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Zé do Norte

ALFREDO RICARDO DO NASCIMENTO
(83 anos)
Cantor, Compositor, Poeta, Escritor e Folclorista

* Cajazeiras, PB (18/12/1908)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/01/1992)

Aos 11 anos de idade perdeu os pais, indo morar com um tio. Fugiu de casa dois anos depois, devido a uma briga e começou a trabalhar ainda criança, na lavoura de algodão. Nunca estudou música, mas desde pequeno gostava de acompanhar os cantadores, chegando a viajar três a quatro léguas para assistir as cantorias. Trabalhou como tropeiro e apanhador de algodão e mais tarde, mudou-se para Fortaleza.

Em 1928, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou no Exército, indo servir no I Regimento de Infantaria da Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde formou-se em Enfermagem. Cursou também a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Sua primeira composição, aos 11 anos de idade, motivada por uma desilusão amorosa, mais tarde se tornaria a famosa "Sodade, Meu Bem, Sodade", sofrendo modificação no ritmo quando ele passou a trabalhar na Rádio Tupi.

Em 1938, durante uma apresentação em um show na Feira de Amostras do Rio de Janeiro, Joracy Camargo e Rubens de Assis viram a cantoria de Alfredo Ricardo, que era fiscal de feira. Eles o convidaram, então, para apresentar-se ao lado dos consagrados Sílvio Caldas e Orlando Silva. Cantou, então, para uma platéia de cerca de 20 mil pessoas que vibrou, pedindo para que ele repetisse diversas vezes a embolada "Errou o Tiro", em que debochava do capitão que matou Lampião.

Em 1939, foi convidado por Lacy Martins, irmão de Herivelto Martins, para cantar na Rádio Tupi, adotando, então, o nome artístico de Zé do Norte. Passou a apresentar o programa "Noite da Roça", que lançou diversos artistas e no qual apresentaram-se, entre outros, Alvarenga & Ranchinho e Luiz Gonzaga, este ainda em começo de carreira.

Em 1941, começou a trabalhar na Rádio Transmissora Brasileira, atual Rádio Globo, onde apresentou e participou dos programas "Desligue, Faz Favor" e "Hora Sertaneja". Tendo trabalhado em diversas estações, teve de afastar-se do rádio em 1942, devido a problemas na garganta que o deixaram afônico.

Em 1947, ingressou na Rádio Fluminense. Trabalhou, ainda, na Rádio Guanabara e Rádio Tamoio.

Em 1948, lançou o livro "Brasil Sertanejo", com temas folclóricos.

Em 1950, gravou o xote "Vamos Rodar" e a valsa "Prazer do Boiadeiro", ambas de sua autoria. Na mesma época, foi convidado pelo diretor Lima Barreto para fazer a trilha sonora do filme "O Cangaceiro". A conselho da escritora Rachel de Queiroz, então roteirista, foi indicado como consultor de linguagem para o mesmo filme. O filme ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Cannes. Da trilha sonora destacaram-se "Sodade, Meu Bem, Sodade", gravada com a atriz Vanja Orico, "Lua Bonita", "Mulher Rendeira" e o coco "Meu Pião", com referências ao seu tempo de criança. Essas músicas fizeram grande sucesso e chegaram a ser gravadas no exterior. Dedicando-se aos trabalhos do filme, retirou-se do rádio.

Em 1953, impetrou ação na justiça contra a empresa cinematográfica Vera Cruz pois o seu nome não foi incluído na apresentação do filme "O cangaceiro" pedindo uma indenização de 300 mil cruzeiros.

Em 1955, Inezita Barroso gravou "Mineiro Tá Me Chamando", adaptação de Zé do Norte para tema do folclore mineiro.

Em 1956, voltou a fazer um programa na Rádio Tupi, a convite de J. d'Ávila, permanecendo, entretanto, por pouco tempo, por não adaptar-se aos programas gravados, já que queria apresentá-los ao vivo.

Em 1957, gravou com seu Conjunto Nordestino os cocos "Mudança na Capitá" e "Na Paraíba".

Em 1958, com o mesmo grupo, Conjunto Nordestino, gravou o coco "No Boero da Usina" e a toada "Vaca Turina".

Em 1959, Luiz Vieira gravou o baião "Milho Verde".

Nos anos de 1970, o roqueiro Raul Seixas regravou a toada "Lua Bonita".

Zé do Norte deixou mais de 100 músicas editadas.


