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Souza Aguiar

FRANCISCO MARCELINO DE SOUZA AGUIAR
(80 anos)
Engenheiro e Político

* Salvador, BA (02/06/1855)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/11/1935)

Francisco Marcelino de Souza Aguiar foi um engenheiro e político brasileiro. Foi prefeito do Distrito Federal (cidade do Rio de Janeiro) entre 1906 e 1909, nomeado pelo presidente Afonso Pena.

Filho do major do exército e ex-presidente da província do Maranhão Francisco Primo de Sousa Aguiar e de Johanna Maria Freund, austríaca, nasceu na capital da Bahia, e ficou órfão de pai aos 13 anos de idade. Em 1869 ingressou na Escola Militar, como cadete. Tornou-se alferes-aluno em 1874, concluiu o curso de engenharia em 1876.

Foi prefeito do então Distrito Federal (Rio de Janeiro), de 16/11/1906 a 23/07/1909. Reformou-se no posto de marechal em 1911.

Souza Aguiar assumiu, em 1877, o cargo de instrutor-geral da Escola de Tiro de Campo Grande, no qual permaneceu até ser transferido para o Rio Grande do Sul em 1879, onde demarcou as fronteiras brasileiras como o Uruguai, no período de 1880 a 1888.

Assumiu o cargo de secretário do ministro da Guerra em 1892, até integrar, no mesmo ano, a comissão que representou o Brasil em Chicago. Antes de partir, a pedido do então vice-presidente Floriano Peixoto, em poucos dias projetou o Hospital Central do Exército.

Em 1893, assumiu o cargo de diretor-geral dos Telégrafos. Em 1896, tornou-se comandante da Escola Militar do Rio Grande do Sul e, em 1897, comandante do Corpo de Bombeiros, na capital da República, quando projetou o quartel central, cuja construção foi iniciada no ano seguinte. Foi promovido a general-de-brigada em 1904.

No ano seguinte, foi presidente da Comissão da Exposição do Brasil em Saint Louis; enquanto se encontrava nos Estados Unidos, incumbido pelo ministro do Interior, projetou o edifício da Biblioteca Nacional. A pedido do ministro da Fazenda, estudou a fabricação de cédulas para implantação dos serviços da Casa da Moeda e, por solicitação do ministro da Guerra, estudou o sistema estadunidense de fabrico da pólvora sem fumaça. Na Exposição, obteve o Grande Prêmio de Arquitetura com o projeto do Palácio Monroe.

No retorno ao Brasil, foi encarregado da construção do edifício da Biblioteca Nacional e do Palácio Monroe.


Morte

Souza Aguiar morreu em sua residência, na Rua Paiçandu, nº 222, na cidade do Rio de Janeiro, às 13:00 hs do dia 10/11/1935. Deixou viúva Maria Gabriela de Souza Aguiar e os filhos: Gabriel de Souza Aguiar, engenheiro-chefe da Diretoria de Engenharia da prefeitura do Rio de Janeiro; Miguel de Souza Aguiar, engenheiro da Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo; Louis de Souza Aguiar, médico; capitão Rafael de Souza Aguiar; Geny, casada com Domecq de Barros; América, casada com Eugenio Lefki; e a religiosa Maria Angelina do Colégio Sion de Petrópolis. No enterro, a família dispensou as honras militares a que o marechal tinha direito, mas aceitou a oferta do prefeito Pedro Ernesto de a prefeitura arcar com as despesas do enterro, no Cemitério São João Batista, o qual decretou luto oficial de três dias.

Alguns Projetos
  • Palácio Monroe
  • Biblioteca Nacional
  • Pavilhão Mourisco
  • Quartel Central do Corpo de Bombeiros
  • Palácio da Prefeitura
  • Escolas Menezes Vieira, Macaúbas, Barth, Afonso Pena e Deodoro
  • Posto Central de Assistência da Praça da República, atual Hospital Sousa Aguiar
  • Hospital Central do Exército
  • Casas para operários na Avenida Salvador de Sá e no Becco do Rio
  • Mercado Municipal
  • Mercado das Flores
  • Edifício da Superintendência da Limpeza Urbana
  • Oficinas da Superintendência da Limpeza Urbana


Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Affonso Camargo Neto

AFFONSO ALVES DE CAMARGO NETO
(81 anos)
Engenheiro e Político

* Curitiba, PR (30/04/1929)
+ Curitiba, PR (24/03/2011)

Affonso Alves de Camargo Neto foi um engenheiro civil e político brasileiro do estado do Paraná. Filho de Pedro Alípio Alves de Camargo e Ismênia Marçallo de Camargo, neto do ex-governador do Paraná Affonso Camargo e descendente do fundador de Curitiba, o bandeirante Baltasar Carrasco dos Reis.

Affonso Camargo Neto foi vice-governador do estado do Paraná, senador da república pelo mesmo estado, além de deputado federal, eleito em 1995, representando o povo paranaense. Também foi candidato a Presidência da República em 1989.

Sua família paterna, formada por pecuaristas e donos de frigoríficos, fornecera quadros políticos ao antigo Partido Republicano Paranaense. Seu avô, Affonso Alves de Camargo foi deputado estadual por quatro mandatos (1898-1914), deputado federal (1921-1922), senador (1922-1927) e presidente do Estado do Paraná por duas vezes (1916-1920 e 1928-1930) durante a República Velha. Ocupava este último posto quando da eclosão da Revolução de 1930.

Affonso Camargo Neto foi casado com Gina Flores de Camargo, filha de Fernando Flores, constituinte de 1946 e deputado federal pelo Paraná entre 1946 e 1955, com quem teve cinco filhos, dos quais dois adotivos. Casou-se pela segunda vez em março de 1994 com Nadir de Santa Maria de Camargo, com quem teve um filho.

Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1952, trabalhou na iniciativa privada até aproximar-se do então governador Ney Braga que o nomeou sucessivamente diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica do Paraná e Secretário de Justiça sendo eleito vice-governador em 1964.

Adversário político de Paulo Pimentel, trocou o antigo Partido Democrata Cristão (PDC) pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) após a instituição do bipartidarismo pelos militares. Tal opção política o fez romper com Ney Braga sendo por este derrotado na disputa ao senado em 1966.

Posteriormente Ney Braga e Paulo Pimentel romperam politicamente e Affonso Camargo recompôs sua aliança com o seu antigo padrinho político, fato que o levou à presidência do Banco do Estado do Paraná (Banestado) e a ser Secretário de Fazenda (1973-1974).


Eleito presidente do diretório regional da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em 1975 foi indicado senador biônico em 1978. Com a volta do pluripartidarismo seguiu rumo ao Partido Popular (PP) liderado por Tancredo Neves, a quem seguiu quando de seu ingresso no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Secretário-geral do partido, foi indicado Ministro dos Transportes em 1985 após a eleição de Tancredo Neves à Presidência da República, e com o falecimento deste foi mantido na pasta por José Sarney. Neste período, criou o vale-transporte e assim ficou conhecido pela alcunha de "O Pai do Vale Transporte". Após deixar o governo foi reeleito senador em 1986.

Affonso Camargo deixou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) no primeiro ano de seu novo mandato e foi candidato à presidência da República em 1989, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sem que passasse do primeiro turno. Na rodada seguinte apoiou a candidatura de Fernando Collor a quem serviu novamente como Ministro dos Transportes nos últimos meses de seu governo, quando ocupou também a pasta das Comunicações.

Foi eleito deputado federal em 1994, 1998, 2002 e 2006 sendo que durante esse período esteve filiado ao Partido Progressista Renovador (PPR) e ao Partido da Frente Liberal (PFL) antes de ingressar no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 2001.


Atividades Partidárias

  • Secretário do Diretório Nacional do Partido Democrata Cristão (PDC)
  • 1975 - Presidente do Diretório Regional da Aliança Renovadora Nacional (ARENA)
  • 1979 - Vice-Presidente da Comissão Executiva do Partido Popular (PP)
  • 1979 - Vice-Líder do Partido Popular (PP) no Senado Federal
  • Secretário-Geral do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)
  • Vice-Líder do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de 02/05/2006 a 03/05/2006

Atividades Profissionais e Cargos Públicos

  • Diretor de Empresa de Incorporações Imobiliárias
  • 1961 - Diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Paraná
  • 1962 - Presidente Fundador da Companhia de Desenvolvimento do Paraná (CODEPAR), em Curitiba
  • 1963 - Secretário do Interior e Justiça do Estado do Paraná
  • 1973 - Presidente do Banco do Estado do Paraná
  • 1974 - Secretário de Finanças do Banco do Estado do Paraná
  • 1974 - Secretário da Fazenda do Estado do Paraná
  • 1985-1986 - Ministro de Estado dos Transportes
  • 1992 - Ministro de Estado dos Transportes e das Comunicações

Estudos e Cursos Diversos

  • 1974 - Curso Análise Transacional e Gerência por Objetivos
  • 1952 - Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná
  • 1951 - Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Paraná
  • 1946-1947 - Curso de Desenho de Máquinas pela Escola Técnica Federal do Paraná

Fonte: Wikipédia

Pereira Passos

FRANCISCO PEREIRA PASSOS
(76 anos)
Engenheiro e Político

* São João Marcos, RJ (29/08/1836)
+ Em Viagem (12/03/1913)

Francisco Pereira Passos foi um engenheiro brasileiro e prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves.

Filho de Antônio Pereira Passos, Barão de Mangaratiba, e de Clara Oliveira. Até os 14 anos foi criado na Fazenda do Bálsamo, em São João Marcos, atualmente distrito de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro.

