Marly Marley

MARLY MARLEY
(75 anos)
Atriz, Diretora Teatral, Crítica Musical, Jurada Musical e Vedete

* Três Lagoas, MS (05/04/1938)
+ São Paulo, SP (10/01/2014)

Marly Marley foi uma atriz, diretora de teatro, crítica musical, jurada musical e ex-vedete da época de ouro do rádio e televisão brasileiros, personalidade de destaque expressivo no cenário da cultura artística e musical nacional por várias décadas.

Era conhecida como "única vedete de São Paulo" pois o teatro de revista dos anos 50 e 60 era dominado pelas cariocas. Formou-se professora, mas nunca exerceu a profissão. Preferiu se dedicar ao balé, ao acordeon, ao piano e ao canto, habilidades estudadas desde criança. Aos 17 anos já atuava no teatro paulistano.

Marly Marley nasceu em Três Lagoas, MS, em 05/04/1938, e, ainda pequena, mudou-se para Lins, no estado de São Paulo, cidade que adotou de coração. Formou-se professora e psicóloga, mas nunca exerceu a profissão. Preferiu se dedicar ao balé, ao acordeon, ao piano e ao canto, habilidades estudadas desde criança. Aos 17 anos já atuava no teatro paulistano.

O carnaval sempre foi outra paixão de Marly Marley. Ao longo de dez anos participou de gravações de folias carnavalescas pelo Brasil, como como "Índia Bonitinha" e "Marcha da Baleia". Toda a experiência conferiu-lhe vários predicados artísticos e culturais. Ultimamente assinava a produção e direção de peças teatrais.


Época do Teatro

Marly Marley trabalhou por quinze anos como vedete nos teatros de revista. Depois, participou de operetas com Vicente Celestino e Gilda de Abreu.

No lendário Teatro Natal, fez "Tá Rosa e Não Está Prosa", com Otelo Zeloni e Renata Fronzi, e "Precisa-se De Um Presidente", com José Vasconcellos. Atuou ainda em "Vai Acabar Em 69", "Só Porque Você Quer" e "Pega, Mata e Come". Participou ainda de comédias com Dercy Gonçalves e Mazzaropi.

Foi uma presença marcante no Teatro de Comédia. Com Dercy Gonçalves fez a clássica "Dona Violante Miranda", em 1958. Também esteve em "O Cunhado Do Ex-Presidente".


Cinema e Televisão

Na televisão, Marly Marley passou por várias emissoras como TV Tupi, TV Excelsior, Rede Manchete, Band, SBT e TV Record. Fez parte do elenco de inauguração da Rede Bandeirantes, em 1967, sempre se destacando nos programas de humor como "Show de Mulheres". Desde os anos 80 integrava o corpo de jurados do "Programa Raul Gil", na TV Record, Rede Manchete, Band e ultimamente no SBT.

Fez algumas novelas como "O Amor Tem Cara De Mulher" (1966), na TV Tupi. No SBT, participou de "Meus Filhos, Minha Vida" (1984). Esteve também no gran finale da novela "Belíssima" (1986) na TV Globo,quando o autor Silvio de Abreu fez uma homenagem às vedetes do Brasil, colocando em cena todas as remanescentes do gênero. Apareceu ao lado de Carmem Verônica e Íris Bruzzi.

No cinema, estrelou três filmes com Mazzaropi, o mais famoso é "O Puritano da Rua Augusta" (1965), e em duas produções estrangeiras, uma mexicana e outra alemã.

Em 2008, Marly Marley participou do filme "Chega de Saudade", seu último trabalho no cinema, da cineasta Laís Bodanzky, autor de "Bicho de Sete Cabeças" (2000), com roteiro de Luiz Bolognesi, um longa-metragem que trata do universo e dos personagens dos salões da época de ouro do rádio, teatro e televisão no Brasil. Na história, interpretou a personagem Liana.


Produtora

Foi produtora de várias peças com os comediantes Gibe e Simplício. Mais tarde, nos anos 80, integrou o elenco de "O Vison Voador", peça que ficou mais de seis anos em cartaz. Depois, nos anos 2000, Marly Marley produziu novamente o espetáculo, que atraiu um grande público por todo o Brasil.


Jurada Musical

Integrou por muitos anos o corpo de jurados do "Programa Raul Gil", trabalhando com o apresentador desde 1987. Com notável cultura, experiência e talento musical, é considerada a primeira dama da crítica musical brasileira.

Ary Toledo e Marly Marley
Morte

Marly Marley morreu em 10/01/2014, aos 75 anos, depois de ficar internada por um mês em um hospital de São Paulo devido a um câncer de pâncreas e apresentava metástase.

Ela era casada com o humorista Ary Toledo há 45 anos. O casal não teve filhos.


Gelson Moraes

GELSON MORAES
(70 anos)
Baterista

* Rio de Janeiro, RJ (10/01/1943)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/03/2013)

Gelson Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 10/01/1943. Um amigo de Renato e sua turma, Jorge Bahia, estudava no Colégio Vasco da Gama que funcionava na Baixa do Sapateiro, onde tinha um colega, chamado Gelson, que era baterista de um conjunto de rock em Vila Isabel.

Jorge Bahia, então, convidou Gelson Moraes e sua turma para conhecerem a turma de Renato e também participarem dos shows de mímica em Piedade. Feita a aproximação, Gelson Moraes foi logo bem aceito pela turma. É que ele estudava inglês no Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU) e conseguia as letras dos sucessos americanos. Para a turma que cantava enrolando a língua, era um verdadeiro achado.

Gelson Moraes fez parte  da banda Renato e Seus Blue Caps mas não chegou a gravar em estúdio sendo substituído por Claudio Caribé, também já falecido.  No período entre 1964 e 1971 chegou a trabalhar em vários grupos menos expressivos, com destaque apenas em 1969 para o grupo do guitarrista Euclides, "Euclides e Eles",  e voltou para a banda Renato e Seus Blue Caps em 1972, substituindo Tony Pinheiro que saiu para trabalhar na Petrobras. Gelson Moraes ficou na banda até ser substituído pelo seu filho Gelsinho Moraes, por motivo de sua doença. Gelson Moraes havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) alguns anos antes.

Morte

Gelson Moraes morreu no sábado, 20/03/2013, no Rio de Janeiro, RJ. O enterro ocorreu às 15:00 hs, do dia 21/03/2013 no Cemitério do Caju, zona portuária do Rio de Janeiro.

