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Gino Bianco

LUIGI EMILIO RODOLFO BERTETTI
(67 anos)
Piloto Automobilístico

* Turim, Itália (22/07/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/05/1984)

Luigi Emilio Rodolfo Bertetti, conhecido como Gino Bianco, foi um piloto de automobilismo ítalo-brasileiro que pilotou uma Maserati para a equipe Escuderia Bandeirantes. Ele imigrou para o Brasil quando ainda era criança. Participou de quatro grandes prêmios de Fórmula 1, sendo seu melhor resultado a 18ª colocação no Grande Prêmio da Inglaterra de 1952.

De todos os 27 pilotos brasileiros que participaram de pelo menos um Grande Prêmio de Fórmula 1, Gino Bianco é certamente o menos conhecido. Até o começo dos anos 80, praticamente não se falava nele. Reportagens escritas por gente competente chegaram a ignorar seu nome ao mencionar os brasileiros que correram na Fórmula 1 nos anos 1950.

Na verdade, Gino Bianco não era brasileiro nato. Ele nasceu em Turim, na Itália, em 22/07/1916, e tinha 12 anos quando sua família mudou-se para o Brasil, mais precisamente para o Rio de Janeiro. Nunca pediu naturalização, mas ao longo de sua carreira se apresentava como brasileiro.

Começou a trabalhar como mecânico de automóveis e depois abriu sua própria oficina. Ficava no número 35 da Rua Francisco Otaviano, que liga as praias de Copacabana e do Arpoador. Gino Bianco tinha 17 anos quando aconteceu a primeira corrida no Circuito da Gávea, em 1933. Seis anos depois, participou dela pela primeira vez, pilotando um Bugatti com motor Chrysler. No ano seguinte, pilotou um Fiat e abandonou por acidente. Mas desenvolveu amizade com outros pilotos e se manteve ligado ao automobilismo.

A Segunda Guerra Mundial, entretanto, paralisou o automobilismo em todo o mundo. O Brasil não foi exceção, ainda que algumas corridas ainda tivessem acontecido até o começo dos anos 1940, inclusive com carros movidos a gasogênio.

A guerra acabou em 1945 e as corridas voltaram a acontecer. O autódromo de Interlagos, o primeiro do Brasil, havia sido inaugurado em 1940, mas o Rio de Janeiro tinha um automobilismo muito mais movimentado que o de São Paulo. Por isso, vários paulistas, inclusive Chico Landi, abriram oficinas na então capital federal. Nessa época, Gino Bianco venceu várias corridas, principalmente de subida de montanha, e firmou-se como um dos principais pilotos do automobilismo nacional.

Em 1947, disputou o Grande Prêmio de Interlagos, uma prova internacional para carros de Grand Prix, que reuniu vários pilotos brasileiros e estrangeiros. Pilotando uma Maserati, Gino Bianco terminou em terceiro lugar, atrás das Alfa Romeo de Acchile Varzi, o vencedor, e Chico Landi, segundo colocado.

Em 1952, Chico Landi criou a Escuderia Bandeirantes, com três Maserati A6GCM, para disputar grandes prêmios na Europa. Gino Bianco acompanhou-o para ser um dos pilotos. Além dos dois brasileiros, a Escuderia Bandeirantes teve o uruguaio Heitel Cantoni e, em uma corrida, o argentino Alberto Crespo. Os carros dos brasileiros eram pintados de amarelo e tinham rodas verdes - era a pintura nacional exigida pela Fédération Internationale de l'Automobile (FIA). Não era uma equipe rica: inscreveu-se apenas em quatro GPs, às vezes com somente dois carros, e seu melhor resultado foi o 8º lugar de Chico Landi no Grande Prêmio da Itália.


Gino Bianco estreou no Grande Prêmio da Inglaterra, em Silverstone. Fez o 28º tempo (havia 32 inscritos) e terminou em 18º entre 22 pilotos que terminaram a corrida. Este seria seu melhor resultado na Fórmula 1. Depois, ele abandonou os GPs da Alemanha (motor quebrado na primeira volta), Holanda (câmbio) e Itália (motor). Gino Bianco participou ainda de uma prova extra-campeonato, o Grande Prêmio do Autódromo, em Monza, onde também abandonou.

Depois do Grande Prêmio da Itália, o último de 1952, Gino Bianco voltou ao Brasil pelo mesmo motivo que impediu Chico Landi de correr com mais freqüência na Europa: dinheiro. Naqueles tempos em que patrocínio era algo praticamente desconhecido, a renda dos dois era assegurada pelas atividades nas respectivas oficinas.

Gino Bianco ainda disputou algumas corridas no Brasil em 1953. Depois disso, pouco se sabe dele. Viveu no Rio de Janeiro até morrer no dia 08/05/1984, vítima de complicações no esôfago.

Fonte: WikipédiaGP Total

Codó

CLODOALDO BRITO
(70 anos)
Cantor, Compositor, Violonista e Pescador

* Arraial de Cairu de Salinas das Margaridas, BA (18/09/1913)
+ Niterói, RJ (26/01/1984)

Clodoaldo Brito, mais conhecido como Codó foi um cantor, compositor, violonista e pescador brasileiro. Antes de começar a tocar violão, foi pescador. Autodidata, fabricou seu próprio violão na base de tábuas de caixotes de querosene e cordas de piaçaba. Mais tarde, se aperfeiçoou pelo método do violonista Canhoto. Começou a compor nos anos 30. Por toda a vida usou o primeiro violão que ganhou do pai, aos 9 anos. Seus filhos, Carlos, Marinalva, Antônio Mascarenhas, Cláudio, Marilena e Mercês são compositores e cantores e seguiram carreiras solos após terem gravado com o pai.

Nascido no município de Cairú de Salinas das Margaridas, uma ponta de ilha próximo a ilha de Itaparica, perto da Ilha do Medo. Filho de Paulo de Brito e Carolina Arcanjo de Brito, foi criado descalço no meio do mato. Ainda garoto, interessou-se pela pescaria, pela canoa e pela lavoura. Codó na infância gostava de fazer farinha e bejú.