Em março de 1852 ingressou na então Escola Militar, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, antiga Universidade do Brasil, onde se formou em 1856 como Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas o que lhe dava o Diploma de Engenheiro Civil. Foi colega de turma de Benjamin Constant.

Estudou na França de 1857 ao final de 1860, onde assistiu a reforma urbana de Paris promovida por Georges-Eugène Haussmann. A estada em Paris lhe exerceu profunda influência, que iria dedicar-se à engenharia ferroviária e ao urbanismo.

Em seu retorno ao Brasil, em 1860, Pereira Passos dedicou-se à construção e expansão da malha ferroviária brasileira, sob a demanda da economia cafeeira. Participou da construção da ferrovia Santos-Jundiaí (1867), do prolongamento da Estrada de Ferro Dom Pedro II até o São Francisco (1868), foi consultor técnico do Ministério da Agricultura e Obras Públicas (1870).

Voltou à Europa em 1871, na companhia do Barão de Mauá, como inspetor do Governo Imperial. Na Europa, estudou o sistemas ferroviários europeus e se inspirou na estrada de ferro suiça, a que subia o Monte Righi com inclinações de até 20%, para a executar o prolongamento da estrada de ferro da serra de Petrópolis. Sistema que seria ainda usado posteriormente na primeira estrada turística do Brasil, a Estrada de Ferro Corcovado. Dirigiu na mesma época o Arsenal de Ponta da Areia, a convite do Barão de Mauá, produzindo trilhos, vagões, etc.

Foi nomeado engenheiro do Ministério do Império em 1874, cabendo a Pereira Passos acompanhar todas as obras do governo imperial. Integrou a comissão que iria apresentar o plano geral de reformulação urbana da capital, incluindo o alargamento de ruas, construção de grandes avenidas, canalizações de rios entre outras medidas urbanas e sanitárias. O levantamento realizado de 1875 a 1876, seria a base do futuro plano diretor da cidade, posto em prática em sua administração como prefeito.

Retornou à Europa em 1880 e permaneceu em Paris até 1881. Nesta época frequentou cursos na Sorbonne e no Collége de France. Visitou fábricas, siderúrgicas, empresas de transporte e obras públicas na Europa. Ainda em 1881 tornou-se consultor da Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, para acompanhar a construção de uma linha ferroviária no Paraná, ligando o porto de Paranaguá à Curitiba.

No seu retorno ao Brasil, mudou-se para o Paraná e somente após a inauguração da ferrovia em 1882, retornou à capital. Em seu retorno, assumiu a presidência da Carris de São Cristóvão, substituindo Visconde de Taunay.

Após restruturar a empresa, em 1884, Pereira Passos propõe aos acionistas a aquisição do projeto do italiano Giuseppe Fogliani, para a construção de uma grande avenida. Apesar da aprovação dos acionistas e da licença para construção obtida, o projeto não saiu do papel. No entanto, essa seria mais uma antecipação do que viria a ocorrer em sua gestão como prefeito 20 anos depois: a abertura da Avenida Central.

O prefeito Pereira Passos posando para Rodolpho Bernadelli
(Fonte: Foto Malta. Arquivo IHGB, Rio de Janeiro)
Panorama do Rio de Janeiro no Início do Século XX

No início do século XX, o Rio de Janeiro passava por graves problemas sociais, decorrentes, em grande parte de seu rápido e desordenado crescimento, alavancado pela imigração européia e pela transição do trabalho escravo para o trabalho livre.

Na ocasião em que Pereira Passos assumiu a prefeitura da cidade, o Rio de Janeiro, com sua estrutura de cidade colonial, possuía quase 1 milhão de habitantes carentes de transporte, abastecimento de água, rede de esgotos, programas de saúde e segurança.

No centro do Rio de janeiro, a Cidade Velha e adjacências, eclodiam habitações coletivas insalubres (cortiços), epidemias de febre amarela, varíola, cólera, conferindo à cidade a fama internacional de porto sujo ou Cidade da Morte, como se tornara conhecida.

A reforma urbana de Pereira Passos, período conhecido popularmente como "Bota-abaixo", visou o saneamento, o urbanismo e o embelezamento, dando ao Rio de Janeiro ares de cidade moderna e cosmopolita.

Monumento ao Prefeito Francisco Pereira Passos
Prefeito

Nomeado prefeito pelo presidente Rodrigues Alves, ao lado de Lauro Müller, Paulo de Frontin e Francisco Bicalho, promoveu uma grande reforma urbanística na cidade, com o objetivo de transformá-la numa capital nos moldes franceses.

Inspirado nas reformas de Georges-Eugène Haussmann, em quatro anos Pereira Passos transformou a aparência da cidade: aos cortiços (locais serviam de moradia para aqueles que não seriam benquistos na "cidade higienizada") e às ruas estreitas e escuras, sobrevieram grandes bulevares, com imponentes edifícios, dignos de representar a capital federal.

Alargamento e Abertura de Ruas:

Com a finalidade de saneamento e ordenação da malha de circulação viária, Pereira Passos demoliu casarões, abriu diversas ruas e alargou outras. O alargamento das ruas permitiu o arejamento, ventilação e melhor iluminação do centro e ainda a adoção de uma arquitetura de padrão superior.

Foram abaixo todos os prédios paralelos aos Arcos da Lapa e o Morro do Senado, a fim de liberar passagem para a Avenida Mem de Sá. Para a abertura da Avenida Passos, foi demolido o Largo de São Domingos. Após a conclusão do alargamento da Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana, em 1906, que custou a demolição de todo o casario de um dos lados da rua, esta passou a abrigar as melhores lojas do início do século.

Foi também em sua administração que ocorreram as obras de abertura das avenidas Beira-Mar e Atlântica, além do alargamento da Rua da Carioca, Rua Sete de Setembro, dentre outras obras.

Avenida Central:

Pereira Passos idealizou e realizou a Avenida Central, com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura, a atual Avenida Rio Branco, um dos mais importantes logradouros da cidade ainda hoje, a exercer o papel de centro econômico e administrativo. É considerada um dos marcos de sua administração.

Avenida Beira Mar:

As obras da Avenida Beira Mar, iniciadas logo que assumiu, foram inspecionadas pessoalmente. Esta ligaria o centro da cidade até o Morro da Viúva. A avenida foi uma forma eficiente de ligar as extremidades da cidade, sendo esta ligação reforçada posteriormente pela abertura de túneis.

Cidade Maravilhosa

Após as obras de Pereira Passos e o trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz o Rio de Janeiro perdeu o apelido de Cidade da Morte, ganhou o título de Cidade Maravilhosa e realizou a Exposição Nacional de 1908, idealizada pelo presidente Afonso Pena para festejar o Centenário da abertura dos portos.


Aspectos Sociais na Gestão Pereira Passos

Apesar das melhorias sanitárias e urbanísticas, o plano de Pereira Passos implicou alto custo social, com o início das formações de favelas na cidade.

A reforma promoveu uma grande valorização do solo na área central, ainda ocupada parcialmente pela população de baixa renda. Cerca de 1.600 velhos prédios residenciais foram demolidos. A partir destas demolições, a população pobre do centro da cidade se viu obrigada a morar com outras famílias, a pagar altos aluguéis ou a mudar-se para os subúrbios, uma vez que foram insuficientes as habitações populares construídas em substituição às demolidas.

Parte considerável da imensa população atingida pela remodelação permaneceu na região e nos morros situados no centro da cidade - Providência, Santo Antonio, entre outros - outrora pouco habitados, sofreram uma rápida ocupação habitacional proletária. Surgiram as favelas, que marcariam a configuração da cidade até os dias de hoje.

Principais Obras da Gestão de Pereira Passos

  • 1903 - Inauguração do Pavilhão da Praça XV
  • 1903 - Prolongamento da Rua do Sacramento (atual Avenida Passos) até a Rua Marechal Floriano
  • 1903 - Inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista
  • 1903 a 1904 - Alargamento da antiga Rua da Prainha (atual Rua do Acre)
  • 1904 - Construção do Aquário do Passeio Público
  • 1904 - Obras na Rua 13 de Maio
  • 1905 - Início da Construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (inaugurado em 1909)
  • 1905 - Inauguração da nova estrada da Tijuca
  • 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita
  • 1905 - Alargamento da Rua do Catete
  • 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana (antiga Rua da Vala)
  • 1905 - Inauguração da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), marco de sua administração
  • 1905 - Decreto para a construção da Avenida Atlântica, em Copacabana
  • 1905 - Inauguração da Escola-Modelo Tiradentes
  • 1905 - Abertura da Rua Gomes Freire de Andrade
  • 1905 - Abertura da Avenida Maracanã
  • 1906 - Alargamento da Rua da Carioca
  • 1906 - Inauguração da fonte do Jardim da Glória
  • 1906 - Inauguração da nova Fortaleza na Ilha de Lage
  • 1906 - Inauguração do palácio da exposição permanente de São Luiz (futuro Palácio Monroe)
  • 1906 - Conclusão das obras de melhoramento do porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue
  • 1906 - Inauguração das obras de melhoramento e embelezamento do Campo de São Cristóvão
  • 1906 - Aterramento das praias do Flamengo e Botafogo, com construção de jardins
  • 1906 - Inauguração do alargamento da Rua Sete de Setembro , entre as avenidas Central e Primeiro de Março
  • 1906 - Inauguração da Avenida Beira-Mar
  • 1906 - Reforma do Largo da Carioca
  • 1906 - Construção do Pavilhão Mourisco, em Botafogo
  • 1906 - Construção do Restaurante Mourisco, próximo à estação das barcas, no Centro
  • 1906 - Melhorias no abastecimento de água da cidade


Outros Feitos

  • Foi presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro
  • Construção da Estrada de Ferro do Corcovado (a primeira estrada de ferro turística do Brasil)

Morte

Pereira Passos morreu a bordo do navio Araguaia, quando viajava do Rio de Janeiro para a França no dia 12/03/1913.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Roberto Simonsen

ROBERTO COCHRANE SIMONSEN
(59 anos)
Engenheiro, Empresário, Político, Historiador e Escritor

☼ Santos, SP (18/02/1889)
┼ Rio de Janeiro, RJ (25/05/1948)

Roberto Cochrane Simonsen era filho de Sidney Martins Simonsen e Robertina da Gama Cochrane Simonsen, esta última de família nobre. Começou a sua educação primária em Santos, depois foi para o Colégio Anglo-Brasileiro, na capital paulista. Mais tarde, ingressou na Escola Politécnica de São Paulo, hoje integrante da Universidade de São Paulo (USP), formando-se engenheiro.