Indicação: Miguel Sampaio

Mário Faisal

MÁRIO FAISAL
(76 anos)
Artista Plástico, Compositor e Instrumentista

* Ibitinga, SP (1937)
+ Praia Grande, SP (02/01/2014)

Mário Faisal foi um artista multifacetado, compositor gravado por importantes cantores foi um precursor, contestador social, artista tridimensional com forte carga de dopamina. Não seria nada exagerado se comparado a Flávio de Carvalho.

Compositor, pianista e artista plástico Mário Faisal, foi figura importante na época da Jovem Guarda. No Canal 9 de São Paulo, TV Excelsior, ele participou de um programa que funcionava como concorrente ao movimento jovem-guardista, e Mário Faisal era o fio condutor, o querosene desse projeto.

Participou de programas de calouros como o histórico "Peneira Rhodine", da Rádio Cultura de São Paulo, e foi gongado ao cantar "Carinhoso" (Pixinguinha). Foi também o primeiro jurado do programa do Chacrinha.

No cinema participou do filme "As Mulheres Amam por Conveniência" (1972), de Roberto Mauro. Teve como arranjador de suas letras o prestigioso Maestro Portinho. Mário Faisal foi precursor em muitas outras coisas entre as quais o grafite e conjuntos musicais que incluía crianças como Os Caçulas com quatro componentes, Gilberto, Vera Lúcia, Alvinho e Yara, que em 1967 gravariam sua composição "Pic Nic", e em 1968 seria regravada por Wanderlei Cardoso com grande sucesso no disco "O Bom Rapaz".


Ainda em 1967, uma coletânea intitulada "Os 12 Brasas", incluiria mais uma composição "Estou Só", gravada por Arturzinho, um de seus maiores interpretes que gravaria outros sucessos com autoria de Mário Faisal "Não Toque Este Long Play".

Mais composições de Mário Faisal seriam gravadas por nomes consagrados da música brasileira como Sérgio Reis "Eu Te Amo Tanto", Célio Roberto, também conhecido com Cigano, gravou "Olha Eu Aqui", e Leila Silva "Céu Sem Estrelas".

No ano de 1970, Nilton César fez sucesso com "Eu Te Sigo" (Mário Faisal). A melodia lembrava muito um fado e talvez por isso não tenha alcançado o sucesso merecido no Brasil. Mas, se pode dizer que foi Mário Faisal quem lançou Nilton César em Portugal com esta faixa. Nessa época como um artista multifacetado já conciliava as duas artes: composição e artes plásticas.

Nos anos 1980, Nancy Sinatra, filha de Frank Sinatra, gravou "Pic-Nic" e faria sucesso nos Estados Unidos com a sua composição. No final da década de 1970 Mário Faisal se retirou do cenário artístico.


Artes Plásticas

Mário Faisal estudou na Escola Paulista de Belas Artes (1954-1958), estudou escultura e cerâmica no ateliê de Berenice Florshein (1979-1981) e Fundação Mokiti Okada, Japão (1995-1998).

Artista catalogado no Júlio Louzada, do alto dos seus 70 anos se mostrava incansável e irrequieto. Sempre na busca das cores e dos tons e na insatisfação social tema presente em várias obras. O esmero era tanto que em certa época foi apelidado pelos colegas como "Das Cores". Transitando entre o acadêmico, o abstrato e as vezes surrealismo, atualmente desenvolvia estudos pictóricos onde mesclava estilos de nada menos do que Pablo Picasso e Paul Cézanne para seus quadros. Porém, suas expectativas, frustrações e revolta com o descaso social cometido pelas autoridades estão presentes em suas telas. A inventividade com as tintas, a sua excentricidade espontânea são marcas registradas. E isso já lhe valeu prêmios e exposições no Brasil e no Exterior.

Espírito sempre em ebulição e conflitos, mostravam que o artista continuava vivo e criativo em sua jornada pictórica. Entre seus clientes já estiveram João Baptista Figueiredo, ex-presidente da República e Júlio Iglesias. "Nada se faz por acaso. Tudo tem sua razão de ser, principalmente quando se faz com prazer", dizia Mário Faisal.

Ele também considerava que sua inspiração pictórica vinha de divindades como anjos e arcanjos, deuses ou abutres, e assim, ele seguia retratando figuras carimbadas do país. Em seu ateliê livre, na Alameda Jaú, Jardim Paulista, ministrava aulas de pintura e cerâmica, e restauro de obras sacras.

Morte

Segundo informações de sua sobrinha, Míriam, Mário Faisal faleceu no dia 02/01/2014, na Praia Grande, litoral paulista, onde residia atualmente.

Indicação: Miguel Sampaio

Brandão, o Popularíssimo

JOÃO AUGUSTO SOARES BRANDÃO
(77 anos)
Ator, Teatrólogo e Poeta

* Lomba da Maia, Açores (19/06/1844)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/11/1921)

João Augusto Soares Brandão, conhecido pelo nome artístico de Brandão, o Popularíssimo, foi um poeta, teatrólogo e ator. Celebrizou-se na comédia de costumes, sendo um dos mais conhecidos e populares atores do panorama teatral brasileiro do final do século XIX e início do século XX.

Emigrou dos Açores para o Brasil em 1855, quando tinha 11 anos. Por algum tempo trabalhou no comércio do Rio de Janeiro. Iniciou a sua carreira de ator aos 16 anos, quando resolveu entrar para um grêmio teatral amador por estar empolgado com as atuações do ator brasileiro João Caetano.

Sua estreia, ainda como amador, aconteceu em um pequeno teatro particular no bairro carioca de Botafogo. Posteriormente, se apresentou em diversos teatros na cidade, incluindo o Teatro São Januário, localizado próximo ao Paço Imperial, onde participou, por volta de 1862 da montagem da peça "Caravaggio". Por esta época, foi contratado pela atriz e empresária Maria da Glória para fazer parte de sua companhia teatral itinerante.

Por cerca de 30 anos, passou a percorrer os teatros das cidades e vilas do interior brasileiro, especialmente de Minas Gerais, São Paulo e Estado do Rio de Janeiro, apresentando-se em peças de caráter burlesco e em comédia de costumes. Durante este tempo, viveu diversas aventuras, conforme foi retratado, por exemplo, na peça "O Mambembe", de Arthur Azevedo, cujo personagem Frazão, foi claramente inspirado nele, conforme garantiu o próprio autor.

