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Artur da Távola

PAULO ALBERTO MORETZSOHN MONTEIRO DE BARROS
(72 anos)
Advogado, Jornalista, Radialista, Escritor, Professor e Político

☼ Rio de Janeiro, RJ (03/01/1936)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/05/2008)

Artur da Távola, o pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros, foi um advogado, jornalista, radialista, escritor, professor e político brasileiro. Foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Era apresentador de um programa de música erudita na TV Senado.

Iniciou sua vida política em 1960, no Partido Trabalhista Nacional (PTN), pelo estado da Guanabara. Dois anos depois, elegeu-se deputado constituinte pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Cassado pela ditadura militar, viveu na Bolívia e no Chile entre 1964 e 1968.

Tornou-se um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o líder da bancada tucana na assembléia constituinte de 1988, quando defendeu alterações nas concessões de emissoras de televisão para permitir que fossem criados canais vinculados à sociedade civil. No mesmo ano, concorreu, sem sucesso, à prefeitura do Rio de Janeiro. Posteriormente, foi presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) entre 1995 e 1997. Exerceu mandatos de deputado federal de 1987 a 1995 e senador de 1995 a 2003. Em 2001, foi por nove meses Secretário da Cultura na cidade do Rio de Janeiro.

Como jornalista, atuou como redator e editor em diversas revistas, notavelmente na Bloch Editores e foi colunista de televisão nos jornais Última Hora, O Globo e O Dia, sendo também diretor da Rádio Roquette Pinto. Publicou ao todo 23 livros de contos e crônicas.

Artur da Távola apresentava o programa "Quem Tem Medo de Música Clássica?", na TV Senado onde demonstrava sua profunda paixão e conhecimento por música clássica e erudita. No encerramento de cada programa, ele marcou seus telespectadores com uma de suas mais célebres frases:

"Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão!"

Seu compositor preferido era Vivaldi, a quem dedicou quatro programas especiais apresentando "Le Quattro Stagioni" em sua versão completa e executada pela Orquestra Filarmônica de Berlim. Também exibiu com exclusividade execuções da Orquestra Sinfônica Brasileira no Festival de Gramado nos anos de 2003 a 2007. Foi apresentador de um programa sobre música na Rádio MEC.

Morte

Artur da Távola morreu na tarde de sexta-feira, 09/05/2008, no Rio de Janeiro. A causa da morte, de acordo com a assessoria, foi um problema no coração. Ele já havia sido internado no hospital em 2007 para a colocação de marcapasso.

O corpo de Artur da Távola foi velado às 9:00 hs de sábado, 10/05/2008 na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O enterro ocorreu às 16:00 hs no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Trabalhos Publicados

  • 1977 - Mevitevendo
  • 1978 - Alguém Que Já Não Fui
  • 1980 - Cada Um No Meu Lugar
  • 1981 - Ser Jovem
  • 1981 - Leilão do Mim
  • 1983 - Do Amor, da Vida e da Morte
  • 1983 - Do Amor, Ensaio de Enigma
  • 1984 - A Liberdade do Ver (Televisão em Leitura Crítica)
  • 1984 - O Ator
  • 1984 - Amor A Sim Mesmo
  • 1985 - Comunicação é Mito
  • 1986 - Calentura
  • 1988 - Maurice Ravel, Um Feiticeiro Sem Deus (Livro)
  • 1991 - Vozes do Rio (Opúsculo)
  • 1993 - Orestes Barbosa (Opúsculo)
  • 1994 - Arte de Ser
  • 1995 - Notícia, Hiper-Realismo e Ética (Opúsculo)
  • 1996 - A Telenovela Brasileira
  • 1996 - Diário Doido Tempo
  • 1996 - Raul de Leôni (Opúsculo)
  • 1996 - Sem Organização Partidária Não há Democracia (Opúsculo)
  • 1996 - Olimpíadas de 2004 (Opúsculo)
  • 1996 - Flamengo, 100 Anos de Paixão (Opúsculo)
  • 1997 - O Viço da Leitura (Opúsculo)
  • 1997 - Monteiro Lobato: O Imaginário (Opúsculo)
  • 1997 - Rio: Um Olhar de Amor
  • 1997 - Centenário da Morte de Brahms (Opúsculo)
  • 1997 - Cem Anos Sem Carlos Gomes (Opúsculo)
  • 1998 - 40 Anos de Bossa Nova
  • 1998 - A Cruz e Sousa em Seu Centenário (Opúsculo)
  • 1998 Mulher (Opúsculo)
  • 1998 - O Drama da Sexualidade Precoce (Opúsculo)
  • 1999 - Liberdade de Ser
  • 1999 - Rui Barbosa, A Vitória das Derrotas (Opúsculo)
  • 1999 - Ataulfo Alves 90 anos (Opúsculo)
  • 1999 - TITO MADI - O Acento Árabe do Canto no Brasil (Opúsculo)
  • 1999 - Trinta Anos Sem Jacob (Opúsculo)
  • 1999 - Nara Leão, o Canto da Resistência (Opúsculo)
  • 1999 - CPIs "Para Não Acabar Em Pizza" (Opúsculo)
  • 2000 - Em Flagrante
  • S/D - Publicação Não Disponível Para o Comércio
  • S/D - Poema Para Palavra


Fonte: Wikipédia

Capitão Furtado

ARIOWALDO PIRES
(72 anos)
Cantor, Compositor e Radialista

* Tietê, SP (31/08/1907)
+ São Paulo, SP (10/11/1979)

Ariowaldo Pires, mais conhecido como Capitão Furtado, foi um compositor e cantor brasileiro. Era sobrinho do músico e cineasta Cornélio Pires, o pioneiro nas gravações de discos caipiras. Seu pai possuía um sítio e uma olaria.

Ainda criança mudou-se para Botucatu, SP. Em 1926, resolveu mudar-se para São Paulo. Em 1927, conseguiu emprego como auxiliar de escritório na empresa Henrique Metzger.

Em 1929, participou da inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul encenando um quadro caipira, em substituição ao ator Sebastião Arruda, que não compareceu. Compôs com Marcello Tupinambá a toada "Coração", que marcou sua estréia como letrista. Assumiu durante algum tempo o papel de caipira no programa "Cascatinha do Genaro", na Rádio Cruzeiro do Sul.

Na mesma rádio, criou, juntamente com o cantor e radioator Celso Guimarães, o primeiro programa de calouros a utilizar este título. Em 1931, trabalhou como assistente de produção no filme "Coisas Nossas", de Wallace Downey. Em 1934, passou a apresentar o programa "Cascatinha do Genaro" na Rádio São Paulo, PRA-5.