Com 15 anos de idade Codó construiu seu primeiro violão, com madeira e cordas de piaçaba. Aos 16 anos Codó quis conhecer Salvador, mas foi impedido por seu pai, pois este dizia que ele precisava primeiro aprender a tocar violão. Ouvindo isso de seu pai, Codó disse a si mesmo, "ainda vou ter um violão de verdade, igual ao do velho que fica sentado na beira do rio".


Este velho, de quem Codó se referia, que não se sabe ao certo se fazia parte de sua imaginação, ou se era real, ficava sentado com a cabeça baixa, com um chapéu de pescador, e a água do rio correndo pelo pé. O velho tinha uma mão grande e tocava um violão desafinado e em um volume muito alto. Codó um dia disse ao velho, que seu violão estava desafinado, o velho se virou para Codó e disse "então vá arrumar o seu violão e afine". Depois de ouvir isso, Codó procurou imediatamente seu pai e disse que queria um violão de verdade.

Como é de costume, em cidades do interior, existem mercadores que viajavam longas distâncias vendendo e trocando mercadorias diversas. Em uma dessas visitas de um mercador, Codó foi informado que havia um homem vendendo um violão em uma cidade vizinha, na Conceição de Salinas das Margaridas. Codó imediatamente foi a esta cidade procurar o tal violão. Ao chegar no local, e questionar o preço do instrumento, Codó percebeu que não tinha dinheiro para comprar o instrumento. Então ele sugeriu um troca, onde ofereceu a vaca leiteira do seu quintal em troca do instrumento. O dono do violão imediatamente aceitou a troca, mas Codó ainda precisava convencer seu pai dessa troca. Voltando para casa, Codó sugeriu ao seu pai, que trocasse a vaca leiteira da família pelo violão. Seu pai de inicio fez resistência a troca, mas para realizar o sonho de seu filho, terminou cedendo a seu pedido.

Codó e seu violão informal em festas de família, Rio de Janeiro, anos 70
A partir daí Codó começou a tocar violão. Autodidata, aprendeu ainda na adolescência a tocar pelo método da mão esquerda. Depois de aprender a tocar violão, Codó queria mais. Queria ir para o Mercado Modelo em Salvador tentar a vida, mostrando sua arte e comercializando os produtos de seu quintal (azeite de dendê, farinha de mesa, bejú, frutos do mar, doces em compotas, castanhas de caju, licor de caju e jenipapo, etc). Também levava para a Feira de Sete Portas em Salvador, seu galo de briga, que era um grande campeão.

No jogo da capoeira, Codó também fez fama no Mercado Modelo e na Feira de Sete Portas, onde ganhava dinheiro com suas apresentações. Nessas apresentações nos mercados populares, Codó conheceu os músicos, e amigos, Batata e Riachão, de quem ganhou uma música em sua homenagem, um xote baião que dizia assim:

"Codó conhecido é
por homi minini mulé
De salina ao Porto do Cairú
de São Roque a Barra de Paraguaçu
Codó conhecido é
por homi minini mulé"

E foi na Feira de Sete Portas, que Codó conheceu Antonina Figueiredo Borges Mascarenhas, que posteriormente veio a ser sua mulher, com quem teve 10 filhos.

Codó e a sua esposa Antonina Figueiredo, a Zinha
Como músico, e já casado com Antonina, Zinha como ele a chamava, Codó estabeleceu-se como músico, tocando durante muitos anos no Hotel da Bahia e na Rádio Sociedade da Bahia, de onde só saiu quando mudou-se para o Rio de Janeiro, nos anos 60.

Durante o tempo em que tocou na Rádio Sociedade e no Hotel da Bahia, recebia visitas, de Gilberto Gil e João Gilberto, que na época ainda eram garotos, e buscavam aprender novos acordes com o violão de Codó. Acompanhou grandes estrelas como Silvio Caldas, Nora Ney e Dircinha Batista quando iam à Bahia.

Em 1954 Araci Costa gravou com muito sucesso sua primeira música o baião "Iaiá da Bahia", em parceria com João Melo, regravada dois anos depois em 1956 pelo Trio Nagô, conjunto vocal cearense formado por Evaldo Gouveia, Mário Alves e Epaminondas Souza, reafirmando seu êxito, e consolidando o prestígio de Codó.

Mas para Codó, tocar na Bahia, ainda não era o suficiente, ele queria ir para o Rio de Janeiro. E com o apoio de seu filho Antônio, Codó fez contatos com a gravadora RCA Victor sediada no Rio de Janeiro, com quem fechou seu primeiro contrato para gravação de um LP, "Alma do Mar", o que fez Codó mudar-se com seus filhos Antônio e Cláudio para o Rio de Janeiro. Com a renovação do contrato com a RCA Victor, Codó resolveu trazer o resto de sua família para o Rio de Janeiro.


Em 1963 Codó gravou seu primeiro LP na gravadora Polydor intitulado "Alma do Mar" com doze belas canções de sua autoria interpretadas ao violão. Esse disco o levou definitivamente para a galeria dos grandes violonistas brasileiros. Depois gravou ainda mais sete discos lançados ainda nos sessenta e setenta, todos alcançando sucesso de venda.

Outras composições de sua autoria que se tornaram conhecidas foram "Zum Zum", na voz de Vanja Orico, "Taiti", na interpretação de Rosinha de Valença, e "Tin-don-don", parceria com João Melo, gravada por Jorge Ben em 1964 com sucesso, e regravada dois anos depois por Sérgio Mendes.


Codó foi também compositor de choros, como "Bole-bole", "Quadradinho" e "Boladinho". Bastante respeitado no meio artístico, foi homenageado por Baden Powell na música "Um Abraço no Codó".

Clodoaldo Brito faleceu no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1984, perdia a música popular brasileira um compositor de talento e um de seus maiores instrumentistas.


