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José Messias

JOSÉ MESSIAS CUNHA
(86 anos)
Cantor, Compositor, Escritor, Radialista, Apresentador, Produtor, Jornalista, Crítico e Jurado

☼ Bom Jardim de Minas, MG (07/10/1928)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/06/2015)

José Messias da Cunha foi um compositor, cantor, escritor, músico, radialista, apresentador e produtor de programas de rádio e televisão, além de jornalista, crítico musical e jurado musical em programas de talentos na televisão. Personagem de destaque expressivo na cultura artística brasileira durante várias décadas, desde a era de ouro do rádio e o início da televisão no país.

José Messias nasceu em 07/10/1928, no município de Bom Jardim de Minas, MG. Nascido de família pobre, mas extremamente musical, onde o pai e o avô eram regentes de banda, o tio era trombonista, ainda jovem começou a compor músicas para blocos de carnaval. Essa verve artística e musical iria acompanhá-lo por toda a sua vida nas múltiplas facetas de expressão.

Mudou-se, mais tarde, para Barra Mansa, RJ, trazido por um parente de nome José Gentil, nascido também em Bom Jardim de Minas, já falecido, que foi quem o levou para o Rio de Janeiro. Este parente foi quem o ensinou a ler e escrever, pois como é sabido, José Messias não tinha estudo quando morava em Bom Jardim de Minas. Este seu parente era auto ditada, falando fluentemente latim, inglês e esperanto, e ainda grande conhecedor da gramática da língua portuguesa. E ali aprendeu os ofícios do circo em pequenas companhias locais, havendo atuado, inclusive como palhaço.

Em 1945 seguiu para o Rio de Janeiro, onde viveria por várias décadas, e participou de vários programas de rádio, entre os quais, "Papel Carbono", de Renato Murce. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios. Trabalhou, também, durante algum tempo, no comércio, até que foi apresentado ao compositor Herivelto Martins, de quem veio a ser então secretário.

Com esse trabalho e com o relacionamento no meio artístico de então, oportunidades começaram a surgir, e José Messias chegou a substituir Grande Otelo em vários espetáculos. Continuava a compor músicas de Carnaval e, em 1952, conseguiu que fosse gravada a "Marcha do Coça Roça", sua primeira composição, que veio a ser interpretada por Heleninha Costa.

Seguiram-se, depois, várias outras interpretações de composições suas, por artistas famosos da época de ouro do rádio brasileiro: Emilinha Borba, Francisco Carlos, Marlene, e Quatro Ases e Um Coringa. Nessa época escreveu para jornais e revistas.

Em 1954, o então Ministro do Trabalho João Goulart nomeou-o para o Serviço de Recreação Operária, porém à disposição da Rádio Mauá, o que lhe permitiu continuar a desenvolver seus atributos musicais.

Em 1955, estreou como apresentador de auditório na Rádio Mayrink Veiga. Por dez anos, ele acumulou o exercício da função pública com as atividades privadas de direção e de apresentação de programas em várias radio-emissoras daquela época no Rio de Janeiro, como Rádio Mundial, Rádio Carioca, Rádio Metropolitana, Rádio Tupi, Rádio Guanabara e Rádio Nacional.


Identificado com a juventude da época, José Messias renovou o cenário musical de então. Criou, em conjunto com Carlos Imperial e Jair de Taumaturgo, o marcante movimento de renovação e vanguarda musical que veio a ser a Jovem Guarda.

Vanguardista em cultura musical, ele efetivamente lançou ao estrelato muitos cantores, por meio do seu programa "Favoritos da Nova Geração". Figuram entre os mais conhecidos e famosos os artistas Clara Nunes, Jerry Adriani, Roberto Carlos e Wanderley Cardoso, dentre muitos outros.

Ainda em 1955, compôs o samba "A Mão Que Afaga", com Raul Sampaio, gravado na Continental, pelos Vocalistas Tropicais.

Em 1956, estreou em discos pela pernambucana gravadora Mocambo, registrando a batucada "Macumbô" (José Messias e Carlos Brandão) e o samba "Deus e a Natureza" (José Messias e Carlos Brandão).

Em 1957, gravou na Copacabana os sambas "Ai, Ai, Meu Deus" (Amorim Roxo e Nelinho) e "Vou Beber" (José Messias e Carlos Brandão).

Em 1959, gravou pela Continental o mambo "Você Aí" (José Messias) e o samba "Fim de Safra" (Luiz de França e Zé Tinoco). Nesse ano, seu samba "O Sono de Dolores", em homenagem a Dolores Duran, que acabara de falecer, foi gravado por Ângela Maria e Mara Silva na Rádio Copacabana.

Em 1960, gravou na Polydor a "Marcha da Condução" (José Messias) e "Garoto Solitário" (Adelino Moreira), sucesso no carnaval do ano seguinte. Nesse ano, Carlos Augusto gravou seu bolero "Chega".

Em 1961, gravou na Philips o rock "Rock do Cauby" (José Messias) e o samba "Amor de Verão"(Edgardo Luiz e Geraldo Martins).

Em 1962, obteve destaque com a "Marcha do Carequinha". Gravou na Rádio Mocambo o cha-cha-chá "Garrincha-cha" (Rutinaldo), homenagem ao jogador de futebol Garrincha, do Botafogo do Rio de Janeiro. Nesse ano, seu bolero "Pecador", foi gravado por Silvinho. No começo dessa década, foi um dos radialistas que mais apoiou o movimento ligado ao rock, prestigiando os artistas ligados à Jovem Guarda.

Em 1963, gravou na RGE o "Twist do Pau de Arara" (Raul Sampaio e Francisco Anísio) e o "Cha Cha Cha do Carequinha" (José Messias). Ainda gravou na Odeon as marchas "Deus Tem Mais Pra Dar" (Valfrido Silva, Gadé e Humberto de Carvalho) e "Marcha do Pica-Pau" (Valfrido Silva e Humberto de Carvalho). Também em 1963, teve a música "Aconteça o Que Acontecer" gravada pelo Trio Esperança.

Em 1969, gravou a música "Terreiro de Outro Rei" (José Messias) no LP "O Fino da Roça", de Jackson do Pandeiro. Atuou também na TV Tupi, TV Continental, TV Rio e TV Excelsior. Na TV Tupi, participou dos programas "Flávio Cavalcanti" e "A Grande Chance".

No SBT, de São Paulo, participou, desde o ano 2000, do "Programa Raul Gil", bem como teve atuação muito permanente nas mais diversas emissoras da radiofonia carioca, especialmente a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Em 2000, teve a música "Travesseiro" relançada na voz de José Ricardo, no CD "José Ricardo - Serenata Suburbana", do selo Revivendo.

Em 2002, produziu o CD "Seleção Nota 10 de José Messias" pela Warner.

Compositor

Compositor desde a juventude, José Messias é sócio honorário da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (SBACEM). É autor de mais de duzentas composições. Algumas delas foram gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira, entre artistas e grupos musicais, como Ângela Maria, Caetano Veloso, Cauby Peixoto, Clara Nunes, Dircinha Batista, Emilinha Borba, Jair Rodrigues, José Ricardo, Linda Batista, Marisa Monte, Nelson Gonçalves, Pery Ribeiro, Quarteto em Cy, Roberto Carlos, Sílvio César, entre outros.

Rádio e Televisão

José Messias foi, também, apresentador e diretor em várias emissoras de rádio e de televisão do Rio de Janeiro. Como tal, dirigiu Flávio Cavalcanti, Aírton Rodrigues e Lolita Rodrigues entre outros.

"A Grande Chance"

Na década de 1970, enquanto ainda trabalhava na rádio, ingressou também nas duas principais emissoras de televisão cariocas, a TV Tupi e a TV Rio. Veio, assim, pouco depois, a compor o juri musical mais importante da televisão brasileira da época, no então famoso programa "A Grande Chance", apresentado por Flávio Cavalcanti.