Discografia

  • 1960 - Rock do Matuto / Berimbau de Baiano (Copacabana, 78)
  • 1958 - No Boero da Usina / Vaca Turina (Copacabana, 78)
  • 1957 - Mudança na Capitá / Na Paraíba (Copacabana, 78)
  • 1955 - Coco de Macaíba / Meu Baraio Dois-Dois (Todamérica, 78)
  • 1955 - Três Potes / Será Que Eu Sou Baiano? (Todamérica, 78)
  • 1953 - Mulher Rendeira / Lua Bonita (RCA Victor, 78)
  • 1953 - Meu Pinhão / Sodade, Meu Bem, Sodade (RCA Victor, 78)
  • 1953 - Na Fazenda do Ingá / Lagoa Javari (Continental, 78)
  • 1950 - Estrela d'alva / Cabra Macho é Pernambuco (Star, 78)
  • 1950 - Rói... Rói / Zé das Alagoas (Star, 78)


Indicação: Miguel Sampaio

Pedro Caetano

PEDRO WALDE CAETANO
(81 anos)
Compositor e Comerciante

* Bananal, SP (01/02/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/07/1992)

Pedro Walde Caetano, ou simplesmente Pedro Caetano foi um compositor, sambista e comerciante brasileiro. Compôs inúmeras marchas, sambas, valsas e choros da chamada "Era do Rádio" da música brasileira. Foi o autor de mais de 400 composições, não fez da música a sua profissão, tendo sido comerciante de sapatos durante a sua vida profissional. Teve como parceiros musicais Claudionor Cruz (o mais constante), Pixinguinha, Noel Rosa, Alcir Pires Vermelho e Walfrido Silva.

Nascido em Bananal, interior paulista, veio com a família para o Rio de Janeiro com apenas 9 anos. Começou a estudar piano nessa época. Apesar de se consagrar como compositor, sempre exerceu a atividade de comerciante de calçados. Escreveu o livro "Meio Século de Música Popular Brasileira - O Que Fiz, o Que Vi", lançado pela Editora Vila Doméstica, do Rio de Janeiro, em 1984.

Aos 22 anos, fez seu primeiro samba de projeção, "Foi Uma Pedra Que Rolou", que foi lançado em 1934 por Silvio Caldas no "Programa Casé", mas somente gravado em 1940, pela dupla Joel e Gaúcho na Columbia.

Em 1935, teve sua primeira composição gravada, o samba-canção "O Tocador de Violão", parceria com Claudionor Cruz por Augusto Calheiros na gravadora Odeon.

Em 1937, chegou a escrever uma letra para "Carinhoso", a pedido do irmão de Orlando Silva, Edmundo, pois o "Cantor das Multidões" não confiava no sucesso da letra de Braguinha, que iria gravar. Em suas memórias, a considerou "piegas e sem graça", pois a letra dizia: "Na mansidão do teu olhar / meu coração viu passear / uma feliz e meiga bonança"...

Pedro Caetano homenageado pelo Chacrinha
Em 1938, Orlando Silva fez sucesso com a valsa "Caprichos do Destino" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Nesse mesmo ano, Aracy de Almeida gravou na RCA Victor o samba "Moreno Faceiro" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1939, fez com Valfrido Silva o samba "Se Você Fosse Minha Rosa" gravado na Odeon pela dupla Joel e Gaúcho, com Joel de Almeida compôs o samba "O Que é Que Tem?" e com Claudionor Cruz o samba "Ela Rasgou Minha Baiana", gravados por Dircinha Batista na mesma gravadora.

Em 1940, fez em parceria com Claudionor Cruz e Wilson Batista o samba-batuque "Senhor do Bonfim Te Enganou" gravado na Odeon por Dircinha Batista e Nuno Roland. Com Alcyr Pires Vermelho compôs a marcha "Amor Perfeito" registrada por Gilberto Alves, com Claudionor Cruz compôs o choro estilizado "A Felicidade Perdeu Seu Endereço", a valsa "Não Creio Na Ventura" gravadas por Orlando Silva, e a marcha "Oh! Rosa" gravada por José Lemos, as três na RCA Victor.

Em 1941, Dircinha Batista gravou o samba "Contemplando" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1942, lançou um de seus grandes êxitos, composto em uma festinha, em homenagem a menina Maria Madalena de Assunção Pereira. Lançada por Cyro Monteiro no programa de César Ladeira, na Rádio Mayrink Veiga, a música fez sucesso, justamente por trazer o nome inteiro da menina na letra. Tal detalhe impediu, no entanto, que Cyro Monteiro gravasse o samba-choro com sua letra original, pois a censura da época proibia nomes próprios por extenso em letras de música. A solução foi dada pelo radialista César Ladeira, que sugeriu a troca do sobrenome "de Assunção" para "dos Anzóis" e em tom de brincadeira disse: "Se aparecer alguém com esse nome mandem prender, porque isso não é nome que se use!". Assim, em abril de 1942, saiu o disco pela RCA Victor.

Aniversário de 70 anos
Ainda em 1942, Francisco Alves gravou "Sandália de Prata", um samba em parceria com Alcyr Pires Vermelho, pela gravadora Odeon, e que viria a ser revivida muitas décadas depois. Ainda nesse ano, compôs com Joel de Almeida a rancheira "Saudade da Roça" gravada por Joel e Gaúcho, com Claudionor Cruz fez os sambas "Retratinho Dele" e "Tempestade D'alma", gravados por Dircinha Batista, com Alcyr Pires Vermelho, a marcha "Deixai Para Mim as Cabrochinhas" gravado pelo grupo vocal Quatro Ases e Um Coringa, e com Marino Pinto a marcha "Ela Partiu... (Sabe Moço?)", registrada por Francisco Alves, todas na gravadora Odeon.

