razão da enorme produção cafeeira, era a mais rica de São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à Burschenschaft ou Bucha como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que existiu por muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número de estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e na República Velha.

Foi juiz de paz, promotor e vereador em Guaratinguetá, deputado provincial e geral pelo Partido Conservador.

Empresário de sucesso do ramo do café, tornou-se a terceira maior fortuna do país. A fazenda onde morava tinha 400 cômodos e as refeições eram servidas em talheres de vermeil, prata dourada que se emprega em baixelas e artefatos vários.

Governo de São Paulo

Governou São Paulo entre 1887 e 1888 como presidente da Província e foi conselheiro do Império, título que usou até o fim da vida, sempre chamado de Conselheiro Rodrigues Alves, e pela alcunha de Chiquinho de Paula. Seu filho, Oscar Rodrigues Alves e seu irmão Virgílio Rodrigues Alves, também se destacaram na política paulista.

Com o advento da República filiou-se ao Partido Republicano Paulista (PRP) ao qual permaneceria afiliado até o fim da vida.

Em 1890 foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte e em 1891 foi nomeado ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto.

Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para ocupar novamente a pasta da Fazenda no governo Prudente de Moraes. Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses da família Rothschild.

Rodrigues Alves foi presidente do estado de São Paulo em 1900, antes de assumir a presidência da República em 1901, época na qual inaugurou a primeira usina hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina de Santana de Parnaíba, conhecida como Barragem Edgard de Souza.

Neste seu 2º governo em São Paulo, em 1901, explodiu uma revolta em Paranaíba no Sul do Mato Grosso do Sul que ameaçou o oeste de São Paulo levando Rodrigues Alves a enviar tropas estaduais para a região, e houve neste governo grandes surtos de Febre Amarela e outras doenças fatais.

Presidente da República

Rodrigues Alves foi eleito presidente da República em 01/03/1902, obtendo 592.039 votos contra 42.542 de seu principal competidor Quintino Bocaiúva. O vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu, sendo substituído por Afonso Pena.

Seu governo foi destacado pela campanha de vacina obrigatória, que ocasionou a Revolta da Vacina, promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Oswaldo Cruz, e pela reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ocorreu também em seu governo a chamada Revolta da Escola Militar. Houve também o Convênio de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convenio reuniu São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que o Governo Federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada.

Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do Ciclo da Borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial.

Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "O Grande Presidente".

Após Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil, exceto por alguns dias apenas Ranieri Mazzilli, Ulysses Guimarães e Michel Temer.

O Conselheiro Rodrigues Alves e quatro de seus filhos.
O Último Governo em São Paulo e a
Reeleição Para Presidente do Brasil

Em 1912, foi novamente eleito presidente do Estado de São Paulo, ficando vários meses afastado por motivo de doença, e, em 1916, encerrado o mandato de presidente de São Paulo, voltou a ocupar uma cadeira no Senado Federal.

Dado o prestígio de Rodrigues Alves em todo o Brasil, o presidente Hermes da Fonseca não se arriscou a declarar a intervenção federal em São Paulo, como fizera com os outros estados que não apoiaram sua candidatura em 1910, na sua Política das Salvações.

Neste governo iniciou a restauração da Rodovia Caminho do Mar, chamada de Estrada do Vergueiro, construiu a ponte no Rio Tietê em Barra Bonita, que existe até hoje.

Em 1912, reorganizou o Gabinete de Investigações e Capturas criado em 1910, o que modernizou e reequipou a Polícia Civil de São Paulo.

Também em 1912, a lei 1357, implantou a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo que as primeiras aulas foram dadas já em 1913.

Foi eleito para o segundo mandato como presidente em 1 de março de 1918 com quase a totalidade dos votos: 386.467 votos contra 1.258 votos obtidos por Nilo Peçanha.

Rodrigues Alves contraiu a Gripe Espanhola e não tomou posse na presidencia da República em 15/11/1918. O vice-presidente eleito Delfim Moreira assumiu interinamente a presidência no dia 15/11/1918.

Morte

No dia 16/01/1919, falecia, aos 70 anos, após contrair gripe espanhola, o então presidente da República eleito Francisco de Paula Rodrigues Alves.

O cronista e crítico literário Brito Broca assistiu ao cortejo fúnebre e o registrou em suas Memórias, referindo-se ao acontecimento como um dia que abalou Guaratinguetá:

"Logo depois, aquela manhã úmida e meio chuvosa, em que o sol custou muito a aparecer. Levantei-me às pressas, quando soube que o trem especial, trazendo o corpo do Conselheiro, já estava chegando à estação. Na rua, ia um grande movimento. Do largo da Matriz pude apreciar toda a grandiosidade do espetáculo fúnebre, que não parecia, no entanto, infundir nenhuma tristeza. Da estação até o largo formava a Guarda Civil de São Paulo em uniforme de gala: azul, cinto branco, luvas e o capacete semelhante ao dos guardas de trânsito ingleses, com penacho branco. O enterro aproximava-se lentamente da igreja onde devia ser rezada a missa de corpo presente. O som dos pistões, ao compasso da marcha fúnebre, feria o ar da manhã. E davam mais a impressão de um hino as notas estridentes daqueles instrumentos. Quando o povo começou a precipitar-se para dentro da igreja, reconheci o vulto de Lauro Müller, de sobrecasaca e guarda-chuva, ao lado de Rodolfo Miranda, de fraque. O grande ministro de Rodrigues Alves perguntava ao senador paulista, indicando a residência para onde se encaminhavam:
- De quem é essa casa?
- De Virgílio Rodrigues Alves – respondia Rodolfo Miranda.
E ali, no velho casarão da esquina do Largo da Matriz, desapareceram ambos, enquanto na igreja tinha início a missa.
Dentro de uns quarenta minutos, o cortejo saía em direção ao cemitério. Fomos, eu e minha mãe, à casa de Dona Madalena, assistir-lhe a passagem, da janela, com todo conforto. Muita gente, porém, querendo tirar melhor partido do espetáculo único na vida da cidade, depois de ver o enterro numa esquina, corria a vê-lo mais adiante. Ficamos longo tempo à espera de que chegasse onde nos encontrávamos, porque a urna, muito pesada e carregada à mão, impunha um ritmo excessivamente vagaroso ao desfile e constantes paradas para o revezamento dos que disputavam a honra de conduzi-la. Finalmente, penetrou na Rua Monsenhor João Filippo aquela massa enorme de gente, estacionando de dois em dois minutos. Bem atrás da urna, coberta com a bandeira nacional, o vulto ereto de Altino Arantes, então presidente do Estado e criatura de Rodrigues Alves, pelas mãos do qual subira ao posto. O rosto fino, de acentuado prognatismo, tornava-o inconfundível, no meio da multidão. Ao lado, o Núncio Apostólico, Dom Ângelo Scapardini, de solidéu vermelho, militares de dragona, figurões da política, gente célebre, que procurávamos identificar pelas lembranças dos retratos nos jornais."

Em virtude do falecimento de Rodrigues Alves, ocorrido em janeiro de 16/01/1919, Delfim Moreira assumiu, em definitivo a presidência. De sua posse em 15 de novembro até o falecimento de Rodrigues Alves, Delfim Moreira sempre o visitava para pedir sua orientação e conselhos.

Rodrigues Alves foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.

É homenageado dando seu nome ao município de Presidente Alves, no Estado de São Paulo. É considerado hoje o presidente que mais se preocupou com a população da República Velha.

Fonte: Wikipédia

Itamar Franco

ITAMAR AUGUSTO CAUTIERO FRANCO
(81 anos)
Político e Presidente do Brasil

* Salvador, BA (28/06/1930)
+ São Paulo, SP (02/07/2011)

Foi um político brasileiro, Vice-presidente da República (1990-1992), 33º Presidente da República (1992-1994), Senador por Minas Gerais (1975-1983, 1983-1990 e 2011) e Governador do estado de Minas Gerais (1999-2003).

Bacharelou-se em engenharia civil na Escola de Engenharia de Juiz de Fora da Universidade Federal de Juiz de Fora em 1955.

Ingressou na carreira política em 1958 quando, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi candidato a vereador por Juiz de Fora e mais posteriormente, em 1962, a vice-prefeito, não obtendo êxito em ambas as tentativas.