Conforme relato do jornalista, radialista e estudioso da música popular brasileira, Osmar Frazão, a última formação do programa "A Grande Chance" contou com a participação dos seguintes jurados: Umberto Reis, Erlon Chaves, Osmar Frazão, Artur Faria, Cidinha Campos (depois retornou Márcia de Windsor), Carlos Renato, Jorge Mascarenhas, além de José Messias, sendo que Osmar Frazão entrou para substituir Sérgio Bittencourt, que ficou uma temporada em São Paulo. Por tal razão, Osmar Frazão, nesse programa, foi batizado por Flávio Cavalcanti de "A Enciclopédia da Musica Popular Brasileira".

Foi, ainda, Osmar Frazão a convidá-lo como apresentador do programa denominado "A Hora dos Calouros" na Rádio Nacional.

Apresentador

Em 1966, a Rádio Nacional contratou-o como locutor, apresentador e produtor, onde apresentou, entre outros, o "Show da Cidade", o "Programa José Messias", "A Hora dos Calouros" e "Viva a Jovem Guarda".

Em 1972, transferiu-se para a TV Bandeirantes e o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), e então produziu e dirigiu o "Clube dos Artistas", então apresentado pelo casal Airton Rodrigues e Lolita Rodrigues.

Em 1974, criou o quadro "Pra Quem Você Tira o Chapéu", que já foi apresentado por vários artistas.

Anos depois, passou o comando a Raul Gil e participou de seu programa desde 1998, como jurado fixo.

No inicio da década de 80, enquanto ainda integrava a Rádio Nacional, adquiriu emissoras de rádio da Região dos Lagos e do Jornal de Negócios, assumindo, em 1990, a superintendência do Sistema Serramar de Comunicações, que então congregava cinco emissoras.

Em 1998, assumiu a titularidade da Secretaria de Cultura, Educação, Esporte e Lazer de Saquarema.

Jurado Musical

Em 2002, convidado pelo também apresentador, compositor e cantor Raul Gil, tornou-se jurado no "Programa de Calouro do Raul Gil". Além da função de jurado ilustre, nos vários programas de talentos apresentados por Raul Gil, em sucessivas redes de televisão, José Messias dedicou-se ao resgate da memória do rádio e da televisão brasileiros.

Escritor

José Messias da Cunha foi membro da Academia Nacional de Letras e Artes. Recentemente, lançou seu primeiro livro, "Sob a Luz das Estrelas: Somos Uma Soma de Pessoas". Na obra, ele apresenta a história de sua vida e carreira, bem como exibe um valioso retrospecto da história do rádio e da televisão no Brasil, história da qual foi co-protagonista.

Morte

José Messias morreu na noite de sexta-feira, 12/06/2015, aos 86 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado há cerca de dez dias no Hospital Italiano, no Grajaú, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Segundo nota de pesar do SBT, José Messias teve falência múltipla de órgãos em decorrência de uma complicação renal.

Família e amigos se despediram de José Messias na tarde de sábado, 13/06/2015. Seu corpo foi enterrado no Cemitério de Saquarema, no Rio de Janeiro, por volta das 15:00 hs. Durante toda a manhã, as pessoas mais próximas de José Messias estiveram reunidas em um velório que aconteceu em uma capela ao lado do Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth, em Bacaxá, distrito de Saquarema.

Condecorações

José Messias da Cunha foi condecorado com vários méritos, entre diplomas, troféus e medalhas, com especial destaque para:

  • Cidadão Benemérito da Cidade do Rio de Janeiro
  • Medalha Tiradentes
  • Prêmio Noel Rosa (Pelo Sindicato dos Compositores)

Discografia


  • 1956 - Macumbô / Deus e a Natureza (Mocambo, 78 rpm)
  • 1957 - Ai, Ai, Meu Deus / Vou Beber (Copacabana, 78 rpm)
  • 1959 - Você Aí / Fim de Safra (Continental, 78 rpm)
  • 1960 - Marcha da Condução / Garoto Solitário (Polydor, 78 rpm)
  • 1961 - Rock do Cauby / Amor de Cerão (Philips, 78 rpm)
  • 1962 - Garrincha-cha / Duas Mães (Mocambo, 78 rpm)
  • 1962 - Maria Carnaval / Marcha do Carequinha (Philips, 78 rpm)
  • 1962 - Trenzinho de Brinquedo-Piuí / Dorme (Mocambo, 78 rpm)
  • 1963 - Deus Tem Mais Pra Dar / Marcha do Pica-Pau (Odeon, 78 rpm)
  • 1963 - Twist do Pau de Arara / Cha Cha Cha do Carequinha (RGE, 78 rpm)

Fonte: Wikipédia e Ego

Evaristo da Veiga

EVARISTO FERREIRA DA VEIGA E BARROS
(37 anos)
Jornalista, Poeta, Livreiro e Político

☼ Rio de Janeiro, RJ (08/10/1799)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/05/1837)

Evaristo Ferreira da Veiga e Barros foi um poeta, jornalista, político e livreiro brasileiro.

Filho de um português mestre-escola, Francisco Luís Saturnino Veiga, chegado ao Brasil aos 13 anos, soldado miliciano na Paróquia de Santa Rita, no Rio de Janeiro, depois nomeado professor régio de primeiras letras na freguesia de São Francisco Xavier do Engenho Velho.

Francisco passou a professor na Rua do Ouvidor, onde abriu uma loja. Andou por Vila Rica em 1788 e 1789, onde deve ter conhecido alguns dos inconfidentes, pois recopiou as Cartas Chilenas de Tomás Antônio Gonzaga, publicadas meio século mais tarde por seu neto Luís Francisco da Veiga.

Francisco Luís Saturnino Veiga casou com uma brasileira, Francisca Xavier de Barros, nascendo três filhos, dos quais Evaristo da Veiga foi o segundo. Teve grande influência sobre seus filhos, sobretudo Evaristo, ótimo estudante que no Rio de Janeiro de Dom João VI aprendeu francês, latim, inglês, cursou aulas de retórica e poética e estudou filosofia. Neste período adquiriu interesse por jornalismo ao visitar as oficinas da Impressão Régia, nos porões do palácio do Conde da Barca.

Quando concluiu os estudos, o pai já abrira uma livraria na Rua da Alfândega e os livros que trazia da Europa tinham em Evaristo da Veiga o primeiro leitor, o mais curioso. Seu projeto frustrado de partir para a Universidade de Coimbra encontrou compensação na livraria do pai.

Poeta

Evaristo da Veiga foi o autor da letra do "Hino à Independência", cuja música se deve a Dom Pedro I. Conta entre os precursores do Romantismo no Brasil.

Em suas poesias mais antigas se sente a influência da escola arcádica e sobretudo de Bocage e datam de 1811, quando tinha 12 anos. Um ano depois, em 1812, celebra os desastres militares dos franceses em Portugal. Aos 14 anos era um poeta português que refletia no Brasil com atraso de 20 anos o movimento da Nova Arcádia em que haviam excedido Bocage, José Agostinho de Macedo, Curvo Semedo.

Em 1817 era súdito fiel de Dom João VI, um luso no Rio de Janeiro: o malogro da Revolução de Pernambuco o encheu de alegria. Seus versos cantaram o casamento de Dom Pedro I com Dona Leopoldina, os anos de Sua Majestade em 13/05/1819, o aniversário da aclamação do rei. Diversas poesias são dedicadas a amigos, uma característica que se manterá: primou sempre nele o sentimento da amizade. Aos vinte anos começaram a aparecer Marílias, Nises, Lílias, Isbelas mas seus sonetos, cantigas e madrigais continuam arcádicos - com ligeira influência dos mineiros.