Brandão estava com sua companhia teatral sediada na cidade de Sabará, em Minas Gerais, quando, em 1891, recebeu um convite para ir ao Rio de Janeiro, para atuar na peça "Viagem Ao Parnaso", de Arthur Azevedo, a ser apresentada no Teatro Apolo. Com o estrondoso sucesso que fez, mandou buscar a família que tinha ficado em Sabará e radicou-se na então capital brasileira. A partir dali, fez tanto sucesso que o jornalista Feliciano Prazeres, do Jornal do Brasil, o chamou de "Popularíssimo", apelido que acabou adotando e com ele foi conhecido em muitos lugares do Brasil e até fora dele.

Brandão contracenando com a atriz Julia Lopes.
Entre suas peças de maior sucesso, se destacam "A Pera de Satanás", de Eduardo Garrido, "Abacaxi", de Moreira Sampaio, "Tribofe", de Arthur Azevedo, onde atuou com Francisco Vasques, outro notável ator comediante, "Rio Nu", de Moreira Sampaio, "A Capital Federal", de Arthur Azevedo, "Tim Tim Por Tim Tim", de Souza Bastos, "O Esfolado", de Raul Pederneiras e Vicente Reis, "O Mambembe", de Arthur Azevedo, e "A Última do Dudu", de Raul Pederneiras.

No fim de sua carreira, foi convidado por Leopoldo Fróes para ser o ensaiador da Companhia do Teatro Trianon, que apresentava um repertório de comédias leves.

Brandão pretendia publicar um livro de suas memórias teatrais, intitulado "Último Ato", mas após sua morte, a viúva vendeu os originais e o livro acabou sendo irremediavelmente perdido.

Em 16/11/1921, quando estava na plateia do Democrata Circo, foi acometido de um forte acesso de tosse, vindo a falecer vítima de Síncope Cardíaca. Brandão deixou a viúva, Beatriz, e nove filhos, sendo dois de seu segundo casamento, um do terceiro e seis do quarto matrimônio.

O único de seus filhos que seguiria carreira de ator foi Brandão Filho, que conquistou enorme popularidade no circo, no rádio, no teatro, no cinema e na televisão, especialmente com o personagem "Primo Pobre", do programa "Balança Mas Não Cai".

A freguesia de Lomba da Maia, na ilha de São Miguel, nos Açores, sua terra natal, prestou-lhe homenagem em 1983, com um monumento feito por um artista local.

Brandão, o Popularíssimo
Obras Publicadas

  • 1894 - Cenas Realistas (Teatro)
  • 1895 - Lamentações De Um Porteiro: Cena Cômica
  • 1895 - O Boiadeiro (Poesia)
  • 1895 - Capenga Não Forma (Teatro)
  • 1895 - O Tio Geriva (Comédia de Costumes)
  • 1919 - O Barão Das Crioulas (Burleta-Revista)

Fonte: Wikipédia

Luíz Sérgio Person

LUIZ SÉRGIO PERSON
(39 anos)
Ator, Diretor, Roteirista e Produtor

* São Paulo, SP (12/02/1936)
+ São Paulo, SP (07/01/1976)

Luiz Sérgio Person foi um ator, diretor, roteirista e produtor brasileiro. É conhecido sobretudo por ter dirigido dois importantes filmes do cinema brasileiro dos anos 1960, "São Paulo S.A.", um contundente retrato da alienação e do desespero do cidadão médio perante a emergente e aguda industrialização iniciada no final dos anos 50, e "O Caso dos Irmãos Naves", no qual usa um episódio verídico de injustiça e abuso de poder ocorrido durante o Estado Novo para traçar um paralelo com a repressão da ditadura militar da época, de forma crua e bastante corajosa.

Em 1951, fez o curso de interpretação cinematográfica no Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo, como bolsista da prefeitura. Nesse mesmo ano, ele se increveu num processo de seleção de atores para a peça "O Massacre", de Manuel Robins. Ficou entre os cinco finalistas mas os pais o impediram de abandonar o curso clássico no Colégio São Bento para ser ator numa peça encenada no Rio de Janeiro.

Em 1954, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP) onde ficou até o último ano sem contudo diplomar-se.

No ano seguinte, em 1955, junto com um grupo de jovens talentosos, como Antunes Filho, Cláudio Petraglia, Flávio Rangel e Antônio Henrique do Amaral, encenou inúmeras peças teatrais em casa de amigos, dentro do mais perfeito espírito amador.

Antes de completar 20 anos, organizou e editou uma revista de cinema e teatro, "Seqüência". Apesar do título, a revista não passou do primeiro número pelas dificuldades que Luiz Sérgio Person enfrentou em conduzir sozinho todas as tarefas indispensáveis à edição. Alguns meses mais tarde, engajou-se como ator na Companhia de Comédias de Odilon Azevedo e se apresentou no Teatro Municipal de Campinas como galã na peça "Vamos Brincar de Amor". Nesse ano, ainda escreveu um roteiro cinematográfico, inédito, com base no romance "Chão Bruto", de Hernani Donato; o argumento e roteiro de "A Lei do Mais Forte", e teve participação secundária como ator nos filmes "Cais do Vício" e "A Doutora é Muito Viva", ambos de 1956.

Em 1957, experimentou a televisão como ator de  teleteatro na TV Tupi, levado pelo amigo Antunes Filho. Na TV Tupi e TV Record, dirigiu gente consagrada como a atriz Cacilda Becker, de quem ficou amigo. Escreveu o roteiro de "Casei-me Com Um Xavante" (1957), em parceria com Alfredo Palácios, de quem foi também assistente de direção e onde apareceu ainda como ator ao lado de Pagano Sobrinho, Luely Figueiró e Lola Brah. Dirigiu o longa-metragem "Um Marido Para Três Mulheres" (1957).


Afastou-se do cinema em 1959, quando passou a se dedicar a atividades industriais, assumindo a diretoria comercial da empresa Person-Bouquet S/A, o que o levou a circular por ambientes que mais tarde surgiram em "São Paulo, Sociedade Anônima" (1965).

Em 1961, retornou à atividade cinematográfica. Foi para a Itália fazer curso de direção no Centro Sperimentale di Cinematografia (CSC), em Roma, onde ficou por dois anos. Junto com vários colegas do curso, realizou, como produtor, argumentista e diretor, o curta-metragem "Al Ladro" (1962). O filme recebeu o prêmio de qualidade do governo italiano e representou o país no Festival de Veneza em 1962 e, em seguida, no Festival de Bilbao. Como explicou o próprio Luiz Sérgio Person:

"O filme foi inteirinho rodado com a câmera na mão, a pouca distância e mesmo debaixo do nariz de transeuntes e pessoas completamente desprevenidas. Como preparação, de modo geral, o método consistiu em ensaiarmos os atores sem nos preocuparmos com os curiosos que iam se amontoando à nossa volta. Depois de estabelecida a posição da câmera, a objetiva, o diafragma, etc., nos retirávamos fingindo que o trabalho estava terminado; íamos tomar um café ou bater um papo distante do local escolhido, fazendo desaparecer a máquina, a fim de que ninguém nos seguisse. Em seguida, quando o grupo já havia se dispersado, voltávamos e, rapidamente, sem dar tempo ao público de perceber exatamente o que estava sucedendo diante dele, rodávamos a cena."