Em 1943, Orlando Silva gravou na Odeon a marcha "Orgulho da Minha Terra" (Pedro CaetanoAntônio Almeida e Cyro Monteiro), na RCA Victor o samba "O Vestido Que Eu Te Dei" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho). Com Claudionor Cruz, fez a valsa "Duas Vidas", gravada por Orlando Silva e o samba "É Triste a Gente Querer", gravada por Gilberto Alves, e com Valfrido Silva compôs o "Samba de Casaca" registrado pelos Quatro Ases e Um Coringa. Ainda nesse ano, compôs com Joel de Almeida o maxixe "Quem Foi Que Disse?" e a valsa "Aceite o Convite" gravadas pela dupla Joel e Gaúcho, e teve êxito com a valsa "A Dama de Vermelho", parceria com Alcyr Pires Vermelho e lançada por Francisco Alves.

Em 1944, compôs com Claudionor Cruz um grande sucesso, a marcha de carnaval "Eu Brinco", inspirada na conjuntura da II Grande Guerra, que provocou racionamentos e dificuldades econômicas, a ponto da imprensa temer um carnaval desanimado para aquele ano. A letra dizia: "Com pandeiro ou sem pandeiro, eu brinco, com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco". A expressão caiu nas graças do povo e tornou-se dito popular na época. A marcha foi gravada por Francisco Alves, pela gravadora Odeon. Nesse ano, teve gravados ainda os sambas "Ginga, Ginga, Ginga" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) e "Bahia, Rainha da Lenda" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), pela dupla Joel e Gaúcho, "Quem Gosta de Mim Sou Eu" (Pedro Caetano e Frazão), por Odete Amaral e "A Cubana no Samba" (Pedro Caetano e Valfrido Silva), pelos Quatro Ases e Um Coringa. Ainda em 1944, o samba "Saudades Dela" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho) foi gravado na RCA Victor por Cyro Monteiro e Carlos Galhardo gravou com sucesso o samba "Disse-Me-Disse" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), também pela RCA Victor.

Em 1945, obteve certo destaque com a marcha "Haja Carnaval ou Não" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) gravada por Francisco Alves, pela Odeon. Nesse ano, o mesmo Francisco Alves gravou a valsa "E a Noite Continua" (Pedro Caetano, Alcyr Pires Vermelho e Gilberto Alves), o choro "Este Choro e o Meu Pranto" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Ainda em 1945 fez com Claudionor Cruz a marcha "Um Pracinha na Itália" gravada por Orlando Silva, e a valsa "O Coração Que Te Quer" registrada por Carlos Galhardo.

Pedro Caetano recebendo título de Cidadão Cachoeirense em 1969
Em 1946, teve os sambas "O Samba Agora Vai" e "Onde é Que Estão os Tamborins?" gravados pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa. O samba "Onde é Que Estão os Tamborins?" foi sucesso no carnaval do ano seguinte tornando-se um clássico.  Na letra, reclama da apatia e da ausência dos sambas de Cartola, ausente dos carnavais daquela escola na época com versos que dizem:

"Mangueira

onde é que estão os tamborins, ó nêga?

Viver somente do cartaz não chega

põe as pastoras na Avenida

Mangueira querida!"

Segundo o autor, o samba nasceu quando voltava do teatro com a mulher, em época próxima do carnaval e estranhou o silêncio na Mangueira:


"Como estávamos perto do carnaval,  estranhei o silêncio e comentei: - Você não acha que já seria hora de a Mangueira estar fervilhando nos ensaios? Dizendo isto fui fazendo a minha crítica mentalmente e esta foi saindo em ritmo de samba de carnaval. O negócio foi tão espontâneo que quando meti a chave na porta, já estava cantando!"

Ainda nesse ano, Gilberto Milfont gravou dois sambas e uma marcha de sua parceria com Claudionor Cruz, "Estão Vendo Aquela Mulher",  "Apelo" e "Quem Tem Dinheiro". O samba "O Que Se Leva Dessa Vida", também seria muito bem sucedido e foi gravado por Cyro Monteiro pela RCA Victor e regravado pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa, pela gravadora Odeon.

Em 1947, teve mais dois sambas gravados pelo Quatro Ases e Um Coringa, "Sopa No Mel", com Sá Róris e "Sambolândia". Com o mesmo grupo Quatro Ases e Um Coringa obteve novo sucesso com o samba "É Com Esse Que Eu Vou", composto numa viagem de trem de Vitória para Belo Horizonte. Anos depois este samba foi relançado e consagrado na interpretação de Elis Regina, em arranjo inovador. Ainda no mesmo ano, Francisco Alves gravou a valsa "Você e a Valsa" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), e Cyro Monteiro a marcha "Beijo".

Pedro Caetano com Marlene no show "É Com Esse Que Eu Vou"
Em 1948 teve as marchas "Paz com briga" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), gravada por Albertinho Fortuna e "Beduíno" (Pedro Caetano e Sá Róris) por Castro Barbosa, as duas na gravadora Star.