Em 1821, porém, vivia-se no Rio de Janeiro, o ano do constitucionalismo português, como afirma Oliveira Lima em "O Movimento da Independência". Ninguém podia ficar indiferente. O elemento conservador, receoso de desordens, alimentava esperança de que a chegada das novas instituições não importaria em ruptura com Portugal, pois haveria uma monarquia dual, servindo a coroa como união. Era o pensamento de Evaristo da Veiga, ilusão de que participaram muitos brasileiros. Não tardaram os constitucionalistas de Portugal a demonstrar sua incompreensão das coisas do Brasil e foram aparecendo as resoluções das Cortes que tinham como propósito estabelecer a antiga submissão colonial, embora de outra forma. Foi nesse instante que nele despertou o patriota: um soneto em 17/10/1821 é intitulado "O Brasil". Outro, de fevereiro de 1822, já estigmatizava, a perfídia de Portugal. Daí em diante vibrou com o movimento que se espalhava pelo país.

Em 16/08/1822, sem ser figura saliente em nenhum acontecimento, escreveu o "Hino Constitucional Brasiliense", o célebre, 'Brava Gente Brasileira / longe vá temor servil'. Compôs sete hinos, no total, entoados por milhares de bocas. O "Brava Gente" recebeu duas músicas, uma do maestro Marcos Portugal, outra do próprio Príncipe Regente Dom Pedro I. E como Evaristo da Veiga era tímido e o príncipe notoriamente melómano, logo se lhe atribuiu a letra. Só mais tarde, em 1833, Evaristo da Veiga reivindicaria a letra e os originais se encontram atualmente na Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional.

O ato da aclamação do imperador lhe inspirou três sonetos - e outros dedicou à Liberdade, à instalação da Assembléia Constituinte, a Lorde Cochrane, à fuga do general Madeira. Mas teria papel obscuro e modesto nos sucessos da Independência. Seu nacionalismo era novo, faltava-lhe paixão, e ademais não tinha posição social, era um rapaz modesto e avesso a turbulências que trabalhava no balcão da livraria do pai. Em 1821, porém, assina com pseudônimo O Estudante Constitucional uma réplica a panfleto anônimo contra o Brasil, intitulado "Carta do Compadre de Belém", impresso em Portugal.

Cedo deixou de ser um espectador desenganado da ação do Imperador. 1823 era o ano da instalação da Constituinte e o de sua dissolução por um golpe de força. Em 30 de maio ele já fala no "despotismo mascarado"... Deixou de fazer sonetos, fez hinos. Ainda publicaria em 1823 "Despedida de Alcino a sua Amada", pois Alcino foi seu nome poético. Mas era poeta bastante medíocre e disso teve convicção antes de que outros lhe dissessem. Sua atividade poética foi esmorecendo, subindo apenas em 1827, ano em que se casou. Sua vocação, logo descobriria estar na política, no serviço público, na imprensa, no parlamento.

Livreiro

Morreu sua mãe em 1823 e o pai, que desejava casar-se de novo, escrupuloso e exato como era, entregou aos filhos a parte que lhes tocava na herança materna. Evaristo da Veiga e João Pedro, seu irmão, abriram então uma livraria. Era empreendimento lucrativo. O país se europeizava e os livros e jornais eram os agentes dessa europeização.

Em 1821 no Diário do Rio de Janeiro havia anúncios de oito lojas de livros. Datam de outubro de 1823 os primeiros anúncios da loja de Evaristo da Veiga, "João Pedro da Veiga & Comp", 14 dias antes de Dom Pedro I dissolver a Assembleia.

Leu tudo que vendia, formou seu pensamento, fixou-se na posição da monarquia constitucional, pois a república lhe parecia um exagero e era moderado por temperamento. Vendendo livros e fazendo cada vez menos versos passou os anos até 1827, quando, economicamente independente, se separou do irmão e estabeleceu livraria própria ao comprar a livraria e tipografia de João Batista Bompard na Rua dos Pescadores, 49.

Em 1827 casou-se com Dona Ideltrudes Maria d'Ascensão, começando nova vida.

Jornalista

Em 21/12/1827 surgiu o primeiro número de seu próprio jornal, logo famoso, o A Aurora Fluminense, que exerceu importante papel na política do Primeiro Reinado por suas tendências anti-lusófilas.

Os fundadores foram um jovem brasileiro cedo falecido, José Apolinário de Morais, o médico francês José Francisco Sigaud e Francisco Crispiano Valdetaro. Evaristo da Veiga resolveu associar-se e passou em pouco tempo de colaborador a redator principal e finalmente único. Assinava seus artigos apenas como Evaristo da Veiga.

A imprensa do Rio de Janeiro era então detestável, pasquineira. A Gazeta do Brasil era favorável ao governo, órgão ministerial, defendendo o Gabinete de 15/01/1827, e quem enviava seus artigos, como depois se descobriria, era Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, oficial do Gabinete Imperial, íntimo e detestável, amigo de Dom Pedro I.

Gazeta do Brasil chamava A Aurora Fluminense de "fedorenta sentina da demagogia e do jacobinismo", a Astréa de João Clemente Vieira Souto, de "insolente e demagógica", O Universal de Ouro Preto, de inspiração de Bernardo Pereira de Vasconcelos, de jacobino e anárquico.

Os fundadores de A Aurora Fluminense queriam linguagem imparcial, guiada pela razão e virtude, e havia para servir à liberdade constitucional um Evaristo da Veiga, imbuído de leituras francesas e inglesas, com o sonho de ver adotadas as instituições que seus autores prediletos preconizavam como indispensáveis à grandeza das nações. Uma quadrinha de versos pífios, composta por Dom Pedro I, foi seu lema:

"Pelo Brasil dar a vida / Manter a Constituição / Sustentar a Independência / É a nossa obrigação"

E foi seu programa o devotamento ao país, o respeito pela sua liberdade, a manutenção de sua Constituição. Os seus temas, no jornal, foram a liberdade constitucional, o sistema representativo, a liberdade de imprensa. Por isso deu apoio ao Gabinete de 20/11/1827. Mas havia assuntos de momento em que tocou, como o descalabro da instrução, a questão do crédito público. Combatia a indiferença em matéria política, sobretudo, a mais funesta de todas as enfermidades morais. Havia a mesma pregação em outros jornais liberais como O Farol, O Astro, de Minas, a Astréa, combatidos pelos jornais corcundas.

Batia-se pela abolição dos morgados, extinção da Intendência de Polícia, da Fisicatura, do Desembargo, da Mesa da Consciência e da Ordem, instituições obsoletas. A oposição dos ministérios excluía escrupulosamente a pessoa do monarca, a quem tratava com deferência e até louvava. Ainda não desesperançados do imperador, os liberais queriam estimulá-lo. O imperador, porém, é que parecia ir-se distanciando do herói brasileiro que fora em 1822 e voltar-se mais para Portugal do que para o Brasil, comenta Octavio Tarquinio de Sousa. A separação entre a corrente nativista liberal e o imperador aumentou sempre, a sessão parlamentar de 1829 seria da maior agitação, o governo sempre acusado. A Aurora Fluminense era o mais autorizado reduto da oposição governamental, e sua popularidade, e a de Evaristo da Veiga, crescia sempre.

Quando do atentado ao jornalista Luís Augusto May, redator da A Malagueta, órgão liberal, repetição do que fora vítima em 1823, sem temor a que lhe sucedesse o mesmo, Evaristo da Veiga condenou-o energicamente e continuou impassível em suas campanhas. Estavam do seu lado a Astréa, a Luz Brasileira, e do lado ministerial, o Diário Fluminense, O Analista, o Courrier du Brésil, o Jornal do Commercio. A federação era moda, havia gente que queria ir até a República. De seu lado não viriam provocações, pois em artigo de 09/12/1829 escreveu:

"Nada de jacobinismos de qualquer cor que ele seja. Nada de excessos. A linha está traçada - é a da Constituição. Tornar prática a Constituição que existe sobre o papel deve ser o esforço dos liberais."

Político

Em 1830, Evaristo da Veiga foi eleito deputado por Minas Gerais, tendo sido reeleito até morrer. Era nome conhecido no Brasil inteiro. Deputado, continuou jornalista e foi sempre livreiro.