Com o início do Regime Militar, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo prefeito de Juiz de Fora de 1967 a 1971 e reeleito em 1972, quando dois anos depois, renunciou ao cargo para candidatar-se, com sucesso, ao Senado Federal por Minas Gerais, em 1975. Ganhou influência no MDB, assim sendo eleito vice-líder do partido em 1976 e 1977.

No início da década de 1980, com o pluripartidarismo restabelecido no país, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o sucessor do MDB. Em 1982, é eleito senador novamente, defendendo sempre as campanhas das Diretas Já, e votando no candidato oposicionista Tancredo Neves para Presidente da República na eleição presidencial brasileira de 1985. Migrou para o Partido Liberal (PL) em 1986, ano em que concorreu ao governo de Minas Gerais, mas foi derrotado, voltando ao Senado em 1987 pela terceira vez.

Em 1988, uniu-se ao governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, para lançar uma candidatura à Presidência e Vice-presidência do Brasil, pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN).

Itamar, como vice-presidente, divergia em diversos aspectos da política econômico-financeira adotada por Collor, vindo a retirar-se do PRN e voltando ao PMDB em 1992.

Seguindo o Impeachment do presidente, assumiu interinamente o papel de Chefe de Estado em 2 de outubro de 1992 e o papel de Presidente da República em 29 de dezembro de 1992.

Foi em seu governo que foi realizado um plebiscito sobre a forma de governo do Brasil, que deveria ter sido feita há 104 anos. O resultado foi a permanência da República Presidencialista no Brasil. Durante sua incumbência, foi idealizado o Plano Real, elaborado pelo Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.

Opondo-se fortemente a seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, Itamar cogitou candidatar-se a Presidente em 1998 e 2002, mas não prosseguiu com a idéia e elegeu-se facilmente Governador de Minas Gerais em 1998. Em 2002, apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva e opôs à candidatura de José Serra, candidato apoiado por Fernando Henrique.

Não tentou reeleição no estado de Minas Gerais. Lançou-se pré-candidato à Presidência pelo PMDB em 2006, mas perdeu para Anthony Garotinho, tentando então para o Senado Federal, perdendo a candidatura para Newton Cardoso. Em maio de 2009, filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS).

Origem e Formação

Filho de Augusto César Stiebler Franco (falecido pouco antes do nascimento de Itamar Franco) e Itália Cautiero.

Itamar Franco nasceu a bordo de um navio de cabotagem, um Ita da Companhia Nacional de Navegação Costeira, no Oceano Atlântico entre o Rio de Janeiro e Salvador. O registro civil de seu nascimento foi feito na capital baiana, onde sua mãe viúva encontraria abrigo na casa de seu tio.

Sua família era de Juiz de Fora, onde cresceu e se formou Engenheiro Civil em 1955, graduado na Escola de Engenharia de Juiz de Fora. É oficial da Reserva R/2 do Exército Brasileiro pelo NPOR de Juiz de Fora. Ingressou na carreira política em 1955, quando filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Vida Pública Antes da Presidência

Itamar entrou na política em meados dos anos 50 nas fileiras do PTB. Foi candidato a vereador de Juiz de Fora em 1958 e a vice-prefeito dessa cidade em 1962, não obtendo sucesso em ambas as ocasiões.

Com o advento do regime ditatorial no país em 1964, e a subsequente instalação no país do Bipartidarismo, Itamar se filia ao MDB, e se candidatando a prefeitura de sua cidade nas eleições seguintes, obtendo sucesso. Foi prefeito de Juiz de Fora de 1967 a 1971. Em novembro de 1972, Itamar é eleito Prefeito de Juiz de Fora pela segunda vez. Em 1974, ele renunciou ao cargo de prefeito para concorrer, com sucesso, ao Senado Federal como representante de Minas Gerais.

Eleito senador, rapidamente, ele ganhou influência no MDB, o partido de oposição ao Regime Militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, sendo eleito vice-líder do MDB e, portanto, da oposição, por duas vezes, em 1976 e em 1977.

No início da década de 1980, o Pluripartidarismo é restabelecido no país, e Itamar se filia então ao PMDB (sucessor do MDB). Em 1982 Itamar é reeleito senador na chapa de Tancredo Neves, eleito governador de Minas Gerais.

Durante seu mandato, Itamar foi um ativo defensor da campanha das Diretas Já. Com a não aprovação da Emenda Dante de Oliveira, uma eleição presidencial indireta teve que ser feita. No Colégio Eleitoral reunido para a eleição presidencial, Itamar votou no candidato oposicionista Tancredo Neves.

Querendo ser candidato ao governo do estado de Minas Gerais, e encontrando resistências ao seu nome dentro do PMDB, Itamar deixa a legenda e se filia ao PL sendo então candidato, em 1986, ao governo estadual mineiro por essa legenda, porém não obtém sucesso e é derrotado justamente pelo candidato do PMDB, Newton Cardoso por uma diferença de 1% dos votos. Com a derrota, Itamar volta ao Senado para terminar o seu mandato que iria até 1990.

Atuação na Assembleia Constituinte

Voltando à atividade parlamentar, Itamar participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, iniciados em 1º de fevereiro de 1987.

Como Líder do PL no Senado, nas principais votações da Constituinte.

Foi a Favor:

- Rompimento das relações do Brasil com países que desenvolvessem uma política de discriminação racial;

- Estabelecimento do Mandado de Segurança Coletivo;

- Remuneração de 50% superior para o trabalho extra;

- Jornada semanal de 40 horas;

- Turno ininterrupto de seis horas;

- Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço;

- Unicidade sindical;

- Soberania popular;

- Nacionalização do subsolo;

- Estatização do sistema financeiro;

- Limitação do pagamento dos encargos da dívida externa;

- Criação de um fundo de apoio à reforma agrária.

Foi Contra:

- Pena de morte;

- Presidencialismo;

- Prorrogação do mandato do presidente José Sarney.

Eleições Presidenciais de 1989

Em 1989, o então governador de Alagoas, Fernando Collor, resolve se candidatar a Presidência da República, nas primeiras eleições diretas para esse cargo no país desde 1960 e querendo compor uma chapa com um político da Região Sudeste, convida Itamar para ser vice. Aceitando o convite, Itamar deixa o PL, trocando-o pelo pequeno Partido da Reconstrução Nacional (PRN), para ser então candidato a Vice-presidência na chapa de Fernando Collor de Mello à Presidência da República.

Apresentando-se como opositor radical ao presidente José Sarney e defendendo um programa econômico modernizador e liberal, Collor é eleito Presidente e Itamar Franco Vice-Presidente da República, tomando posse em 15 de março de 1990.

Na Vice-presidência da República

Empossado o novo governo, Itamar logo foi se afastando de Collor, divergindo de importantes aspectos da política econômico-financeira adotada pelo novo governo. Criticou publicamente o processo de privatizações e a aplicação dos fundos resultantes da venda das companhias estatais, que para ele, deveriam ser usados na área social.

Após a reforma ministerial de abril de 1992 em que ex-colaboradores do regime militar, como Célio Borja, Pratini de Moraes e Ângelo Calmon de Sá entraram no governo, Itamar desligou-se do PRN em 5 de maio de 1992.

O desencadeamento de uma sucessão de denúncias de corrupção contra o Governo Collor e do início de uma campanha pelo seu Impeachment, levou Itamar a acentuar publicamente suas diferenças em relação ao presidente.

Em 29 de setembro de 1992 a Câmara dos Deputados decidiu por ampla maioria autorizar a abertura de um processo de Impeachment do presidente. Neste mesmo dia, Itamar assume interinamente a presidência até que o titular fosse julgado pelo Senado Federal.

Não houve solenidade de posse, que foi bem recebido pela população. Ao assumir, propôs uma política de entendimento nacional.

Na Presidência da República

Em 1992, Collor foi acusado de corrupção e sofreu um processo de Impeachment pelo Congresso Nacional e se afasta do governo.

Itamar assume interinamente a presidência em 2 de outubro de 1992, sendo formalmente aclamado presidente em 29 de dezembro de 1992, quando Collor renuncia ao cargo.

O Brasil estava no meio de uma grave crise econômica, com a inflação chegando a 1100% em 1992, e alcançado quase 2500% no ano seguinte. Itamar trocou de ministros da economia várias vezes, até que Fernando Henrique Cardoso assumisse o Ministério da Fazenda.