Em 1949, o Quatro Ases e Um Coringa gravou os sambas "Mulher Carinhosa Demais" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho) e "No Meu Cangote" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1950, Nuno Roland gravou na Todamérica o samba "Em Qualquer Parte do Rio" (Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho), e Heleninha Costa na gravadora Sinter a batucada "Bonequinha da Holanda" (Pedro Caetano e Clemente Muniz).

Em 1951, os Vocalistas Tropicais gravaram na Odeon a marcha "Quem Tem Amor Não Dorme"Nuno Roland na Todamérica o samba "Tá Bem Quente" (Pedro Caetano e Carlos Barroso).

Em 1952, os Vocalistas Tropicais gravaram a rancheira "Cachoeiro do Itapemirim" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) e o samba "Presunçosa" (Pedro Caetano e Clemente Muniz), Elizeth Cardoso o bolero "Amor, Amor" (Pedro Caetano e Portinho), e a dupla Joel e Gaúcho as marchas "Senhor Cabral" (Pedro Caetano e Cláudia Sandoval) e "Mulher Falsa" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).

Em 1953 fez uma rara parceria com o pianista José Maria de Abreu no samba "Rancor" gravado por Marion e teve as marchas "No Fundo do Copo" (Pedro Caetano e Clemente Muniz) gravada por Nuno Roland e "Tomara Que Caia" (Pedro Caetano e Carlos Barroso) por Bill Farr.

Pedro Caetano na Casa Pedro
Em 1954, fez com Clemente Muniz a marcha "Despedida de Solteiro" e a valsa "Casadinhos" gravadas em dueto por Alcides Gerardi e João Dias e, com Claudionor Cruz, o samba-canção "Falta-me Alguém", gravado por Carlos Augusto na Sinter.

Em 1956 Orlando Silva gravou na Odeon o samba "Dia de Pagamento" (Pedro Caetano Clemente Muniz) e Dalva de Andrade, na Continental lançou o samba-canção "Tudo Nos Falta" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), e Gilda Valença lançou na Sinter as marchas "Uvas Pretas" e "Quanta Coisa Boa" (Pedro Caetano e Carlos Renato). Ainda nesse ano, a então Miss Brasil Marta Rocha gravou o baião "Rio, Meu Querido" (Pedro Caetano e Carlos Renato) e a marcha "Duas Polegadas a Mais" alusiva a sua derrota no concurso de Miss Universo por ter duas polegadas a mais na cintura, parceria com Alcyr Pires Vermelho e Carlos Renato.

Em 1957, Nora Ney gravou na Continental o samba "Eu e Deus" (Pedro Caetano Evaldo Gouveia) e Jorge Goulart na mesma gravadora lançou a valsa "Rio, Novo Céu" (Pedro Caetano Claudionor Cruz). No mesmo ano, Léo Vaz gravou os sambas "Eu Vou Onde Está o Brasil" e "A Sorte Corta Caminho", parcerias com Alcyr Pires Vermelho.

Em 1961, lançou a marchinha de carnaval "Desta Vez Vamos", uma sátira ao slogan de Ademar de Barros, candidato à presidência da República na época.

Em 1965, em parceria com Alexandre Dias Filho, compôs a marchinha "Todo Mundo Enche", uma sátira ao coronel Américo Fontenelle, então diretor de trânsito do Rio de Janeiro.

Classificou a marcha "Jambete Sensação" (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), em 1968, em concurso de carnaval promovido pela Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara, iniciativa do Museu da Imagem e do Som, através do Conselho Superior de MPB.

Pedro Caetano com Marlene e Luiz Reis (Carnaval 1969)
Em 1969, compôs com Luiz Reis o samba "Olha Leite das Crianças" defendido por Marlene no palco do Maracanãzinho no concurso de carnaval daquele ano obtendo o quarto lugar.

Por volta de 1972, foi lançado com a colaboração do Governo do Estado do Espírito Santo o LP "Canto e Encanto do Espírito Santo", com músicas de sua autoria em homenagem a diversas cidades daquela estado interpretadas por Antônio João, Rose Valentim e Nuno Roland.

Em 1974, recebeu  o título de Cidadão da Guanabara em homenagem prestada em show comemorativo a seus 40 anos de carreira.

Em 1983, o grupo vocal As Gatas gravou sua marcha "Tira a Tranca, Arranca o Trinco (General, General)" e Jacyr da Portela a marcha "É Dose Pra Leão" lançadas no compacto "O Carnaval do Café Nice". Esta última foi regravada pelo grupo Céu da Boca no ano seguinte no LP "Carnaval 84, Liberou Geral".

Em 1984, foi homenageado com o primeiro show montado de sua obra, espetáculo "É Com Esse Que Eu Vou" realizado na Sala Sidney Miller da Funarte na série "Projeto Carnavalesca", com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, que segundo o compositor, "(...) fez do meu repertório uma autêntica Revista Musical. Teatralizando as marchinhas de atualidade política e social, ele fez do show, um espetáculo alegre e muito bem humorado".