Discografia
  • 1963 - Codó (Polydor)
  • 1964 - Alma do Mar - O Violão de Codó
  • 1967 - Codó e o Mar (RCA Victor)
  • 1967 - A Enluarada Elizeth (Copacabana)
  • 1968 - O Violão e a Simplicidade de Codó (Mocambo)
  • 1969 - Um Violão Muito Bom, Modéstia à Parte (Copacabana)
  • 1970 - Vim Pra Ficar (Copacabana)
  • 1973 - Codó - Brincando Com as Cordas
  • 1977 - Codó e o Violão - Série Talento Brasileiro
  • 1978 - Coisas da Minha Terra (CID)
  • 1984 - Série Música Brasileira Vol. 1

Fonte: WikipédiaClodoaldo Brito e Luiz Américo - A História da MPB e Samba & Choro

Odete Amaral

ODETE AMARAL
(67 anos)
Cantora

* Niterói, RJ (28/04/1917)
+ Niterói, RJ (11/10/1984)

Odete Amaral foi uma cantora brasileira. Era a filha mais nova de um casal de lavradores. Nasceu em Niterói, mas sua família se mudou para o Rio de Janeiro um ano depois. Aos seis anos de idade, entrou para o Colégio Uruguai, onde fez o curso primário. Em 1929, empregou-se como bordadeira na América Fabril e continuou estudando no período da noite.

Devido a sua voz primorosa, era sempre convidada a cantar no teatro da escola e em festas de aniversário. Então, em 1935, sua irmã, que a admirava, a levou para um teste na Rádio Guanabara, na época dirigida por Alberto Manes. Acompanhada por Felisberto Martins ao piano e por Pereira Filho ao violão, Odete Amaral interpretou o samba "Minha Embaixada Chegou" de Assis Valente, sendo aprovada com louvor.

Com o sucesso do teste, logo foi escalada para o programa "Suburbano", que era apresentado aos domingos. Através de Almirante, apresentou-se no Rádio Clube do Brasil. Pouco depois, estreou na Rádio Ipanema, atuando ainda em várias outras emissoras, entre as quais a Rádio Sociedade, Rádio Philips e a Rádio Cruzeiro do Sul. Por essa época, atuou no teatro cantando "Ganhou, Mas Não Leva", de Milton Amaral, numa revista encenada no Teatro João Caetano.


Em 1936, gravou o primeiro disco pela Odeon, cantando os sambas "Palhaço", de Milton Amaral e Roberto Cunha, e "Dengoso", de Milton Amaral. Depois, foi levada por Ary Barroso para a RCA Victor, pela qual lançou um disco com duas músicas de Ary Barroso, a marcha "Colibri" e a batucada "Foi de Madrugada". Paralelamente, começou a cantar em coro, atuando em discos de colegas como Francisco Alves, Mário ReisAlmirante, o que fez até a década de 1960. No mesmo ano, assinou seu primeiro contrato, com a Rádio Mayrink Veiga, e participou do filme "Bonequinha de Seda", produzido pela Cinédia, com direção de Oduvaldo Viana. Foi nessa época que recebeu de César Ladeira o slogan de "A Voz Tropical".

Participou da inauguração da Rádio Nacional em 1937. No ano seguinte, casou-se com Ciro Monteiro, formando um dos casais mais populares de sua época. Eles tiveram um filho, Ciro Monteiro Jr., e se separaram em 1949.

Odete Amaral esteve também no filme "Samba da Vida", produzido pela Cinédia e dirigido por Luís de Barros.

Em 1939, ao lado de seu esposo, fez inúmeros shows pelo país e gravou os sambas "Sinhá, Sinhô" e "Bem Querer" de Aloísio Silva Araújo. Dois anos depois, retornou à Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu por seis anos, e voltou a gravar pela Odeon, até 1945. Foi nesse período que gravou seu maior sucesso, o choro, de Fon-Fon e Mário Rossi, em 1944.


Passou por um período em que fez poucas gravações, realizando alguns registros pela RCA Victor e pelo pequeno selo Star, até que em 1951, mais uma vez, retornou à Odeon. No mesmo ano, assinou com a Rádio Tupi.

Em 1957, agora pela Todamérica, lançou seu primeiro LP, "Tudo Me Lembra Você", com arranjo de Guio de Morais. Em 1961, participou do filme "Samba em Brasília", produzido pela Cinedistri e dirigido por Watson Macedo.

Um de seus trabalhos mais interessantes foi seu segundo LP, gravado com seu filho Ciro Monteiro Jr., intitulado "Do Outro Lado da Vida - Os Que Perderam a Liberdade Contam Assim Sua História", no qual interpretou composições de presidiários do então estado da Guanabara e de São Paulo, com destaque para "Luar de Vila Sônia" (Paulo Miranda), "Nos Braços de Alguém" (Quintiliano de Melo) e "Silêncio! É Madrugada" (Wilson Silva). Lançou também, pela Mastersound, com Sílvio Viana e Seu Conjunto, o LP "Sua Majestade Odete Amaral, a Rainha dos Disc-Jóqueis".

Em 1968, gravou o LP "Fala, Mangueira!", com Carlos Cachaça, Cartola, Nelson Cavaquinho e Clementina de Jesus. Em 1975, participou da série "MPB 100 Ao Vivo" irradiada pelo Projeto Minerva, Rádio MEC, em cadeia nacional de emissoras. Ao lado de Paulo Marques, cantava os grandes sucessos dos anos 1930. A série de 30 programas deu origem a oito LP's criados por seu produtor Ricardo Cravo Albin. Dois anos depois, participou do show "Café Nice", ao lado de Paulo Marques e Altamiro Carrilho, com direção e narração de Ricardo Cravo Albin.

Odete Amaral faleceu no Rio de Janeiro, aos 67 anos.

Fonte: Wikipédia

Copinha

NICOLINO COPIA
(74 anos)
Compositor, Instrumentista e Engenheiro

* São Paulo, SP (03/03/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/03/1984)

Aquela antológica abertura, em solo de flauta, de "Chega de Saudade", que, ao lado do violão de João Gilberto, lançou a bossa nova em 1957, foi feita pelo engenheiro paulista Nicolino Cópia, mestre do instrumento (e de todos os de sopro) desde os tempos em que tocava acompanhando filmes no cinema mudo. Genial, eclético, atualizado, Copinha foi acima de tudo um músico. Seu som está em centenas - milhares, sem exageros - de gravações de cantores e cantoras brasileiros, de todos os gêneros e estilos, ao longo de seus mais de cinqüenta anos de carreira.