Plebiscito de 1993

Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição de 1988, o governo realiza um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil. Quase 30% dos votantes não compareceram ao plebiscito ou anularam o voto. Dos que comparecem às urnas, 66% votaram a favor da República, contra 10% favoráveis à Monarquia. O Presidencialismo recebeu cerca de 55% dos votos, ao passo que o Parlamentarismo obteve 25% dos votos. Em função dos resultados, foi mantido o Regime Republicano e Presidencialista.

Plano Real

Em fevereiro de 1994, o Governo Itamar Franco lançou o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda a partir de idealização do economista Edmar Bacha, que estabilizou a economia e acabou com a crise hiperinflacionária.

Outras Realizações

O presidente Itamar Franco fez os primeiros projetos de combate à miséria ao lado do sociólogo Betinho. Um homem sério e correto em tomar decisões, o Governo de Itamar Franco talvez seja o único da historia republicana livre de escândalos de corrupção. Em 1995 apoia o então candidato Fernando Henrique Cardoso que sai vitorioso nas urnas. Além de garantir a democracia, Itamar Franco terminou o seu governo com 84% de aprovação popular.

Depois da Presidência

Itamar Franco foi o primeiro Presidente da República desde Arthur Bernardes a eleger o seu sucessor. Com a vitória de seu candidato, Fernando Henrique Cardoso, Itamar foi nomeado embaixador brasileiro em Portugal e, posteriormente, embaixador brasileiro junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Estados Unidos.

No entanto, Itamar logo se tornou um crítico do Governo Fernando Henrique por discordar de sua política econômica. Além disso, Itamar pretendia se candidatar à presidência novamente nas eleições de 1998, porém viu seus planos serem desfeitos quando o então presidente mudou a Constituição para tentar se reeleger para um 2° mandato consecutivo. Mesmo com essa nova mudança nas normas eleitorais, Itamar tenta se candidatar a presidência, mas não consegue obter a indicação do PMDB em uma ação creditada à enorme pressão exercida pelo então presidente que não gostaria de ter Itamar como adversário. Esse foi mais um dos motivos apontados para o rompimento de Itamar com Fernando Henrique Cardoso.  

Sem a indicação para a presidência, Itamar se candidata então ao governo de Minas Gerais obtendo a vitória contra o então governador Eduardo Azeredo (PSDB), apoiado por Fernando Henrique Cardoso.

Governo de Minas Gerais

Itamar Franco foi eleito Governador de Minas Gerais em 1998 pelo PMDB. Governou Minas Gerais de 1999 a 2003, e não conseguiu a indicação do PMDB para se candidatar à Presidência da República em 2002. Naquela oportunidade, a convenção nacional do PMDB optou por uma coligação com o PSDB, lançando a então deputada federal Rita Camata (Espírito Santo) a Vice-presidente na chapa encabeçada por José Serra.

Assim que tomou posse, Itamar Franco decretou a moratória do estado de Minas Gerais. Entre outros aspectos, o governador alegava a necessidade de se empreender uma auditoria na dívida estadual que, entre outros pontos, era atrelada a uma taxa de juros de 7,5% ao ano, enquanto estados como São Paulo negociaram suas dívidas a uma taxa de 6%. Tentou, com um conjunto de ações na área financeira, reverter uma situação herdada do governo anterior, na qual "as despesas apresentavam crescimento mais acelerado que as receitas tributárias e encontravam-se concentradas em funções de baixa capacidade distributiva, comprometendo a promoção de um processo de desenvolvimento socialmente justo".

Esta atitude polêmica levou Itamar a ser acusado pelo presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga de agir contra a estabilidade de regras necessária à atração de investimentos estrangeiros.

Em que pese essa ação inicial, foi em seu governo que a dívida mineira foi equacionada e começou a ser quitada.

Retomou judicialmente o controle acionário da estatal Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), parcialmente vendida pelo governador anterior Eduardo Azeredo, o qual conseguiu fechar as contas estaduais apenas em seus dois últimos anos de governo desfazendo-se de parte do patrimônio público mineiro, que foi privatizado em um processo de reorganização das estatais mineiras que estaria na gênese do chamado Esquema Marcos Valério, cuja "origem dos recursos" seriam "as empresas públicas de Minas Gerais". A CEMIG hoje se tornou uma das maiores empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica do Brasil e do mundo, sendo uma das que mais cresce em seu seguimento.

Itamar também se insurgiu contra a privatização da empresa energética Furnas, aclamando o povo mineiro e brasileiro para juntos, impedissem que mais um patrimônio do brasileiro fosse privatizado. Na ocasião, Itamar mobilizou a Policia Militar de Minas Gerais em umas das principais usinas da empresa, a Usina Hidrelétrica de Furnas, em São José da Barra (MG), ameaçando explodir a referida usina caso Furnas fosse privatizada. Apesar desta postura ter sido muito criticada, Itamar conseguiu seu objetivo e não deixou que Furnas fosse privatizada. Com a incorporação das subsidiarias da Eletrobras, Furnas passou a se chamar Eletrobras Furnas, sendo hoje a estatal Eletrobras a maior empresa do Brasil de geração e transmissão de energia elétrica e uma das maiores do mundo.

A recomposição do setor público em bases burocráticas, passando essencialmente pela valorização do servidor público, pelo reaparelhamento das principais agências de ação estatal e pelo ajuste fiscal, marcou a gestão Itamar Franco, conforme analisam Wladimir Rodrigues Dias e Roberto Sorbilli Filho, segundo os quais não houve grandes inovações em seu governo, mas uma importante organização da administração pública, desmantelada por seu antecessor.

No âmbito político, Itamar Franco se destacou pela realização de uma política centrada nos grandes temas. A composição política de seu governo, de feição centro-esquerdista, chegou a ter participação de PMDB, PT, PDT, PSB, PCdoB, PTB, Partido Progressista Brasileiro (PPB) e PL, dentre outros partidos. Ainda assim, pode-se dizer que governou sem os partidos e sem os políticos.

Itamar se opôs a atividades típicas da política tradicional, como as vinculadas ao clientelismo político. Extinguiu as subvenções sociais distribuídas por deputados e não negociou emendas parlamentares, deixando de exercer a habitual dominação que o Poder Executivo exerce sobre o Poder Legislativo. Em décadas, foi o governador com o maior número de projetos rejeitados na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, retaliado pelo rompimento com o pacto clientelista.

Terminando seu mandato no governo de Minas Gerais ao fim de 2002, Itamar resolve não se candidatar a reeleição e apoia as campanhas de Aécio Neves (PSDB) para o Governo do Estado e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Itamar ajuda a eleger Aécio Neves, e com a vitória de Lula no plano nacional é nomeado embaixador brasileiro na Itália até deixar voluntariamente o cargo em 2005.

Embora na memória da maioria permaneça um governador mais atento aos problemas nacionais e a uma eventual candidatura à Presidência da República, foi em seu governo que se reorganizaram as finanças e a administração estadual, possibilitando ao governador seguinte, Aécio Neves, eleito com seu apoio, implantar o chamado Choque de Gestão.

Últimos Anos

Em 2006, tentou se candidatar a Presidente da República pelo PMDB, competindo pela indicação do partido com Anthony Garotinho, o ex-governador do Rio de Janeiro. Porém, no dia 22 de maio, anunciou a sua desistência e a sua intenção de disputar uma vaga no Senado Federal.

Acabou perdendo a indicação do PMDB de Minas Gerais para o Senado Federal para Newton Cardoso (líder das pesquisas no início, mas que sofreu uma derrota às vésperas das eleições). Itamar anunciou, em 2006, o seu apoio à candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República.

Aliado de Aécio Neves desde 2002, foi conselheiro do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Em maio de 2009, anunciou sua filiação ao Partido Popular Socialista (PPS), o que alimentou especulações sobre uma possível candidatura à Presidência da República ou ao Senado Federal. Em 27 de janeiro de 2007, anunciou sua pré-candidatura a senador, disputando uma das duas vagas nas eleições deste ano, apoiando Aécio Neves como candidato à outra vaga. O candidato a primeiro suplente será o atual presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella do PDT, e a segunda suplente, Elaine Matozinhos, do PTB.

Nas eleições de 3 de outubro de 2010, foi eleito senador pelo estado de Minas Gerais, derrotando Fernando Pimentel do PT.

Morte

Em 21 de maio de 2011, foi diagnosticado com Leucemia. Alguns dias depois, se licenciou do Senado Federal a fim de tratar-se da doença no Hospital Albert Einstein. No dia 27 de junho, um boletim médico do hospital divulgou que sua situação teria se agravado em virtude de uma Pneumonia que o levou à UTI.