Após formado começou a trabalhar na companhia ferroviária Southern Brazil Railway. Logo saiu para ocupar por dois anos o cargo de diretor-geral de obras na prefeitura de Santos. Ali foi também engenheiro-chefe da Comissão de Melhoramentos de Santos. No ano seguinte fundou a Companhia Construtora de Santos, fato que foi o início de seu ofício de empresário.

Em 1919 iniciou-se na diplomacia, integrando missões comerciais. Graças à sua amizade com o ministro da Guerra no governo de Epitácio Pessoa (1919-1922), Pandiá Calógeras, sua companhia, executou a construção de quartéis para o exército em diversos estados do país.

Participou ativamente do Movimento Constitucionalista Paulista, em 1932, em resistência ao golpe de estado desferido por Getúlio Vargas e outros na Revolução de 1930. Integrou o movimento intelectual pela fundação da primeira escola superior que ofereceria sociologia e política no Brasil, a atual Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionou história econômica do Brasil, atividade que o levou a publicar alguns trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Em 1933 ingressou na política, sendo eleito deputado constituinte por São Paulo. Exerceu o mandato de deputado federal na legislatura de 1933 a 1937. Quando o país voltou ao regime democrático, após a II Guerra Mundial, elegeu-se senador, cargo que ocupava quando faleceu.

Era, ainda, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e integrante do conselho superior da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Sua atividade empresarial continuava, como presidente da Companhia Construtora de São Paulo e da Cerâmica São Caetano.

Membro de Instituições

Foi membro da Academia Paulista de Letras e Academia Brasileira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Instituto Histórico e Geográfico de Santos e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Pertenceu ao Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e ao Instituto de Engenharia de São Paulo.

No exterior era membro da National Geographic Society, de Washington, DC, Estados Unidos, da Royal Geographic Society, de Londres, Inglaterra e da Academia Portuguesa de História.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) possui o Instituto Roberto Simonsen. Ele foi, ainda:
  • Comendador da Ordem Nacional do Mérito do Paraguai
  • Comendador da Ordem Nacional do Mérito do Chile
  • Medalha de Prata do Cinquentenário da Proclamação da República
  • Estádio Roberto Simonsen (Estádio do SESI) em Manaus, AM

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito a 9 de agosto de 1945 para ocupar a cadeira 3 da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono Artur de Oliveira, como seu segundo ocupante, sendo recebido por José Carlos de Macedo Soares, a 7 de outubro do ano seguinte.

Roberto Simonsen veio a falecer em pleno Salão Nobre da Academia Brasileira de Letras, quando proferia um discurso de saudação ao Primeiro-Ministro belga, Paul van Zeeland, que visitava o país.

Sua produção foi toda voltada para os aspectos econômicos, e à sua atividade no magistério de economia. Publicou Roberto Simonsen os seguintes livros:
  • 1912 - O Município de Santos
  • 1912 - Os Melhoramentos Municipais de Santos
  • 1919 - Gado e a Carne no Brasil
  • 1919 - O Trabalho Moderno
  • 1923 - Calçamento de São Paulo
  • 1928 - A Orientação Industrial Brasileira
  • 1930 - As Crises no Brasil
  • 1931 - As Finanças e a Indústria
  • 1931 - A Construção dos Quartéis Para o Exército
  • 1923 - À Margem da Profissão
  • 1933 - Rumo à Verdade
  • 1934 - Ordem Econômica e Padrão de Vida
  • 1935 - Aspectos da Economia Nacional
  • 1937 - História Econômica do Brasil (2 Volumes)
  • 1937 - A Indústria em Face da Economia Nacional
  • 1938 - Conseqüências Econômicas da Abolição - Conferência promovida pelo Departamento de Cultura no Primeiro Centenário da Abolição. Rio de Janeiro. 'Jornal do Commercio' em 08/03/1938. Reimpressa na Revista do Arquivo Municipal de São Paulo. V. XLVII. P. 257 e Seguintes
  • Discurso Pronunciado na Colação de Grau dos Primeiros Bacharéis em Ciências Políticas e Sociais, SP - Correio Paulistano, 19-12-1937
  • 1938 - Aspectos da História Econômica do Café
  • 1939 - A Evolução Industrial do Brasil
  • 1939 - Objetivos da Engenharia Nacional
  • 1940 - Recursos Econômicos e Movimentos de População
  • 1940 - Níveis de Vida e a Economia Nacional
  • 1941 - As Indústrias e as Pesquisas Tecnológicas
  • 1942 - As Classes Produtoras de São Paulo e o Momento Nacional
  • 1943 - Ensaios Sociais Políticos e Econômicos
  • 1943 - As Indústrias e as Pesquisas Tecnológicas
  • O Plano Marshall e a América Latina, Relatório

Fonte: Wikipédia

Alberto Cavalcanti

ALBERTO DE ALMEIDA CAVALCANTI
(85 anos)
Diretor, Roteirista, Cenógrafo, Engenheiro de Som, Montador e Produtor

* Rio de Janeiro, RJ (06/02/1897)
+ Paris, França (23/08/1982)

Alberto Cavalcanti foi um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos. É também o diretor nacional mais conhecido no exterior. Durante 60 anos, o cineasta dirigiu e produziu mais de 120 filmes em países como França, Inglaterra, Itália e Alemanha. Trabalhou também nos Estados Unidos e em Israel. Em Paris, na década de 1920, ele viveu e participou dos Movimentos de Vanguarda que transformaram as artes para sempre.

Alberto Cavalcanti foi um dos principais precursores do Realismo e do Naturalismo no cinema. Fez uma obra política, preocupada com abordagens de cunho social. Denunciou injustiças, desigualdades, desilusões e as frustrações do ser humano. No Brasil, Alberto Cavalcanti realizou apenas seis filmes: três como diretor e três como produtor. Trabalhou nos estúdios da Vera Cruz, na segunda metade da década de 1940 e foi decisivo para a profissionalização e para o salto qualitativo que o cinema nacional deu a partir de então.

A trajetória de Alberto Cavalcanti se entrelaça com a própria história do cinema. Artista e artesão apaixonado, fez de tudo: foi cenógrafo, engenheiro de som, roteirista, montador, diretor e produtor, acompanhando as grandes rupturas representadas pela passagem do filme mudo ao sonoro e do filme em preto e branco ao colorido. Grande experimentador, utilizou sem preconceitos quase todas as tecnologias fílmicas. Trabalhou ainda na televisão e no teatro e deu aulas na Universidade da Califórnia.

Carioca de família pernambucana, Alberto Cavalcanti iniciou sua carreira em Paris, onde se especializou em cenografia, depois de estudar Belas Artes e Arquitetura na Suíça. Após trabalhar com Marcel L’Herbier e Louis Delluc, dirigiu seu primeiro filme em 1926, ao qual se seguiram dezenas de curtas-metragens.

Com o advento do cinema falado foi contratado pela Paramount e realizou versões sonoras, em francês e português, de 21 filmes produzidos em Hollywood. Suas teorias inovadoras sobre a função de ruídos e palavras na narrativa cinematográfica atraíram a atenção de produtores ingleses.


Alberto Cavalcanti mudou-se para Londres em 1934, onde ajudou a desenvolver o documentário moderno. Durante a guerra, especializou-se em longas de ficção, incluindo um clássico do horror, "Na Solidão da Noite", e uma adaptação do romance Nicholas Nickleby, de Charles Dickens. Voltou ao Brasil no final dos anos 40, após ter trabalhado em 10 países europeus durante 36 anos.

Em 1949, já no Brasil, participou da criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, SP, fundamental para que o cinema nacional desse um salto de qualidade técnica, sendo convidado a tornar-se o produtor-geral da empresa. Em novembro do mesmo ano, foi à Europa e contratou vários técnicos para virem trabalhar na companhia. Depois de supervisionar a produção de dezenas de longas, como "Caiçara" (1950) e "Terra é Sempre Terra" (1951) e produziu, até o meio, "Ângela" (1951). Ficou descontente por não poder falar como gostaria de temáticas brasileiras.

Fora dos estúdios da Vera Cruz, dedicou-se à elaboração de um anteprojeto para o Instituto Nacional de Cinema, a pedido do então presidente Getúlio Vargas.