Copinha era filho de italianos e tinha oito irmãos, todos eles músicos. Seu primeiro professor de flauta foi Vicente, irmão mais velho. E, nas serenatas e rodas de choro de São Paulo, iniciou-se no jeito de tocar em grupo, solar e acompanhar.

"Eu comecei a estudar com 7 anos de idade, em 1917. Mas estudava direito, estudava música primeiro. Hoje a gurizada pega um instrumento e vai tocar de ouvido. Estudei música, solfejo, depois mais tarde harmonias, essa coisa toda. Com 9 anos é que eu peguei a flauta. Com nove anos eu já fazia serenata com o Canhoto (Américo Jacomino). Toquei muitas vezes. Ele gostava e dizia: 'Esse garoto é bom'"

Antes dos 20 anos de idade, dominava também o clarinete e o saxofone, que aprendera no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Embora Copinha tocasse também clarinete e saxofone, o seu instrumento de preferência, e o que mais utilizou durante toda a carreira, foi a flauta. O que caracteriza Copinha, além da evidente qualidade técnica e musical, é a capacidade de se adaptar a uma enorme variedade de estilos.

Não existe uma "flauta" de Copinha, que se imponha de maneira uniforme independentemente do que e com quem esteja tocando; porém tampouco falta personalidade à sua execução, pois alguns traços estão presentes em todas as suas intervenções: a limpeza do som, o estilo chorado, a economia de notas e, acima de tudo, a interação com os outros instrumentos ou com a voz - a flauta de Copinha está sempre integrada ao conjunto sonoro, e mesmo quando sola não ignora o acompanhamento.

Não existe melhor maneira de perceber tudo isso do que ouvir sua atuação com João Gilberto e, depois, com Paulinho da Viola. Escutar os discos "Chega de Saudade" e, em seguida, "Nervos de Aço".

Apesar de sua discrição e de seu papel de acompanhante, Copinha era respeitado pelos grandes músicos. A ponto de Hermeto Pascoal, um músico em tudo e por tudo diferente, cuja flauta soa no mais das vezes nervosa, "suja", agressiva, ter homenageado o colega com a composição "Salve, Copinha", gravada no disco "Brasil Universo".

Copinha tem menos de 20 composições gravadas, a maioria nos seus próprios discos. São quase todas obras tradicionais, românticas, típicas das serestas. O compositor Copinha viveu no segundo plano em relação ao músico, pelo menos no que se refere às gravações.

A originalidade de arranjador de Copinha não deve ser procurada nos discos orquestrais e sim, principalmente, em três discos de Paulinho da Viola para os quais escreveu os arranjos: "Nervos de Aço", "Memórias Cantando" e "Memórias Chorando" - dois discos de canções e um disco instrumental.


Carreira

Copinha teve duas carreiras distintas: a das orquestras e grandes conjuntos, e a de instrumentista em pequenos grupos, ou acompanhando grupos e cantores. Ambas foram longas, intensas, e produziram resultados muito distintos. Começou a carreira profissional em 1934, como flautista, fazendo fundo para filmes mudos em cinemas de São Paulo e tocando em programas de rádio, quando teve a oportunidade de se apresentar com os violonistas Garôto e Armandinho.

Mas logo deu início à criação de orquestras, principiando pela Orquestra Irmãos Cópia, sob a liderança do irmão mais velho, Vicente. Depois Juca e Seus Rapazes, e mais adiante, a orquestra do Maestro Gaó, Orquestra Colúmbia, em apresentações nas rádios paulistas.

Com Gaó, ainda na década de 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tocou em boates, cabarés (com Pixinguinha, no Dancing Eldorado), teatros e cassinos. Com a orquestra de Simon Boutman, no Cassino do Copacabana Palace, Carlos Machado, no Cassino da Urca, e Paul Morris, no Quitandinha, em Petrópolis.

Com vocação de andarilho, desde a década de 1930 empreendeu um ciclo de viagens internacionais que se estendeu até o final da vida, sozinho, em grupos, como músico de orquestras ou maestro.

Corria a década de 40, e Copinha criou a primeira orquestra sob sua liderança, chamada inicialmente de Copia e Sua Orquestra. Com ela, ao longo de quase 20 anos, tornou-se um dos principais acompanhantes de cantores como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Mário Reis, Carmen Miranda, Cyro Monteiro, Dircinha Batista, Aracy de Almeida, Orlando Silva e Dorival Caymmi.

Em 1958, recebeu em sua orquestra um músico nordestino que viria a fazer história na música brasileira: Hermeto Pascoal mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro a fim de tocar acordeom na Orquestra do Maestro Copinha, que então se apresentava no Hotel Excelsior. E, no mesmo ano, juntou-se à orquestra o pianista acreano João Donato, durante uma temporada no Hotel Copacabana Palace.

A partir da década de 60, tornou-se um dos mais requisitados músicos de estúdio e de shows do Brasil. O espaço das orquestras rareava pela soma das novas tendências da música com o alto custo necessário para mantê-las. E Copinha afastou-se aos poucos, primeiro desmobilizando sua própria orquestra para trabalhar nas orquestras da TV Tupi e, depois, da Rede Globo e, por fim, praticamente abandonando os grupos orquestrais.

São raros os cantores e compositores de primeira linha da música brasileira, a partir da década de 60, que não tenham contado com Copinha e seus instrumentos de sopro - particularmente a flauta. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Cartola e Ivan Lins são apenas alguns deles.

É de Copinha a flauta que se ouve na famosíssima introdução de "Chega de Saudade", que abre o primeiro LP homônimo de João Gilberto, com arranjos de Tom Jobim. Assim como é de Copinha a flauta que acompanha João Gilberto em outras faixas do mesmo LP.