Itamar faleceu na manhã do dia 2 de julho de 2011. O corpo do ex-Presidente foi cremado e as cinzas ficarão no jazigo da família em Juiz de Fora.

Fonte: Wikipédia

Castelo Branco

HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO
(69 anos)
Militar Marechal do Exército e Presidente do Brasil

* Fortaleza, CE (20/09/1897)
+ Fortaleza, CE (18/07/1967)

º Seu registro de nascimento teria sido adulterado, como se tivesse nascido em 1900, para que pudesse ingressar no Colégio Militar e requerer gratuidade, que era concedida apenas para menores de doze anos.

Foi o primeiro presidente do regime militar instaurado pelo Golpe Militar de 1964. Era filho do general Cândido Borges Castelo Branco e de Antonieta Alencar Castelo Branco, e pertencente à família do escritor José de Alencar.

Carreira Militar

Iniciou a carreira na Escola Militar de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, ingressa em 1918 na Escola Militar de Realengo, na arma da infantaria, tendo sido declarado aspirante a oficial em 1921, e, designado para o 12º Regimento de Infantaria em Belo Horizonte. Em 1923 alcançou o posto de primeiro tenente, e então foi para a Escola Militar de Realengo como instrutor de infantaria em 1927.

Participou, como muitos outros tenentes de sua época, da Revolução de 1930. Promovido a capitão em 1938, tenente-coronel em 1943, e marechal da reserva ao tomar posse da presidência da República em 1964.

Foi chefe de seção de operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, permanecendo durante trezentos dias nos campos de batalha. Enviou sessenta cartas à sua esposa Argentina Viana Castelo Branco e a seus dois filhos. Na FEB, planejou e implementou manobras militares nos combates na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1955, ajudou a remodelação administrativa do Exército e apoiou o movimento militar chefiado pelo ministro da Guerra, general Henrique Lott, que garantiu a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek, já naquela época ameaçado de sofrer um golpe de estado pelos militares.

Meses depois, quando organizações sindicais resolveram entregar ao ministro uma espada de ouro, Castelo rompeu duramente com Lott. A imprensa registrou alguns momentos desse desentendimento.

Atuou na Amazônia e era o comandante do IV Exército, (responsável pela segurança do Nordeste do Brasil), na época em que chegou à presidência da república. Foi diretor do ensino da Escola do Estado Maior do Exército.

Influência Acadêmica

Quando capitão, foi estudar na França na École Supérieure de Guerre, onde aprendeu temas táticos, técnicas de domínio sócio-político, e temas sobre a publicidade e censura, entre outros.

Quando tenente-coronel, estagiou no Fort Leavenworth War School, nos EUA, onde aprimorou seus conhecimentos de tática e estratégia militar.

Publicações e Ensaios Acadêmicos

Escreveu alguns ensaios militares que condiziam com sua doutrina e sua carreira: Alto Comando da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai, A Doutrina Militar Brasileira, A Estratégia Militar, A Guerra, O Poder Nacional, Tendências do Emprego das Forças Terrestres na Guerra Futura.

Além de seus ensaios deixou cerca de três mil documentos manuscritos.

Em 1962, em seu ensaio A Guerra escreveu suas ideias:

…A guerra revolucionária é uma luta de classes, de fundo ideológico, imperialista, para a conquista do mundo; tem uma doutrina, a marxista-leninista. É uma ameaça para os regimes fracos e uma inquietação para os regimes democráticos. Perfaz, com outros, os elementos da guerra fria.

…A guerra fria foi concebida por Lênin para, de qualquer maneira, continuar a revolução mundial soviética. É uma verdadeira guerra global não declarada. Obedece a um planejamento e tem objetivos a conquistar, desperta entusiasmo e medo em grupos sociais e reações contrárias na opinião pública.

…Seus objetivos capitais: dissociação da opinião pública, nacional e internacional, criação da indecisão e, o principal, retirar das nações a capacidade de luta.

…O nacionalismo é uma posição decisiva para uma nação, sobretudo na época atual. Não pode ser uma panacéia para os seus males, nem uma operação de guerra, e muito menos uma conspiração de sentido internacional. Seus grandes males atuais são principalmente dois nos países subdesenvolvidos: um, o desvinculamento com o meio; outro, o de ser, às vezes, um instrumento nacional e internacional do comunismo soviético. É também um grande penacho dos ditadores e candidatos a ditador.

…As divisões que têm lavrado no Exército são mais consequências de lutas político-partidárias do que separações existentes nos meios militares ( … ). Legalistas e revoltosos, a partir de 1922 e por pouco tempo. Em 1930 surge a alternativa revolucionários e anti-revolucionários, que desaparece pouco a pouco. A partir de 1955, governistas e golpistas, em meio a ódios e ressentimentos mantidos pelos comunistas e pela política partidária fardada e à paisana. Em seguida, esses mesmos elementos lançaram a injúria sobre o Exército de que seus oficiais se dividiam entre nacionalistas e entreguistas, enquanto a oficialidade era fiel à honra do Brasil e à sua independência política e econômica. Agora, renasce a teimosia, com a divisão alardeada em legalistas e golpistas. Politiqueiros e comunistas estão interessados em que tal exista. Isso amofina o Exército.

…Forças Armadas não fazem democracia. Mas garantem-na. Não é possível haver democracia sem Forças Armadas que a garantam. Daí, dizer Forças Armadas democráticas. Como é isto, então? Sim. Entra na sua doutrinação o fim de defender as instituições democráticas ( … ). Muita gente diz que as Forças Armadas são democráticas quando há militares políticos e que conhecem a máquina de conduzir o Estado. Os generais aprendem isso para melhor situarem-se no cumprimento da destinação das Forças Armadas.

…Qual o militar que não tem ouvido, desde jovem tenente, a frase enunciada por doutores, congressistas, banqueiros, comerciantes, industriais e nunca pelo chamado homem do povo:  "O Exército precisa tomar conta disso!"? É permanecer no regime legal ou marchar para a ilegalidade ( … ). A questão tem interessado muito mais ao meio civil que ao próprio Exército.

Acreditam os senhores que o Exército tenha dentro de suas fileiras um conflito ideológico? Já se pode dizer que a luta entre duas ideologias que, de fato, lavra em setores da nossa nação, tenha se prolongado no Exército? Pessoalmente, eu não acredito. 0 Exército tem em suas fileiras alguns comunistas, uns atuantes, outros de ação bem dissimulada e vários timidamente embuçados. Tais elementos não constituem, porém, uma parte apreciável de um grande todo, a ser, então, considerado como dividido ideologicamente.

As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas.

A Conjuntura Política no Brasil da Década de 1960

Nomeado chefe do Estado-Maior do Exército pelo então presidente da República João Goulart, em 1963, Castelo Branco foi um dos líderes militares do Golpe de Estado de 1º de abril de 1964, que depôs João Goulart.

Castelo Branco havia combatido o nazismo na Itália. O Clima político, em 1964, no Brasil, era instável, representado pela alegada "fraqueza" (considerada pelos militares como "inegável") de João Goulart: O Jornal carioca Correio da Manhã colocara, na sua primeira página, três editoriais seguidos, com os seguintes títulos: "Chega!", "Basta!", "Fora!", contra João Goulart, nos 3 dias que antecederam à revolução golpista da futura ditadura militar de 1 de abril de 1964. Ocorrera, em 19 de março de 1964, a ultra-direitista "Marcha da Família com Deus Pela Liberdade" contra João Goulart. Havia, ainda, as Ligas Camponesas de Francisco Julião, a inflação elevada e outros incidentes que, debilitavam o prestígio de João Goulart. Todos viviam sob impacto de um possível "golpe de extrema esquerda" por Leonel Brizola e pelo seu cunhado João Goulart. João Goulart, que fora vice-presidente de Jânio Quadros, que havia renunciado, tivera muitas dificuldades para tomar posse, ameaçado pela direita, em 1961, na presidência da república, substituindo Jânio Quadros.

O tal golpe foi comprovadamente uma invenção dos militares. As oligarquias brasileiras temiam que Goulart e Brizola, notórios nacionalistas e socialistas, executassem reformas sociais que, ao diminuir o abismo entre ricos e miseráveis no Brasil, acabaria por afetar os privilégios das classes abastadas. Os militares, que além de pertencerem às oligarquias, eram influenciados pela política dos Estados Unidos, também tinham os mesmos temores. O governo estadunidense não via João Goulart com bons olhos, sendo ele herdeiro do nacionalismo e desenvolvimentismo de Getúlio Vargas, o que atrapalhava os planos dos Estados Unidos de manterem o Brasil em sua área de influência imperialista.