Na Cinematográfica Maristela, em São Paulo, o cineasta dirigiu "Simão, o Caolho" (1952). No final do ano de 1952, Alberto Cavalcanti e mais um grupo de capitalistas compram a Cinematográfica Maristela, a qual muda de nome para Kino Filmes e passa a ter como diretor-geral, Alberto Cavalcanti. Ainda em 1952, escreveu o livro "Filme e Realidade". Criticado por sua ideologia de esquerda e inconformado com o marasmo da vida cultural brasileira, voltou à Europa onde dirigiu "O Senhor Puntilla e Seu Criado Matti", adaptação da peça de Bertolt Brecht.

Na Kino Filmes, ele realizou as obras "O Canto do Mar" (1953), refilmagem, no Recife, do europeu "En Rade" (1927), e "Mulher de Verdade" (1954), dois grandes fracassos. Por não ter como continuar pagando as prestações, a Kino Filmes foi devolvida aos antigos proprietários em 1954.

Com o fim da Kino Filmes, Alberto Cavalcanti foi trabalhar na TV Record e depois estreou, no Brasil, como diretor teatral. Em dezembro de 1954, Alberto Cavalcanti partiu para a Europa, contratado por um estúdio austríaco.

Alberto Cavalcanti tinha orgulho de só haver produzido filmes de cunho social. Trabalhou ainda na Itália e na Áustria, concluindo sua carreira na televisão francesa, nos anos 70. Morreu em Paris, em 1982.


Filmografia

  • 1925 - Le Train Sans Yeux
  • 1926 - Rien Que Les Heures
  • 1927 - En Rade
  • 1927 - Yvette
  • 1929 - La Jalousie Du Barbouille (Curta-Metragem)
  • 1929 - La P'tite Lilie (Curta-Metragem)
  • 1929 - Le Capitaine Fracasse
  • 1929 - Le Petit Chaperon Rouge
  • 1929 - Vous Verrez La Semaine Prochaine
  • 1930 - Toute Sa Vie
  • 1930 - A Canção do Berço (Portugal)
  • 1931 - Dans Une Ile Perdue
  • 1931 - Les Vacances Du Diable
  • 1931 - A Mi-Chemin Du Ciel
  • 1932 - En Lisant Le Journal (Curta-Metragem)
  • 1932 - Le Jour Du Frotteur (Curta-Metragem)
  • 1932 - Nous Ne Ferons Jamais Le Cinema (Curta-Metragem)
  • 1932 - Revue Montmartroise (Curta-Metragem)
  • 1932 - Tour De Chant (Curta-Metragem)
  • 1933 - Coralie Et Cie
  • 1933 - Le Mari Garçon
  • 1933 - Plaisirs Defendus (Curta-Metragem)
  • 1934 - New Rates (Curta-Metragem)
  • 1934 - Pett And Pott (Curta-Metragem)
  • 1934 - SOS Radio Service (Curta-Metragem)
  • 1935 - Coal Face (Curta-Metragem)
  • 1936 - Message From Geneva (Curta-Metragem)
  • 1937 - The Line To Tschierva Hut
  • 1937 - We Live in Two Worlds (Curta-Metragem)
  • 1937 - Who Writes To Switzerland
  • 1938 - Four Barriers (Curta-Metragem)
  • 1939 - The First Days (documentário)
  • 1939 - Men Of The Alps (Curta-Metragem)
  • 1939 - Midsummer Day's Work (Curta-Metragem)
  • 1941 - Yellow Caesar (Curta-Metragem)
  • 1941 - Young Veteran (Curta-Metragem)
  • 1942 - Went The Day Well?
  • 1942 - 48 Hours
  • 1942 - Alice In Switzerland (Curta-Metragem)
  • 1942 - Film And Reality
  • 1943 - Watertight (Curta-Metragem)
  • 1944 - Champagne Charlie
  • 1945 - Dead Of Night
  • 1947 - Nicholas Nickleby
  • 1947 - They Made Me A Fugitive
  • 1948 - Affairs Of A Rogue
  • 1949 - For Them That Trespass
  • 1952 - Simão, O Caolho
  • 1953 - O Canto Do Mar
  • 1954 - Mulher De Verdade
  • 1955 - Herr Puntila Und Sein Knecht Matti
  • 1957 - Castle In The Carpathians
  • 1958 - La Prima Notte
  • 1960 - The Monster Of Highgate Pond
  • 1967 - Thus Spake Theodor Herzl


Dilson Funaro

DILSON DOMINGOS FUNARO
(55 anos)
Empresário e Engenheiro

* São Paulo, SP (23/10/1933)
+ São Paulo, SP (12/04/1989)

Dilson Domingos Funaro foi um engenheiro, empresário brasileiro do ramo de plásticos, proprietário da fábrica de brinquedos Trol. Foi presidente do BNDES e ministro da Fazenda do Brasil durante o governo José Sarney, entre 26 de agosto de 1985 e 29 de abril de 1987. Durante seu cargo como ministro da Fazenda, foi responsável pela criação de um plano de estabilização financeira, o Plano Cruzado.

Dilson Funaro era filho de Paschoal Funaro e neto de Domingos Funaro. Ele cursou a Escola Mackenzie de Engenharia e, vindo de família abastada montou, ainda jovem, a CIBRAPE, uma indústria de plásticos. Logo depois adquiriu a Monitora e, posteriormente, a Trol, uma grande fábrica de produtos de plástico para indústria, uso doméstico e brinquedos.

Em outubro de 1982, descobriu que sofria de Câncer Linfático, uma das formas mais graves da doença, que apresentou várias recidivas, causando sua morte em 1989.

Foi casado com Ana Maria Matarazzo Suplicy, filha de Paul Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo, irmã de Eduardo Matarazzo Suplicy, a quem deixou viúva com seis filhos. São eles: Dílson Suplicy Funaro, Ana Lucia Funaro, Marcos Suplicy Funaro, Jorge Eduardo Suplicy Funaro, Vera Suplicy Funaro e Fernando Suplicy Funaro.


Plano Cruzado

O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas, lançado pelo governo brasileiro em 28 de fevereiro de 1986, com base no decreto-lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986, sendo José Sarney o presidente da República e Dilson Funaro o ministro da Fazenda.

As principais medidas contidas no Plano Cruzado eram:

  • Congelamento de preços de bens e serviços nos níveis do dia 27 de fevereiro de 1986;
  • Congelamento da Taxa de Câmbio por um ano em Cz$ 13,84 = US$ 1,00 e Cz$ 20,58 = £ 1,00;
  • Reforma monetária, com alteração da unidade do sistema monetário, que passou a denominar-se cruzado (Cz$), cujo valor correspondia a mil unidades de cruzeiro;
  • Substituição da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), título da dívida pública instituído em 1964, pela Obrigação do Tesouro Nacional (OTN), cujo valor foi fixada em Cz$ 106,40 e congelado por um ano;
  • Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses e do salário mínimo  em Cz$ 804,00 que era igual a aproximadamente a US$ 67,00 de salário mínimo;
  • Como a economia fora desindexada, institui-se uma tabela de conversão para transformar as dívidas contraídas numa economia com inflação muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação praticamente nula;
  • Criação de uma espécie de seguro-desemprego para aqueles que fossem dispensados sem justa causa ou em virtude do fechamento de empresas;
  • Os reajustes salariais passaram a ser realizados por um dispositivo chamado "Gatilho Salarial" ou "Seguro-Inflação", que estabelecia o reajuste automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%

José Serra e Dilson Funaro (Foto: Arquivo Agência Estado)

Atividades

De 1958 a 1980, Dilson Funaro exerceu diversas atividades, enumeradas a seguir:

  • Diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP;
  • Diretor do departamento de Comércio Exterior - FIESP;
  • Membro do do Conselho de Comércio Exterior - CNI;
  • Membro do Conselho de Assuntos legislativo da CNI;
  • Diretor do Departamento de Estatística da FIESP;
  • Diretor Adjunto do Departamento de Economia da FIESP;
  • Conselheiro Especial da CNI;
  • Presidente da Associação Brasileira de Plástico;
  • Presidente da Associação Latino Americana de Plásticos;
  • Presidente do Sindicato da Industria de Material Plástico;
  • Vice-Presidente da FIESP;
  • Membro do Conselho de comércio Exterior da FIESP;
  • Conselheiro da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas;
  • Presidente do Conselho de Tecnologia do Estado de São Paulo;
  • Secretário da Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (governo Abreu Sodré);
  • Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo (governo Abreu Sodré);
  • Membro do Conselho de Economia da FIESP;
  • Membro do Conselho da Fundação Padre Anchieta (TV educativa);
  • Presidente do Conselho da VASP.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Simone Cristina Firmino

Rubens Paiva

RUBENS BEYRODT PAIVA
(41 anos)
Político e Engenheiro Civil

☼ Santos, SP (26/12/1929)
┼ Assassinado e Corpo Ocultado (20/01/1971)

Rubens Beyrodt Paiva foi um engenheiro civil e político brasileiro desaparecido durante o regime militar. Era filho de Jaime Almeida Paiva, advogado, fazendeiro do Vale do Ribeira e despachante do Porto de Santos, e de Araci Beyrodt.

Casou-se com Maria Lucrécia Eunice Facciolla, com quem teve cinco filhos: Marcelo Rubens Paiva, escritor e jornalista, além de mais quatro filhas: Vera Silvia Facciolla Paiva (psicóloga e professora), Maria Eliana Facciolla Paiva (jornalista, editora de arte e professora), Ana Lucia Facciolla Paiva (matemática e empresária) e Maria Beatriz Facciolla Paiva (psicóloga e professora).

Formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, em 1954. Militou no movimento estudantil na campanha do "O Petróleo é Nosso". Foi presidente do centro acadêmico e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo.