A Rádio Cruzeiro fez proposta para tê-lo de volta em sua programação, mas retornou atrás logo em seguida. Frustrado com o cancelamento do contrato, resolveu adotar o nome artístico de Capitão Furtado.

Ariowaldo Filho, Ana Marilda , Marilda, Ariowaldo Pires e Dona Carmem (Mãe de Marilda)
No ano de 1935, atuou como coordenador artístico do filme "Fazendo Fita". Em 1936, participou do I Concurso de Músicas Carnavalescas, organizado pela Comissão de Divertimentos Públicos da Prefeitura de São Paulo. O concurso contava com a participação de Ary Barroso, que era dado como virtual vencedor. Para a surpresa de todos, a composição vencedora foi "Mulatinha da Caserna", de sua autoria e Martinez Grau. "Mulatinha da Caserna" foi gravada pela RCA Victor em janeiro de 1936 com interpretação de Januário de Oliveira e Arnaldo Pescuma, e acompanhamento dos Diabos do Céu e Pixinguinha.

No mesmo ano, iniciou frutífera parceria com Alvarenga & Ranchinho, que gravaram "Itália e Abissínia". Ainda em 1936, começou a trabalhar na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, juntamente com Alvarenga & Ranchinho, formando a Trinca do Bom Humor. Gravaram uma série de composições: "Meu Coração", "Futebol", "Repartindo Um Boi" e "A Baixa do Café".

Em 1937, gravou em dueto com a atriz Jurema Magalhães o diálogo de Campos Negreiros intitulado "Adoração". Na Rádio Tupi, criou o programa "Repouso", espécie de "retiro interiorano". Nesse programa ele recebia uma série de convidados, como Carlos Galhardo, Benedito LacerdaAlvarenga & Ranchinho, entre outros.

Suas gravações na Odeon alcançam enorme sucesso e passou a ser conhecido como "O Maior Caipira Humorista do Brasil". Ainda em 1937, gravou sozinho ou em companhia de outros artistas vários trabalhos satíricos em linguajar caipira: "Caipira em Hollywood", "Descobrimento da América", "Em Redor do Mundo", "Modos de Cumprimentar" e "Psicologia dos Nomes". Em de 1937, lançou o livro "Lá Vem Mentira", que alcançou enorme sucesso.

Em 1939, deixou a Rádio Tupi, passando a trabalhar na Rádio Nacional. Ficou pouco tempo na nova estação em virtude do curto espaço que lhe foi dado para apresentar o programa "Poemas Sertanejos", difundido em horário de pequena audiência. Naquele mesmo ano, estreou no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, "O Tesouro do Sultão", de sua autoria, e música de Radamés Gnattali, com a Companhia Jardel Jércolis. Na peça estavam presentes diversos gêneros musicais: danças russas, bailados orientais, rumba, batucada, samba, marcha carnavalesca e canção caipira. Foi um enorme sucesso, tendo sido apresentada ainda em São Paulo, Recife, Argentina e Uruguai.

No fim de 1939, retornou a São Paulo, onde na Rádio Difusora criou o programa "Arraial da Curva Torta", que revelou diversas duplas caipiras, sendo Tonico & Tinoco a principal.

Em 1940, Orlando Silva gravou pela RCA Victor a valsa "E o Vento Levou...", segunda incursão de Ariowaldo Pires em gênero não caipira.

Em 1941, compôs com o compositor mexicano Luiz Alvarez "Caray Con El Amor" e "El Vacilón", ambas gravados por Luiz Alvarez.


Em 1943, fez "Sou Um Tropeiro", versão para "El Bandolero", de Jesus Ramos, primeira de uma série. Seguiram-se, entre outras, as versões da italiana "Tesoro Mio" ("Tesouro Meu"), da americana "Oh, Susana" e da alemã "Lili Marlene".

Em junho de 1948, apresentou-se com a mulher no Circo Piolim na peça "Sertão em Flor", e no final do ano mudou-se para Salvador, BA, onde passou a dirigir a Rádio Excelsior local.

Em 1949, retornou a São Paulo indo trabalhar na Rádio Cultura onde por dois anos e meio produziu programas caipiras. Deixou a Rádio Cultura em 1952, passando para a Rádio Difusora, onde permaneceu até 1956. Neste mesmo ano, colocou letra em "Moonlight Serenade", de Glenn Miller, gravada na RCA Victor com o título de "Serenata ao Luar". Foi contratado pela São Paulo Alpargatas para supervisionar todos os programas sertanejos patrocinados pela empresa no Brasil.

Em 1960, compôs com Henrique Simonetti o hino oficial de Brasília, "Brasília, Capital da Esperança", gravado pelo trio vocal feminino Titulares do Ritmo, na RGE

De 1963 a 1966, transferiu-se para a Rádio Bandeirantes. Percorreu o Brasil com a "Roda de Violeiros" que promoveu verdadeiro campeonato de violeiros, revelando inúmeros nomes.

A partir de 1967, já aposentado, continuou a trabalhar como coordenador de música, em geral, e caipira, em particular, da Editora Fermata do Brasil

Em 1977, foi coordenador da área de música regional da primeira edição da Enciclopédia de Música Brasileira.

Em 1979, recebeu o Troféu Chantecler pelos 50 anos de carreira.

Capitão Furtado faleceu em 10/11/1979 vítima de uma parada cardíaca na UTI do Hospital Presidente, em São Paulo, aos 72 anos.

Em 1986, foi homenageado com o LP "Ao Capitão Furtado - Marvada Viola", com Rolando Boldrin, Sivuca, Roberto Corrêa e outros, lançado pela Funarte.

Capitão Furtado era um letrista versátil e de fácil comunicação popular.

Em 1993, Rolando Boldrin gravou sua "Moda dos Meses", parceria com Alvarenga & Ranchinho no CD "Disco da Moda", lançado pela RGE.


Wilson Fittipaldi

WILSON FITTIPALDI
(92 anos)
Radialista, Empresário e Piloto Automobilístico

* Santo André, SP (04/08/1920)
+ Rio de Janeiro, RJ (11/03/2013)

Wilson Fittipaldi foi um piloto de automóveis, empresário e radialista brasileiro, especializado em automobilismo. Filho de imigrantes italianos, Wilson Fittipaldi desde cedo interessou-se por carros e motos, e no final da década de 1930, já era locutor.

Em 1943 casou-se com Juzy Vojciechoski e no dia de natal deste mesmo ano, nasceu seu primeiro filho, Wilson Fittipaldi Júnior.