Este espetáculo contou com as participações de Marlene e o grupo Céu da Boca, além do próprio compositor, presente ao palco. Neste show, além de seus clássicos, o roteirista incluiria músicas carnavalescas recentes, como "Cineangiocorariografia", uma sátira aos problemas de que era vítima o então presidente da República João Figueiredo.

Autor de grandes clássicos da Música Popular Brasileira como "Sandália de Prata", "Eu Brinco", "Botões de Laranjeira", "É Com Esse Que Eu Vou""Onde Estão os Tamborins", entre outras, foi homenageado por ocasião do centenário de seu nascimento em evento realizado no Instituto Cultural Cravo Albin com uma exposição, show comemorativo e placa no Mural da Fama do Instituto.

Pedro Caetano morreu aos 81 anos, no dia 27/07/1992 na cidade do Rio de Janeiro.


Pimentinha

WALTER SEYSSEL
(66 anos)
Ator e Palhaço

* Juiz de Fora, MG (16/06/1926)
+ Itu, SP (17/07/1992)

Walter Seyssel, mais conhecido pelo nome artístico Pimentinha foi um ator e palhaço brasileiro. Trabalhou ao lado de seu tio Arrelia, no programa da TV Paulista, canal 5, no ano de 1953 e depois foi para a TV Record, onde trabalhou durante vários anos.

Pimentinha foi dos tempos de ouro do circo no Brasil. Inaugurou uma época na televisão, pertenceu a uma família que durante quatro gerações, viveu sob a lona. Pimentinha contava ser sobrinho do Arrelia por parte de pai, e Arrelia que era 20 anos mais velho que ele, que lhe deu o nome de Walter.

Pode-se dizer que Pimentinha nasceu no circo e que era a quarta geração de sua família circense, que se originou na França e se espalhou por diversos países da Europa e veio para o Brasil. Nasceu em Juiz de Fora, MG, correu o Brasil e depois estabeleceu-se em Itu, SP.

A primeira apresentação ao público, de cara pintada, foi aos dois anos de idade. Foi a vez de alguém anunciar, do alto do picadeiro: "Respeitável público, aqui vem Espirro!". E ali entrou o novo palhaço fazendo as trapalhadas que o pai, Paulo Seyssel, o palhaço Aleluia do circo que ainda esta vivo, havia lhe ensinado. Dali em diante, todos os dias, ele subia no picadeiro, fazia brincadeiras e palhaçadas e depois ia dormir no colo da primeira moça que não tivesse ensaiado ou se apresentado. Ela o levava ate o camarim e entregava-o a sua mãe, Dona Leontina, que na época desafiava o trapézio.


E assim, aos poucos e quase que automaticamente, foi ensaiado. Inicialmente umas cambalhotas, mais tarde vieram o salto mortal e toda espécie de aventura.

Na vida real Espirro chamado de Valtinho ou então de Pimenta ou Pimentinha, de tão levado que era. Não aceitava apanhar de ninguém e mexia em tudo, até com os animais ferozes. Com ArreliaPimentinha começou a trabalhar desde cedo, no Circo Seyssel, que já havia sido do seu avô.

Valtinho Arrelia já trabalharam juntos até que, em 1952, os Seyssel e a população de São Paulo entraram em pânico: o circo entrou em chamas, debaixo do Viaduto Santa Efigênia. Daí então sua vida se complicou. Já casado com Amélia Rocha, mulher circense, aramista, comediante e cantora, um filho e outro para nascer, Pimentinha teve que se virar.

Com PiolimArrelia, foi para a TV Paulista, canal 5. No ano seguinte, em 1953, Arrelia começou a trabalhar na TV Record, onde numa sala pequena, montou seu circo. E ali, entrou também o mestre do riso Pimentinha.

Trabalhou até o ano de 1976, desenvolvendo diversas atividades na TV, onde fez papéis dramáticos e dublagens, marcando presença com facilidade em interpretar sotaques de diversas línguas, principalmente a chinesa. De 1976 a 1980, ele atuou em programas infantis da TV Cultura, contracenando com Torresmo.

Em 1980, mudou-se para Itu, interior paulista, onde veio a falecer em 17/07/1992, aos 66 anos de idade.


Caracterização do Palhaço Pimentinha

Um estilo bastante sofisticado, considerando um cômico "clown" de perfil clássico para o mundo do circo, usava um cone na cabeça, uma camisa amarela (estilo convencional), vestia calça com suspensório. A sua maquiagem revelava o quanto este mestre entendia a arte de fazer rir e os seus traços do rosto revelavam a tradição dos "clowns" clássicos europeus.

Cinema
  • 1975 - O Trapalhão na Ilha do Tesouro


Viriato Ferreira

VIRIATO FERREIRA
(62 anos)
Figurinista e Carnavalesco

* Rio de Janeiro, RJ (24/04/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/1992)

Viriato Ferreira foi um figurinista e carnavalesco brasileiro. Trabalhou para Teatro de Revista durante muitos anos. Foi lá que aprendeu a criar figurinos que eram ao mesmo tempo leves, cômodos e de grande efeito visual, características que marcariam seus trabalhos como carnavalesco de grandes escolas de samba cariocas. Mas sua ligação com o carnaval começou quando desfilava como destaque pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro.