Aproximava-se de Bernardo Pereira de Vasconcelos, pela coincidência da posição ideológica. Na nova Câmara abundavam adeptos do liberalismo e para formar a opinião liberal do Brasil ninguém concorrera mais que Evaristo da Veiga, que jamais assinara um artigo sequer, e a Aurora Fluminense, que em 1830 fora aumentada para seis páginas.

Sem nunca ter saído do Rio de Janeiro, recebeu seu mandato de deputado por Minas Gerais, substituindo Raimundo José da Cunha Matos, que optara pela cadeira de Goiás. Em seu mandato tentou pôr as instituições monárquicas a serviço do grande problema brasileiro - a unidade do vasto país. Cumpria cuidar dos interesses mais vitais do povo, fomentar a indústria, sanear zonas quase inabitáveis, difundir a instrução. Batia-se pelo estreitamento das relações com as demais nações americanas, desconfiando das nações europeias. Sempre assíduo, queria que os assuntos fossem discutidos com calma, nas Comissões, longe do tumulto do plenário. Opunha-se às liberalidades à custa do Tesouro: "Devemos desgostar antes aos afilhados do que à nação", dizia. Falava pouco, sem retórica, indo direto ao assunto sem divagações. Tinha qualidades raras como deputado: senso de proporções, espírito objetivo, modéstia patriótica.

Quando, trabalhado por intrigantes, Dom Pedro I demitiu inopinadamente Barbacena da Fazenda, com os desenvolvimentos que se conhecem, os mais otimistas se foram convencendo de que o Brasil nunca seria um país livre com semelhante Imperador. Precisamente nesse clima caiu como um raio a noticia da revolução de julho de 1830 na França, derrubando Carlos X, e recrudesceu a campanha na imprensa em favor das idéias liberais. Surgiu no Rio de Janeiro o jornal O Repúblico, e nenhum teria papel mais ativo para desencadear a crise. Pregava-se abertamente a Federação, querendo mesmo a Nova Luz uma "Federação Democrática".

Evaristo da Veiga combatia-os e ao mesmo tempo os órgãos absolutistas: o Imparcial, o Diário Fluminense, o Moderador, em posição difícil de equidistância. Mas a agitação popular se alastrava. Dom Pedro I, mal aconselhado, resolveu ir a Minas Gerais, onde foi friamente recebido. Diz Octávio Tarquínio de Sousa que "já se apagara da imaginação popular a figura romântica do príncipe que fora o melhor instrumento da Independência".

Evaristo da Veiga enfrentou com destemor os dias de atentados que precederam o Sete de Abril. Foi ele o autor da representação enérgica de 17/03/1831 na Chácara da Flora, propriedade do padre José Custódio Dias, um verdadeiro ultimato ao imperador. Dom Pedro I, que chefiava em Portugal a campanha constitucionalista, se foi do Brasil distanciando de suas atitudes liberais de 1822 e a ele se foram chegando cada vez mais os portugueses aqui residentes, sendo então abandonado pelos próprios elementos moderados da política brasileira. Já estavam conspirando Evaristo da Veiga, Odorico Mendes, Nicolau de Campos Vergueiro, esforçando-se por conseguir a adesão da tropa.

"O dia 6 de abril seria de fato a verdadeira data revolucionária em que se verificaria a insurreição da tropa e do povo no Campo de Santana; a 7 de abril apenas se completaria a vitória liberal com a abdicação do monarca."

Evaristo da Veiga anuiu ao golpe quando se esgotaram as possibilidades de uma solução menos violenta, como ele próprio declarou num discurso em 12/05/1832 na Câmara. Aderiu para evitar a anarquia, o desmembramento, a desunião das províncias. Evaristo da Veiga correu ao Senado para dar forma legal à nova situação por meio da reunião extraordinária que elegeu a Regência Provisória, o Marquês de Caravelas, Nicolau de Campos Vergueiro, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva.

Coube-lhe redigir a proclamação, e o documento, nobre, nacionalizava a independência e pedia não macular a vitória com excessos. Terminava:

"Do dia 7 de abril de 1831 começou a nossa existência nacional; o Brasil será dos brasileiros, e livre!"

Aberta a Câmara a 03 de maio, Evaristo da Veiga foi escolhido para a Comissão de criação da Guarda Nacional, a Força Cidadã, como ele chamava, que teria o importante papel de manter a ordem em todo o período regencial.

Elegeu-se a 17/06/1831 a primeira Regência permanente, sendo escolhidos Francisco de Lima e Silva, Costa Carvalho e João Bráulio Muniz, este representando o Norte. Evaristo da Veiga teve imenso papel na elaboração da lei que a regulou.

A Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional

Ao mesmo tempo, empenhou-se pela criação de um outro instrumento de ordem, de disciplina social, de orientação política, que foi a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, instalada no Rio de Janeiro a 19/05/1831. Inspirava-se em sua congênere paulista e teve por iniciador Antônio Borges da Fonseca, o redator de O Repúblico. Evaristo da Veiga tornou-se seu adepto mais fervoroso e de 1831 a 1835 a Aurora Fluminense, a Tribuna da Câmara e a Sociedade se tornaram seu centro de ação diária.

Foi instrumento de ação dos moderados, e se disse, com algum exagero, que governou o Brasil pelo espaço de quatro anos. Abreu Lima em "História do Brasil" acha que "foi em realidade outro Estado no Estado, porque sua influência era a que predominava no gabinete e nas Câmaras; e sua ação, mais poderosa que a do governo, se estendia por todos os ângulos do Império". O grande elemento de ação da Defensora foram as representações à Câmara, ao governo, publicadas nos jornais do partido moderado desde 01/06/1831.

Evaristo da Veiga vinculou-se também a diversas outras sociedades e agremiações, animando-as, procurando colocá-las sob sua orientação política. Foi um dos fundadores da Sociedade de Instrução Elementar, da Sociedade Amante da Instrução, da Sociedade Filomática do Rio de Janeiro. Sua luta foi incansável, em época propícia aos excessos, pois não era o simplista que acredita no milagre das leis. Joaquim Nabuco dele dirá, em "Um Estadista do Império", que quis exercer no Brasil a ditadura de sua opinião - uma opinião lúcida, desinteressada, de bom senso, serenidade e medida de proporções.

Os Andradas haviam-se logo alistado entre os descontentes, Evaristo da Veiga se tornou alvo de ataques e calúnias. Em julho de 1831 era profunda a divisão dos liberais. Nomeado Feijó para a Justiça, recebeu todo o apoio de Evaristo, na Câmara e pela Aurora Fluminense mas havia grandes embaraços ao governo com a indisciplina militar, a separação entre exaltados e moderados. Evaristo da Veiga era já, por consenso, o chefe do partido moderado. Formigavam apodos: Farroupilhas e jurujubas seriam os exaltados, chimangos ou chapéus redondos os moderados, caramurus os restauradores. Era moço, tinha 32 anos. A Malagueta o achava feio e menoscabava sua profissão de livreiro.

A partir de 1832 os restauradores pareciam mais perigosos do que os exaltados, o Carijó e o Caramuru iniciaram ofensiva contra o governo. Uma grave crise foi a campanha de Feijó para destituir José Bonifácio da tutoria dos filhos do imperador, cujo desfecho se daria com o malogrado golpe de 30/07/1832.

Membro da comissão de resposta à Fala do Trono, Evaristo da Veiga fez um de seus mais longos discursos, quase de improviso, eloquente. Serviu-se também da Aurora Fluminense, enquanto o Carijó obediente a Antônio Carlos o chamava de "sanefa da Pátria, sabugo versicolor da Aurora".

Em julho, a Câmara aprovou a destituição de José Bonifácio de seu posto como tutor, muito comprometido com o facciosismo dos irmãos, mas o Senado não, e Feijó pediu demissão. Os moderados já viam Dom Pedro I de novo sentado no trono. Ficou decidido o golpe de Estado tramado na chácara do padre José Custódio Dias, mas Evaristo da Veiga não teve nenhuma iniciativa, nenhum entusiasmo, não deu seu assentimento nem adesão formal - instava, entretanto, por uma medida salvadora e demonstrou sua solidariedade completa, irrestrita a Feijó. Malogrado o golpe, Feijó e outros ministros saíram do governo e a Regência continuou - o bastão de líder escapou de suas mãos. No novo ministério organizado a 03/08/1832 não havia amigos seus. O Carijó chegou a escrever: "Evaristo está morto".