Conhecido como "Barão", Wilson Fittipaldi trabalhou durante décadas nas transmissões da rádio paulista Panamericana, depois conhecida como Jovem Pan, e também foi comentarista do telejornal Record em Notícias (1973-1996) da TV Record, na década de 80. Além da locução, ele também foi organizador de provas automobilísticas e de motos, acompanhando de perto o nascimento do autódromo de Interlagos. Como piloto, participou de várias provas, sendo, em algumas, piloto e repórter ao mesmo tempo.

Wilson Fittipaldi é pai dos irmãos Emerson Fittipaldi e Wilson Fittipaldi, e avô de Christian Fittipaldi, todos pilotos brasileiros de várias categorias, incluindo a Fórmula 1.


Morte

Wilson Fittipaldi morreu aos 92 anos na madrugada de segunda-feira, 11/03/2013. Ele estava internado desde 25/02 no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com a assessoria do hospital, ele deu entrada com problemas respiratórios e estava internado no centro de tratamento intensivo coronariano. O hospital não divulgou mais detalhes sobre a causa da morte, a pedido da família.

Wilson Fittipaldi foi o fundador da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), e o primeiro narrador de corridas no rádio brasileiro - o primeiro título mundial de Fórmula 1 do filho Emerson Fittipaldi, em 1972, foi narrado por ele.

A morte de Wilson Fittipaldi foi divulgada, via Twitter, pelo próprio Emerson Fittipaldi, que postou uma série de mensagens demonstrando carinho pelo pai. Segundo ele, a última vez em que falou com o pai foi na noite de domingo, 10/03/2013, mas o pai já não respondia.


"Ontem falei no ouvido do meu pai que linda família que ele formou e que todos nós estávamos torcendo e orando para que ele melhorasse. E que Deus sempre amou a nossa família e ele também. Foi nesse momento que ele pela primeira vez e única desde que esta internado abriu os olhos. Ele balançou a perna, movimentou a boca, era um sinal de amor para essa família grande e querida. Eu a Rosana e a Tânia ficamos muito emocionados."
(Emerson Fittipaldi)

Fonte: Wikipédia, G1 e UOL

José Fortuna

JOSÉ FORTUNA
(60 anos)
Cantor, Compositor, Autor Teatral, Radialista e Ator

* Itápolis, SP (02/10/1923)
+ São Paulo, SP (10/11/1983)

Zé Fortuna começou a compor ainda criança, quando acompanhava o pai em andanças pela lavoura, escrevendo versos no chão de terra com um pedaço de madeira. Com 11 anos de idade compôs "Quinze a Sete", numa homenagem a seu time de futebol. Profissionalmente compôs sua primeira música no dia 26 de setembro de 1942, com 18 anos.  Sua primeira música gravada foi "Moda das Flores", no dia 04 de abril de 1944, por Raul Torres & Florêncio, e desde então nunca mais parou. Nos próximos quarenta anos ele comporia e gravaria perto de duas mil músicas, algumas com mais de cinquenta regravações.

Um de seus maiores sucessos foi a versão da guarânia "Índia", composta há sessenta anos, do outro lado de "Meu Primeiro Amor", também versão de José Fortuna, gravados originalmente por Cascatinha & Inhana, no ano de 1952, músicas que chegaram a vender na ocasião mais de um milhão de cópias.

Casa onde José Fortuna nasceu no Bairro da Aldeia em Itápolis, SP
Estas duas composições foram regravadas por dezenas de duplas sertanejas, como também por intérpretes da música popular brasileira, como por exemplo, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Nara Leão, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, que regravou "Índia", nome dado a um de seus shows no Canecão, Rio de Janeiro. A obra foi tema da novela da Rede Globo "Alma Gêmea" (2005), de Walcir Carrasco, na interpretação de Roberto Carlos.

"Meu Primeiro Amor", a versão para "Lejania", composta no mesmo ano para o outro lado de "Índia", e também muito regravada, foi relançada nos últimos anos pelos intérpretes Joana e Fagner. Uma curiosidade é que "Índia", foi a responsável pela introdução da guarânia como estilo musical no Brasil, posto que até então tal gênero musical era desconhecido por aqui, não possuindo mercado propício para a sua expansão, e assim sendo, após o enorme sucesso gravado por Cascatinha & Inhana, intensificou-se o intercâmbio cultural entre Brasil e Paraguai. Estas duas guarânias, bem como outras de autoria de José Fortuna, tais como, "Anahy", "Solidão", "Minha Terra Distante", "Vai Com Deus", entre outras, geraram inúmeras regravações, inclusive no exterior.

Entretanto, José Fortuna não foi na sua essência, um compositor de guarânias somente, mas sim de uma grande versatilidade de estilos musicais. Outros de seus grandes sucessos foram as músicas "Lembrança", "Paineira Velha", "Berrante de Ouro", "Cheiro de Relva", "Terra Tombada", "O Selo de Sangue", "Rosto Molhado", "Vinte e Quatro Horas de Amor", "Esteio de Aroeira", "A Mão do Tempo", "O Ipê e o Prisioneiro", "O Vai e Vem do Carreiro", entre outras, todas com várias regravações.

Durante todo este tempo, e paralelamente às suas atividades como compositor, José Fortuna manteve um trio, do qual pertencia também seu irmão Euclides Fortuna, o Pitangueira, formando com Zé do Fole o trio Os Maracanãs. Eles gravaram mais de quarenta LPs e dezenas de discos ainda em 78 rotações, como também muitos compactos com músicas de José Fortuna. Apresentaram-se em todas as emissoras da capital e do interior. Curiosamente foi o trio Os Maracanãs que inaugurou o canal 5, hoje Rede Globo de Televisão, no ano de 1950.


Além de compositor, José Fortuna foi também autor e escritor de 42 peças de teatro, tais como "O Punhal da Vingança", "O Selo de Sangue", "Voz de Criança", "Lenda da Valsa dos Noivos", "Crime de Amor", "Os Valentes Também Amam", "Coração de Homem", entre outras peças,  percorrendo todo o Brasil, e algumas cidades da América do Sul, com a Companhia Teatral Maracanã. Também atuava como ator de destaque em todas as suas criações teatrais, e a Companhia Teatral Maracanã acabou por receber inúmeros prêmios e troféus, tornando-se assim conhecidos dentro do universo da música sertaneja como "Os Reis do Teatro".

Em meio a todas essas atividades, publicou também 40 livretos com as letras de suas obras musicais e dezenas de estórias completas, todas em verso, a chamada Literatura de Cordel.

Após o encerramento das atividades com a Companhia Teatral Maracanã, por volta de 1975, passou então a se dedicar com maior afinco à composição. Foi a época dos grandes Festivais de Música Sertaneja promovidos pela Rádio Record, em que ele começou a trabalhar em parceria com Carlos Cezar.