Carreira Política

Sua vida política tomou impulso em outubro de 1962, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Assumiu o mandato em fevereiro do ano seguinte e participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada na Câmara dos Deputados para examinar as atividades do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais - Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IPES-IBAD). A instituição financiava palestrantes e escritores que escreviam artigos avisando sobre a chamada "Ameaça Vermelha" no Brasil. Nas investigações da CPI, Rubens Paiva começou a descobrir os cheques que eram depositados nas contas de alguns militares.

Com o Golpe Militar de 1964, devido ao fato de ter participado da CPI do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), teve seu mandato cassado no dia 10/04/1964, editado no dia anterior (AI-1) pela junta militar que assumiu o poder a partir da deposição de João Goulart.

Rubens Paiva e Família
O Exílio e a Volta ao Brasil

Rubens Paiva se exilou na Iugoslávia e depois em Paris, França. Passados nove meses, iria para Buenos Aires, se encontrar com João Goulart e com Leonel Brizola, quando em uma escala do vôo no Rio de Janeiro disse à aeromoça que ia comprar cigarro, saiu do avião e pegou outro vôo para São Paulo, seguindo para a casa de sua família. Teria aparecido de surpresa, dizendo: "Entrei no Brasil, estou no Brasil, vou ficar no Brasil". Se mudaram então para o Rio de Janeiro e Rubens Paiva voltou a exercer a engenharia e cuidar de seus negócios, mas sempre fazendo contatos com os exilados.

Fundou com o editor Fernando Gasparian o Jornal de Debates e foi diretor do jornal Última Hora de São Paulo, até o mesmo ser vendido por Samuel Wainer ao Grupo Folha da Manhã, de Octavio Frias de Oliveira, que se expandia.

Depois de estar em visita em Santiago, Chile, para ajudar a filha de seu amigo Bocayuva Cunha, Rubens Paiva voltou para o Brasil. Nisso, após a prisão das pessoas que traziam a carta para Rubens de Helena Bocayuva, antes implicada no sequestro do embaixador americano. Outras cartas trazidas pelas mesmas pessoas fizeram com que os agentes da repressão identificassem Rubens Paiva como contato de "Adriano", codinome de Carlos Alberto Muniz, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e contato de Carlos Lamarca, à época o homem mais procurado do país.

Prisão e Desaparecimento

Na esperança de prender "Adriano" e consequentemente chegar à Carlos Lamarca, sua casa no Rio de Janeiro, em 20/01/1971, foi invadida por pessoas armadas de metralhadoras que, sem apresentar qualquer mandado de prisão, se diziam da Aeronáutica. Teve tempo de se arrumar e saiu de terno e gravata, guiando o próprio carro, cuja recuperação posterior seria a prova de que fora preso, já que os órgãos de repressão se negavam a afirmar oficialmente tal ação.

Desde então Rubens Paiva foi dado como desaparecido. Segundo nota oficial dos órgãos de segurança, o carro que o conduziu dois dias depois da prisão ao Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) teria sido abalroado e atacado por indivíduos desconhecidos que o teriam sequestrado.

Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva, sua esposa, permaneceu durante doze dias incomunicável, após haver sido detida com sua filha Eliana, então com 15 anos, esta presa por 24 horas e solta no dia seguinte e deixada, na Praça Saens Peña, na Tijuca.

Eliana e Maria Lucrécia Eunice Paiva foram interrogadas na mesma sala em que as pessoas eram torturadas, tendo visto o pau-de-arara, sangue e o retrato do marido nas fichas de reconhecimento, além de ouvir os gritos dos torturados no DOI-CODI. Entre esse dia e o seguinte, Rubens Paiva foi transferido para o Destacamento de Operações Internas (DOI), situado no Quartel da Polícia do Exército, onde teria sido novamente torturado.

Rubens Paiva possivelmente morreu em seguida por causa dos ferimentos, e com o testemunho do médico do exército Amilcar Lobo. Anos depois, Amilcar Lobo, que na época era médico do DOI-CODI, declarou em reportagem especial à revista Veja que o ex-deputado teria sido morto após sessões de tortura.

Em carta, ainda em 1971, ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, com base em relato de testemunhas, Eunice Paiva afirmava que provavelmente seu marido começou a ser torturado no mesmo dia de sua prisão, durante o interrogatório realizado na III Zona Aérea, localizada junto ao aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, à época sob o comando do brigadeiro João Paulo Burnier.

O brigadeiro João Paulo Burnier era também acusado de matar Stuart Angel Jones, que teria sido obrigado a "fumar" um escapamento de jipe até morrer.

Rubens Paiva é reconhecido legalmente como morto, mas mesmo com a realização de escavações em locais em que possivelmente teria sido enterrado, seu corpo até hoje não foi encontrado.

Em 1996, após projeto de lei dos Desaparecidos enviado ao Congresso pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi entregue à viúva e família um atestado de óbito reconhecendo a sua morte.

Esclarecimento da Morte

Em fevereiro de 2014, a Comissão Nacional da Verdade denunciou que o assassino de Rubens Paiva foi o ex-tenente do exército Antônio Fernando Hughes de Carvalho, oficial do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) ligado ao Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), através de depoimento de outro dos envolvidos, o coronel da reserva Armando Avólio Filho, ex-integrante do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército (PIC-PE), presente ao interrogatório e tortura de Rubens Paiva. A morte do ex-deputado se deu nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do I Exército, na Rua Barão de Mesquita, Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Por seu trabalho na repressão aos subversivos, o tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho, já falecido, foi condecorado com a Medalha do Pacificador em 1971.

No mês seguinte, o jornal carioca O Globo publicou o depoimento de militares envolvidos no caso, sob condição de anonimato. Depois de morto no quartel da Polícia do Exército, entre 20 e 22 de janeiro de 1971, o corpo de Rubens Paiva foi, a princípio, enterrado em lugar ermo do Alto da Boa Vista, próximo à Avenida Edson Passos, mesmo local onde seu carro seria encontrado incendiado, numa operação levada a cabo por oficiais e sargentos do Exército. Dali foi retirado posteriormente, pelo temor de que obras iniciadas na avenida acabassem descobrindo o corpo, e enterrado nas areias da praia do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade, então um lugar ainda praticamente desabitado.

Dois anos depois, sob ordens do Gabinete do Ministro, o militar responsável pela operação, o então capitão do exército Paulo Malhães, também envolvido com a tortura, morte e desaparecimento de presos políticos na chamada Casa da Morte, em Petrópolis, região serrana do Estado do Rio de Janeiro, comandou uma equipe de busca na área, formada por cerca de 15 outros militares em roupas civis. Entre eles o capitão José Brant Teixeira, parceiro de diversas outras operações e os sargentos Jairo de Canaan Cony e Iracy Pedro Interaminense Corrêa, encontrou os restos do corpo ensacado de Rubens Paiva enterrado depois de quinze dias, cavando buracos na areia disfarçados de turistas, o retirou, e os restos foram transportados num caminhão até o Iate Clube do Rio de Janeiro, onde foram embarcados numa lancha, levados até alto mar e lançados ao oceano num momento propício das correntes marinhas. Num depoimento posterior à Comissão Nacional da Verdade (CNV), Paulo Malhães negou ter participado pessoalmente desta missão.

O roteiro da prisão, tortura, morte e destino final de Rubens Paiva foi:

  • Preso em casa, no Leblon;
  • Interrogatório e agressões na 3ª Zona Aérea, Aeroporto Santos Dumont, carceragem da Cisa (Centro de Informações da Aeronáutica);
  • Torturado e morto no quartel da Polícia do Exército na Tijuca;
  • Enterrado no Alto da Boa Vista;
  • Desenterrado, transportado e novamente enterrado no Recreio dos Bandeirantes;
  • Desenterrado e levado para o Iate Clube na Urca;
  • Embarcado em lancha e jogado ao largo da costa fluminense.
Estes fatos ocorreram num período de dois anos.

Ana Lucia Facciolla Paiva, Rubens Paiva e Marcelo Rubens Paiva
Homenagens

Em 1992, Telma de Souza, prefeita de Santos, terra natal de Rubens Paiva, o homenageou colocando seu nome no Terminal Municipal de Passageiros, localizado no bairro do Valongo. Na inauguração estavam presentes a viúva e um dos filhos de Rubens Paiva, o escritor Marcelo Rubens Paiva.

Em 24/09/1998, foi inaugurada no bairro da Pavuna a Estação Rubens Paiva do Metrô Rio.

Em 01/03/2012 a Assembléia Legislativa de São Paulo instalou a Comissão da Verdade Rubens Paiva em sua homenagem, comissão criada para investigar violações de direitos humanos no período de 1964 a 1982.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Simone Cristina Firmino

Copinha

NICOLINO COPIA
(74 anos)
Compositor, Instrumentista e Engenheiro

* São Paulo, SP (03/03/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/03/1984)

Aquela antológica abertura, em solo de flauta, de "Chega de Saudade", que, ao lado do violão de João Gilberto, lançou a bossa nova em 1957, foi feita pelo engenheiro paulista Nicolino Cópia, mestre do instrumento (e de todos os de sopro) desde os tempos em que tocava acompanhando filmes no cinema mudo. Genial, eclético, atualizado, Copinha foi acima de tudo um músico. Seu som está em centenas - milhares, sem exageros - de gravações de cantores e cantoras brasileiros, de todos os gêneros e estilos, ao longo de seus mais de cinqüenta anos de carreira.