No mesmo ano, 1962, foi assistente de direção de Luigi Zampa no filme "Anni Ruggenti".

Em 1963, realizou o curta-metragem "L'ottimista Sorridente" em 16mm, seu trabalho de formatura no Centro Sperimentale di Cinematografia. Dirigiu também o documentário "Il Palazzo Doria Pamphili" sobre a sede da representação diplomática brasileira em Roma. Escreveu a primeira versão do argumento de "São Paulo, Sociedade Anônima", ainda com o título de "Agonia". Em Paris, tentou comprar os direitos de "Irma la Dulce" para o cinema.

De volta ao Brasil, em 1964, iniciou os preparativos para a produção de "São Paulo, Sociedade Anônima", em regime de quotas, com Renato Magalhães Gouvêa e Nelson Mattos Penteado.

No ano seguinte, o filme recebeu o Prêmio de Público na I Mostra Internacional do Novo Cinema realizada em Pesaro na Itália; Prêmio Cabeza de Palenque no VIII Festival Internacional do Filme de Acapulco, México; Prêmio Governador do Estado, da Comissão Estadual de Cinema de São Paulo; diversos Prêmios Cidade de São Paulo; os Prêmios Saci do jornal O Estado de S. Paulo para melhor filme, direção e montagem. Nesse mesmo ano, trabalhou na produção do documentário "Esportes no Brasil" para o Ministério das Relações Exteriores.


"São Paulo, Sociedade Anônima" é um marco no cinema paulista e foi a obra de Luiz Sérgio Person mais bem-sucedida, mostrando uma temática profundamente urbana tratada de um modo único dentro do movimento do Cinema Novo. Além de ser pioneiro no aprofundamento da problemática do jovem de classe média, é de se destacar a ausência do povo no filme, que era uma das características cinema-novistas. A forma narrativa assemelha-se ao questionamento da linguagem clássica feita pelo Cinema Novo e, com isso, Luiz Sérgio Person foi considerado um dos poucos participantes paulistas do movimento.

Em 1966, convidou Jean-Claude Bernadet para fazer a pesquisa e roteirizar o episódio do erro judiciário ocorrido em Araguari, MG, em que dois irmãos foram condenados sem terem cometido crime algum. Surgiu, entretanto, a possibilidade de dirigir um filme tendo Roberto Carlos e a Jovem Guarda no elenco, e Luiz Sérgio Person decidiu adiar o projeto sobre os Irmãos Naves. Tendo como parceiros Jean-Claude Bernadet e Jô Soares, escreveu o argumento e roteiro de "SSS Contra Jovem Guarda", mas o filme não chegou a ser rodado. Escreveu então o roteiro, a primeira versão, de "Panca de Valente" (1968).

Viajou inúmeras vezes até Araguari, MG, em companhia de Jean-Claude Bernadet para entrevistar testemunhas da época em que ocorreu o julgamento dos Irmãos Naves e levantar as locações para a realização do filme sobre o assunto. Antes das filmagens, organizou uma produtora com o amigo Glauco Mirko Laurelli, a Lauper Filmes. Em novembro começam as filmagens de "O Caso dos Irmãos Naves" (1967).

Integrou a Comissão Estadual de Cinema, onde ficou até 1971.

Em 1967, "O Caso dos Irmãos Naves" recebeu o Prêmio Governador do Estado para argumento e roteiro; Prêmio INC e Coruja de Ouro de melhor fotografia, cenografia e figurino. No III Festival de Brasília do Cinema Brasileiro recebeu os prêmios para melhor roteiro, diálogo e atriz coadjuvante. No final de 1968, o filme, considerado o melhor do ano, recebeu em Marília, SP, do Clube de Cinema da cidade, o Troféu Curumim

Iniciou um outro projeto, com Jean-Claude Bernadet: o roteiro de "A Hora dos Ruminantes", que não chegou a ser filmado.

Foi lançado "Marido Barra Limpa", o antigo "Um Marido Para Tês Mulheres", de 1957, com cenas adicionais filmadas por Renato Grecchi, que assinou o filme. Luiz Sérgio Person escreveu o roteiro de "Os Sete Pecados Capitalistas", não realizado, e deu aulas na cadeira de linguagem cienematográfica na Escola Superior de Cinema São Luiz, em São Paulo.

Luis Sérgio Person e sua filha Marina Person.
Participou de vários filmes paulistas como ator, em "O Quarto" (1968), dirigido por Rubem Biáfora, "Anuska, Manequim e Mulher", de Francisco Ramalho Jr. A amizade com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, o levou mais uma vez a desempenhar a função de ator em "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no episódio "O Fabricante de Bonecas". Com o mesmo José Mojica Marins e Ozualdo Candeias, fez o longa "Trilogia do Terror", cabendo-lhe o episódio "A Procissão dos Mortos" (1968).

Luiz Sérgio Person liderou a criação da Reunião de Produtores Independentes (RPI), empresa de distribuição de filmes, revelando sua preocupações com a comercialização insatisfatória da produção nacional e dirigiu mais um longa metragem, "Panca de Valente" (1968).

Em 1969, já dedicado ao cinema publicitário, Luiz Sérgio Person recebeu o prêmio de melhor comercial de cinema, "Casa Zacharias", daquele ano, oferecido pelos cronistas publicitários de São Paulo. Continuou dirigindo comerciais - centenas, entre 1969 e 1971 - na G. Smith do Brasil e na sua empresa, a Lauper Filmes.

Voltou a interpretar, em 1970, em papel secundário no filme "Audácia!", de Antônio Lima e Carlos Reichenbach, seu antigo aluno na Escola Superior de Cinema.

"O Caso dos Irmãos Naves" impressionou a crítica americana e fez grande sucesso em Nova York, em 1972. Luíz Sérgio Person seguiu para lá, na tentativa de montar algum esquema de produção para "A Hora dos Ruminantes". Tentou comprar os direitos para montagem no Brasil da peça musical "Chorus Line".