Copinha tocou flauta em "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, considerado um dos marcos iniciais da bossa nova. São dele os sopros em grande parte dos discos de carreira de Paulinho da Viola.

Concedeu esta entrevista ao programa MPB Especial, da TV Cultura de São Paulo, em 1974, aos 64 anos: 

(Música Instrumental: Abismo de Rosas)

"Essa música é de um senhor, para mim um senhor exímio violonista, chamado Giacomino, apelido de Canhoto. Eu conheci o Canhoto em 1918, 1919, que foi a época em que ele fez essa valsa, e eu adorava esse homem tocando violão. Aliás, fazíamos serenatas, eu, um garotinho, só 'sapeava', eu tocava uma coisinha ou outra. Meus irmãos mais velhos é que tocavam com ele, João, Vicente, Joaquim e Alexandre."

"Eu nasci na rua Santa Efigênia, antigamente bairro Santa Efigênia. Hoje é Centro. Atravessava a ponte, era o bairro Santa Efigênia. Hoje atravessa a ponte e é cidade mesmo. São Paulo cresceu de uma maneira... São Paulo nesse tempo era um Estado formidável de se viver. Poluição não existia. Eram aqueles bondinhos, eram bondes. Eu não alcancei bonde de burro, não, eu não alcancei isso, porque também não sou tão velho. Mas eram aqueles bondes caradura. Tinha o bonde condutor na frente, todo fechado, pintado de verde, da esperança, que levava o reboque atrás, feito uma jardineira, tudo aberto, chovia dentro. Esse caradura era um tostão. Tomei muito bonde caradura."

"No bairro de Santa Efigênia a coisa mais importante era a igreja. Sem contar a ponte. A ponte foi um acontecimento, os dois viadutos: Santa Efigênia e viaduto do Chá. Tinha casas baixinhas. Naquele tempo, São Paulo todo devia ter um milhão e duzentos mil habitantes. O Rio de Janeiro era mais habitado do que São Paulo, tinha mais população. São Paulo era um lugar formidável. Nasci aqui, gostava muito, né? Hoje não, hoje São Paulo está difícil, está fogo. O Rio de Janeiro está mais devagar, está mais calmo."

"Eu comecei a estudar com 7 anos de idade, em 1917. Mas estudava direito, estudava música primeiro. Hoje a gurizada pega um instrumento e vai tocar de ouvido. Estudei música, solfejo, depois mais tarde harmonias, essa coisa toda. Com 9 anos é que eu peguei a flauta. Com nove anos eu já fazia serenata com o Canhoto. Toquei muitas vezes. Ele gostava e dizia: 'Esse garoto é bom'. Fiz muitas serenatas e valsas. Aliás, muita gente está enganada com serenata, dizem que serenata é só música dolente. Não é não. Eu tinha uma 'pequena' que gostava de tango e fiz serenata com tango. Tinha uma garota que gostava de um choro (não me lembro o nome)."

"Eu tocava choro para ela na serenata. E daí todo muito pensa que serenata é só valsa, dolente. Não é nada disso, não. Tudo que você gostava, eu ia tocar para você, e acabou-se, gostasse do que gostasse."

Yvonne Pereira

YVONNE DO AMARAL PEREIRA
(83 anos)
Médium e Escritora

* Valença, RJ (24/12/1900)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/03/1984)

Yvonne do Amaral Pereira foi uma médium brasileira, autora de diversos livros psicografados. Nasceu em 1900 na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro.

Yvonne Pereira foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.

Filha de Manuel José Pereira Filho, um pequeno comerciante, e de Elizabeth do Amaral, foi a primeira de seis filhos do casal. A mãe já havia tido um filho de seu primeiro casamento.

Aos 29 dias de nascida depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal.

O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mas tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua morte, em 1935. O lar sempre foi pobre e modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo alheou-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamental da médium. Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.


Aos 4 anos já se comunicava áudio-visualmente com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O espírito Charles, a quem considerava seu pai terreno real, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal. Charles, espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica. O espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos evoluídas, como o Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras.

Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do "Senhor dos Passos", na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as seguintes palavras:

"Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam"

Aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não lembra de mais nada. De fato, Yvonne Pereira foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava com extraordinária clareza.

Considerava seus familiares, principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava, eram totalmente estranhas. Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares. Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.

O seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "Livro dos Espíritos". Que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis.

Aos 13 anos começou a frequentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura.


Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, renda, flores, etc... A educação patriarcal que recebeu, fez com que vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e triste.

A mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos. A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador. A sua mediunidade, porém, foi diversificada.

Foi médium psicógrafo e receitista (homeopatia) assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. Praticou a mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os do desdobramento, incorporação e receituário. Era através do desdobramento noturno que Yvonne Pereira navegava através do mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos.

Como médium psicofônico, pôde entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos quais, devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. No receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas das várias cidades em que morou durante os 54 anos de atividade.

Foi uma médium independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a "Igreja do Alto" e com ela exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos sofredores.

 Foi uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, como no exterior. Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa leitura. Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Johann Wolfgang von Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros. Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram perdidos.

Homenagem

Quando dos dez anos de sua morte, a revista "Reformador" (março/1994) publicou extensa matéria em memória da médium, de autoria de Augusto Marques de Freitas.

Ali, o articulista resumiu o sentimento que os espíritas dedicam-lhe:

"A vida a a obra de Yvonne do Amaral Pereira ficarão gravadas para sempre no coração de todos nós e na História do Espiritismo."