Participou então seguidamente de mais de 20 Festivais, obtendo sempre as primeiras colocações, principalmente na Capital, onde nos anos de 1979, 1980 e 1981 venceu-os consecutivamente. Em um deles, no ano de 1979, obteve os três primeiros lugares com as músicas: "Riozinho" (1º lugar), "Berrante de Ouro" (2º lugar) e "Brasil Viola" (3º lugar).

Ainda em 1979, a Secretaria do Trabalho do Estado de São Paulo, oficializou "O Hino do Trabalhador Brasileiro", de José Fortuna e Carlos Cezar.

"Berrante de Ouro", por exemplo já tem mais de setenta regravações. Isto tudo ocorreu em meio a festivais onde participavam mais de 13.600 concorrentes, durante um período de seis meses, com eliminatórias em todas as Capitais e grandes cidades brasileiras.

Em 1981, também no Festival da Rádio Record, concorrendo com mais de dez mil composições, obteve o primeiro lugar com a música "O Vai e Vem do Carneiro", além de ganhar, juntamente com Carlos Cezar, os troféus de melhor letra, melodia, orquestração, interpretação e arranjo.

Zé Fortuna & Pitangueira
No âmbito da música sertaneja pode-se afirmar que não há um intérprete que não tenha gravado obras de José Fortuna, desde Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, João Paulo & Daniel, Milionário & José Rico, Tião Carreiro & Pardinho, Tonico & Tinoco, estes inclusive gravaram um LP com doze faixas só com obras de José Fortuna, homenageando o compositor, Sérgio Reis, Roberta Miranda, Cezar & Paulinho, Mococa & Paraíso, enfim, todos os intérpretes do gênero sertanejo, têm com certeza em seu repertório passado ou recente, obras musicais de José Fortuna.

Um fato curioso acontecido em sua vida, foi quando da inauguração da cidade de Brasília, ocasião em que José Fortuna teve o prazer de receber das mãos do então Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, um cartão de congratulações e mérito por sua composição "Sob o Céu de Brasília", tida como o Hino Inaugural de Brasília.

O Rádio também foi outra de suas grandes paixões. Foi radialista durante toda a sua vida artística, e apresentou o "Programa José Fortuna" em quase todas as rádios da capital: TupiPiratiningaGazetaJornalRecordNove de JulhoSão PauloCometaNacionalDifusoraGloboMorada do Sol, entre outras.

Ao longo de sua vida, teve o prazer de receber inúmeros troféus, títulos e congratulações, destacando-se dentre estes:

  • Título de Cidadão Osasquense
  • Cartão de Prata e a Medalha Anchieta por iniciativa da Câmara Municipal do Estado de São Paulo
  • Título de Cidadão Paulistano
  • A Sala José Fortuna no Museu de sua cidade natal, Itápolis
  • A Avenida José Fortuna na sua cidade natal, Itápolis, inaugurada por ele apenas vinte dias antes do seu falecimento.

Outras cidades que o homenagearam, dando o seu nome à algumas praças e ruas são: São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, Guarulhos, São Paulo, São Miguel Paulista, Osasco, Blumenau em Santa Catarina, São Carlos, Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.

A última foto de José Fortuna
Morte

José Fortuna faleceu no dia 10 de novembro de 1983, em sua casa, na cidade de São Paulo, vítima da Doença de Chagas que o acompanhou durante toda a sua vida, deixando sua esposa Durvalina e suas duas filhas Iara e Marlene. Está sepultado no Cemitério do Morumbi, São Paulo, e em sua campa há uma estrofe de um poema seu musicado, que se intitula "O Silêncio do Berranteiro":

"Aqui estou meus velhos companheiros
Olhem pra cima, pra me ver passando
Em meu cavalo, Raio de Luar
Pelo estradão de estrelas galopando
O meu berrante hoje são trombetas
Que os anjos tocam chamando a boiada
De nuvens brancas no sertão do espaço
Vindo ao curral azul da madrugada"

José Fortuna deixou inéditas perto de novecentas obras musicais, que foram sendo musicadas e gravadas por seus diversos parceiros, dentre estes destacando-se com maior afinco Paraíso, co-autor juntamente com José Fortuna de inúmeras obras musicais, tais como "O Ipê e o Prisioneiro", "Avenida Boiadeira", "Atalho" e "Raízes do Amor", sendo também o responsável pela administração de todo o repertório atual de José Fortuna.

Fonte: José Fortuna Site Oficial
Indicação: Miguel Sampaio

Antônio Maria

ANTÔNIO MARIA DE ARAÚJO MORAIS
(43 anos)
Compositor, Cronista, Radialista, Comentarista Esportivo e Poeta

* Recife, PE (17/03/1921)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/10/1964)

Pernambucano do Recife, onde nasceu a 17 de março de 1921, Antônio Maria de Araújo Morais, ou simplesmente Antônio Maria, foi um dos maiores cronistas brasileiros do seu tempo. Compositor de sucessos inesquecíveis como "Ninguém Me Ama" ou "Se Eu Morresse Amanhã", ele foi locutor esportivo, poeta e radialista. Mas, para companheiros de farras como Vinícius de MoraesFernando Lobo e outros, sua marca maior foi, sem dúvida, a boemia.

Neto e filho de usineiros, antes da glória de ver suas músicas nas paradas de sucesso interpretadas por Dolores Duran, Nora Ney e Maysa, Antônio Maria viveu dias um tanto difíceis. Primeiro, no Recife, em meados da década de 30, quando os negócios da família decaíram e ele, ainda adolescente, teve que arranjar um emprego na Rádio Clube de Pernambuco, para bancar as já freqüentes noitadas no Bar Gambrínus e no Cabaré Imperial.

Depois, a dureza continuou no Rio de Janeiro, para onde viajou em 1939, com Fernando Lobo, para tentar a vida. Seu trabalho, como locutor esportivo na Rádio Ipanema, não agradou e ele chegou a passar fome. Frustrada a primeira tentativa de morar no Rio de Janeiro, Antônio Maria retornou ao Recife.

Em seguida, convidado por Assis Chateaubriand, chefe dos Diários e Emissoras Associados, aceitou o cargo de diretor da Rádio Clube do Ceará e, já casado com sua primeira mulher, seguiu para Fortaleza. Depois, mudou-se para Salvador, também convidado para a direção das Emissoras Associadas da Bahia. Antônio Maria permaneceu no Nordeste até 1948 quando, mais uma vez, embarcou para o Rio de Janeiro.