Voltando ao Brasil, dirigiu no Rio de Janeiro a pornochanchada "Cassy Jones, o Magnífico Sedutor" (1973), com o qual ganhou, em 1973, o Kikito de melhor diretor no Festival de Gramado e também prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) que considerou seu filme o melhor do ano. O filme recebeu o Prêmio INC e Carlos Imperial foi premiado com o Troféu Coruja de Ouro de melhor autor das partituras musicais.

Associação Paulista de Críticos de Arte lhe conferiu uma menção especial pela abertura do Auditório Augusta, um velho cinema agora transformado em teatro que ele dirigiu com Glauco Mirko Laurelli e onde encenou inúmeras peças de muito sucesso.

Depois de uma famosa e controvertida entrevista dada a O Pasquim, em que criticou os cinema-novistas e fez afirmações contundentes ("Ipanema Não Existe!"), Luíz Sérgio Person foi convidado a colaborar no semanário enviando suas crônicas semanalmente de São Paulo.

Em 1975, concluiu o curta "Vicente do Rego Monteiro".

Luis Sérgio Person fotografado na região da Boca do Lixo, em São Paulo.
Morte

Luiz Sérgio Person faleceu vítima de um acidente automobilístico em 07/01/1976, deixando duas filhas pequenas, Marina Person e Domingas Person, que futuramente se tornariam bem-sucedidas apresentadoras de televisão, sobretudo de programas musicais.

Ele recebeu inúmeros prêmios póstumos, entre eles o Grande Prêmio da Crítica (APCA) e o prêmio do XI Festival de Brasília, por seu filme "Vicente do Rego Monteiro".


Filmografia

  • 1974 - Vicente do Rego Monteiro
  • 1972 - Cassy Jones, o Magnífico Sedutor
  • 1968 - Panca de Valente
  • 1968 - Trilogia do Terror (Episódio: A Procissão dos Mortos)
  • 1967 - O Caso dos Irmãos Naves
  • 1965 - São Paulo, Sociedade Anônima
  • 1963 - II Palazzo Doria Pamphil
  • 1963 - L'ottimista Sorridente (Curta-Metragem)
  • 1962 - Al Ladro (Curta-Metragem)
  • 1957 - Um Marido Barra-Limpa (Não Creditado)

Fonte: Filmescópio

Marco Antônio Araújo

MARCO ANTÔNIO ARAÚJO
(36 anos)
Compositor e Instrumentista

* Belo Horizonte, MG (28/08/1949)
+ Belo Horizonte, MG (06/01/1986)

Ele era um dos maiores músicos instrumentais quando teve a vida ceifada por um aneurisma cerebral, com apenas 36 anos. Uma perda imensa, não apenas para o rock progressivo brasileiro, mas para uma legião de fãs que aprendeu a amar as belas composições desse mineiro, que atravessava o melhor momento de sua carreira. Marco Antonio Araújo é um nome hoje pouco lembrado, mas quem conhece sua obra não se esquece jamais.

Poucos comentam a obra e vida de Marco Antonio Araújo, um dos maiores representantes da música mineira dos anos 80 e que ganhou o epíteto de Egberto Gismonti da década de 80.

Marco Antonio Araújo nasceu em Belo Horizonte, MG, no dia 28/08/1949. Como todo adolescente nos anos 60 se apaixonou pelos Beatles e pelos Rolling Stones e resolveu, em 1968, ingressar no grupo Vox Populi, que contava com Tavito e Fredera, que depois formariam o Som Imaginário. Ficou um ano no grupo, que lançou um compacto, "Pai-Son", em parceria com Zé Rodrix, pela gravadora Bemol.

Marco já estava absolutamente apaixonado pela música e resolveu abandonar o curso de economia e o emprego em um banco para se dedicar a ela. Em 1970, resolveu morar em Londres, onde ficou dois anos "tietando" (expressão do próprio músico) grupos como Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Rolling Stones etc. Cansado de correr atrás dos grupos, viu que deveria voltar ao Brasil e começar a carreira de músico.

Assim, retornou ao Brasil e foi morar no Rio de Janeiro, onde foi estudar composição com Esther Sciar e aprendeu violão clássico e violoncelo com Eugen Ranewsky e Jacques Morelenbaum, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Começou a compor trilhas sonoras para cinema, teatro e balé, entre elas a peça "Rudá", de José Wilker e "Cantares", um balé apresentado pelo Grupo Corpo, que é uma companhia de dança contemporânea brasileira de renome internacional criada em 1975 em Belo Horizonte. Marco acabou se apaixonando e casando com uma das bailarinas, Déa Marcia de Souza.

Marco mostrou-se um músico brilhante e voltou a Belo Horizonte, em 1977, e passou a integrar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficou até o fim da vida. Ele fez pequenos shows no ano seguinte, onde era acompanhado pelo Grupo Mantra. As composições instrumentais mesclavam o rock progressivo com a mais pura tradição mineira de quadrilhas, modinhas e serestas.

Entre 1978 e 1979 apresentou os shows "Fantasia" e "Devaneios", tendo a companhia de Carlos Bosticco (Flauta), Hannah Goodwin (Violoncelo), seu irmão Alexandre Araújo (Guitarra), Gregory Olson (Contrabaixo), Benoir Clerk (Trompa) e Sérgio Matos (Percussão).

Aos poucos foi formando um grupo de músicos que o acompanharia: Alexandre Araújo (Guitarra), Ivan Correia (Contrabaixo), Mario Castelo (Bateria), Eduardo Delgado (Flauta), Antonio Viola (Violoncelo), Max Magalhães (Piano) e Lincoln Cheib (Bateria).

Em 1980 editou, de forma independente, o primeiro LP, "Influências", que recebeu grandes elogios da crítica especializada e foi divulgado com 74 shows. O disco ganhou boa receptividade fora de Minas Gerais e Marco montou uma produtora independente, Strawberry Fields, a canção dos Beatles que o fez amar o quarteto.


Mais maduro, Marco lançou outro disco, em 1982, o belo "Quando a Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite" e viajou pelo interior de Minas Gerais, através do projeto Acorde Minas, em parceria com a Rede Globo Minas, a Coordenadoria de Cultura do Estado e de sua produtora, Strawberry Fields.

O disco foi novamente elogiado pela crítica, mas Marco sentia que precisava expandir seu público e atingir outros estados, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo.