Obra

A obra mediúnica de Yvonne Pereira monta a uma vintena de livros. Embora desde 1926 tenha escrito numerosas obras psicografadas, somente decidiu publicá-las na década de 1950, segundo ela mesma, após muita insistência dos "mentores espirituais". Dentre as mais conhecidas destacam-se:

  • Memórias de um Suicida - Atribuída aos espírito de Camilo Castelo Branco e de Léon Denis. Constitui-se num libelo contra o suicídio, descrevendo em sua primeira parte, os sofrimentos experimentados pelos que atentaram contra a própria vida. Na segunda e na terceira partes focaliza os trabalhos de assistência e de preparação para uma nova encarnação. Esta obra é considerada um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre o suicídio sob o ponto de vista doutrinário espírita.
  • Nas Telas do Infinito - Apresenta duas novelas: uma atribuída ao espírito Bezerra de Menezes e outra a Camilo Castelo Branco.
  • Amor e Ódio - Atribuída ao espírito Charles, enfoca o drama de um ex-aluno francês do Prof. Rivail (Allan Kardec), o artista Gaston de Saint-Pierre, acusado de um crime que não cometera. Após grandes padecimentos, recebe os esclarecimentos elucidativos por meio de um exemplar de "O Livro dos Espíritos", à época em que este foi lançado pelo codificador.
  • A Tragédia de Santa Maria - Atribuído ao espírito Bezerra de Menezes, ambientado em uma fazenda de café em Vassouras, RJ.
  • Ressurreição e Vida - Atribuído ao espírito Leon Tolstoi, compreende seis contos e dois mini-romances ambientados na Rússia dos czares.
  • Nas Voragens do Pecado - Primeiro volume de uma trilogia atribuído ao espírito Charles, relata a trágica história do massacre dos huguenotes na Noite de São Bartolomeu, 23 de agosto de 1572, durante o que seria uma encarnação anterior da médium, na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle.
  • O Cavaleiro de Numiers - Segundo volume da trilogia, mostra outra suposta encarnação da médium, ainda na França, na personalidade de Berth de Sourmeville.
  • O Drama da Bretanha - Terceiro e último volume da trilogia, ilustra como a médium, agora na personalidade Andrea de Guzman, não consegue suportar os embates de sua expiação e se suicida por afogamento.
  • Dramas da Obsessão - Atribuído ao espírito Bezerra de Menezes, compreende duas novelas abordando o tema obsessão.
  • Sublimação - Apresenta dois contos atribuídos ao espírito Charles, um ambientado na Pérsia e outro na Espanha, e três contos atribuídos ao espírito Leon Tolstoi, ambientados na Rússia.

Como escritora, publicou muitos artigos em jornais populares, produção atualmente desconhecida, que carece de um trabalho amplo de recuperação. São ainda da autora:
  • A Família Espírita
  • À Luz do Consolador - Coletânea de artigos da médium na revista "Reformador", originalmente entre a década de 60 e a de 80.
  • Cânticos do Coração - Coletânea de artigos publicados no jornal Obreiros do Bem.
  • Contos Amigos
  • Devassando o Invisível - A autora desenvolve uma dezena de estudos sobre temas doutrinários, com base em suas experiências mediúnicas.
  • Evangelho aos Simples
  • O Livro de Eneida
  • Pontos Doutrinários - Reúne crônicas publicadas na revista "Reformador".
  • Recordações da Mediunidade - A autora discorre sobre reminiscências de vidas passadas, arquivos da alma, materializações, premonição e obsessão.
  • A Lei de Deus

Fonte: Casa Espírita Caminho da Luz

Laura Alvim

LAURA AGOSTINI DE VILALBA ALVIM
(83 anos)
Benemérita

* Rio de Janeiro, RJ (02/11/1900)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/03/1984)

Laura Alvim foi uma benemérita, protetora das artes que lutou pelo sonho de transformar a sua casa em Ipanema em um centro cultural.

Laura Alvim nasceu em 2 de novembro de 1900 no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Era filha do médico precursor da radiologia no Brasil,  Álvaro Freire de Vilalba Alvim e Laura Agostine de Vilalba Alvim, e neta de Angelo Agostini, abolicionista, pintor e renomado caricaturista do período imperial que desenhou a primeira charge infantil do Rio de Janeiro para a revista O Tico-Tico. Pertencia, portanto, a uma influente família carioca.

Laura cresceu num ambiente pleno de cultura. Dada a sua beleza, e traços finos, é considerada por muitos a primeira Garota de Ipanema. Inteligente e irreverente, Laura tentou seguir a carreira artística, mas a oposição familiar e os preconceitos da época impediram-na de subir aos palcos.

Após a morte de seu pai, Laura dedicou-se a transformar sua casa em uma casa de cultura para homenageá-lo e também para sua própria realização, já que sempre foi apaixonada pelo teatro, mesmo nunca tendo tido coragem de segui-lo. Seu maior sonho era ser atriz.

Com a morte dos pais, Laura passou por momentos financeiros difíceis mas não a ponto de fazê-la desistir de seu sonho, mesmo após receber propostas milionárias pela casa.

Decidiu, então, transformar sua casa em uma espécie de teatro, onde apresentava, para os amigos e pessoas do seu círculo social, recitais em que declamava em francês. Nos seus salões realizou grandes festas, apoiando artistas novos e reunindo a intelectualidade nacional.

Muitos ainda devem se lembrar dela, sempre vestida de negro com as longas unhas vermelhas e chapéu de abas largas escondendo os olhos. Belíssima, culta e charmosa, despertou muitas paixões e, apesar de ter recebido 49 pedidos de casamento, nunca aceitou nenhum. Mas amou muito, e isso para ela era o mais importante. Tinha personalidade forte e ficou conhecida por sua irreverência e espírito de contestação. Passou da fortuna à miséria, da exuberante beleza ao aspecto que lhe deixou reclusa durante os últimos anos de sua vida, por conta de uma doença de pele. No final de seus dias passou a morar no porão do palacete e, para sobreviver, alugava quartos a turistas estrangeiros. Vendeu tudo o que tinha para promover as reformas na casa que queria transformar em espaço público, mas era com simpatia que cedia o pátio para que os pipoqueiros do bairro guardassem suas carrocinhas. Podia ter vendido também a propriedade, de 2 mil metros quadrados, mais preferiu doá-la à cidade.
 
Em 1983 Laura prova sua sanidade mental, e em perfeitas condições, doou ao estado do Rio de Janeiro seu casarão na Avenida Vieira Souto, na praia de Ipanema. Seu objetivo era transformá-lo em um centro cultural.