Durante alguns anos colaborou com seu trabalho para o sucesso de Joãosinho Trinta no Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor, mas foi no Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela e no Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense que pode assumir o posto de carnavalesco e desenvolver enredos inesquecíveis como "Hoje Tem Marmelada" (Portela, campeã de 1980) e "O Que É Que A Banana Tem" (Imperatriz Leopoldinense, 1991).

Em 2009, foi homenageado num dos setores do desfile da Imperatriz Leopoldinense, que levava à Passarela do Samba o enredo "Imperatriz.... Só Quer Mostrar Que Faz Samba Também!"

Viriato Ferreira no barracão da Imperatriz Leopoldinense
Carnavais de Viriato Ferreira

  • 1979 - "Incrível, Fantástico, Extraordinário" (GRES Portela)
  • 1980 - "Hoje Tem Marmelada" (GRES Portela)
  • 1981 - "Das Maravilhas Do Mar Fez-se O Esplendor De Uma Noite" (GRES Portela)
  • 1982 - "Meu Brasil Brasileiro" (GRES Portela)
  • 1991 - "O Que É Que A Banana Tem" (GRES Imperatriz Leopoldinense)
  • 1992 - "Não Existe Pecado Abaixo Do Equador" (GRES Imperatriz Leopoldinense - Junto com Rosa Magalhães)
  • 1993 - "Marquês Que É Marquês Do Saçarico É Freguês" (GRES Imperatriz Leopoldinense - Junto com Rosa Magalhães)

Fonte: Wikipédia

Adelaide Carraro

ADELAIDE CARRARO
(55 anos)
Escritora

* Vinhedo, SP (30/07/1936)
+ São Paulo, SP (07/01/1992)

Adelaide Carraro foi uma escritora brasileira. Era uma escritora que escrevia livros fortes, com temas polêmicos e em plena época da ditadura militar, quando havia muita censura.

Poucas foram as escritoras que souberam lidar com a libido em seus textos. Polêmica, a cada livro que lançava despertava a curiosidade em alguns e a ira em outros. Principalmente, os políticos e a alta sociedade que sempre apareciam biografados, e nem sempre da forma que gostariam.

Adelaide Carraro nasceu na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, em 30/07/1936. Logo cedo, aos 7 anos, ficou órfã com mais onze irmãos. As dificuldades eram grandes, e então, passou a viver em um orfanato.

Seu primeiro texto que chegou ao conhecimento público foi a crônica "Mãe", que lhe rendeu um prêmio aos 13 anos de idade.


Adelaide Carraro deixou uma obra bastante extensa, com mais de 40 edições, tendo mais de 2 milhões de exemplares vendidos, entre eles "O Estudante", "O Estudante II", "O Estudante III", "Meu Professor, Meu Herói" e "Eu e o Governador". Este último é o seu texto mais polêmico, referente à descrição de um suposto romance com Jânio Quadros em seu período como governador de São Paulo.

Escreveu também outras obras como "Podridão" e "O Mundo Cão de Sílvio Santos".

"Falência das Elites" é a segunda e uma das mais importantes obras de Adelaide Carraro. Ela exibe de maneira perturbadora o retrato de uma sociedade cheia de preconceitos, em decomposição e intolerante, que despreza todos aqueles que não ingressaram em seu meio egocêntrico aristocrático do dinheiro.

Pasquim Num. 427 (Entrevista Com Adelaide Carraro)
Sincera, clara e simples, a autora ofende a vaidade da chamada elite. Para Adelaide Carraro, a elite apresenta duas caras: uma é feliz e amável e finge-se filantrópica, a outra é sombria, oculta e repulsiva.

Adelaide Carraro era solteira convicta, jamais cogitou se casar, porém, foi mãe adotiva de duas crianças. Muitos foram os adjetivos na tentativa de classificar sua obra, entre os quais "literatura pornográfica" e "escritora maldita".

Adelaide Carraro morreu em janeiro de 1992 aos 55 anos.

Ernâni Alvarenga

ERNÂNI ALVARENGA
(77 anos)
Cantor, Compositor e Instrumentista

* São Paulo, SP (10/06/1914)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/01/1992)

Ernâni Alvarenga foi um compositor, instrumentista e cantor, nasceu em São Paulo, SP, no bairro da Barra Funda, aos quatro anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde fez o curso primário.

Aprendeu a tocar cavaquinho e em 1927 participava de um regional, começando a compor no ano seguinte. Durante o carnaval, convidado pelo sambista Paulo da Portela, que desfilava pelo bloco "Vai Como Pode", passou a participar, juntamente com seu "Bloco da Rua D", da escola de samba que estava sendo organizada e que em 1935 se tornaria conhecida como Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.

Em 1931 o "Vai Como Pode" desfilou na Praça Onze, cantando "Dinheiro Não Há", samba de sua autoria, que mais tarde, com uma segunda parte composta por Benedito Lacerda, foi gravado por Leonel Faria.