A Reforma Constitucional e a Eleição de Feijó

A 30/07/1832 a Aurora Fluminense publicou:

"Evaristo é o mesmo homem, deputado livre, jornalista defensor da ordem púbica e homem da classe industriosa, vivendo do seu trabalho. Nunca aspirou nem procurou o poder."

A 13 de setembro, Evaristo exultava com o novo ministério com Vergueiro e Honório Hermeto, e neste tinha Feijó um substituto. Voltavam ao poder os moderados e do malogro do golpe de 30 de julho resultaria a vitória do ideal que o alimentara: houve acordo para reforma constitucional que foi consubstanciada na lei de 12/10/1832. A Câmara cedeu, cedeu o Senado, o Poder Moderador foi mantido, a vitaliciedade do Senado, não prevaleceu o cunho federalista que a Câmara desejava mas o Conselho de Estado foi abolido.

Sofreu um atentado em sua livraria mesmo, a 08/11/1832. Recebeu mais de mil visitantes, desde os regentes, ministros de Estado, senadores, ao povo miúdo. Atentado de um pobre sapateiro a mando de um certo coronel Ornelas, amigo de José Bonifácio. Evaristo da Veiga confessou suspeitar mais do Srº Martim Francisco"cuja alma rancorosa todos conhecem". O certo é que os jornais restauradores, particularmente o Caramuru, tinham seu quinhão de culpa na formação do ambiente de ódios.

Em 1833 recrudesceu a campanha da imprensa, empenhada nas eleições para a legislatura 1834-1837 pois a Câmara tinha poderes para realizar a reforma constitucional. Reapareceram jornais antigos como o Brasileiro, e o Nacional, surgiram novos como o Independente, o Sete de Abril, das simpatias de Bernardo Pereira de Vasconcelos. Mas os moderados já não tinham o prestígio anterior, a campanha caramuru causara impressão - exceto na zona rural. Eram os chamados "eleitores do campo".

Todo o ano 1833 se consumiu na expectativa do retorno do Duque de Bragança. Evaristo da Veiga, convencido de que a trama restauradora era sério perigo, combateu-a, usando a Defensora, e chefiou mesmo a campanha que impediu a volta de Dom Pedro I, sob qualquer título, e clamava pela suspensão de José Bonifácio do lugar de tutor como centro e instrumento dos facciosos. Com sua queda, passou o momento de maior tensão, tudo prometia melhorar.

A 14/06/1833 entrou em discussão o projeto de reforma da Constituição. Discutiu-se inicialmente a quem competia, e a opinião de Evaristo da Veiga - a competência era da Câmara - foi aprovada por enorme maioria. Depois de Bernardo Pereira de Vasconcelos, seu autor, ninguém mais do que Evaristo da Veiga estudou o projeto. Declarou inicialmente que, por seu voto, não se tocaria na Constituição - mas cedia à opinião geral, às aspirações autonomistas das províncias, sem esquecer os interesses superiores da unidade nacional. Foi voto vencido na questão da temporariedade da função de Regente pois a Câmara mostrou-se mais liberal que ele, Limpo de Abreu, Paula Araújo e Vasconcelos, e quase estabeleceu no Brasil uma verdadeira república provisória.

A facilidade com que se votou a reforma tinha explicação no temor à volta de Dom Pedro I. Quando o ex-imperador morreu em 24/09/1834 (a notícia chegou ao Rio de Janeiro em dezembro de 1834), a desagregação dos moderados se processou com rapidez pois nunca houve coesão partidária. Evaristo da Veiga o julgou com serenidade:

"Não foi um príncipe de ordinária medida, existia nele o germe de grandes qualidades, que defeitos lamentáveis e uma viciosa educação sufocaram em parte. (...) Se existimos como corpo de nação livre, se a nossa terra não foi retalhada em pequenas repúblicas inimigas, onde só dominasse a anarquia e o espírito militar, devemo-lo muito à resolução que tomou de ficar entre nós, de soltar o primeiro grito de nossa Independência."

A situação política do Brasil dava sinais de persistência de divisão e indisciplina. No Rio Grande do Sul começara a guerra que ia durar dez anos, havia revolução no Pará. A grande questão era a escolha do Regente único, de acordo com o Ato Adicional. O candidato de Evaristo da Veiga foi Feijó, pois dele não via os defeitos e o que temia era a desordem, a anarquia, que prometia a candidatura Holanda Cavalcanti, tido como arrebatado e frenético. Fez a campanha com as mesmas agruras anteriores, destemido, sereno, até que a 07/04/1835 votaram em todo o Brasil os eleitores, que eram 6 mil, cada um com direito a sufragar dois nomes. Com as dificuldades de comunicação, os resultados chegaram morosamente - feita a apuração final a 9 de outubro, Feijó ficou em primeiro lugar (2.826), Holanda Cavalcanti em segundo (2.251). Com maioria na Câmara, o partido holandês tentaria ainda fazer de Dom Januária regente, mas nada conseguiu.

O Fim da Aurora Fluminense

A eleição de Feijó foi a última demonstração do prestígio de Evaristo da Veiga. Estava afastado de Bernardo Pereira de Vasconcelos, Honório Hermeto e Rodrigues Torres. Era combatido pelos caramurus e ainda teve a amargura de desavir-se com Feijó, regente único - por culpa sua, pensavam todos.

Em 30/12/1835 saiu o último número de seu jornal, com oito anos de existência. Recolhia-se a uma vida que desejava tranquila, com as três filhas e a mulher. Mas não se retirou da vida pública, pois em 1836 compareceu normalmente à Câmara. Depois decidiu fechar por uns tempos sua casa na Rua dos Barbonos, hoje Rua Evaristo da Veiga, e em novembro partiu para Campanha, onde vivia um irmão.

Voltou ao Rio de Janeiro em 02/05/1837. Visitou Feijó, foi para cama, presa de violenta febre perniciosa, como diagnosticaram os médicos. Evaristo da Veiga morreu a 12/05/1837, repentinamente, aos 37 anos.

Apreciação

Evaristo da Veiga contribuiu decisivamente para a defesa das instituições públicas, além de trabalhar para o desenvolvimento intelectual e artístico, estimulando jovens escritores.

Segundo Octávio Tarquínio de Sousa:

"Sua influência nos acontecimentos políticos se fez sentir desde o aparecimento da Aurora Fluminense e ninguém mais do que ele concorreu para criar o ambiente liberal que caracterizaria os primeiros anos da Regência. (...) Evaristo não fez mais do que conformar-se com a revolução, aceitá-la como uma fatalidade."

Caixeiro sem ancestrais ilustres, gordo e deselegante, sem a ajuda de poderosos, sem dons de sedução, que nunca esteve em qualquer universidade, sem deixar o Rio de Janeiro, sem mencionar seu nome do jornal que escrevia, foi eleito e reeleito deputado, assumindo papel de guia e conselheiro, sem improvisação, sem imposturas.

Foi jornalista, deputado, político, orientando a opinião do país porque tinha um espírito sério, probidade moral, sinceridade e, sobretudo, uma inteligência lúcida, desapego aos altos cargos, um grande desejo de servir e de ser útil.

Acadêmico

Membro do Instituto Histórico de França e da Arcádia de Roma. Patrono da cadeira nº 10 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de seu fundador, Ruy Barbosa.

Maçom

Foi iniciado na Maçonaria em 01/06/1832 na Loja Esperança de Nictheroy n° 0003 no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Carlos Castello Branco

CARLOS CASTELLO BRANCO
(72 anos)
Jornalista, Contista e Romancista

☼ Teresina, PI (15/06/1920)
┼ Rio de Janeiro, RJ (01/06/1993)

Carlos Castelo Branco foi um jornalista e escritor brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Piauiense de Letras. A coluna que manteve por décadas no Jornal do Brasil é um marco do jornalismo político. Seu acervo encontra-se no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Ruy Barbosa.