Copinha era filho de italianos e tinha oito irmãos, todos eles músicos. Seu primeiro professor de flauta foi Vicente, irmão mais velho. E, nas serenatas e rodas de choro de São Paulo, iniciou-se no jeito de tocar em grupo, solar e acompanhar.

"Eu comecei a estudar com 7 anos de idade, em 1917. Mas estudava direito, estudava música primeiro. Hoje a gurizada pega um instrumento e vai tocar de ouvido. Estudei música, solfejo, depois mais tarde harmonias, essa coisa toda. Com 9 anos é que eu peguei a flauta. Com nove anos eu já fazia serenata com o Canhoto (Américo Jacomino). Toquei muitas vezes. Ele gostava e dizia: 'Esse garoto é bom'"

Antes dos 20 anos de idade, dominava também o clarinete e o saxofone, que aprendera no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Embora Copinha tocasse também clarinete e saxofone, o seu instrumento de preferência, e o que mais utilizou durante toda a carreira, foi a flauta. O que caracteriza Copinha, além da evidente qualidade técnica e musical, é a capacidade de se adaptar a uma enorme variedade de estilos.

Não existe uma "flauta" de Copinha, que se imponha de maneira uniforme independentemente do que e com quem esteja tocando; porém tampouco falta personalidade à sua execução, pois alguns traços estão presentes em todas as suas intervenções: a limpeza do som, o estilo chorado, a economia de notas e, acima de tudo, a interação com os outros instrumentos ou com a voz - a flauta de Copinha está sempre integrada ao conjunto sonoro, e mesmo quando sola não ignora o acompanhamento.

Não existe melhor maneira de perceber tudo isso do que ouvir sua atuação com João Gilberto e, depois, com Paulinho da Viola. Escutar os discos "Chega de Saudade" e, em seguida, "Nervos de Aço".

Apesar de sua discrição e de seu papel de acompanhante, Copinha era respeitado pelos grandes músicos. A ponto de Hermeto Pascoal, um músico em tudo e por tudo diferente, cuja flauta soa no mais das vezes nervosa, "suja", agressiva, ter homenageado o colega com a composição "Salve, Copinha", gravada no disco "Brasil Universo".

Copinha tem menos de 20 composições gravadas, a maioria nos seus próprios discos. São quase todas obras tradicionais, românticas, típicas das serestas. O compositor Copinha viveu no segundo plano em relação ao músico, pelo menos no que se refere às gravações.

A originalidade de arranjador de Copinha não deve ser procurada nos discos orquestrais e sim, principalmente, em três discos de Paulinho da Viola para os quais escreveu os arranjos: "Nervos de Aço", "Memórias Cantando" e "Memórias Chorando" - dois discos de canções e um disco instrumental.


Carreira

Copinha teve duas carreiras distintas: a das orquestras e grandes conjuntos, e a de instrumentista em pequenos grupos, ou acompanhando grupos e cantores. Ambas foram longas, intensas, e produziram resultados muito distintos. Começou a carreira profissional em 1934, como flautista, fazendo fundo para filmes mudos em cinemas de São Paulo e tocando em programas de rádio, quando teve a oportunidade de se apresentar com os violonistas Garôto e Armandinho.

Mas logo deu início à criação de orquestras, principiando pela Orquestra Irmãos Cópia, sob a liderança do irmão mais velho, Vicente. Depois Juca e Seus Rapazes, e mais adiante, a orquestra do Maestro Gaó, Orquestra Colúmbia, em apresentações nas rádios paulistas.

Com Gaó, ainda na década de 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tocou em boates, cabarés (com Pixinguinha, no Dancing Eldorado), teatros e cassinos. Com a orquestra de Simon Boutman, no Cassino do Copacabana Palace, Carlos Machado, no Cassino da Urca, e Paul Morris, no Quitandinha, em Petrópolis.

Com vocação de andarilho, desde a década de 1930 empreendeu um ciclo de viagens internacionais que se estendeu até o final da vida, sozinho, em grupos, como músico de orquestras ou maestro.

Corria a década de 40, e Copinha criou a primeira orquestra sob sua liderança, chamada inicialmente de Copia e Sua Orquestra. Com ela, ao longo de quase 20 anos, tornou-se um dos principais acompanhantes de cantores como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Mário Reis, Carmen Miranda, Cyro Monteiro, Dircinha Batista, Aracy de Almeida, Orlando Silva e Dorival Caymmi.

Em 1958, recebeu em sua orquestra um músico nordestino que viria a fazer história na música brasileira: Hermeto Pascoal mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro a fim de tocar acordeom na Orquestra do Maestro Copinha, que então se apresentava no Hotel Excelsior. E, no mesmo ano, juntou-se à orquestra o pianista acreano João Donato, durante uma temporada no Hotel Copacabana Palace.

A partir da década de 60, tornou-se um dos mais requisitados músicos de estúdio e de shows do Brasil. O espaço das orquestras rareava pela soma das novas tendências da música com o alto custo necessário para mantê-las. E Copinha afastou-se aos poucos, primeiro desmobilizando sua própria orquestra para trabalhar nas orquestras da TV Tupi e, depois, da Rede Globo e, por fim, praticamente abandonando os grupos orquestrais.

São raros os cantores e compositores de primeira linha da música brasileira, a partir da década de 60, que não tenham contado com Copinha e seus instrumentos de sopro - particularmente a flauta. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Cartola e Ivan Lins são apenas alguns deles.

É de Copinha a flauta que se ouve na famosíssima introdução de "Chega de Saudade", que abre o primeiro LP homônimo de João Gilberto, com arranjos de Tom Jobim. Assim como é de Copinha a flauta que acompanha João Gilberto em outras faixas do mesmo LP.

Copinha tocou flauta em "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, considerado um dos marcos iniciais da bossa nova. São dele os sopros em grande parte dos discos de carreira de Paulinho da Viola.

Concedeu esta entrevista ao programa MPB Especial, da TV Cultura de São Paulo, em 1974, aos 64 anos: 

(Música Instrumental: Abismo de Rosas)

"Essa música é de um senhor, para mim um senhor exímio violonista, chamado Giacomino, apelido de Canhoto. Eu conheci o Canhoto em 1918, 1919, que foi a época em que ele fez essa valsa, e eu adorava esse homem tocando violão. Aliás, fazíamos serenatas, eu, um garotinho, só 'sapeava', eu tocava uma coisinha ou outra. Meus irmãos mais velhos é que tocavam com ele, João, Vicente, Joaquim e Alexandre."

"Eu nasci na rua Santa Efigênia, antigamente bairro Santa Efigênia. Hoje é Centro. Atravessava a ponte, era o bairro Santa Efigênia. Hoje atravessa a ponte e é cidade mesmo. São Paulo cresceu de uma maneira... São Paulo nesse tempo era um Estado formidável de se viver. Poluição não existia. Eram aqueles bondinhos, eram bondes. Eu não alcancei bonde de burro, não, eu não alcancei isso, porque também não sou tão velho. Mas eram aqueles bondes caradura. Tinha o bonde condutor na frente, todo fechado, pintado de verde, da esperança, que levava o reboque atrás, feito uma jardineira, tudo aberto, chovia dentro. Esse caradura era um tostão. Tomei muito bonde caradura."

"No bairro de Santa Efigênia a coisa mais importante era a igreja. Sem contar a ponte. A ponte foi um acontecimento, os dois viadutos: Santa Efigênia e viaduto do Chá. Tinha casas baixinhas. Naquele tempo, São Paulo todo devia ter um milhão e duzentos mil habitantes. O Rio de Janeiro era mais habitado do que São Paulo, tinha mais população. São Paulo era um lugar formidável. Nasci aqui, gostava muito, né? Hoje não, hoje São Paulo está difícil, está fogo. O Rio de Janeiro está mais devagar, está mais calmo."

"Eu comecei a estudar com 7 anos de idade, em 1917. Mas estudava direito, estudava música primeiro. Hoje a gurizada pega um instrumento e vai tocar de ouvido. Estudei música, solfejo, depois mais tarde harmonias, essa coisa toda. Com 9 anos é que eu peguei a flauta. Com nove anos eu já fazia serenata com o Canhoto. Toquei muitas vezes. Ele gostava e dizia: 'Esse garoto é bom'. Fiz muitas serenatas e valsas. Aliás, muita gente está enganada com serenata, dizem que serenata é só música dolente. Não é não. Eu tinha uma 'pequena' que gostava de tango e fiz serenata com tango. Tinha uma garota que gostava de um choro (não me lembro o nome)."

"Eu tocava choro para ela na serenata. E daí todo muito pensa que serenata é só valsa, dolente. Não é nada disso, não. Tudo que você gostava, eu ia tocar para você, e acabou-se, gostasse do que gostasse."

Osmar

OSMAR ÁLVARES DE MACÊDO
(74 anos)
Mecânico, Engenheiro, Instrumentista e Inventor do Trio Elétrico

* Salvador, BA (22/03/1923)
+ Salvador, BA (30/06/1997)

Nasceu Osmar Macêdo no dia 22 de março 1923, na Ribeira, Salvador, BA. Grande parceiro de Dodô na invenção do Trio Elétrico, Osmar Álvares de Macêdo, filho de pai pernambucano.

Os soteropolitanos Adolfo Antônio Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares Macêdo, foram responsáveis por um dos capítulos mais férteis da história da música de raiz nordestina e até mundial. Eles conseguiram além de eletrificar o frevo pernambucano criar uma nova forma de levar a música para os foliões do carnaval de Salvador e depois de todo o Brasil. A dupla esteve na ponta do desenvolvimento tecnológico agregado à música, pois criou, no ano de 1942, uma guitarra elétrica, a Guitarra Baiana, um ano depois do norte-americano Les Paul ter construído seu primeiro protótipo de guitarra elétrica.