Foi a viagem definitiva para a cidade maravilhosa, onde iria conhecer o sucesso e viver mil aventuras. Antônio Maria passou a dividir um apartamento com Fernando Lobo na Rua do Passeio, no Centro, onde seguidamente o também pernambucano Abelardo Barbosa, futuro Chacrinha, ia se convidar para o jantar. O "Velho Guerreiro" sempre ganhava comida, mas antes passava por alguma sacanagem da dupla, como ter que tomar banho gelado.

Em 1949, Antônio Maria já era diretor da Tupi, cargo em que se manteve até sair da emissora. Continuava à frente do microfone, onde narrava e produzia "O Tempo e a Música", às quintas, às 21:00 hs.

Ainda em 1949, ele foi convidado por Ary Barroso para inaugurar um novo tipo de narração de futebol: dois locutores, cada um narrando a posse de bola de uma das equipes. Por exemplo: num Flamengo x VascoAry Barroso narraria a bola com o Flamengo e Antônio Maria, a bola com o Vasco. A ideia funcionou bem e foi aplicada na Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil.

A decepção de Antônio MariaAry Barroso com a derrota do Brasil na Copa de 50 foi total. Ary Barroso largou a narração esportiva, só retornou após quase 10 anos, enquanto Antônio Maria continuou, para cumprir seu contrato, embora não sentisse mais nenhum prazer na atividade.

Sendo amigo de Fernando Lobo, Antônio Maria começou logo de cara a frequentar os grandes pontos da boemia carioca, como o Vilariño e o Clube da Chave, onde sempre estavam Ary BarrosoVinícius de Moraes, Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta e com quem disputou o amor de várias vedetes, Millôr Fernandes, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Aracy de AlmeidaDolores Duran

Já assinando uma coluna no O Jornal, Antônio Maria tornou-se, a 20 de janeiro de 1951, o primeiro diretor da primeira emissora de televisão instalada no Brasil, a TV Tupi do Rio de Janeiro. Mas graças ao dinheiro que o governo Getúlio Vargas despejou em troca de apoio político, no final de 1952 a Rádio Mayrink Veiga partiu para o ataque contra a TV Tupi e passou a contratar seus grandes nomes.

Antônio Maria foi um dos primeiros contratados, por 50 mil cruzeiros, o mais alto salário do rádio no Brasil. Logo comprou seu primeiro Cadillac, símbolo de status entre os reis do rádio naquela época.

Vida financeira organizada, foi também a partir de 1951 que ele deu partida à carreira de compositor, compondo "Frevo n° 1 do Recife", gravado pelo Trio de Ouro. E, apesar de ter como atividade principal o jornalismo, foi justamente com a música que ele ganhou fama. Durante 15 anos de trabalho, só ou em parceria com Fernando Lobo, Luíz BonfáVinícius de MoraesIsmael Neto e outros, compôs um total de 63 músicas.

Como cronista, Antônio Maria atuou em vários jornais e revistas, entre os quais Diário Carioca, O Globo, Manchete. Mas foi no Última Hora, segundo Paulo Francis, um dos seus companheiros de noitadas, que ele teve a sua melhor fase. Poético, gozador, Antônio Maria escreveu sobre tudo: mulheres, política, boemia, solidão.

Homem de muitas atividades, Antônio Maria foi também produtor e diretor de shows e programas de televisão. Por conta da boemia, sempre trocava o dia pela noite, mas dava conta de tudo. Teve época em que fazia, simultaneamente, três programas semanais na Rádio Mayrink Veiga, um programa na Rádio Nacional, uma crônica para a revista Manchete, uma para O Globo e seis para o Diário Carioca e, de quebra, ainda arrumava tempo para compor, encher a cara de birita e correr atrás dos rabos de saias.


Na televisão era famoso o programa "Preto no Branco", de Oswaldo Sargentelli, onde sempre aparecia uma "pergunta de Antônio Maria, da produção do programa", geralmente muito embaraçosa. A câmera focalizava em plano fechado o rosto tenso do entrevistado e em seguida ecoava a voz do apresentador, em off:

"Pergunta de Antônio Maria para Alziro Zarur, da Legião da Boa Vontade: Senhor Alziro Zarur,  se Jesus está chamando, porque o senhor não vai logo?".

Um dia perguntou a Sandra Cavalcanti, candidata a deputada:

"Quer dizer, dona Sandra, que a senhora é mal-amada?"

A resposta de Sandra Cavalcanti, dizem os espectadores da cena, assegurou-lhe a eleição.

"Posso até ser, senhor Maria, mas não fui eu que fiz aquela música 'Ninguém Me Ama'"

Nos últimos meses de vida, já doente do coração e um pouco afastado das madrugadas, montou com Ivan Lessa, no Rio de Janeiro, um escritório de produções para TV. Do seu primeiro casamento com a pernambucana Maria Gonçalves Ferreira, teve dois filhos: Maria Rita e Antônio Maria Filho. E, como todo boêmio, amou muitas mulheres, milhares delas.

Segundo José Aparecido, a última grande paixão de Antônio Maria foi Danusa Leão, que ele roubou do proprietário do jornal Última Hora, Samuel Wainer, e por isso foi demitido, passando cinco meses desempregado.

Quando conseguiu um novo emprego, a primeira crônica que Antônio Maria escreveu tinha o título "O Bom Caráter" e começava assim: "Aqueles que dizem que mulher de amigo meu pra mim é homem estão enganados; porque mulher de amigo meu é mulher mesmo."

Quando sofreu o enfarte, Antônio Maria já estava separado de Danusa Leão, que se reconciliaria, em Paris, com Samuel Wainer. E José Aparecido, que seis meses antes havia dividido um apartamento com o cronista, depois contaria:

"Estávamos numa situação muito difícil. Eu, cassado e o Antônio Maria vivendo a sua mais profunda crise sentimental. Foi o único homem que vi morrer de amor."

Mesmo sendo uma pessoa extrovertida e de muitos amigos, e inimigos, Maria, como era chamado por eles, sempre teve a solidão dentro de si. Um exemplo está em sua crônica "Oração", escrita em março de 1954.

Aracy de Almeida foi uma de suas grandes amigas. Sabia tudo sobre Antônio Maria e, mesmo assim, como dizia brincando, continuava a gostar dele. Era desprovido de qualquer cerimônia: uma vez pediu a ela ajuda para colocar um supositório ("Já tentei todas as posições e não consegui nada").

Em outra oportunidade, ele e Vinícius de Moraes tentavam cumprir um compromisso assumido: fazer um jingle para o lançamento de um... regulador feminino. Estavam com inúmeros outros trabalhos e foram pedir ajuda a Aracy de Almeida. Ela, sem pensar muito, tomando emprestada a melodia de "O Orvalho Vem Caindo", de Noel Rosa, atacou de pronto: "O ovário vem caindo...".