Incansável, Marco não parava de trabalhar nem um segundo e resolveu inovar no terceiro LP, "Entre Um Silêncio e Outro", de 1983. Para isso, convidou o violoncelista Jacques Morelenbaum, o flautista Paulo Guimarães e o violoncelista Márcio Mallard, e formaram um grupo de câmara que gravou apenas duas "Fantasias Nº 2" e "Fantasias Nº 3". Ao ser editado em CD, trazia ainda as faixas "Abertura I", "Abertura II" e "Cantares II".

A capa trazia uma tela do artista Carlos Scliar"Vinil Encerado Sobre Tela", feita especialmente para Marco e inspirada em sua música. Dentro do disco, um bela capa dupla colorida, havia um texto do próprio Marco falando de sua obra.

No mesmo ano, 1983, nasceu seu primeiro filho, Lucas, no dia 02 de agosto. Inspirado pela paternidade, Marco partiu para gravar um novo disco, para muitos sua obra-prima: "Lucas". Um disco maduro e que mostrava um homem mais esperançoso e preocupado com o futuro.

Em 1984 foi editado uma coletânea, "Animal Racional", e Marco chegava ao auge da carreira, com shows pelo Brasil inteiro, ao lado do Grupo Mantra.


Morte

Marco havia regressado a Belo Horizonte, onde iria receber, no dia 07/01/1986, um prêmio da revista Veja como o melhor músico instrumentista do país.

Subitamente, sofreu uma hemorragia cerebral e entrou em coma profundo, vindo a falecer no dia 06/01/1986, véspera da premiação, vítima de um aneurisma cerebral, após ficar cinco dias internado na UTI do Prontocor, em Belo Horizonte.

Marco tinha uma viagem agendada para Nova York na semana seguinte.

A perda devastadora jamais foi completamente absorvida e entre os dias 07 e 09 de agosto foi realizado o show "Lembranças", para celebrar o 37º aniversário de Marco. Participaram dele Alexandre Araújo, Ivan Correia, Lincoln Cheib, Mauro Rodrigues, Antonio Viola, José Marcosa, Max Magalhães, além de convidados como André Geraissati, Egberto Gismonti, Toninho Horta, entre outros.

Aquele mineiro de técnica refinada e que amava tanto a música pop bem como a mineira e a clássica deixou um legado jamais esquecido pelos fãs e por quem acabaria descobrindo sua obra apenas após sua morte.


Discografia

  • 1980 - Influências
  • 1982 - Quando a Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite
  • 1983 - Entre Um Silêncio e Outro
  • 1984 - Lucas
  • 1985 - Animal Racional (Coletânea)



Nelson Ned

NELSON NED D'ÁVILA PINTO
(66 anos)
Cantor e Compositor

* Ubá, MG (02/03/1947)
+ Cotia, SP (05/01/2014)

Nelson Ned d'Ávila Pinto foi um cantor brasileiro. Primogênito dos 7 filhos de Nelson de Moura Pinto e Ned d´Ávila Pinto, ele saiu de Ubá, MG, para tentar a vida no Rio de Janeiro aos 17 anos. Começou bem distante dos palcos, trabalhando em uma linha de montagem de uma fábrica de chocolates. Cantou em boates paulistas e cariocas antes da maioridade e era escondido embaixo do balcão das casas quando o Juizado de Menores passava para fiscalizar.

Sua primeira gravação como cantor e compositor foi realizada em 1960, pela Polydor, interpretando de Lamartine Babo e Francisco Matoso, "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda" e de Osmar Navarro "Prelúdio à Volta".

Ainda em 1960 fez sucesso com a música "Tamanho Não é Documento", em parceria com Hamilton Gouveia Bastos, referindo-se à sua estatura.

Em 1969, foi o vencedor do I Festival de La Canción, realizado em Buenos Aires, Argentina, onde interpretou sua composição "Tudo Passará", iniciando uma bem sucedida carreira internacional.

Sua composição "Será, Será" foi sucesso no ano de 1969, e no ano seguinte "Se Eu Pudesse Conversar Com Deus". Em 1973, foi a vez de "Não Tenho Culpa de Ser Triste" e em 1984, "Caprichoso", ambas de sua autoria.

Nelson Ned, como compositor, já teve canções gravadas por Moacyr FrancoAntônio MarcosAgnaldo Timóteo entre outros, e internacionais como Matt Monroe. O maior sucesso de sua carreira foi a canção "Tudo Passará", que obteve quarenta regravações, inclusive em versão sertaneja com a dupla João Mineiro & Marciano nos anos 80, que no mesmo disco também gravaram de Nelson Ned o hit "Se Eu Pudesse Falar Com Deus".


Apresentou-se em programas de rádio e TV, atingindo na década de 1980, alta popularidade. Sua carreira de âmbito internacional conta com shows em salas de espetáculo dos Estados Unidos, de diversos países da Europa, África e do México.

Ganhou Discos de Ouro no Brasil, e tem em sua carreira um feito histórico, se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York, feito que se repetiu por 4 vezes com lotação total, e no Madison Square Garden. Nelson Ned foi o primeiro artista latino-americano a vender um milhão de discos nos Estados Unidos.

Nelson Ned passou a ser figura recorrente no programa do Chacrinha, que ele considerava o "pai de sua carreira artística". Foi na televisão que conquistou espaço e sucesso com o hit "Tudo Passará", uma de suas primeiras músicas. "Ele foi um divisor de águas na minha vida. Me deu oportunidade e comida. Devo muito ao falecido amigo. Foi muito difícil ser cantor de brega e anão neste país", relembrou Nelson Ned em entrevista em 2012.

Converteu-se à igreja evangélica, e a partir de 1993 passou a gravar somente repertório religioso, tendo conquistado um Disco de Ouro já no seu primeiro lançamento gospel.

Em 1996, foi lançado no Brasil o livro de Jefferson Magno Costa"O Pequeno Gigante da Canção", uma referência à sua condição de anão, o cantor media 1,12 metro de altura, e em 1998, na versão em espanhol, onde sua história de vida é relatada. No livro, ele contou que enfrentou depressão no auge de sua carreira, passou a beber e envolveu-se com drogas.


Morte

Sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2003, o que o levou a perder a visão do olho direito. No dia 24/12/2013 passou a viver no Recanto São Camilo, na Granja Viana, em Cotia, próximo a São Paulo, sob a guarda e cuidados de sua irmã Neuma Nogueira. O Acidente Vascular Cerebral afetou sua parte vocal, assim como a memória. O cantor ainda sofria de diabetes, hipertensão e estaria desenvolvendo Mal de Alzheimer.