Castelo Branco e seus copartidários tinham como plano fazer a Revolução Golpista de 1964, como foi chamado o movimento da futura ditadura militar, para afastar o Brasil do alegado "perigo leninista-marxista", segundo as oligarquias "impedindo que o Brasil se convertesse numa grande URSS", que só na Ucrânia matou mais de 6 milhões de "agricultores capitalistas", para, logo em em seguida, restabelecer e consolidar a democracia. As classe ricas temiam perder seus privilégios em face de um regime que claramente iria favorecer as classes pobres, como o regime comunista.

Contudo, o ministro da Guerra de Castelo Branco, e que seria seu sucessor, Costa e Silva, tinha um pensamento contrário, favorável a um regime militar mais severo e mais violento e firme no combate à resistência democrática, chamada por eles de "subversão". No quadro político tumultuado da época, Costa e Silva pertencia à chamada "linha dura", mais ligada aos serviços de inteligência dos Estados Unidos, de quem recebia orientações e fundos; sendo, portanto, Costa e Silva quem estabeleceu, de fato, (na versão dos militares castelistas), a ditadura, no Brasil, em 13 de dezembro de 1968, como o AI-5, ditadura chamada de "intervenção-militar", (termo usado pelos Serviços de Inteligência dos Estados Unidos, na sua política externa de segurança continental) no Brasil. Na versão dos apoiadores da ditadura de Costa e Silva, AI-5 foi "necessário devido ao recrudescimento das guerrilhas de esquerda e da agitação política em 1968".

Na versão do General Newton Cruz, os militares daquela época estavam assim divididos:

"Na caserna havia dois grupos. Os castelistas defendiam a posição do Castelo Branco, que acreditavam poderiam arrumar a casa e voltar para o quartel o mais rápido possível(Democratas). E os costistas, alinhados com general Costa e Silva, que, em nome da caça aos nazi-comunistas (pensamento do serviço de inteligência norte-americano), de defesa continental, com base em comprovadas fontes de existência de líderes nazi-comunistas, caçados pelos Israelenses (que no fundo eram aliados e voltaram a sê-lo, segundo diversas fontes israelenses, querendo ("queremismo") a "revanche-histórica", e que, por isso, com razão de Estado, defendiam o endurecimento do regime (vide rumores da "quinta coluna revigorada" (documento histórico sigiloso), que era também chamada "Operação Condor")"

E continua Newton Cruz:

"Castelo Branco não concordava que Costa e Silva fosse o seu sucessor. Não pela pessoa, que era um ótimo camarada de farda, mas pelo grupo que o rodeava, muitos deles "sedentos de vingança contra os nazi-comunistas" , ou temerosos da força dos comunistas. Castelo Branco tinha prestígio suficiente para fazer o seu sucessor, e acreditava, com muita fé, na democracia como antídoto a qualquer golpe nazi-comunista (que já voltaram a ser aliados, como o foram no início da Segunda Guerra Mundial). Pela lógica, o sucessor de Castelo Branco deveria ser o general Ernesto Geisel. Castelo Branco permitiu que Costa e Silva o sucedesse porque temia que um enfrentamento causasse um racha no Exército, o que poderia culminar com um enfrentamento militar, reduzindo ainda mais a soberania nacional....Foi um erro (ou acerto) que nos manteve fora dos quartéis por 21 anos."

Golpe de 1964: Três Anos de Conspiração

Castelo Branco foi nomeado chefe do Estado-Maior do Exército pelo então presidente da República João Goulart, em 1963. Castelo Branco comandava em 1964 o IV Exército sediado no Recife. Castelo Branco foi o principal líder militar da chamada "Revolução de 1964", chamada pelos políticos depostos e perseguidos em 1964 "de Golpe de Estado de 1º de abril de 1964", que o depôs.

O clima político no Brasil estava instável desde que Jânio Quadros foi eleito presidente da república do Brasil, em 1961, e que renunciou em 25 de agosto de 1961. Como o vice-presidente João Goulart estava em viagem a China, assumiu o governo o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli, e, só depois da adoção do parlamentarismo no Brasil, foi permitida a posse de João Goulart, em 7 de setembro de 1961. Contribuiu para a posse de João Goulart, especialmente o governador gaúcho Leonel Brizola, com sua corajosa cadeia de rádios, chamada "Rede da Legalidade".

Na versão dos seus apoiadores, o governo de João Goulart (1961-1964) (chamado de Jango) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média abastada. Mas o que mais incomodou foi que Goulart deu apoio aos sindicatos, aos sargentos apoiando a sua tentativa de sindicalização e não reprimiu greves e não reprimiu as Ligas Camponesas de Francisco Julião e propôs um aumento de 100% no salário mínimo.

Na versão dos adversários de Goulart e apoiadores do golpe e da ditadura, este era um "subversivo", "apoiado pelos comunistas" e queria "implantar uma ditadura sindicalista no Brasil e quebrar a disciplina e hierarquia das Forças Armadas". Nada disso jamais foi provado, o que indica ser mera falácia dos golpistas. Este estilo populista e de esquerda de Jango, chegou a gerar até mesmo preocupação na Igreja Católica, que na época era conservadora e entre os governadores conservadores e nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras temiam um golpe de estado comunista no Brasil, como o que havia ocorrido anos antes em Cuba.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), que reuniu 250 mil pessoas, e defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Seis dias depois, em 19 de março, dia de São José Operário e dia da família, os católicos do Rio de Janeiro e de São Paulo organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart.

Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu 400 mil pessoas e foi liderada por Juraci Magalhães, ex-tenente da Revolução de 1930 e que foi ministro da Justiça no governo Castelo Branco, por Carlos Lacerda e por Ademar de Barros, governadores da Guanabara e de São Paulo respectivamente.

A Marcha da Família foi articulada pelo deputado Cunha Bueno juntamente com o padre irlandês Patrick Peyton, nascido no Condado de Mayo, Irlanda, em 9 de janeiro de 1909, fundador do Movimento da Cruzada do Rosário pela Família e ex-capelão norte-americano, com o apoio do governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor Mendes de Barros, organizada pela União Cívica Feminina e pela Campanha da Mulher pela Democracia, patrocinadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o IPES (a função do IPES era coordenar a oposição política ao governo Jango, e para tal tinha financiamento de grandes empresas nacionais e multinacionais.

O IPES colaborou com diversas entidades de tendência direitista, como a União Cívica Feminina, Campanha da Mulher pela Democracia, além de outras entidades ligadas à Igreja Católica. Também tentou e falhou em cooptar os estudantes e operários para a oposição antijanguista, sendo um dos livros publicados intitulado "UNE, instrumento de subversão". Um dos pontos estabelecidos para as militantes era nunca dizer que estavam combatendo o comunismo, mas, sim, trabalhando em defesa da democracia, assim se fez a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março de 1964, que definitivamente desencadeou a queda de Jango).

Os métodos utilizados pelo IPES para fazer com que houvesse manifestações eram simples, primeiro foram convocadas as esposas de empresários, "ensinadas" sobre "como o comunismo seria prejudicial a elas e, principalmente a seus filhos". Em seguida foram convocadas as esposas dos empregados das empresas participantes, sendo as mulheres ensinadas pelas esposas dos patrões em reuniões de senhoras com fins filantrópicos e religiosos. Simultaneamente, eram distribuídos panfletos entre a população, supostamente endereçados aos fazendeiros e agricultores, outros panfletos davam ênfase à palavras-chave, como democracia, subversão, liberdade. O clero fazia publicar mensagens dirigidas ao Presidente João Goulart. A sociedade cristã foi mobilizada para a primeira Marcha da Família com Deus Pela Liberdade.

O Globo, jornal de orientação direitista, publicou sua famosa manchete "Fora Jango" dias antes do golpe. O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 1º de abril de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil que faria muitas vítimas inocentes, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder através do golpe de estado. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional, que mais tarde, com a decretaçao do AI-2, o primeiro ato receberia o número 1 (AI-1). O Ato Institucional cassou os mandatos políticos de opositores ao regime militar e tirou a estabilidade de funcionários públicos.