Era filho do desembargador Christino Castello Branco e de Dulcilla Santana Branco. Formou-se em Direito pela Universidade de Minas Gerais, em 1943.

Jornalista desde 1939, trabalhou na cadeia dos Diários Associados, passando por diversos cargos de chefia e fixando-se como repórter político, a partir de 1949, inicialmente no O Jornal, depois no Diário Carioca e na revista O Cruzeiro.

Vocação literária intermitente e absorvida pelo jornalismo, Carlos Castelo Branco foi parte da "geração mineira de 1945", ao lado de Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, tendo publicado, em 1952, o livro "Continhos Brasileiros".

Único contista piauiense citado por Herman Lima no seu livro "Variações Sobre o Conto", a carreira puramente literária de Carlos Castello Branco interrompeu-se com o romance "Arco de Triunfo", publicado em 1959, para dar lugar a uma das mais fulgurantes carreiras do jornalismo brasileiro.


A atividade jornalística de Carlos Castello Branco seria interrompida brevemente em 1961, quando assumiu o cargo de Secretário de Imprensa do presidente Jânio Quadros. A proximidade com Jânio Quadros possibilitou-lhe recolher dados e circunstâncias que ninguém mais seria capaz de alinhar com tanta percuciência e segurança, e que ele iria relatar no seu livro póstumo "A Renúncia de Jânio" (1996). Ele próprio condicionou a publicação do depoimento a um prazo além de sua morte, porque não queria ninguém apontando-lhe reservas e omissões, ou até incapacidade em explicar a renúncia do presidente Jânio Quadros. Se houvesse por acaso alguma explicação objetiva, o notável jornalista que foi Carlos Castello Branco certamente decifraria as motivações desse ato.

Voltou ao jornalismo em 1962, como chefe da sucursal do Jornal do Brasil em Brasília, cargo que exerceu até 1972, e como colunista político, que foi até o fim da vida, na sua Coluna do Castello.

Reunindo suas colunas, publicou uma série de livros sobre "os fatos que precederam e sucederam o Movimento de março de 1964": os dois volumes de "Introdução à Revolução de 1964" e os quatro volumes de "Os Militares no Poder", que teriam seu seguimento, conforme disse o autor, "na medida da persistência do interesse público por um depoimento que, à margem da história, procura dar apenas uma visão parcial e contemporânea de situações complexas, repetitivas, monótonas, mas apaixonantes".

A Coluna de Castello representou, por unânime consenso, a peça mais importante do jornalismo político brasileiro. Sua leitura, todos os dias, constituía uma obrigação fundamental de todas as pessoas com qualquer dose de interesse, direto ou indireto, na vida pública do país.


A história de Carlos Castello Branco confunde-se com a história da redemocratização brasileira. Desde a queda da ditadura Vargas, Castelinho como todos os jornalistas o chamavam, passou a viver e a respirar com as instituições políticas. Pode-se dizer mesmo que passou a fazer parte delas: quando a liberdade floresce, Carlos Castello Branco se torna uma das personalidades importantes da República. Nas épocas de regressão, está sempre na primeira lista dos encarcerados. Não que ele fosse subversivo, perigoso. Ao contrário, era conservador e pacato. Mas seus escritos tinham a virtude de incomodar os poderosos que, a pretexto de salvar a pátria, escravizam seus concidadãos.

Além da aptidão jornalística de testemunhar, registrar e reter na memória, Carlos Castello Branco era uma estrela de primeira grandeza na profissão de interpretar os fatos políticos.

Jornalista dos mais conhecidos e respeitados, foi eleito, em 1976, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, cargo que exerceu até 1981.

Em 24/10/1978, foi homenageado nos Estados Unidos com o Prêmio Maria Moors Cabot, pela Universidade de Columbia, New York, destinado aos jornalistas notáveis das Américas. Recebeu também o Prêmio Mergenthaler, de liberdade de imprensa, o Prêmio Nereu Ramos de jornalismo, dado pela Universidade de Santa Catarina, e o Prêmio Almirante, na área de jornalismo.

Carlos Castello Branco era membro da Academia Piauiense de Letras e do Pen Clube do Brasil.

Na Academia Brasileira de Letras foi eleito em 04/11/1982 para a Cadeira nº 34, na sucessão de R. Magalhães Júnior, onde foi recebido em 25/05/1983, pelo acadêmico José Sarney.

Obras
  • 1952 - Continhos Brasileiros
  • 1959 - Arco de Triunfo (Romance)
  • 1975 - Introdução à Revolução de 1964, 2 Volumes
  • 1977 - Os Militares no Poder, Volume 1
  • 1978 - Os Militares no Poder, Volume 2
  • 1980 - Os Militares no Poder, Volume 3
  • 1981 - Os Militares no Poder, Volume 4
  • 1994 - Retratos e Fatos da História Recente
  • 1996 - A renúncia de Jânio
  • 1996 - Retratos e Fatos da História Recente

Fonte: O Nordeste

Cidinho Bola Nossa

ALCEBÍADES DE MAGALHÃES DIAS
(94 anos)
Jornalista, Funcionário Público e Árbitro de Futebol

☼ Urucânia, MG (11/04/1913)
┼ Belo Horizonte, MG (01/06/2007)

Natural de Ponte Nova, MG, jornalista e funcionário público, Cidinho Bola Nossa foi árbitro da Federação Mineira de Futebol entre os anos de 1940 e 1960. Cidinho só soube fazer uma coisa na vida melhor que apitar: Torcer para o Atlético Mineiro. Como as duas coisas são aparentemente incompatíveis, ser juiz e torcer de forma absolutamente escancarada por um time, Cidinho aprontou coisas do arco da velha nas quatro linhas, e tudo em nome da paixão. A história mais famosa de Cidinho aconteceu durante um jogo entre o Atlético Mineiro e o Botafogo, em 1949, quando Cidinho ganhou seu apelido:

Durante o jogo entre Atlético x Botafogo, na inauguração do estádio do Cruzeiro-MG em 1949. Numa bola lateral disputada entre Afonso (Atlético-MG) e Santo Cristo (Botafogo-RJ), ele foi questionado pelo jogador mineiro sobre de quem era a bola e, num ato falho, gritou: "É nossa, Afonso. A bola é nossa!"

Passou a ser conhecido como Cidinho Bola Nossa e adorou a deferência.

Em outra ocasião jogavam os extintos Sete de Setembro e Asas. Como o Atlético Mineiro enfrentaria três dias depois o vencedor do prélio, Cidinho encontrou uma ótima maneira de cansar o futuro adversário do Galo: Deu três horas e dez minutos de bola rolando. Isso mesmo, Cidinho Bola Nossa deu inacreditáveis 100 minutos de acréscimos, recorde mundial, e pra todo sempre imbatível, em uma partida de futebol.

O próprio Cidinho gostava de relatar como foi sua estréia no apito, com o objetivo admitido de ser parcial. Jogavam, em 1945, Atlético Mineiro e América. Jogo decisivo para o certame. Aos 40 segundos do primeiro tempo, em uma falta simples, Cidinho expulsou Fernandinho, ponteiro do América. Foi aplaudido pela torcida do Atlético Mineiro e declarou se sentir realizado.

Cidinho Bola Nossa, ao centro, sorteia a moeda.
Cidinho saiu corrido de estádios e quase morreu dezenas de vezes. Ameaças de linchamento foram pelo menos quinze. Em uma delas, em um jogo do Atlético Mineiro contra o Metalusina, em Barão de Cocais, marcou um pênalti aos 41 minutos do segundo tempo para o Atlético Mineiro em uma falta ocorrida na intermediária, uns dez metros antes da meia lua. No momento em que o jogador do Atlético Mineiro caiu, Cidinho deu a clássica corrida apontando a marca do pênalti, com tremenda autoridade e pose de vestal. Cercado pelos jogadores do Metalusina, declarou apenas:

"Penalidade máxima. Pênalti claro, a falta foi pelo menos meio metro dentro da área. Quem reclamar vai pro chuveiro mais cedo!"