Carlos Heitor Cony dizia que se Antônio Maria fosse mandado para cobrir a posse do papa, voltaria cardeal. Certa ocasião, estava em cima da hora de um programa entrar no ar e, enquanto Chico Anysio e todo o elenco aguardavam ansiosos, Antônio Maria datilografava feito louco para terminar o texto a tempo. Nesse instante, entra uma senhora na redação e diz:

"Olhe, eu sou da Campanha Contra o Câncer..."

Preocupado em cumprir sua tarefa, sem levantar os olhos da máquina, Antônio Maria, responde: "Eu sou a favor!"

Antônio Maria costumava ir do Rio de Janeiro a São Paulo, em companhia de Vinícius de Moraes,  para encontrar companheiros de farras. Numa dessas viagens, combinaram o encontro no apartamento de um deles e, quando chegaram ao edifício, notaram um princípio de incêndio. Da portaria, Antônio Maria telefonou: "Olha, desçam logo, mas não avisem a ninguém, porque senão vocês vão ter de dar preferência aos velhos e às crianças."

Por causa de Elis Regina, Ronaldo Bôscoli apelidou Antônio Maria de "Eminência Parda" e "Galak", numa gozação com a pele mulata do rival. Mas talvez não soubesse das suas dimensões: Antônio Maria media 1,85m e pesava 130 kg.

Certa noite, Antônio Maria procurou Ronaldo Bôscoli no Beco das Garrafas, em Copacabana, para brigar. O diretor da gravadora Elenco, Aloysio de Oliveira, amigo dos dois, divertia-se com a cena, mas, quando o conflito parecia inevitável, Aloysio de Oliveira urinou no sapato de Antônio Maria. Este parou de discutir, os três caíram na gargalhada e foram beber juntos.

Conta Sérgio Porto que, certa vez, Antônio Maria recebeu o pedido do diretor da TV Rio, Péricles do Amaral para reescrever um texto humorístico. O programa era horrível, e a emissora mantinha outro redator só para piorar os textos. Ao saber do pedido, Antônio Maria entrou na sala do diretor com cara de mau, jogou seu texto em cima da mesa e disse: "Está aqui minha parte do programa. Eu sinto muito, mas pior do que isso eu não sei fazer."

Em 1990, Paulo Francis escreveu que, na véspera do infarto fulminante, Antônio Maria "detonara muito" com cocaína, porque Vinícius de Moraes lhe dissera que Danuza Leão estava muito feliz na França, podendo ser vista na garupa da moto de um príncipe dinamarquês.

Em 1994, Ronaldo Bôscoli, pouco antes de morrer, também afirmou que Antônio Maria usava cocaína e mostrou que continuava ressentido com o antigo rival, tratando-o por canalhão e babaca em suas memórias, o livro "Eles e Eu". Já o cineasta Paulo César Saraceni, que em 1961 convivera com Antônio Maria porque namorava Nara Leão, irmã de Danuza Leão, escreveu em 1993, no livro "Por Dentro do Cinema Novo":

"Antônio Maria tinha fama de cheirar pó, mas nunca vi, se fazia era um profissional, discretíssimo."


No dia 15 novembro de 1964, Vinícius de Moraes publicou a crônica "Morrer Num Bar", escrita no dia da morte do amigo:

"Aí está, meu Maria... Acabou. Acabou o seu eterno sofrimento e acabou o meu sofrimento por sua causa. Na madrugada de 15 de outubro em que, em frente aos pinheirais destas montanhas queridas, eu me sento à máquina para lhe dar este até-sempre, seu imenso coração, que a vida e a incontinência já haviam uma vez rompido de dentro, como uma flor de sangue, não resistiu mais à sua grande e suicida vocação para morrer. 

Acabou, meu Maria. Você pode descansar em sua terra, sem mais amores e sem mais saudades, despojado do fardo de sua carne e bem aconchegado no seu sono. Acabou o desespero com que você tomava conta de tudo o que amava demais: o crescimento harmonioso de seus filhos, o bem-estar de suas mulheres e a terrível sobrevivência de um poeta que foi o seu melhor personagem e o seu maior amigo. Acabou a sua sede, a sua fome, a sua cólera. Acabou a sua dieta. Aqui, parado em frente a estas montanhas onde, há trinta anos atrás, descobri maravilhado que eu tinha uma voz para o canto mais alto da poesia, e para onde, neste mesmo hoje, você deveria chamar porque (dizia o recado) não aguentava mais de saudades – aprendo, sem galicismo e sem espanto, a sua morte. 

Quando a caseira subiu a alegre ladeirinha que traz ao meu chalé para me chamar ao telefone – eram nove da manhã - eu me vesti rápido dizendo comigo mesmo: 'É o Maria!' E ao descer correndo para a pensão fazia planos: 'Porei o Maria no quarto de solteiro ao lado, de modo a podermos bater grandes papos e rir muito, como gostamos…' E ainda a caminho fiquei pensando: 'Será que Itatiaia não é muito alto para o coração dele?...' Mas você, há uma semana – quando pela primeira e última vez estivemos juntos depois de minha chegada da Europa, numa noitada de alma aberta - me tinha tranquilizado tanto que eu achei melhor não me preocupar. Eu sabia que seu peito ia explodir um dia, meu Maria, pois por mais forte e largo que fosse, a morte era o seu guia.

Outra noite, pelo telefone, ao perguntar eu se você estava cuidando de sua saúde, você me interpelou: 'Você tem medo de morrer, Poesia?' - 'Medo normal, meu Maria', respondi. 'Pois olhe: eu não tenho nenhum' retorquiu você sem qualquer bravata na voz. 'Só queria que não doesse demais, como na primeira crise. Aquela dor, Poesia, desmoraliza.'

Mas como eu descesse - dizia - para atender à sua chamada, e atravessasse o salão da casa-grande, e entrando na cabine ouvisse (como há 14 anos atrás ouvi a voz materna) a voz paternal de meu sogro que me falava, preparando-me: 'Você sabe, Antônio Maria está muito mal...' e eu instantaneamente soubesse... - justo como naquela época soube também, quando a voz materna, em sinistras espirais metálicas, me disse do Rio para Los Angeles: 'Sabe, meu filho, seu pai está muito mal…', o nosso encontro marcado deu-se numa dimensão nova, entre o mundo e a eternidade: eu aqui; você... onde, meu Maria? - onde?