O Congresso Nacional, a partir de 1964, se comporia apenas de figuras "agradáveis" ao novo regime que se instalava, ou seja, elementos da direita americanófilos, sem a participação dos comunistas e democratas "infiltrados" em vários partidos políticos, a chamada "oposição consentida". Os congressistas que ousassem fazer oposição radical poderiam ser cassados já no dia seguinte ao AI-1, que limitava os poderes do Poder Legislativo e do Poder Judiciário e também atingiu duramente os movimentos populares - estudantil, camponês e operário. À imprensa apoiadora do regime (jornais O Globo e Estado de São Paulo, por exemplo), assim como uma parcela considerável da população, ainda era concedida alguma "liberdade" de expressão (na prática, ela era porta-voz do novo regime e supervisionada por ele).

Na Presidência da República

Castelo Branco foi eleito, pelo Congresso Nacional, presidente da república, no dia 11 de abril de 1964, obtendo 361 votos contra 72 abstenções. O voto mais aplaudido foi do ex presidente Juscelino Kubitschek. Da deposição de João Goulart em 2 de abril de 1964 até a posse de Castelo Branco, permaneceu na presidência da república, o presidente da Câmara dos Deputados Dr. Ranieri Mazzilli.

Como na sua posse na presidência da república, em 15 de abril de 1964, a Constituição de 1946 continuava em vigor, Castelo Branco foi eleito para terminar o mandato de cinco anos iniciado por Jânio Quadros em 31 de janeiro de 1961. Assim, Castelo Branco deveria governar até 31 de janeiro de 1966. Porém, posteriormente, seu mandato foi prorrogado e foram suspensas as eleições presidenciais diretas previstas para 3 de outubro de 1965.

Seu mandato foi prorrogado, e, Castelo Branco governou até 15 de março de 1967, sendo substituído pelo general Costa e Silva, que fora eleito pelo Congresso Nacional, em 3 de outubro de 1966.

Durante seu mandato, Castelo Branco aboliu todos os 13 partidos políticos existentes no Brasil, através do Ato Institucional número 2 (AI-2). Foram criados a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que se tornaram os únicos partidos políticos brasileiros até 1979. Durante seu governo, Castelo Branco promoveu várias reformas políticas, econômicas e tributárias.

As medidas aplicadas, não atingiram apenas o poder legislativo, mas também todas as organizações consideradas, pelo governo militar, como "nocivas à pátria, à segurança nacional, e à consolidação do novo regime", que, segundo versão oficial, "pretendia corrigir os males sociais e políticos, combater a corrupção e a subversão", além de impedir que se instaurasse um alegado "regime comunista" no Brasil.

O ataque mais violento dos resistentes ao regime (que praticaram ações terroristas contra o regime militar) brasileiro contra o governo Castelo Branco foi o Atentado do Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, em 25 de julho de 1966, que visava atingir o marechal Costa e Silva, ministro da guerra e candidato a sucessor de Castelo Branco. Houve mortes e vários feridos. Algumas dessas organizações foram dissolvidas. Iniciou-se uma guerra interna contra as atividades de resistência de guerrilha e de terrorismo.

Castelo Branco reformou a administração pública brasileira através do Decreto-Lei 200, e enviou um projeto de nova constituição brasileira, que foi aprovada pelo Congresso Nacional e entrou em vigor no dia da posse do seu sucessor Costa e Silva, em 15 de março de 1967. Assim, quando tomou posse, em 15 de março de 1967, no mesmo dia que entrava em vigor a nova constituição, Costa e Silva não dispunha de nenhum ato institucional ou qualquer outro dispositivo legal autoritário. Os atos institucionais 1 a 4 perderam a eficácia neste dia 15 de março.

Em seu governo promulgou vários decretos-leis, e 4 atos institucionais. Reprimiu as manifestações contrárias às atitudes do governo com severidade.

Em seu governo foram baixados, quatro atos institucionais: o primeiro, o "Ato Institucional" não era numerado, era para ser único, passou a receber o número 1 (AI-1), quando foi baixado o AI-2, que criou o bipartidarismo no Brasil, o AI-3 e o AI-4. Todos estes atos vigoraram até a entrada em vigor da nova constituição do Brasil, em 15 de março de 1967.

Em 1965 houve eleições para governador em 11 estados, e o governo militar ganhou em seis deles. Em resposta, foi editado o AI-2, que permitia não só a intervenção do governo federal nos estados e municípios, mas também que o Executivo legislasse através de decretos-lei. Além disso, extinguiu os partidos existentes, implantando o bipartidarismo com duas novas agremiações - a Aliança Renovadora Nacional (Arena), governista, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em tese oposicionista, mas com apoiadores do regime militar dentro dele, inclusive em sua liderança.

Em janeiro de 1966 foi decretado o AI-3, que estendia o princípio da eleição indireta também aos governadores, assembleias estaduais e determinava que os prefeitos fossem nomeados pelos governadores locais. Neste mesmo ano, a oposição ganhou maior intensidade através de protestos estudantis em diversas partes do Brasil e da formação da Frente Ampla, movimento que reunia opositores das mais diferentes correntes políticas, tais como os exilados Carlos Lacerda e os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart. A Frente, contudo, não conseguiu apoio popular e unidade política interna, vindo a desaparecer em pouco tempo.

Em outubro do mesmo ano, o Congresso foi fechado, e no início de 1967 reaberto pelo AI-4 para se reunir extraordinariamente e aprovar a nova Constituição brasileira, quinta da história do Brasil e quarta desde a proclamação da República. O texto dessa Constituição submetido por Castelo Branco, aprovado aos 24 de janeiro de 1967, foi importante para que os militares dessem um ar de legalidade ao regime, e veio a fortalecer o poder Executivo, manteve as eleições indiretas e diminuiu a autonomia dos estados, embora mantivesse o Brasil como federação.

Castelo Branco também aprovou a Lei de Imprensa, que restringia ainda mais a liberdade de expressão dos meios de comunicação, e a Lei de Segurança Nacional, que permitia ao regime atingir seus opositores com prisões e exílios através de um Tribunal Militar para julgar civis, sob o argumento de que ações contrárias ao poder representavam ameaça à segurança da Nação.

Castelo Branco e seus copartidários tinham como plano realizar o Golpe Militar, para supostamente afastar o Brasil do "perigo nazi-comunista", para, logo em em seguida, restabelecer e consolidar a democracia. Contudo, o ministro da Guerra de Castelo Branco, e que seria seu sucessor, Costa e Silva, tinha um pensamento contrário, favorável a um regime militar mais severo e firme no combate à chamada "subversão". Devido ao quadro tendencioso da época, pertencendo à chamada "linha dura", mais ligada aos serviços de inteligência dos Estados Unidos - CIA; sendo, portanto, Costa e Silva quem estabeleceu, de fato, a ditadura, no Brasil, em 13 de dezembro de 1968, com o AI-5, ditadura chamada de "intervenção militar", (termo usado pelos Serviços de Inteligência dos Estados Unidos, na sua política externa de dominação continental) no Brasil.

Ministério

Seu ministério era formado por um elemento da chamada "linha dura" do exército Costa e Silva, e especialmente por antigos componentes do tenentismo e participantes da revolução de 1930 como Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Juraci Magalhães, Juarez Távora, Ernesto Geisel e o próprio Castelo Branco. Fizeram parte do ministério políticos apoiadores do golpe militar de 1964, como José de Magalhães Pinto. A economia ficou sob o comando da dupla de economistas liberais chamada de Campos-Bulhões (Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões).

Medidas Para a Manutenção do Poder

A linha descrita por Castelo Branco em sua obra O Poder Nacional defendia ações com o objetivo de impedir a quem fosse considerado obstáculo para a efetivação de novos planos políticos de atuar; para tal, teria que convencer o Congresso Nacional a aprovar a Emenda da Inelegibilidade que afastava de disputas eleitorais os adversários do regime para conseguir permissão para a Justiça Militar julgar civis por crimes políticos.

Os atos institucionais, (especialmente o AI-2), com o fechamento do Congresso Nacional, a Lei de Imprensa, o fechamento de organizações subversivas e de esquerda e a criação do SNI foram outras duas providências visando assegurar o poder do regime militar:

O Fechamento do Congresso Nacional

Após as eleições parlamentares e para governadores de outubro de 1966, tendo o Congresso Nacional sido fechado pelo AI-2, o Presidente da Câmara dos Deputados, Adauto Lúcio Cardoso, manteve o plenário aberto, em desafio ao ato ditatorial. Diante da resistência, Castelo Branco ordenou a ocupação do Congresso Nacional, ordenando que o coronel Meira Matos comandasse a tropa do Exército que invadiu e fechou o prédio. O Congresso após o recesso foi reaberto e aprovou nova Constituição de 1967, que institucionalizou o regime militar.