Morreu cinco meses depois de oficializar esse desejo, no dia 22 de março de 1984, em sua cidade natal. A inauguração se deu dois anos após a sua morte. Seu sonho foi concretizado e o Casa de Cultura Laura Alvim é um endereço obrigatório na agenda cultural do Rio de Janeiro.


Casa de Cultura Laura Alvim

O solar, uma das raras casas do bairro, possui estilo colonial com toques de pós-modernidade. Sua arquitetura é atração no endereço mais valorizado da orla. Quando Laura Alvim realmente começou as primeiras obras, elaborou ela mesma o projeto das reformas e o resultado foi uma grande mistura de estilos, preservando, porém, o chão de pedras.

Com dois mil metros quadrados em endereço nobre de Ipanema, de frente para o mar, a casa tornou-se, em 1986 a Casa de Cultura Laura Alvim. Ao completar 20 anos, passou por uma grande reforma e abriga três salas de cinema, hoje pilotadas pelo Grupo Estação, o Teatro Laura Alvim, com 245 lugares e o Espaço Rogério Cardoso com 70 lugares. O espaço reúne uma galeria de arte, o café do Ateliê Culinário com mesas e ombrelones nas arcadas.  Oferece, ainda, uma série de cursos que variam da interpretação teatral para pintura botânica. No terceiro andar, o Museu de Laura apresenta em exposição permanente móveis e objetos pessoais. O local possui facilidades para idosos e portadores de necessidades especiais. 


Teixeira Filho

ANTÔNIO TEIXEIRA FILHO
(61 anos)
Autor de Novela

* Cambará, PR (10/10/1922)
+ São Paulo, SP (24/04/1984)

De vida simples e avesso a badalações, ele chegou a se formar em Direito mas nunca exerceu a profissão. Casado com Carmem Lídia, pai da atriz Clênia Teixeira e do ator e compositor Cleston Teixeira, começou a escrever telenovelas em 1963, quando adaptou para a TV Tupi o clássico de Félix Caignet, O Direito de Nascer.


Na TV Globo ele escreveu Ciranda de Pedra, um grande sucesso, e O Homem Proibido, adaptações das obras de Lygia Fagundes Telles e Nelson Rodrigues respectivamente, ambas exibidas no horário das 18:00 hs. Teve ainda sua novela Ídolo de Pano, adaptada em 1982, no México, com o título de Vanessa.

Teixeira Filho morreu no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, vítima de uma Insuficiência Pulmonar.

Fonte: Wikipédia

Ednardo D'Ávila

EDNARDO D'ÁVILA MELLO
(72 anos)
Militar

* Rio de Janeiro, RJ (23/08/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/04/1984)

Nascido no Rio de Janeiro, ocupou diversos postos de comando e chefia e, ao lado do seu hobby principal, estudo de cidades e igrejas antigas e das técnicas de envelhecimento de gravuras, cultivou também uma atenção especial para colecionar cartas, documentos e fotografias dos fatos mais importantes dos quais participou na vida política e militar do Brasil.

Assumiu diversos cargos de destaque como o de adido militar nos Estados Unidos junto a embaixada brasileira e de chefe do Serviço Federal de Informações e Contrainformação (SFICI), mas foi como comandante do II Exército que recebeu notoriedade.

Em 19 de janeiro de 1976, foi exonerado pelo presidente Ernesto Geisel do comando do II Exército, posto que ocupava desde 1974, depois das mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho nas dependências do DOI/CODI, em São Paulo, unidade até então subordinada a ele.

Faleceu vítima de Câncer no Hospital Central do Exército onde estava internado há 20 dias.

Fonte: Wikipédia

Renato Restier

RENATO RESTIER
(64 anos)
Ator

* Santana do Livramento, RS (24/02/1920)
+ São Paulo, SP (01/08/1984)

Registrado como filho pelos atores Restier Júnior e Hortênsia Santos, na verdade seu pai era Procópio Ferreira, que o reconheceu como tal apenas muitos anos mais tarde.

Após completar os estudos básicos, teve a chance de trabalhar com a família mas o pai adotivo não gostou de seu desempenho, o que provocou sua saída de casa. Tentou a carreira de cantor, com algum resultado, foi contratado da Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro. Gravou dois discos mas largou a música e entrou para o teatro mambembe, ingressando na companhia de Procópio Ferreira, que lhe deu a primeira grande oportunidade na peça "Tudo Por Você", também um dos primeiros espetáculos de Bibi Ferreira.

Estreou no cinema em 1950 como um vilão em "O Pecado de Nina". Foi contratado pela Atlântida e passou a interpretar a maior parte das produções do estúdio, quase sempre vivendo o papel de vilão, ao lado de astros como OscaritoGrande Otelo e José Lewgoy.

Em 1962, ele veio para São Paulo, contratado pela TV Record e estreou em programas humorísticos e novelas. Foi depois para a TV Tupi onde fez as telenovelas "As Divinas e Maravilhosas" (1973) e "Um Dia, o Amor" (1975), e para a TV Globo onde trabalhou nos programas de Chico Anysio e nas novelas "Sinal de Alerta" (1978) e "Maria, Maria" (1978).



Participou também de alguns programas humorísticos, o último deles foi "Reapertura", no SBT.

Renato Restier morreu vítima de um câncer pulmonar depois de uma carreira de 45 anos que o transformou em um dos mais famosos vilões do cinema brasileiro.