Poucos dias depois, em 04/01/2014, ele deu entrada no Hospital Regional de Cotia, com infecção respiratória aguda, pneumonia e problemas na bexiga.

Nelson Ned morreu na manhã de domingo, 05/01/2014, no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo. Ele estava internado desde sábado, 04/01/2014, com pneumonia.


Funcionários da Funerária Municipal de Cotia, informaram que Nelson Ned morreu às 7:25 hs em decorrência de "choque septico, sepse, broncopneumonia e acidente vascular cerebral". O corpo será transportado da funerária em Cotia, SP, e levado ao Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, SP, no domingo, 05/01/2014. A princípio, o velório será somente para familiares e depois, será aberto aos fãs.

Segundo a irmã Neuma Nogueira, que cuidava do cantor em São Paulo, Nelson Ned teve infecção pulmonar e urinária e não respondeu ao tratamento. "Ele teve febre muito alta e estava muito debilitado. Nos últimos 2 dias, ele já estava inconsciente e respondia muito pouco", disse.

Nelson Ned foi casado duas vezes e teve três filhos com Marly, sua segunda esposa: duas filhas, de 32 e 33 anos, e um filho, que mora no México. Segundo a irmã Ned Helena, as filhas irão acompanhar o velório em São Paulo.

Discografia

  • 1993 - El Romantico de America (Movieplay)
  • 1992 - Penso em Você (RGE)
  • 1991 - Enamorado (RGE)
  • 1990 - O Poder da Fé Vol. 2 (Copacabana)
  • 1987 - Passei da Conta (EMI-Odeon)
  • 1986 - O Grande Nelson Ned (EMI-Odeon)
  • 1985 - Ao Meu Novo Amor (EMI-Odeon)
  • 1984 - Caprichoso (EMI-Odeon)
  • 1982 - Perdidamente Apaixonado (Harmony/CBS)
  • 1979 - Meu Jeito de Amar (Copacabana)
  • 1977 - Nelson Ned (Copacabana)
  • 1976 - O Poder da Fé (Celestial/Copacabana)
  • 1975 - Meu Ciúme (Copacabana)
  • 1973 - Aos Românticos do Mundo (Copacabana)
  • 1973 - Nelson Ned Vol. 3 (Copacabana)
  • 1972 - Nelson Ned (Copacabana)
  • 1970 - Nelson Ned (Copacabana)
  • 1970 - Eu Também Sou Sentimental (Copacabana)
  • 1969 - Tudo Passará (Copacabana)
  • 1964 - Um Show de Noventa Centímetros (Polydor)


Coletâneas

  • 2003 - Ao Meu Novo Amor (EMI Music)
  • 2000 - 20 Supersucessos Vol. 2 - Nelson Ned (EMI Music)
  • 1998 - Seleção de Ouro - 20 Sucessos (EMI Music)
  • 1992 - Seleção de Outo - Nelson Ned (Beverly)
  • 1973 - Série Colagem (Copacabana)


Compactos / Singles

  • 1963 - Polydor - DCPN 500.012
1. Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
2. Por Onde Eu Vou
3. Prelúdio à Volta
4. Melodias Do Céu

  • 1968 - Chantecler - C-33.6320
1. Tamanho Não é Documento
2. Me Ensine A Viver Sem Você

  • 1969 - Copacabana - 3571
1. Um Recado Para Meu Amor
2. Tamanho Não é Documento
3. Ao Meu Amor (To Sir With Love)
4. O Riso Que Eu Perdi

  • 1970 - Copacabana - 3584
1. Canção Popular
2. Os Bairros Pobres da Cidade
3. Se as Flores Pudessem Falar
4. Dois Corações

  • 1971 - Copacabana - 0983
1. Eu Gosto Tanto de Você
2. Não Diga Não

  • 1971 - Copacabana - 1022
1. Todas As Rosas Vermelhas Do Mundo
2. Daria Tudo Pra Você Estar Aqui 

  • 1971 - Copacabana - 3591
1. Eu Duvido
2. Não Quero Mais Amar (I'll Never Fall In Love Again)
3. Cada Um de Nós Sabe de Si
4. Vida Vida Vida

  • 1972 - Copacabana - 1078
1. A Bíblia
2. Esquece Coração Esquece

  • 1973 - Copacabana - CS-1222
1. Papai Noel Existe
2. Papai Noel Existe

  • 1973 - Copacabana - 3623
1. Não Tenho Culpa de Ser Triste
2. Por Amar-te Assim (De T'avoir Aimee)
3. Ninguém Irá Te Amar Mais do Que Eu
4. Não Precisa Voltar

  • 1973 - Copacabana - CD-3683
1. Eu Fui Feliz E Não Sabia
2. Faça de Conta Que Você Gosta de Mim
3. Você Me Abandonou
4. Você Quer Dançar Comigo Esta Valsa

  • 1977 - Copacabana - CS-1637
1. Em Cada Irmão Vejo Cristo
2. Só Mesmo Crendo Em Deus

  • 1977 - Copacabana - CS-1682
1. Lar Doce Lar
2. It's A Small World
3. Eu Vou Fazer Você Gostar de Mim

  • 1977 - Copacabana - CD-3763
1. Apesar De Tudo
2. Em Cada Irmão Vejo Cristo
3. Antes Que Seja Tarde
4. Volte

  • 1984 - EMI-Odeon - 006 200033
1. Caprichoso
2. Romântico

  • N/D - Copacabana - 0864
1. A Cigana
2. Vou Me Mudar Para Outra Cidade
 
78 RPM

  • 1960 - Polydor - 391
1. Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
2. Prelúdio à Volta


Participações

  • 1991 - Salão de festas do Eli Correia (LP RGE 303.6223)
  • 1989 - Guto & Halley (LP Copacabana 697.001)
  • 1978 - Os Campeões da Popularidade (LP Clack/Bandeirantes Discos BR 23.007)
  • 1977 - Sucessos de Rádio Arquivo Tupi (LP GTA Records GTA 016 - Itália)
  • 1975 - Parada Nacional do Sucesso Vol. 2 (LP Som Livre 403.6068)
  • 1973 - 14 Maiorais Nº 19 (LP Copacabana CLP 11730)
  • 1973 - 14 Maiorais Nº 18 (LP Copacabana CLP 11717)
  • 1972 - 14 Maiorais Nº 17 (LP Copacabana CLP 11691)
  • 1972 - 14 Maiorais Nº 16 (LP Copacabana CLP 11678)
  • 1971 - 14 Maiorais Nº 15 (LP Copacabana CLP 11642)
  • 1970 - 14 Maiorais Nº 14 (LP Copacabana CLP 11609)
  • 1969 - 14 Maiorais Nº 13 (LP Copacabana CLP 11585)
  • 1969 - 14 Maiorais Nº 12 (LP Copacabana CLP 11564)

Fausto Canova

FAUSTO AUGUSTO BATTISTETE
(78 anos)
Radialista, Musicólogo e Cantor

* Marília, SP (28/11/1930)
+ Avaré, SP (03/01/2009)

Fausto Canova tinha os dois quesitos fundamentais de um bom apresentador, conta Zuza Homem de Mello, amigo do radialista, historiador e crítico de música. Primeiro: possuía profundo conhecimento musical. Segundo: tinha uma bela voz.