Sambista da velha guarda da Portela, atuou na escola compondo e tocando cavaquinho de quatro e cinco cordas, instrumento no qual se aperfeiçoou com a ajuda de Luperce Miranda.

Em 1937, a convite de Paulo Leblon, diretor da Rádio América, de São Paulo, afastou-se da escola para apresentar-se como cantor no programa "Big Show América". Depois de passar alguns anos em São Paulo, voltou ao Rio de Janeiro para trabalhar na Rádio Mayrink Veiga e a seguir na Rádio Guanabara.

Doente das cordas vocais, deixou a vida artística por alguns anos, reaparecendo no início da década de 1970.

Morador do subúrbio carioca de Osvaldo Cruz, foi um dos últimos remanescentes do grupo de fundadores da Portela. Frequentava esporadicamente os ensaios e rodas de samba promovidos pela escola. Dois de seus sambas, "Salário Mínimo" e "Dinheiro Não Há", foram regravados por Beth Carvalho.

Fonte: Cifra Antiga

Gilberto Alves

GILBERTO ALVES MARTINS
(76 anos)
Cantor

* Rio de Janeiro, RJ (15/04/1915)
+ Jacareí, SP (04/04/1992)

Gilberto Alves Martins, "carioca da gema", como ele próprio dizia, nasceu no bairro de Lins de Vasconcelos no Rio de Janeiro, em 15/05/1915.

Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse trabalho. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.

Gilberto Alves conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.

Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Um dia Almirante "A Maior Patente do Rádio" ouviu Gilberto Alves cantar, e o convidou a se apresentar na Rádio Club do Brasil, onde era o diretor artístico, além de um programa que fazia. Corria o ano de 1935, e, mesmo sem contrato, Gilberto Alves se apresentou por algum tempo no programa de Almirante, ganhando 30 mil réis por mês.

É bom que se diga que na Rádio Club do Brasil, na mesma época, eram contratados Orlando Silva e Aracy de Almeida, com 70 e 50 mil réis por mês, respectivamente. Gilberto Alves permaneceu na Rádio Club do Brasil, por treze meses, cantando sem contrato, recebendo apenas cachê.

Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, hoje Rádio Bandeirantes, onde atuava no "Programa Carioca" programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel.

Gilberto Alves cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista, Marília e Henrique, atuando paralelamente em outras emissoras. O Souza Barros, diretor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, resolveu fazer um pesquisa para saber dos cantores novos, qual o de maior possibilidades de se tornar um grande cartaz no futuro, qual o mais promissor. Para isso determinou uma votação que foi feita entre os grandes da época. Votaram Francisco Alves, Carlos GalhardoSílvio Caldas, Saint Clair Senna, Moacir Fenelon, Bide, Marçal.

Gilberto Alves foi escolhido por unanimidade o cantor revelação, e assinou o seu primeiro contrato com a Rádio Tupi para fazer um programa semanal de ¼ de hora. Era o ano de 1939. E, pela primeira vez, Gilberto Alves se deu conta que era um cantor profissional, preso a uma emissora de rádio através de um contrato. Ele, que praticamente só cantava por prazer.

Gilberto Alves ficou na Rádio Tupi até o ano de 1948, quando então foi para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas "Mulher Toma Juízo" (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e "Favela Dos Meus Amores" (Roberto Cunha), na gravadora Columbia.

Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, "Mãos Delicadas", além de "Duas Sombras", esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela gravadora Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi.

O primeiro grande êxito de Gilberto Alves junto ao público brasileiro foi a música "Tra La La" (Roberto Martins e Mário Rossi), lançada em 1940 pela gravadora Odeon. Depois veio, em 1941, "Uma Grande Dor Não Se Esquece" "Sonhos de Outono"; em 1942, "Algum Dia Te Direi", "Gavião Caçudo" e "Pombo Correio", músicas de grande efeito e enorme vendagem de discos.

Nas gravações de Gilberto Alves, mesmo as mais antigas, cuja qualidade técnica deixa a desejar, o ouvinte tem condições de entender plenamente todas as palavras. Segundo as declarações do cantor, ele nunca tinha sequer sonhado em se tornar profissional do canto. Vivia cantando entre amigos e em rodas de samba. Primeiro porque o convidavam e, segundo, gostava muito. Mas nunca pensou em ser artista. Tudo aconteceu de forma natural.

Gilberto Alves ficou na gravadora Columbia por pouco tempo, transferindo-se a seguir para a Odeon, onde se firmaria como um dos maiores cantores brasileiros, dono de uma discografia de mais de 400 discos 78 rpm, além de diversos LPs.

Cada cantor do passado, mesmo sendo detentor de vários sucessos em suas apresentações fora do Rio de Janeiro, era praticamente obrigado a interpretar a música que o definia junto ao grande público. Com Francisco Alves este fato ocorria com "A Voz do Violão", com Carlos Galhardo, "Fascinação", com Sílvio Caldas, "Chão de Estrelas", com Vicente Celestino, "O Ébrio", e com Gilberto Alves "Algum Dia Te Direi", composição de Felisberto Martins e Cristóvão de Alencar.