Organizações Dissolvidas Durante o Governo Militar

O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), as ligas camponesas e a União Nacional dos Estudantes (UNE), foram algumas das instituições atingidas pela política de repressão ao comunismo desencadeada pelo governo militar. Algumas das principais lideranças pró-comunismo do país foram presas, torturadas e enquadradas na Lei de segurança nacional e responderam a Inquérito Policial Militar (IPM). Também empresários foram investigados. Foi o caso dos donos da Panair do Brasil, a maior companhia aérea do país, na época, que teve a sua licença para voar cassada e o patrimônio temporariamente e depois permanentemente confiscado porque o grupo acionário, segundo as justificativas apresentadas pelo governo federal, era ligado a líderes comunistas e a Juscelino Kubitschek". Na verdade, a intenção do governo seria destruir a Panair do Brasil para entregar suas linhas e parte de seu patrimônio à Varig, cujo dono, Rubem Berta era amigo e apoiador de alguns elementos ligados ao regime militar.

A Lei de Imprensa

Em fevereiro de 1967 foi decretada a Lei de Imprensa, cuja finalidade era controlar o fluxo de informação na imprensa nacional, assim como regular o trabalho dos jornalistas que trabalhavam nestes veículos.

A lei continuou a ser válida no Brasil mesmo depois do fim do regime militar em 1985, sendo finalmente declarada nula por ser incompatível com a Constituição de 1988 pelo Supremo Tribunal Federal em 2009.

AI-2

Em outubro de 1965, foi baixado o Ato Institucional Número Dois que dissolveu todos os partidos políticos, e impôs o bipartidarismo de facto com a criação da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Serviço Nacional de Informações

Seguindo suposta orientação dos militares dos Estados Unidos, com financiamento para compra de equipamentos norte-americanos para monitoração e espionagem, criou o Serviço Nacional de Informações (SNI), uma organização parecida com a CIA e com a KGB soviética.

Reforma das Forças Armadas

Promoveu uma profunda alteração nas forças armadas. Acabou com a patente de marechal, que passou a ser usada apenas por generais aposentados que tinham participado da segunda guerra mundial. Mudou a estrutura da cúpula militar brasileira ao alterar o sistema de cálculo para a aposentadoria compulsória, o que veio a alterar radicalmente tanto a natureza quanto a intensidade da participação dos militares brasileiros na política apesar de que os efeitos desta reforma só puderam ser de fato sentidos a partir de 1985:

- Generais: aos limites para passagem para reserva de 62 anos para general-de-brigada, 64 anos para general-de-divisão e 66 para general-de exército, adicionou os seguintes critérios:

-- nenhum oficial pode ser general por mais de doze anos.
-- cada nível de generalato dever renovar pelo menos 25% de seu quadro a cada ano. Quando isto não acontece naturalmente, os mais velhos passam à reserva compulsoriamente.

- Coronéis: não podem permanecer menos de sete nem mais do que nove anos na mesma patente.

- Nenhum oficial pode passar mais de dois anos em cargos civis sem se desligar das Forças Armadas.

Com estas alterações casos com o do general Cordeiro de Farias não acontecem mais: general em 1942, passou a reserva somente ao atingir os 67 anos de idade, completando 25 anos de generalato, 13 como quatro estrelas. Além disso, chefiou a polícia de São Paulo por três anos, foi interventor do Rio Grande do Sul por outros três anos e governou Pernambuco por mais quatro anos.

Castelo Branco criou assim as condições para que, no futuro, os generais mais antigos deixassem de ser as figuras políticas brasileiras longevas e proeminentes que foram desde a Proclamação da República.

Realizações na Área Política e Econômica

Em seu governo surgiu o Cruzeiro Novo como unidade monetária, Criou a correção monetária, para diminuir o impacto da inflação na economia. A condução da economia brasileira ficou a cargo dos ministros Otávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos que deram alegada prioridade ao combate à inflação e a modernização do estado e da economia brasileira, agindo de acordo com idéias importadas dos Estados Unidos da América. Foi criada a Zona Franca de Manaus.

Foram iniciadas as negociações com o Paraguai visando a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Castelo Branco criou o Código Tributário Nacional, o Estatuto da Terra, o Banco Nacional da Habitação, o Banco Central do Brasil, a Polícia Federal a Lei do Mercado de Capitais, a Casa da Moeda do Brasil, o código eleitoral e o Código de Mineração.

Em 18 de novembro de 1966, criou a Embratur, para o desenvolvimento do turismo.

Alguns apontam que a prática do governo, na economia, seguiu o ensaio Tendências do Emprego das Forças Terrestres na Guerra Futura, no qual se diz que a mobilidade e supremacia dos eixos rodoviários em velocidade e mobilidade superava a vantagem do deslocamento ferroviário. Na verdade, intensificou-se com isso a política de favorecimento aos interesses estadunidenses no Brasil, tendo em vista serem os Estados Unidos da América, naquela época, o maior produtor de veículos rodoviários do mundo. Esta mudança provou ser desastrosa, pois o transporte ferroviário é indiscutivelmente mais barato e vantajoso do que o rodoviário.

Segundo crença mal-intencionada, apregoada por institutos de desenvolvimento norte-americanos, entre eles a CIA, no "avanço tecnológico das Américas", as ferrovias eram meio de transporte "lento e ultrapassado", portanto deveriam ser abandonadas. Na verdade, os norte-americanos tinham intenção de fazer do Brasil um rentável ambiente consumidor de seus automóveis e rodovias. Esta orientação foi desastrosamente seguida pelo presidente e sua equipe em sua "Tese Desenvolvimentista" descrita no ensaio citado.

No governo Castelo Branco, na área econômica, foram tomadas as seguintes medidas:

- Reforma Agrária: Castelo Branco aprovou o regulamento geral do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), atual INCRA, que na prática, jamais promoveu a reforma agrária durante o regime militar.

- Internacionalização da economia: No plano econômico, acentuou-se a internacionalização da economia para a entrada de capitais estrangeiros no país para construção de obras rodoviárias (que interessavam aos estadunidenses), liberação e financiamento governamental de facilidades tributárias para fabricantes de equipamentos e insumos rodoviários.

- Medidas contra a inflação: Para combater a inflação tomaram-se medidas monetárias realizadas por Roberto Campos. A inflação caiu acentuadamente de 1964 para 1967.

- Previdência Social: Castelo Branco unificou os institutos de previdência IAPI, IAPC, IAPTEC, entre outros, em um único, o INPS, atual, INSS.

- Crédito para consumo: Foram criadas muitas linhas de crédito para a classe média aumentar seu poder de compra, assim causando grande aumento nas vendas de eletrodomésticos e automóveis (que também interessava aos estadunidenses). A classe média havia apoiado o golpe militar de 1964.

- Obras de engenharia: Os projetos pendentes da construção de ferrovias para a interligação Norte-Sul, Leste-Oeste, passando por Brasília, iniciados por Juscelino Kubitschek, foram abandonados pelos militares. Os projetos e construções de rodovias, devido ao custo elevado, foram financiadas por instituições internacionais como o BID, Banco Mundial, FMI, entre muitos outros, e tiveram apoio de grandes empreiteiros, iniciando-se desta forma um regime de endividamento do país que provaria ser desastroso anos mais tarde, transformando o Brasil em refém de capital externo.

Foram iniciadas as obras da rodovia BR-163 chamada de Rodovia Cuiabá-Santarém. A Rodovia Belém-Brasília, iniciada por Juscelino foi ampliada. Foi duplicada a Rodovia Presidente Dutra que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, entre outras obras que foram incentivadas e aceleradas no governo militar sob o binômio segurança e desenvolvimento. BR-010 BR-210, Transamazônica BR-230, Transbrasiliana BR-153, Rodovia Castelo-Branco.

Inflação e Déficit Público

Para combater a crescente inflação e o déficit do setor público, o governo federal incentivou as exportações, atraiu investimentos externos, aumentou a arrecadação e reduziu as despesas do governo. Arrochou salários e extinguiu a estabilidade no emprego, direito alcançado pelo trabalhador que alcançasse 10 anos na mesma empresa. Em seu lugar, criou-se o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Entre outras medidas, o governo também incentivou a entrada do capital estrangeiro, revogando para isso a lei de remessa de lucros que estabelecia restrições à remessa de lucros ao exterior.