A Dupla Elétrica também elevou o frevo a um nível instrumental jamais imaginado pelos pernambucanos. Dodô & Osmar estabeleceram novos padrões para o ritmo e depois viriam a incorporar outros gêneros musicais nordestinos e outros à folia "carnavalizante" do Trio Elétrico que mudou a face do carnaval na Bahia e depois em todo o país.

No ano de 1942, o mundo vivia os transtornos da Segunda Guerra Mundial e o violonista Benedito Chaves chegava à Bahia para exibir seu violão elétrico no Cinema Guarani, na Praça Castro Alves. Os jovens Dodô e Osmar foram conferir a audiência do músico e observaram que o violão era bem tocado, mas tinha microfonia e o artista precisava mudar a posição do amplificador a todo instante, interrompendo a apresentação. Eles resolveram pesquisar os corpos maciços das madeiras dos violões elétricos e conseguiram aperfeiçoar um corpo com cepo de jacarandá maciço e colocaram o captador em baixo das cordas, conseguindo obter um som alto e sem o efeito de microfonia.

Osmar ao lado da Fobica
Dodô era expert em eletrônica, trabalhava construindo instrumentos de som e tocava violão estridente enquanto Osmar tocava cavaquinho, bandolim e guitarra havaiana e gostava de adaptar arranjos de músicas clássicas e populares ao ritmo quente da folia. Ele era ao lado do instrumentista paulista Poly um dos melhores tocadores de guitarra havaiana do Brasil. Dodô consertava instrumentos e os dois tocavam frevos pernambucanos e choros cariocas num conjunto amador chamado "Três e Meio".

Em 1950, a pedido do governado da Bahia, Otávio Mangabeira, o bloco "Vassourinhas" de Pernambucano desfilou pelas ruas do centro da cidade e causou uma grande animação no meio da população. Inspirado pela alegria contagiante dos pernambucanos, a Dupla Elétrica resolveu subir a bordo de um Ford 1929 - com suas guitarras baianas e dois músicas na percussão -, e desfilam do Campo Grande rumo à Praça da Sé, mas como uma multidão os acompanhou foi impossível completar o percurso. O povão fez um verdadeiro "arrastão" da alegria até chegar na Praça Castro Alves. Estava se iniciando o fim do estilo antigo de Carnaval de rua em Salvador.

As ruas do centro da cidade eram tomadas, até 1950, por um desfile sem música de automóveis abertos com as famílias dos negociantes abastados jogando confetes, serpentinas e lança-perfume. Atrás deles, desfilavam os grandes clubes, blocos e mascarados, como "Os Fantoches de Euterpe", "Cruz Vermelha" e "Os Inocentes em Progresso". No passeio das avenidas do centro da cidade, as famílias disputavam o espaço para ver os desfile. A maioria da população, discriminada, contentava-se com os afoxés e batucadas na área da Baixa do Sapateiro e rendondezas. O Trio Elétrico trouxe o povo para o eixo central da festa.


Esse Tal "Trio Elétrico"

A partir do ano seguinte, com uma caminhonete e com a participação do parceiro de nome Temístoles Aragão tocando o terceiro Pau Elétrico, o Trio Elétrico Dodô & Osmar continuou a executar seus frevos, chorinhos e até músicas clássicas em ritmo "carnavaletrificado".

Outros trios começam a surgir na cidade como o "Tapajós", "Ypiranga", "Marajós" e "Saborosa", na esteira do seu sucesso popular. Devido a impedimentos relacionados às atividades profissionais dos dois mentores do trio elétrico, eles ficaram sem desfilar no Carnaval entre os anos de 66 a 73. Coube ao criador do Trio Elétrico Tapajós, Orlando Campos, um relevante papel na difusão e da construção de novos trios elétricos. Dodô continuou a construir "Paus Elétricos", pois era o único na cidade que dominava a técnica para construí-los.

A Volta no Jubileu de Prata

Depois de estar estabelecido como dono de uma empresa de metalurgia, Osmar Macedo reuniu seu parceiro Dodô que sobrevivia como técnico em eletrônica. O Trio Elétrico Dodô & Osmar voltou a sair no Carnaval de Salvador e em diversas Micaretas (Carnavais realizadas depois da Quaresma) no interior do estado da Bahia. No ano em que o Trio Elétrico iria comemorar 25 anos de existência e eles conseguiram, em fins de 1974, um contrato com a gravadora Continental para realizar o primeiro registro fonográfico do som do Trio Elétrico.

O álbum "Jubileu de Prata" foi lançado em janeiro de 1975, antes do Carnaval, e teve boa repercussão no Nordeste. O trabalho trazia além dos temas instrumentais, dois frevos elétricos com a participação do cantor Moraes Moreira que se tornou o primeiro vocalista de Trio Elétrico do mundo, pois até então predominava o som instrumental. Moraes Moreira tinha acabado de sair dos "Novos Baianos".

Nas faixas instrumentais do "Jubileu de Prata", despontava o talento de um dos filhos de Osmar, o jovem Armandinho Macêdo, que mediu forças com o pai "Desafilho", num potpourri de clássicos e populares que incluia trechos de: "Asa Branca" (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), "Dança das Horas" (Ponchielli), "Luar do Sertão" (Catullo da Paixão Cearense), "Fazer-Fazer" (Bronquinha), "Urubu Malandro" (Louro-João de Barro), "Moto Perpétuo" (Paganini) e "Rapsódia Húngara" (Liszt). A direção artística ficou a cargo de Moraes Moreira. Outro destaque era a instrumental "Double Morse" que imitava a batida de um telégrafo e tem base num ritmo espanhol, uma homenagem à colônia espanhola de Salvador.

A partir daí, a formação da banda trazia parte do clã da família Macêdo e em torno desta se estabeleceu até a atualidade. Os Filhos, Aroldo (guitarra baiana) e André (percussão e vocais) e o sobrinho Betinho (baixo) se uniam a Ary Dias (percussão) e diversos bateristas e percussionistas participaram da banda do Trio Elétrico Dodô & Osmar.

Osmar ao lado da Fobica
Em 1976 lançaram o novo trabalho, "Dodô & Osmar - Armandinho" com faixas a instrumentais e outras com os vocais de Moraes Moreira. Destaque o frevo elétrico rasgado de Moraes Moreira, "Viva Nelson Ferreira", numa homenagem ao compositor pernambucano que fez diversos frevos de sucesso na década de 50 que integravam o repertório do Trio Elétrico Dodô & Osmar. Gilberto Gil fez uma composição especialmente para Dodô & Osmar chamada "Satisfação", que fazia referência no refrão de "Satisfaction" dos Rolling Stones e já demonstrava a sede de antropofagia musical de Armandinho ao querer expandir a sonoridade do Trio Elétrico Dodô & Osmar.

Em 1977 lançaram o terceiro álbum, "Bahia... Bahia... Bahia", numa homenagem ao clube de futebol mais popular do estado: O Esporte Clube Bahia. Com o uma versão do hino do clube composta por Adroaldo Ribeiro Costa eles ganham bastante projeção radiofônica, principalmente, nas rádios AMs em dias de jogos do time. Outro destaque do LP é o frevo de autoria de Osmar Baiana Brejeira e o frevo de Moraes Moreira "Santos Dumont, Dodô e Osmar" que compara a grandiosidade da invenção do primeiro à da invenção da dupla. O poeta dos Novos Baianos, Galvão, ainda fez parceria em ritmo carnavalesco em "Estripulia Elétrica". Os frevistas Nelson Ferreira, Levino Ferreira, Matias da Rocha e Joana Batista Ramos ainda são homenageados no pout-pourrit composto por Gostosão e Vassourinha.

O compositor Moraes Moreira ainda seria responsável pelo primeiro grande sucesso do Trio Elétrico Dodô & Osmar em nível nacional. O antigo frevo "Double Morse" presente no repertório das apresentações do trio desde anos 50 recebeu letra de estilo refinado e de tom romântico e virou um marco na carreira de Dodô & Osmar, dando nome ao seu quarto LP. Dando letras a antigos novos frevos elétricos, Moraes Moreira abria uma nova possibilidade estética ao Trio Elétrico lhe dando um aspecto de canção e aumentando sua inserção no contexto da Música Popular Brasileira.

Seguindo a tendência levada adiante, principalmente, pelos irmãos Armandinho e Osmar, eles gravam uma versão trioletrizada para o clássicos dos Beatles, "Eleanor Ribgy". Os dois pais do trio elétrico, Dodô e Osmar, então já senhores de meia-idade participam ativamente do processo criativo e das apresentações, mas já cedem espaço para seus seguidores. Ilustração dessa tendência é a participação cada vez maior de Aroldo como compositor que neste álbum traz o frevo "Segura a Onda" de estrutura melódica complexa com inserção de ritmo de marcha carnavalesca e já mais suingada.

O álbum "Pombo Correio" é considerado o melhor da carreira da banda e traz ainda o choro instrumental em arranjo trioletrizado "Frevo da Lira", composição do mestre Waldir Azevedo e Luiz Lira. Os temas das letras de Moraes Moreira se relacionavam com a ambiência romântica que envolve o Carnaval como manifestação popular, lembrando a ambiência de antigas canções carnavalescas como "Colombina" e "Jardineira".