O vozeirão de Fausto Augusto Battistete contribuiu, inclusive, para seu casamento com a mulher com quem viveu boa parte da vida. Sônia era fã de seus programas - e, ambos, de Dick Farney.

Como ela tinha um amigo na mesma emissora de Fausto Canova, conseguiu o contato do radialista, conheceram-se e passaram a namorar.

"Grande nome da Era do Rádio dos anos 50 e 60", como o descreve Zuza Homem de Mello, Fausto Canova passou pela Rádio ExcelsiorRádio BandeirantesRádio Jovem PanRádio Cultura.

Fanático por música americana e música instrumental brasileira, arriscou-se como crooner, mas não levou adiante. O nome Canova, da família da mãe, ele adotou apenas profissionalmente.

Natural de Marília, SP, "gostava mesmo era de São Paulo", contou a sobrinha. Tinha tantos discos em casa que era obrigado a vender alguns para conseguir guardar todos.


Morte

Sozinho em São Paulo e com suspeita de Mal de Alzheimer, mudou-se para Avaré, levado pelo sobrinho. Viúvo havia cerca de quatro anos, Fausto Canova morreu no sábado, 03/01/2009, aos 78 anos, em Avaré, SP, após sofrer uma parada cardíaca. Ele não deixou filhos.

Milton Neves Fala de Fausto Canova

Eu, Milton Neves, trabalhei na mesma emissora que Canova por quase dez anos. Chegando à Rádio Jovem Pan AM pelas mãos do saudoso e genial Fernando Luiz Vieira de Mello, em 1972, conheci Fausto Canova que era o apresentador titular do "Show da Manhã". Ele teve vários produtores como Chico de Assis, Marino Maradei e Leda Cavalcanti e, ao microfone, era um professor de música.
Mas também adorava futebol. Parecidíssimo com Jorge Andrade, ex-lateral-esquerdo do Internacional, RS, Fausto Canova foi também narrador esportivo da TV Tupi por certo período, durante os anos 70.
Grande Canova, que Deus o tenha!


Chico Feitosa

FRANCISCO LIBÓRIO FEITOSA FILHO
(69 anos)
Cantor, Compositor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (01/01/1935)
+ (31/03/2004)

Em 1956, trabalhando como secretário de Vinícius de Moraes, Chico Feitosa conheceu Ronaldo Bôscoli, de quem se tornou amigo e parceiro. Atuou como assistente de produção do espetáculo "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes, tendo substituído o ator Abdias do Nascimento na montagem encenada no Teatro República, no Rio de Janeiro. Começou, nessa época, a freqüentar as reuniões de música promovidas por Nara Leão em seu apartamento.

Em 1958, trabalhou como repórter do Tablóide UH, caderno de variedades do jornal Última Hora, e participou, nesse ano, do show de bossa nova realizado no auditório do Grupo Universitário Hebraico, ao lado de Sylvinha TellesNara Leão, Carlos Lyra, Roberto Menescal, entre outros.

Ainda em 1958, teve registrado seu trabalho de compositor com a gravação de sua música "Sente" (Chico FeitosaRonaldo Bôscoli), por Norma Bengell. Em seguida, o Coral de Ouro Preto gravou "Fim de Noite", música que lhe valeu o apelido de Chico Fim de Noite. Nessa mesma época, a canção foi gravada por Dóris Monteiro.

Chico Feitosa, Normando e Tom Jobin
Em 1959, trabalhando na revista Sétimo Céu, participou dos shows de bossa nova realizados no Rio de Janeiro, como o I Festival de Samba Session realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e "A Noite do Amor do Sorriso e da Flor", na Faculdade de Arquitetura.

Participou do Festival da Bossa Nova, espetáculo realizado em 1962 no Carnegie Hall, em Nova York, Estados Unidos, interpretando a canção "Passarinho", de sua parceria com Marcos Vasconcelos. Ainda nesse ano, sua canção "O Amor Que Acabou" (Chico Feitosa e Lula Freire) fez sucesso na gravação do Tamba Trio.

Em 1966, gravou o LP "Chico Fim de Noite Apresenta Chico Feitosa", lançado pelo selo Forma. Dois anos depois, em 1968, começou a atuar também na produção de jingles para campanhas publicitárias.

Em 1970, sua música "Ye-me-lê" (Chico Feitosa e Luiz Carlos Vinhas) foi incluída e deu título a um disco de Sérgio Mendes.


Em 2001, gravou um volume para a coleção "Um Banquinho, Um Violão...", contendo suas canções "Fim de Noite", "Cheirinho" e "Sei" (Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli), "Castigo" (Chico Feitosa e Marcos Vasconcellos), além de "Conversa de Botequim" (Vadico e Noel Rosa), "Você e Eu" (Carlos LyraVinícius de Moraes), "Meditação" (Newton Mendonça e Tom Jobim), "Tristeza de Nós Dois" (Maurício Einhorn, Durval Ferreira e Bebeto Castilho), "Faceira" (Ary Barroso), "Balanço Zona Sul" (Tito Madi), "Corcovado" (Tom Jobim), "Duas Contas" (Garoto) e "Gosto Que Me Enrosco" (Sinhô).

Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Luiz Bonfá, Baden Powell, Pery RibeiroWilson SimonalTim MaiaMaysaMarisa Gata MansaAlaíde Costa, Elza SoaresMaria Creuza, Tamba Trio, Sérgio Mendes, Maria Bethânia, entre outros.

Em 2011, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box "100 Anos de Música Popular Brasileira", contendo 4 CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção  de 8 LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos "MPB 100 Ao Vivo" realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. Chico Feitosa participou do volume 6 da caixa, com sua canção "Fim de Noite" (Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli), na voz de Lúcio Alves.

Chico Feitosa faleceu no dia 31/03/2004.

Indicação: Miguel Sampaio