A Sucessão de Castelo Branco

A sucessão do governo castelista dividiu os militares, pois de um lado encontramos aqueles que eram oriundos da Escola Superior de Guerra (o denominado "grupo Sorbonne") e do outro, a "linha dura", seguidores da filosofia da Escola de Guerra de Fort Leavenworth.

Na luta entre os dois grupos, saiu vencedor o grupo da linha dura com o general Artur da Costa e Silva, que futuramente veio a tornar o regime mais autoritário com a decretação do AI-5.

Morte

Castelo Branco morreu, logo após deixar o poder, em um acidente aéreo, mal explicado nos inquéritos militares, ocorrido em 18 de julho de 1967. Um caça T-33 da FAB atingiu a cauda do Piper Aztec PA 23, no qual Castelo Branco viajava, fazendo com que o PA-23 caísse deixando apenas um sobrevivente.

Detalhes da Morte de Castelo Branco

O documento oficial que reúne toda a investigação do acidente que vitimou, entre outros, o ex-presidente militar Castelo Branco, produzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi assinado pelo tenente-brigadeiro Araripe Macedo. Esta investigação oficial é criticada por falhas e sua desconcertante superficialidade.

"Os militares construíram uma mentira", definiu à reportagem o comandante Emílio Celso Chagas"Esse caso tem de ser esclarecido. Ainda é possível".

Ele tinha 20 anos de idade e era o co-piloto do bimotor Piper Aztec PA 23 com sete pessoas a bordo. Tratava-se do marechal Castelo Branco, quatro acompanhantes, o próprio Emílio Celso Chagas e seu pai, Celso Tinoco Chagas, que pilotava o avião. À exceção de Chagas, que sobreviveu milagrosamente, todos morreram.

O avião caiu na manhã de céu azul de 18/07/1967. Foi abalroado em pleno vôo por um caça militar.

Nas vésperas de morrer, Castelo Branco anunciara a realização de um pronunciamento à Nação. Aguardava-se, na fala que não chegou a acontecer, um posicionamento do chefe militar sobre o destino do País. A tensão era crescente. Havia tortura nos quartéis, protestos civis fora deles e uma luta interna entre os militares da chamada Linha Dura contra a corrente dos Moderados.

Castelo Branco fora escolhido pelos generais para ocupar a Presidência da República a partir do golpe militar de abril de 1964. Considerado um moderado, favorável até mesmo à volta do poder político às mãos de um civil, retirou-se do Palácio do Planalto em 15/03/1967. No processo sucessório, foi pressionado a passar a faixa presidencial para o general da Linha Dura Arthur da Costa e Silva.


Inimigo de seu sucessor, Castelo Branco estava resolvido a contra-atacar. Uma palavra pública dele contra Arthur da Costa e Silva poderia rachar a tênue unidade entre os militares, aquecer os ânimos da oposição civil e, assim, sacudir a história.

Na clara manhã de 18/07/1967, porém, o avião que levava o marechal da cidade de Quixadá, no interior do Ceará, onde ele visitara a romancista Rachel de Queiroz, a Fortaleza, foi atingido na cauda por um caça militar T-33. Naquele instante, outros três T-33 da mesma esquadrilha voavam em sua companhia. O caça militar conseguiu retornar à sua base e pousar com uma leve avaria. O bimotor com Castelo Branco a bordo caiu em "parafuso chato", na linguagem aeronáutica, de uma altura de 1,5 mil pés (450 metros).

Emílio Celso Chagas lembra-se nitidamente a agonia e pânico antes do impacto com o solo.

O marechal gritou para meu pai: "Comandante, pelo amor de Deus, faça alguma coisa!"

Foi em vão. Os ocupantes, à exceção do que escapou por milagre, morreram quando a aeronave atingiu o solo. O marechal Castelo Branco teve seu corpo compactado.

O documento que, segundo a Aeronáutica, reúne toda a investigação sobre o caso é assinado pelo tenente-brigadeiro-do-ar Araripe Macedo. Em lugar de esclarecimentos, a peça abre lacunas suspeitas. Entre os pilotos da esquadrilha da fumaça, o único nome que aparece no relatório é o do estagiário de pilotagem Alfredo Malan D’Angrone. Com apenas 29 horas de vôo naquele tipo de avião, ele foi responsabilizado singularmente pela colisão.

Avião em que viajava Castelo Branco está exposta na base do Exército Brasileiro em Fortaleza.
Alfredo Malan D’Angrone depôs por oito horas sobre o caso, numa única interpelação, mas a íntegra de suas declarações nunca foi divulgada pela Aeronáutica. Tudo o que se sabe é que Alfredo Malan D’Angrone admitiu que foi o avião em que ele estava que se chocou contra a aeronave civil. Muitos fatos estão sem explicação.

Por que os militares que conduziram as investigações não tomaram depoimentos dos outros pilotos da esquadrilha? Eles, muito provavelmente, foram testemunhas oculares da colisão, uma vez que, quase sempre, voam agrupados. Igualmente é um mistério o motivo de os nomes deles jamais terem aparecido ao longo das investigações. Como os caças T-33 têm espaço para co-piloto, será que os comandantes das aeronaves voavam com parceiros a bordo? Não se entende, ainda, por que os controladores de vôo que estavam de serviço naquele dia nunca foram ouvidos sobre a colisão.

Do relatório oficial, retira-se que o caça atingiu o avião civil num ponto nevrálgico. O próprio caça, porém, estava com um de seus tanques vazio no momento do choque, justamente o que se localiza na asa que bateu no Piper Aztec.

Fotografias em poder de "IstoÉ" indicam que o avião em que Castelo Branco viajava não caiu na vertical, como sustenta o relatório, mas "de barriga". Nelas vê-se que o aparelho ficou com muitas de suas partes intactas. Outras fotos, porém, captadas numa espécie de galpão, mostram que o que sobrou do Piper Aztec foi destruído a golpes de marretas, com suas partes descontinuadas e despedaçadas.

O antigo caça Lockheed T-33 envolvido no acidente virou monumento em Fortaleza.
O historiador cearense, Pedro Paulo, que há 20 anos pesquisa o desastre, acredita que a colisão tenha sido caso pensado. Há no campo das teorias conspiratórias os que creem que o estagiário pode ter sido usado como o bode expiatório de um complô militar. Duvidam até mesmo que ele tenha sido o piloto do caça, com chances de estar apenas no papel de co-piloto. Por esta linha de hipóteses, o avião em que Castelo Branco viajava foi abatido propositadamente, num típico atentado. Para que o avião agressor pudesse pousar em segurança, o movimento de ataque teria de ser efetuado por um piloto experiente, o que renova as suspeitas sobre a não identificação dos demais integrantes da esquadrilha da fumaça que voavam no dia.

Como se sabe, os participantes desse tipo de esquadrilha são peritos em showsaéreos, nos quais manobras radicais são executadas com precisão milimétrica. Ases e heróis. As enormes brechas na investigação oficial, que incluem a falta de explicação para o choque num dia de céu claro e sem nuvens, levantam a suspeita de que, em plena Ditadura Militar, alguns deles tenham se transformado em pilotos de guerra. As falhas no relatório não foram suficientes para tirar o prestígio do brigadeiro Araripe Macedo entre os militares da Linha Dura. Ele tornou-se ministro da Aeronáutica durante as gestões dos presidentes Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel. Ou será que foram exatamente aquelas brechas que contribuíram para aumentar-lhe o moral?

"Tenho procurado, todos esses anos, mais explicações oficiais para o acidente, mas jamais a Aeronáutica me deu qualquer tipo de informação", reclama o comandante Emílio Celso Chagas. Tudo o que chegou às mãos dele, mesmo assim informalmente, foi um documento com poucas páginas, quase 40 anos depois de ter perdido seu pai na queda.

"Há mais informações oficiais", acredita o procurador Cabral Sales. É para que elas venham à luz que ele resolveu entrar com a ação civil pública para a União dizer se há mais arquivos secretos. Neles podem estar os nomes dos integrantes da esquadrilha da fumaça que não aparecem no relatório de Araripe Macedo. Talvez estejam vivas. Certamente sabem a verdade.

Fonte: Wikipédia e IstoÉ