A Morte do Parceiro Dodô

Em 15 de junho de 1978, aos 57 anos, Adolfo Antonio Nascimento, popularmente conhecido como Dodô, morreu e deixou só o seu parceiro Osmar que desde 1938 faziam música juntos. Dodô se despediu da avenida e viajou para além de horizontes, deixando saudades nos 11 filhos e nos foliões que tanto o admiravam.

Artesão por excelência, ele fabricou a maioria das guitarras baianas existentes na Bahia até o final dos anos 70. Sua habilidade como luthier era de intensa criatividade. Quando Osmar teve necessidade de tocar vilão tenor e guitarra baiana, ele confeccionou um instrumento de dois braços. A pedido de Armandinho, ele, também, construiu uma guitarra-cavaquinho a qual foi dada o nome de "Dodô e Osmar" por ser o instrumento da dupla.

Apesar da morte de um dos fundadores do trio elétrico, o resto da banda sabia que o show tinha que continuar e não param muito tempo para pensar. A linha artística do Trio Elétrico Dodô & Osmar tem continuidade no LP seguinte chamado "Ligação" que ostentava uma preocupação de introduzir novas parceiras com compositores como os poetas Chacal e Fausto Nilo. Músicas instrumentais, "O Menino do Trio" (Armandinho), "De Irmão Para Irmão" (Armandinho e Betinho) e "Frevo Dobrado Número 4" (Aroldo), uma invenção do autor que mistura frevo com marcha-rancho. Novamente, Gilberto Gil engrandeceu o trabalho de Dodô & Osmar com "Atrás do Trio".

A primeira incursão internacional do Trio Elétrico Dodô & Osmar aconteceu de forma indireta com a participação, em julho de 1978, de Aroldo, André e Armandinho na apresentação da banda A Cor do Som, na noite brasileira do Festival de Jazz de Montreux na Suíça. Lá encantam o público gringo e brasileiros presentes com a música dos Beatles, "Eleanor Rigby", em ritmo de frevo trioletrizado.

Armandinho, Dodô & Osmar
Surge a Marca "Armandinho, Dodo & Osmar"

Em 1980, eles resolveram entrar na nova década lançando um novo álbum "Viva Dodô & Osmar" e se intitulando, a partir daí como Armandinho, Dodô e Osmar. A mudança do nome da banda ocorreu em decorrência da projeção que o guitarrista já tinha alcançado em nível nacional devido ao trio elétrico e ao grupo A Cor do Som que ele, também, participou entre 1977 e 1982. Eles conseguiram incorporar, em definito, em 1979, no álbum "Viva Dodô e Osmar" a sonoridade afro de Salvador para o repertório da banda, antes bastante calcado no compasso binário do frevo.

Neste LP, ressalta-se a composição de Caetano Veloso, "Beleza Pura". Trazia uma ambiência afro com forte acento percussivo e, pela primeira vez, vocais de Armandinho. A letra exaltava a beleza da beleza negra e blocos afros como o Badauê e Ilê Ayê. Outro ponto forte do LP é a faixa "Bloco do Prazer", uma composição de Moraes Moreira e Fausto Nilo. A guitarra havaiana é tocada com maestria por Osmar na sua composição "Manifesta". O clássico carnavalesco "Colombina" é regravado em ritmo de marchinha em arranjo trioletrizado.

Homenageando o músico Waldir Azevedo no álbum seguinte, "Vassourinha Elétrica" que marca a entrada da banda na gravadora Warner. O compositor que foi muito importante na formação musical de Dodô e Osmar faleceu em 1978 e não pode completar a obra que estava preparando especialmente para o Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. Osmar lhe dedica como reverência um pout-pourrit com seus chorinhos "Delicado", "Arrasta-Pé", "Camundongo" e "Brasileiro". Outro que mereceu versões instrumentais trioletrizadas de suas composições foi Caetano Veloso em "Atrás do Trio Elétrico", "Sem Grilos", "Chuva, Suor e Cerveja" e "A filha da Chiquita Bacana". Ainda neste LP, Armandinho voltou a cantar em outra parceria com Fausto Nilo na frevo-afoxé "Zanzibar" (As Cores) que assim como "Beleza Pura" fazia parte do repertório da A Cor do Som só que em arranjos mais pop e menos "carnavalizadas".

Em 1981, o homenageado foi John Lennon que faleceu em dezembro do ano anterior e mostrou mais uma vez a intenção da banda em ter suas bases fincadas na raiz nordestina e brasileira, não esquecendo suas influências cosmopolitas. Osmar definiu o som do trio elétrico como "Música Pra Pular Brasileira" que incorpora da sinfonia de Beethoven, um choro de Pixinguinha e um passo double espanhol. O LP traz uma abertura para mais ritmos, até para o mambo caribenho. O compositor e cantor Moraes Moreira fez homenagem a Dodô na marcha-frevo "Dodô no Céu, Osmar na Terra" que vira hit no carnaval no Nordeste de 1982.

Na sequência, eles lançaram o álbum "Folia Elétrica" pela gravadora Som Livre que incorporou a intenção da banda de não ter a execução radiofônica restrita ao período carnavalesco. O próprio Armadinho saiu do grupo A Cor do Som para se dedicar integralmente ao Trio Elétrico. O disco foi recheado de frevo-rock, frevo-afoxé, frevo-trioletrizado e até o caribenho ritmo do merengue. Neste disco, eles regravaram a "Satisfação" de Gilberto Gil.

A abertura para o som dos afoxés se faz em "Alô Filhos de Gandhi", composição de Armandinho e do irmão André que se inicia no trabalho de composição. O destaque ficou por conta da satírica letra de Moraes Moreira em "Cadê o Trio?" que deu uma explicação dos motivos que levaram o Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar a desfilar no Carnaval de Itabuna em 1981 e 1982 por conta da falta de apoio para desfilar em Salvador. O LP contou ainda com participação do músico Sivuca que participou da faixa instrumental "Jazzquifrevo".

O Trio Elétrico Armadinho, Dodô & Osmar lançam, em 1986, o álbum "Chame Gente" e conseguem um sucesso a nível nacional com a faixa-título, um frevo de Caetano Veloso cantado por Armandinho. A letra faz uma verdadeira apologia à alegria característica da musicalidade e do espírito de Salvador, capital do maior carnaval de rua do mundo. No ano seguinte, Armandinho se afasta do seu trabalho de direção musical do Trio Elétrico para se dedicar à carreira-solo. O álbum "Aí Eu Liguei o Rádio!" trouxe novas parcerias como na faixa-título que é de autoria do baiano Walter Queiroz.

Em decorrência do avanço da chamada Axé Music por todo território nacional – com o estouro de novos artistas baianos, como Luiz Caldas e Sarajane -, em Recife e Olinda começou um processo de resistência à música baiana. Tentou-se até por força de lei, limitar a participação de artistas baianos no carnaval local. Para fazer um tributo à terra que deu a matéria-prima musical para a "Dupla Elétrica" moldar sua sonoridade do Trio Elétrico Dodô & Osmar, o vocalista e novo diretor artístico da banda, André Macêdo, cantou o frevo "A Vida é Um Pernambuco". E Chegam os anos 90...

Busto de Dodô e Osmar

A Década de 90

O Trio Elétrico ainda teve fôlego para lançar outros álbuns até o início da década de 90 incorporando até o samba-reggae no seu repertório. Decidiram continuar os shows, mas pararam com os lançamentos periódicos anuais de CDs. Em 1996, vários nomes da Música Popular Brasileira participam da homenagem a Osmar Macêdo no CD "Filhos da Alegria". Suas composições ganharam novas roupagens com a interpretações de Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Alceu Valença, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Bel Marques, Durval Lélys e Moraes Moreira. A direção artística ficou a cargo de seu filho, Aroldo Macêdo, e a banda de apoio foi formada por uma seleção dos próprios músicos do trio elétrico e da banda Asa de Águia.

O repertório tem "Pombo Correio" aparece na voz de Daniela Mercury. Margareth Menezes regravou "Natal, Como Te Amo" e Gilberto Gil cantou "Taiane". A paraibana Elba Ramalho interpretou "Manifesto" e Luiz Caldas atacou de "Dodô no Céu, Osmar na Terra". Durval Lélys cantou o hino "Jubileu de Prata" e Ricardo Chaves, "Portando Sonhos". Carlinhos Brown interpretou "Diabolô" e Bell Marques ficou com "Baiana Brejeira". O pernambucano Alceu Valença cantou "Frevo Doido" e Moraes Moreira, "Nosso Grande Noé". O filho André Macedo gravou "Frevo do Trio". A música "Nosso Grande Noé" é uma composição inédita de Moraes Moreira em cuja letra é retratada a carreira artística e como engenheiro de Osmar Macêdo.

Osmar Macêdo adoeceu e veio a falecer no dia 30/06/1997, aos 74 anos, em Salvador, deixando toda a Bahia de luto. Seu corpo desfilou pelas ruas do centro da cidade em cima de um carro do Corpo de Bombeiros acompanhado por uma multidão. O Trio Elétrico Tripodão acompanhou o cortejo tocando no som mecânico vários sucessos de Dodô & Osmar sob os aplausos da multidão que chegou até a dançar respeitosamente.

Antes do enterro no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas, uma parada emocionante do cortejo na Praça Castro Alves onde Osmar comandou por diversos anos o encontro de trios elétricos que fechava o carnaval de Salvador, e onde está um busto dos dois pais do trio elétrico e da guitarra baiana. O trio elétrico seguiu comandado pelos filhos e neto do velho Osmar: o pai da música elétrica baiana.

Fonte: Música Nordestina