Mais uma vez ameaçado de morte, ficou quase três horas protegido pela polícia no meio de campo e só conseguiu sair da cidade vestido de cigana, com argolas nas orelhas, leque, saia rodada e o escambau. Em duas outras ocasiões foi salvo da morte pelo Corpo de Bombeiros.

Existem vários casos sobre fugas espetaculares de estádio protagonizadas por Cidinho Bola Nossa. Certa vez, ele pulou o muro e caiu num córrego raso. Bateu a cabeça no fundo e acordou no hospital. Em outra ocasião, teve de se esconder num cemitério próximo ao campo. Ele, no entanto, nega que tenha se vestido de padre para escapar da ira de uma torcida revoltada com sua arbitragem.

Apesar de ter assumido o apelido, Cidinho tinha outra versão para o fato. Segundo ele, a versão maldosa teria sido espalhada por um repórter à beira do campo. Na verdade, ele teria respondido apenas que a bola era do Atlético.

Cidinho Bola Nossa morreu no dia 01/06/2007, aos 93 anos, vítima de um câncer de próstata. Confessou certa vez uma única e grande frustração em sua vida: Achava que merecia um busto na sede do Atlético Mineiro, por serviços prestados ao clube. Legou ao futebol pelo menos uma sentença exemplar:

"Nunca fui desonesto. Acontece que sou passional e não consigo ver a massa sofrendo. Jamais traí o povo!"

Café Filho

JOÃO AUGUSTO FERNANDES CAMPOS CAFÉ FILHO
(71 anos)
Advogado, Jornalista, Político e Presidente do Brasil

☼ Natal, RN (03/02/1899)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/02/1970)

João Augusto Fernandes Campos Café Filho foi um advogado e político brasileiro, sendo presidente do Brasil entre 24/08/1954 e 08/11/1955, quando foi deposto. Foi o único potiguar e o primeiro protestante a ocupar a presidência da República do Brasil.

Café Filho nasceu em Natal, RN no dia 03/02/1899, filho de João Fernandes Campos Café e de Florência Amélia Campos Café. Mudou-se para Recife em 1917, passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de Ciências Jurídicas e Comerciais. Retornou a Natal sem concluir seus estudos superiores mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça, obtendo êxito.

A atividade regular de Café Filho no campo do jornalismo começou em 1921, quando fundou o Jornal do Norte, impresso nas oficinas de A Opinião, órgão oposicionista. Disputou, sem êxito, uma cadeira de vereador em Natal no ano de 1923. Mudou-se para Recife em 1925, tornando-se diretor do jornal A Noite, onde passou a escrever reportagens e propaganda política. Viajou para a Bahia e, durante o ano de 1927, viveu nas cidades de Campo Formoso e ltabuna.

Mudou-se para o Rio de Janeiro no início de 1929, tornando-se redator do jornal A Manhã. Durante a Revolução de 1930 Café Filho transferiu-se para o Rio Grande do Norte, onde foi nomeado chefe de polícia.

Fundou em abril de 1933 o Partido Social Nacionalista (PSN) do Rio Grande do Norte, organizado para concorrer às eleições de maio seguinte para a Assembléia Nacional Constituinte. Afastado da chefia de polícia, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como inspetor no Ministério do Trabalho até julho de 1934.

GetulioVargas e Café Filho
Com o fim dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte e a fixação da data de 14 de outubro para a realização de eleições para a Câmara Federal e as assembleias constituintes estaduais, Café Filho retornou ao Rio Grande do Norte e foi eleito deputado federal para a legislatura iniciada em 03/05/1935.

Com o desgaste do Estado Novo, Getúlio Vargas adotou no início desse ano uma estratégia reformista que visava garantir para o próprio governo o controle da transição em curso na política nacional. Decidido a concorrer ao parlamento em dezembro, Café Filho viajou para o Rio Grande do Norte a fim de reagrupar seus antigos correligionários em uma nova agremiação.

Suspeito de realizar manobras continuístas, Getúlio Vargas foi deposto por um golpe militar em 29/10/1945. José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), assumiu temporariamente a chefia do governo e as eleições de 2 de dezembro foram mantidas, resultando na vitória de Eurico Gaspar Dutra. O Partido Republicano Progressista (PRP) teve um desempenho muito fraco, elegendo apenas Café Filho e Romeu dos Santos Vergal para a Assembléia Nacional Constituinte, que se reuniria a partir de 05/02/1946.

Quando Getúlio Vargas foi reeleito em outubro de 1950, Café Filho obteve a vice-presidência. Além disso, também foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte.

Em 22/08/1954 um grupo de oficiais da Aeronáutica liderados pelo brigadeiro Eduardo Gomes, lançou um manifesto, assinado também por oficiais do Exército, exigindo a renúncia do presidente que, mesmo assim, manteve sua posição de permanecer no cargo. No dia seguinte Café Filho discursou no Senado comunicando a negativa de Getúlio Vargas em aceitar a renúncia conjunta, e seu pronunciamento foi considerado um rompimento público com o presidente.

Café Filho visita Portugal em 1955 e é recebido pelo Presidente luso António Oliveira Salazar
A situação se agravou com a divulgação, no dia 23/08/1954, de um manifesto assinado por 27 generais exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. Na madrugada seguinte, Café Filho deixou clara sua disposição de assumir a presidência, ao mesmo tempo que Getúlio Vargas comunicava a seu ministério a decisão de licenciar-se.

Procurado por jornalistas e líderes políticos, Café Filho mostrou-se disposto a organizar um governo de coalizão nacional caso o presidente se afastasse em caráter definitivo. Nas primeiras horas do dia 24/08/1954, depois de receber um ultimato dos militares para que renunciasse, Getúlio Vargas suicidou-se. A grande mobilização popular então ocorrida desarmou a ofensiva golpista e inviabilizou a intervenção militar direta no governo, garantindo a posse de Café Filho no mesmo dia.

Procurando diminuir o impacto produzido pela divulgação da Carta Testamento de Vargas, Café Filho emitiu logo sua primeira nota oficial, afirmando seu compromisso com a proteção dos humildes, "preocupação máxima do presidente Getúlio Vargas".

No início de 1955 recebeu do ministro da Marinha um documento sigiloso assinado pelos ministros militares e por destacados oficiais das três armas, defendendo que a sucessão presidencial fosse tratada "em um nível de colaboração interpartidária" que resultasse em um candidato único, civil e apoiado pelas forças armadas.

Tratava-se, indiretamente, de uma crítica à candidatura de Juscelino Kubitschek. O presidente apoiou o teor do documento e, diante dos comentários da imprensa sobre sua existência, obteve a aprovação dos signatários para divulgá-lo na íntegra pelo programa veiculado em cadeia radiofônica nacional "A Voz do Brasil". Apesar dessa demonstração da oposição militar à sua candidatura, Juscelino Kubitschek prosseguiu em campanha e seu nome foi homologado pela convenção nacional do Partido Social Democrático (PSD) em 10/02/1955.

Juscelino Kubitschek foi eleito e, com a divulgação dos resultados oficiais do pleito, a União Democrática Nacional (UDN) deflagrou uma campanha contra a posse dos candidatos eleitos, voltando a sustentar a tese da necessidade de maioria absoluta. Os setores mais extremados do partido, liderados por Carlos Lacerda, intensificaram sua pregação favorável à deflagração de um golpe militar. Entretanto, Café Filho e o general Henrique Teixeira Lott reafirmaram seu compromisso com a legalidade.

Café Filho, Getulio Vargas e Bento Munhoz da Rocha
Na manhã do dia 03/11/1955 Café Filho foi internado no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, acometido de um distúrbio cardiovascular que forçou seu afastamento das atividades políticas. No decorrer do dia 11/11/1955 o Congresso Nacional, reunido em sessão extraordinária, aprovou o impedimento de Carlos Luz para assumir o cargo, empossando Nereu Ramos, vice-presidente do Senado em exercício, na presidência da República.