Ah, que dor! Agora correm-me as lágrimas, e eu choro embaçando a vista do teclado onde escrevo estas palavras que nem sei o que querem dizer…

Há uma semana apenas conversamos tanto, não é, meu Maria? Você ainda não conhecia minha mulher, foi tão carinhoso com ela... Tomamos uma garrafa de Five Stars no Château, depois fomos até o Jirau e terminamos no Bossa Nova. Eu ainda disse: 'Você pode estar bebendo e comendo desse jeito?' - 'Por que, Poesia? Não há de ser nada... Qualquer dia eu vou morrer é assim mesmo, num bar...'

Eu só espero que não tenha doído muito, meu Maria. Que tenha sido como eu sempre desejei que fosse: rápido e sem som. Mas é uma pena enorme. Você tinha prometido à minha mulher, a pedido dela, que recomeçaria hoje, nesta quinta-feira do seu recesso, no seu 'Jornal de Antônio Maria' o seu 'Romance dos Pequenos Anúncios', que foi uma de suas melhores invenções jornalísticas e onde eu era personagem cotidiano: você sempre a querer fazer de mim, meu pobre Maria, o herói que eu não sou...

Mas por outro lado, sei lá... Você disse nessa noite, à minha mulher e a mim, que nem podia pensar na ideia de sobreviver às pessoas que mais amava no mundo: sua mãe, seus dois filhos, suas irmãs e este seu poeta. 'E Rubem Braga…', acrescentou você depois, brincando com ternura, 'Eu não queria estar aí para ler quanta besteira se ia escrever sobre o Braguinha...'

Não irei ao seu enterro, meu Maria. Daria tudo para ter estado ao seu lado na hora, para lhe dar a mão e recolher seu último olhar de desespero, de maldição para esta vida a que você nunca negou nada e o fez sofrer tanto. Daqui a pouco o sino da casa-grande tocará para o almoço. Verei minha mulher descer, triste de eu lhe ter dito (porque ela dorme ainda, meu Maria...) e de me deixar assim sozinho, sentado à máquina de escrever, com a sua morte enorme dentro de mim."

Estátua de Antônio Maria, Rua do Bom Jesus, Recife Antigo (Foto: Hugo Acioly)
Morte

Antônio Maria teve problemas cardíacos desde quando era criança. "Cardisplicente", como ele mesmo se descrevia. Foi como boêmio que Antônio Maria morreu, na noite de 15 de outubro de 1964, no Rio de Janeiro, ao entrar no bar Rond Point, perto de sua casa, para trocar um cheque. Ele se sentou a uma mesa e, enquanto esperava o dinheiro, passou mal. Emborcou sobre a mesa e ali mesmo o coração parou. Um Infarto do Miocárdio fulminante.

Fonte: Blog do Simão Pessoa
Indicação: Reginaldo Monte

Vicente Leporace

VICENTE FIDERICE LEPORACE
(66 anos)
Radialista, Locutor, Ator e Apresentador de TV

* São Tomas de Aquino, MG (26/01/1912)
+ São Paulo, SP (16/04/1978)

Vicente Leporace foi um radialista muito popular do Brasil.

Nascido em São Tomas de Aquino, MG em 26 de janeiro de 1912, Vicente Leporace foi sem dúvida um dos mais discutidos profissionais do rádio brasileiro.

Em 3 de setembro de 1937, a Rádio Atlântica de Santos inaugurou o Teatro de Antena apresentando um jovem rádio-ator vindo da PRB-5 Rádio Clube Hertz de Franca, SP. Surgiu então o grande Vicente Leporace.

Em sua longa carreira pelo Rádio ele atuou como redator, locutor, programador, discotecário, radioator, apresentador de televisão, apresentando com Clarice Amaral no Canal 7 a "Gincana Kibon", foi também ator de cinema atuando nos filmes "Luar Do Sertão" (1947), "A Vida É Uma Gargalhada" (1950), "Sai Da Frente" (1952), "Sinhá Moça" (1953), "Uma Pulga Na Balança" (1954), "Nadando Em Dinheiro" (1954), "Na Cena Do Crime" (1954), "É Proibido Beijar" (1954), "Carnaval Em Lá Maior" (1955) e "O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista" (1971).

Blota Junior e Vicente Leporace
Atuou também em 1966 na novela "Redenção" com o papel de Carlo.

Em 1941 foi convidado por Blota Júnior para atuar na sua amada cidade Franca, voltando assim a ecoar sua voz à Rádio Clube Hertz de Franca. Ficou na rádio até o final de 1950, quando no dia 01/04/1951, lançou-se pela ondas da PRB-9 a Rádio Record de São Paulo, passando então a apresentar o "Jornal da Manhã" um informativo de meia e meia hora que ele mesmo produzia e apresentava.

Depois de onze anos, transferiu-se para a PRH-9 a Rádio Bandeirantes de São Paulo onde lançou a grande paixão da sua vida, o programa "O Trabuco". Alguns livros, relatam que a saída de Vicente Leporace da Rádio Record foi por questões salariais.

O programa "O Trabuco"  era um informativo diário que veiculava os fatos importantes do país e Vicente Leporace expressava sem medo seus cometários e críticas.

Vicente Leporace assumia toda a responsabilidade sobre seus ditos. Ele sem dúvida nenhuma tornou se o defensor dos menos favorecidos. Uma vez questionado porque o "Trabuco", ele explicou que não se tratava de uma alusão a uma arma de ataque e defesa e sim pela corruptela nascida na Calábria, terra de seus pais, que, estando dominada por tropas invasoras, seus habitantes ao trocarem informações utilizavam-se do método de boca a boca, originando o neologismo "trabuque" entre boca, ou o que não podia ser dito em voz alta.


Vicente Leporace muitas das vezes apresentou seu programa sob mira de fortes armas de fogo. Mas na época, vivia-se o regime militar de 64, e ele foi se dúvida nenhuma um dos maiores frequentadores da extinta Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS).

Mas toda esta pressão nunca o intimidou, a sua coragem e seu desprendimento o tornou um ícone na radiodifusão, não podendo esquecer de ressaltar seu amor à causa pública um defensor dos princípios morais e éticos.

Em 1969 apresentou pela TV Bandeirantes o jornal "Titulares da Notícia" ao lado de grandes nomes como Maurício Loureiro Gama, José Paulo de Andrade, Murilo Antunes Alves e Lourdes Rocha.

Vicente Leporace faleceu em São Paulo em 16 de abril de 1978 vítima de um Edema Pulmonar, deixando sem dúvida uma enorme brecha no rádio e na comunicação brasileira. Morreu sem concretizar seu maior sonho em editar um jornal em Santo Amaro, SP. Um jornal que circularia diariamente que chegou a ser constituído e registrado como "O Trabuco", mas infelizmente este sonho nunca chegou as bancas.