Principais Filmes

  • 1950 - O Pecado De Nina
  • 1951 - Tocaia
  • 1952 - Areias Ardentes
  • 1952 - Era Uma Vez Um Vagabundo
  • 1952 - Barnabé Tu És Meu
  • 1952 - Carnaval Atlântida
  • 1952 - Três Vagabundos
  • 1953 - A Dupla Do Barulho
  • 1954 - Matar Ou Correr
  • 1954 - A Outra Face Do Homem
  • 1955 - Paixão Nas Selvas
  • 1955 - Nem Sansão Nem Dalila
  • 1956 - Colégio De Brotos
  • 1956 - O Negócio Foi Assim
  • 1956 - Sai De Baixo
  • 1956 - Com Água Na Boca
  • 1956 - Guerra Ao Samba
  • 1956 - O Golpe
  • 1957 - De Pernas Pro Ar
  • 1957 - Metido A Bacana
  • 1957 - Com Jeito Vai
  • 1958 - É De Chuá!
  • 1958 - E O Bicho Não Deu
  • 1958 - O Camelô Da Rua Larga
  • 1959 - Pistoleiro Bossa Nova
  • 1959 - Mulheres À Vista
  • 1959 - Mulheres, Cheguei!
  • 1959 - Garota Enxuta
  • 1960 - Vai Que É Mole
  • 1960 - O Cupim
  • 1960 - Sai Dessa, Recruta
  • 1960 - O Viúvo Alegre
  • 1960 - Marido De Mulher Boa
  • 1960 - Aí Vem A Alegria
  • 1962 - Bom Mesmo É Carnaval
  • 1963 - Und Der Amazonas Schweigt
  • 1966 - Três Histórias De Amor
  • 1972 - Quatro Pistoleiros Em Fúria
  • 1972 - Independência Ou Morte
  • 1973 - Regina E O Dragão De Ouro
  • 1973 - A Super Fêmea
  • 1976 - O Mulherengo
  • 1979 - A Banda Das Velhas Virgens
  • 1981 - Os Insaciados


Televisão

  • 1973 - Divinas & Maravilhosas
  • 1975 - Um dia, O Amor ... Doutor Prado
  • 1978 - Sinal De Alerta
  • 1978 - Maria, Maria ... José Calixto


Fonte: Wikipédia

Ronaldo Resedá

RONALDO RESEDÁ
(38 anos)
Cantor, Ator, Bailarino e Professor de Dança

* Rio de Janeiro, RJ (16/10/1945)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/1984)

Foi aluno de Lennie Dale e quando se profissionalizou na dança de jazz passou a lecionar. Teve como alunos Lauro Corona, Marília Pêra, Lucélia Santos e Zezé Motta.

Fez sucesso também como ator, participando de peças de sucesso como Deus Lhe Pague, Pippin e Fidelidade ao Alcance de Todos.

Em 1976, lançou-se como cantor no espetáculo Camarim, realizado na série Mostragem do Teatro Opinião, com direção de Eduardo Dusek. Ainda nessa época, apresentou-se com Marina Lima e Ângela Rô-Rô.

No final dos anos 70, ganhou destaque participando de trilhas de novelas da Rede Globo como Plumas e Paetês, Marrom Glacê e Feijão Maravilha.

Como cantava basicamente Disco Music, ganhou o epíteto Kid Discoteca e em 1979, lançou seu único LP.

Sua última apresentação em público foi em 1980, quando atuou como bailarino da abertura do show de Rita Lee na Rede Globo.

Ronaldo faleceu em decorrência de Acidente Vascular Cerebral ainda nos anos 80 quando se preparava para um show na cidade de Imperatriz, no Maranhão. Também era soropositivo, um dos agravantes de sua morte.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB, Projeto VIP e Wikipédia

Álvaro Paes Leme

ÁLVARO PAES LEME DE ABREU
(72 anos)
Jornalista e Comentarista

* São Paulo, SP (31/08/1912)
+ São Paulo, SP (01/09/1984)

Jornalista esportivo, comentarista da Rádio Panamericana (atual Jovem Pan) e TV Record. Cobriu várias Copas do Mundo de Futebol. Fundou e ensinou na Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol.

Tem um filho, Álvaro José, jornalista e locutor esportivo e é avô de Fernanda Paes Leme, atriz da Rede Globo.

Faleceu um dia após completar 72 anos, no dia 01/09/1984.

Fonte: Projeto VIP

Helena Silveira

HELENA SILVEIRA
(71 anos)
Escritora e Jornalista

* São Paulo, SP (09/12/1912)
+ São Paulo, SP (31/08/1984)

Filha de Alarico Silveira e Dinorá Ribeiro, foi uma escritora e jornalista conhecida pela coluna que mantinha na Folha de São Paulo, Helena Vê TV, dedicada à crítica dos programas e artistas de televisão. Pertencente a uma família de escritores, era irmã de Dinah Silveira de Queiroz e prima de Rachel de Queiroz, as duas primeiras mulheres a serem aceitas na Academia Brasileira de Letras.

Natural de São Paulo, Helena passou a infância em Casa Branca e em Batatais, fazendo seus estudos na capital. Viajou para a Europa e cursou a Comédie-Française. Ingressou no Correio da Manhã em 1941 e, em 1945, lançava seu primeiro livro, A Humanidade Espera.

Helena chegou a viver no Líbano e na Líbia, onde arrumou inspiração para escrever Damasco e Outros Caminhos (1957).

De sua viagem à China, criou Os Dias Chineses (1961). É de sua autoria dezenas de livros, onde também se destacam Mulheres Frequentemente (1945), Na Selva de São Paulo (1966) e Sombra Azul.

Além da literatura, Helena dedicava-se ao teatro, escrevendo a peça No Fundo do Poço em 1950, junto ao marido, Jamil Almansur Haddad. A peça A Torre, também de 1950, ganhou o prêmio do Departamento de Cultura.

Helena participou de movimentos contra a censura e liberdade de informação, tendo também aderido à causa feminista.

Lolita Rodrigues e Helena Silveira
Durante a fase final do casamento de Ayrton Rodrigues e Lolita Rodrigues, Helena Silveira foi solidária a Lolita quando, no programa Almoço Com as Estrelas, de 1982, ela participou do quadro Para Quem Você Tiraria o Chapéu. Entre os chapéus colocados, havia um com o nome de Lolita. A jornalista pegou o chapéu, disse palavras elogiosas a respeito da amiga, com insinuações entre suas frases. Quando o quadro chegou ao fim, despediu-se de Lolita com beijos e abraços e, quanto a Ayrton Rodrigues, simplesmente ignorou-o.

Helena Silveira faleceu aos 71 anos, em 31 de agosto de 1984.