No dia 13/11/1955, Nereu Ramos visitou Café Filho no hospital, afirmando que permaneceria no governo apenas até sua recuperação. Entretanto, Henrique Teixeira Lott e outros generais decidiram vetar o retorno do presidente por considerá-lo suspeito de envolvimento na conspiração contra a posse dos candidatos eleitos. Mesmo assim, no dia 21/11/1955 Café Filho enviou a Nereu Ramos e aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) uma declaração de que pretendia reassumir imediatamente seu cargo, o que provocou nova movimentação de tropas fiéis a Henrique Teixeira Lott em direção ao Palácio do Catete e a outros pontos da capital. Café Filho dirigiu-se então à sua residência, também cercada por forte aparato militar, que incluía grande número de veículos blindados.

Na madrugada de 22/11/1955, o Congresso aprovou o impedimento de Café Filho, confirmando Nereu Ramos como presidente até a posse de Juscelino Kubitschek em janeiro seguinte. Em 14/12/1955 essa decisão foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que recusou o mandado de segurança impetrado por Prado Kelly em favor da posse de Café Filho.

Afastado da presidência, trabalhou entre 1957 e 1959 em uma empresa imobiliária no Rio de Janeiro.

Em 1961, foi nomeado pelo governador Carlos Lacerda ministro do Tribunal de Contas do Estado da Guanabara, onde permaneceu até aposentar-se em 1969.

Café Filho casou-se com Jandira Fernandes de Oliveira Café, com quem teve um filho.

Café Filho faleceu no Rio de Janeiro no dia 20/02/1970.

José Domingos Raffaelli

JOSÉ DOMINGOS RAFFAELLI
(77 anos)
Jornalista, Crítico Musical, Escritor, Radialista e Produtor

☼ Rio de Janeiro, RJ (15/10/1936)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/04/2014)

José Domingos Raffaelli trabalhou para as seguintes publicações:

Jornais
  • 1954 - Le Matin (Antuérpia, Bélgica)
  • 1972-1987 - Jornal do Brasil (Rio de Janeiro)
  • 1973-1976 - Estado do Paraná (Curitiba)
  • 1976-1981 - Diário do Paraná (Curitiba)
  • 1987-2002 - O Globo (Rio de Janeiro)
  • 2002-2003 - O Tempo (Belo Horizonte)
  • 2005 - Jornal das Gravadoras (Rio de Janeiro)
Revistas:
  • 1949-1950 - Quinta Avenida (São Paulo)
  • 1976-1981 - Quem (Curitiba)
  • 1979-1989 - Somtrês (São Paulo)
  • 1980 - Musical Meeting (Rio de Janeiro)
  • 1986-1989 - Senhor (Rio de Janeiro)
  • 1993-1996 - Ele & Ela (Rio de Janeiro)
  • 1993-1997 - Qualis (São Paulo)
  • 2002 - International Magazine (Rio de Janeiro - A partir de 2002)

Atuou como correspondente brasileiro das seguintes revistas estrangeiras:

  • 1980-1993 - Jazz Journal (Inglaterra)
  • 1984-1990 - Jazz Hot (França)
  • 1986-1992 - Jazz Forum (Polônia)
  • 1989-1996 - Billboard (Estados Unidos)
  • 1995-1999 - Jazz Life (Japão)
  • 1996-1998 - Cadence International (Estados Unidos)
  • 1998-2000 - JazzIt (Itália)

Assinou cerca de 800 textos para contracapas e releases de discos de jazz e música brasileira para Cia. Brasileira de Discos, Mocambo, Sinter, Philips, Phonogram, PolyGram, Imagem, RCA Victor, Odeon, EMI, Inner City, Milestone, Empathy, Visom, Leblon, Malandro Records, DeckDisc e Delira Música, além de discos independentes.

Na televisão, trabalhou na TV-Educativa (1987), como apresentador do concerto de Oscar Peterson no Teatro Cultura Artística, São Paulo, TV-Manchete (1990-1994), como redator do programa "Free Jazz In Concert", Globo News (2005), como entrevistado no programa de 40 anos da morte do cantor Nat King Cole.

No Rádio, atuou como produtor e apresentador dos programas "Jazz em Desfile" (1956-1957 / Rádio Mayrink Veiga), "Arte Final: Jazz" (1985-1987 / Rádio Jornal do Brasil AM-Estéreo), "Jazz na Imprensa" (1988-1991 / Rádio Imprensa FM), "Jazz na Eldorado" (1991 / Rádio Eldorado AM), "Jazz na CBN" (1991-1993 / Rádio CBN), "O Mundo do Jazz" (1992-1994 / Rádio MEC FM e AM), "Brasil Instrumental" (1993-1994 / Rádio MEC AM) e "O Mundo do Jazz" (1997 / Rádio MEC FM e AM), e como produtor do programa "Domingo Sem Futebol" (1980-1983 / Rádio Guaira, Curitiba).

Foi responsável pela produção dos seguintes eventos:

  • 1979-1980 - "Música Instrumental na Universidade Candido Mendes"
  • 1995-2000 - "Sextas de Jazz" (Hotel Novo Mundo)
  • 2002 - "Chivas Jazz Festival"
  • 2003 - "Chivas Jazz Festival"
  • 2004 - "Chivas Jazz Festival"
  • 2003-2004 - "Chivas Jazz Lounge" (Restaurante Epitácio e Mistura Fina)

Produziu concertos de Dôdo Ferreira (2003), Osmar Milito Trio (2003), Brazilian Jazz Trio - Hélio Alves, Nilson Matta e Duduka da Fonseca (2004) e Quinteto Victor Assis Brasil (2004).

Ao longo de sua trajetória profissional, proferiu inúmeras palestras sobre jazz e música popular brasileira.

Publicou os seguintes livros:

  • 1978 - "Miles Davis, Vida e Obra"
  • 1991 - "CD Clássicos & Jazz" Co-autor da seção de jazz em parceria com Zuza Homem de Mello e Alberico Cilento
  • 2000 - "Guia de Jazz em CD" Em parceria com Luiz Orlando Carneiro

José Domingos Raffaelli foi um dos fundadores e dirigiu o Rio de Janeiro Jazz Clube (1951), o Clube Amigos do Jazz (1952) e a Sociedade Brasileira de Jazz (1980). Foi diretor honorário do Clube de Jazz e Bossa (1965).

Atuou como colaborador da discografia "Jazz Records" (1942-1980), de Erik Raben (Dinamarca), da "Modern Jazz Discography" (1981-1985), de Walter Bruyninckz (Bélgica), e da discografia de Bill Evans (1982), de Karl Emil Knudsen (Dinamarca).

Fez parte do júri do III Festival de Música Brasileira (1985 - Cascavel, PR) e de cinco edições do Prêmio BDMG-Instrumental (2001-2005, Belo Horizonte).

Recebeu as seguintes premiações:
  • 1989 - Distinción Jazzologia "Por Su Valiosa Contribuición al Jazz", outorgada pelo Centro Cultural San Martin (Buenos Aires)
  • 1999 - Troféu "In Recognition Of Outstanding Service And Dedication To Jazz", outorgado pela International Association Of Jazz Educators (IAJE)

Assinou o texto introdutório do catálogo "Clube de Jazz e Bossa", editado, em 2004, pelo Instituto Cultural Cravo Albin. A coletânea incluiu mais cinco catálogos temáticos e veio acompanhada por um CD remissivo aos temas abordados.

Morte

José Domingos Raffaelli morreu no sábado, 26/04/2014, aos 77 anos. Ele lutava contra um tumor na coluna e estava internado no Hospital Souza Aguiar. Foi enterrado no domingo, 27/04/2014, às 16:66 hs, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Em abril deste de 2014, seu filho Flávio fez um post no Facebook avisando a amigos que a doença já estava em metástase.