Como diria nosso grande Vicente Leporace: "Assino e Dou Fé!".

Cinema

  • 1971 - O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista
  • 1955 - Carnaval Em Lá Maior
  • 1954 - É Proibido Beijar
  • 1954 - Na Senda Do Crime
  • 1953 - Nadando Em Dinheiro
  • 1953 - Uma Pulga Na Balança
  • 1953 - Sinhá Moça
  • 1952 - Sai Da Frente
  • 1950 - A Vida É Uma Gargalhada
  • 1947 - Luar Do Sertão

Televisão

  • 1966 - Redenção ... Carlo

Fonte: Memória do RádioWikipédia

Serginho Leite

SÉRGIO DE SOUZA LEITE
(55 anos)
Músico, Humorista e Radialista

* São Paulo, SP (03/09/1955)
+ São Paulo, SP (12/04/2011)

Serginho Leite sempre quis ser pianista, com dezoito anos ele se dedicava a música junto com Tom Zé, Carlinhos Vergueiro e outros, durante encontros em um bar.

Em 1978, Serginho Leite foi convidado por Estevam Sangirardi para apresentar o programa "Show de Rádio", na Rádio Jovem Pan. Junto com outros três colegas, ele apresentou o programa e trouxe grandes idéias para Estevam Sangirardi. Ficou muito conhecido após apresentar um quadro que parodiava o radialista Zé Béttio.

Enquanto esteve na rádio, ele ficou conhecido por fazer imitações de celebridades, como Pelé, Maguila, Vicente Matheus, Clementina de Jesus e Paulinho da Viola, e por paródias que criava com um violão.

Outros trabalhos do artista que também se tornaram muito conhecidos, foram os jingles e comerciais para rádio e TV do personagem Bond Boca, da Cepacol, do Tigre Tony, dos Sucrilhos Kellogg's, e do elefante Jotalhão, do molho de tomate Cica.

Serginho Leite em foto de 1984 (Foto: Agencia Estado)
Serginho Leite também trabalhou na televisão, no programa "A Praça é Nossa", do SBT, onde fez imitações e na TV Globo, onde ficou 2 anos (1998-2000) no quadro "Retratos de Domingo", do "Domingão do Faustão". Em 2006, Serginho Leite deu uma entrevista ao "Programa do Jô", que foi a sua última aparição na emissora.

Segundo informações de amigos, Serginho Leite tinha elaborado um espetáculo para o teatro e só aguardava a aprovação pela Lei Rouanet para estreá-lo.

Sergio de Souza Leite morreu aos 55 anos de idade, vítima de infarto. Ele foi levado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, onde deu entrada às 11:15 hs da manhã de 12/04/2011 e faleceu às 14:50 hs vítima de Infarto do Miocárdio, informou a assessoria de imprensa do hospital.

Serginho Leite era casado com Tânia Leite e o casal tinha dois filhos: Pedro e João.

Fonte: Wikipédia e G1

Stanislaw Ponte Preta

SÉRGIO MARCUS RANGEL PORTO
(45 anos)
Cronista, Escritor, Radialista e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (11/01/1923)
+ Rio de Janeiro, RJ (30/09/1968)

Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.

Sérgio começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete, e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca.

Nesse mesmo período Tomás Santa Rosa também atuava em vários jornais e boletins como ilustrador. Foi aí que surgiu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas. Uma criação de Sérgio juntamente com Santa Rosa - o primeiro ilustrador do personagem -, inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade.

Sérgio Porto também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais para boates, além de compor a música "Samba do Crioulo Doido" para o Teatro Rebolado.

Foi também o criador e produtor do concurso de beleza As Certinhas do Lalau, onde figuravam vedetes de primeira grandeza, como Anilza Leone, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo, Irma Alvarez e muitas outras.

Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a Ditadura Militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA), uma de suas maiores criações.

FEBEAPA

Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA) tinha como característica simular as notas jornalísticas, parecendo noticiário sério. Era uma forma de criticar a repressão militar já presente nos primeiros Atos Institucionais (que tinham a sugestiva sigla de AI). Um deles noticiou a decisão da Ditadura Militar de mandar prender o autor grego Sófocles, que morreu há séculos, por causa do conteúdo subversivo de uma peça encenada na ocasião.

Satirizando o colunista Jacinto de Thormes (pseudônimo de Maneco Muller), Sérgio, na pele de Stanislaw Ponte Preta, criou uma seção chamada As Certinhas do Lalau, onde cada edição falava de uma musa da temporada, e muitas vedetes e atrizes foram eleitas Certinhas pela pena admirável do jornalista.

Alcançou a fama por seu senso de humor refinado e a crítica mordaz aos costumes nos livros Tia Zulmira e Eu e FEBEAPA. Sua jornada diária nunca era inferior a 15 horas de trabalho. Escrevia para o rádio, para a TV, onde chegou a apresentar programas, e também para revistas e jornais, além de idealizar seus livros. O excesso de obrigações seria demais para o cardíaco Sérgio Porto, que morreu vítima de um infarto aos 45 anos de idade.

Sérgio não viveu para presenciar o AI-5, mas em sua memória um grupo de jornalistas e intelectuais fundou o semanário O Pasquim, em 1969.

Frases

  • "Uma feijoada só é completa quando tem ambulância de plantão"
  • "Todos os dias são do caçador. Só o último dia do caçador é o da caça"
  • "A diferença entre ele mastigando e um boi ruminando está no ar distinto e no olhar inteligente do boi"
  • "A mulher ideal e sempre a dos outros"
  • "Algumas mulheres usam a altivez para esconder a burrice"
  • "As vezes eu tenho a impressão de que meu anjo da guarda esta gozando licença-prêmio"
  • "Dono de cartório de protesto e uma espécie de cafetão da desgraça alheia"
  • "Lavar a honra com sangue suja a roupa toda"
  • "Pelo jeito que a coisa vai, em breve o terceiro sexo estará em segundo"
  • "Cristão é o cara que crê em Cristo, carola é o que teme"
  • "Consciência é como a vesícula: a gente só se preocupa com ela quando dói"
  • "A melhor coisa que existe na televisão é o botão de desligar"
  • "O sol nasce para todos. A sombra para quem é mais esperto"
  • "Quem diz que futebol não tem lógica ou não entende de futebol ou não sabe o que é lógica"
  • "Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato"
  • "Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro"
  • "Política tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da liberdade"
  • "Televisão é uma máquina de fazer doidos"
  • "A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento"
  • "Mentia com tanta ênfase que até mesmo o contrário do que dizia estava longe de ser a verdade"