Onde fosse, em qualquer parte do Brasil, o público pedia ou até exigia "Algum Dia Te Direi", a música com a "cara" de Gilberto Alves. A este seguiram-se outros sucessos, como "Natureza Bela" (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha "Cecília, No Carnaval" de 1943, e no ano seguinte o fox "Adeus", dos mesmos autores.

Em 1944 gravou "Despedida" (Tito Ramos), "Algum Dia Te Direi" (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), "Sinfonia Dos Tamancos" (Roberto Martins) e "Capital Do Samba" (José Ramos). No ano seguinte, deixou a gravadora Odeon e foi para a RCA Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco "Rosa Maria" (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional.

Em 1949 Gilberto Alves casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão.

Em 1975 completou quarenta anos de carreira. Nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada Velha Guarda.


Uma particularidade de Gilberto Alves era sua prodigiosa memória. Quando morava no Rio de Janeiro, depois de se aposentar em 1970 da Rádio Nacional e, posteriormente, em Cezário Lange, pequena cidade do interior paulista, onde viveu seus últimos anos, sempre era convidado a participar das serestas quando estas ocorriam. Nestas ocasiões, sempre lhe pediam que cantasse aquelas músicas antigas com letras quilométricas e, às vezes rebuscadas, que ele sabia de memória, mas não se lembrava de como as tinha aprendido. Devia ser coisa de sua infância, pois ele não tinha ideia de como tomara conhecimento delas.

Pelo temperamento alegre e sempre disposto a uma boa brincadeira, Gilberto Alves era um alvo predileto de "gozações" de seus amigos do meio radiofônico. Sílvio Caldas, por exemplo, dizia que o cabelo de Gilberto Alves era "penteado a metralhadora", tal o número de ondulações que possuía, por ser muito crespo. Gilberto Alves retrucava chamando Sílvio Caldas de "saci", pelo fato dele ser extremamente magro e muito experto, "elétrico" mesmo, além de apelidá-lo de "rompe-fronha", por possuir cabelo crespo e duro.

Além do grande cantor que foi, possuidor de uma das mais belas e expressivas vozes do nosso cancioneiro, Gilberto Alves era ainda um estudioso da nossa música popular, possuindo uma enorme coleção de discos de chorinho, gênero que adorava.

Fonte: Letras
Indicação: Miguel Sampaio

Aladim

JOSÉ NASCIMENTO CARDOSO
(35 anos)
Cantor

* Visconde do Rio Branco, MG (1956)
+ (01/10/1992)

Alan & Aladim formaram a dupla no ano de 1976 durante um concurso musical onde Aladim deu nota zero a Alan num concurso musical. Alan, antes da carreira artística  foi torneiro mecânico. Aladim teve outras duplas com outros parceiros antes de formar a dupla Alan & Aladim e tocou quatro anos com João Mineiro & Marciano.

Alan & Aladim gravaram o seu primeiro LP no ano de 1981, pela gravadora CBS/Sony Music com ajuda de Marciano da dupla João Mineiro & Marciano. Na época a CBS estava investindo na área sertaneja, contudo fecharam seu departamento sertanejo e eles viram-se novamente sem gravadora. Mais uma vez Marciano os apoiou, levando a dupla para a Copacabana onde permaneceram até o último LP.

Em seu primeiro LP pela nova gravadora fizeram sucesso com a música "Parabéns amor", mesmo assim ficaram quase três anos sem gravar. Gravam mais três álbuns, sendo um no ano de 1987 que vendeu quase um milhão de cópias e os consagrou em todo Brasil, um segundo no ano de 1989 que vendeu 200 mil cópias, cinco meses depois já haviam vendido 500 mil repetindo o sucesso do disco anterior e ainda o último álbum da formação original, que emplacou o sucesso "Remédio ou Veneno", no ano de 1991. Os maiores sucessos da primeira formação ainda com José Nascimento, o Aladim, foram as músicas "Parabéns Amor", "Dois Passarinhos" , "Liguei Pra Dizer Que Te Amo", "A Dois Graus", "Dona", "Pra Poder Voltar Aqui", "Remédio ou Veneno" e outras.

Com os sucessos dos discos, a dupla conquistou três discos de ouro e um de platina.


Morte

Infelizmente, a formação original terminou em 01/10/1992, quando Aladim faleceu em decorrência de uma corriqueira cirurgia dentária aos 35 anos. O cantor desenvolveu alergia a anestesia, que lhe causou uma Parada Cardiorrespiratoria. Aladim deixou dois filhos de 8 e 2 anos na época. Este relato foi mostrado no SBT Repórter, em 2006.

O último show de Aladim foi realizado na cidade de Cristalina, no estado de Goiás, a 120 km de Brasília.

Novo Integrante

Após a morte do parceiro, Alan buscou novas parcerias, formando dupla com Alex, não obtendo boa aceitação, e também com Nando, ambos em 1995, com o qual também gravou um disco, mas não deslanchou.

Em 1996, formou novamente a dupla, onde a gravadora Copacabana fez uma seleção para encontrar um substituto que assumisse o nome artístico de Aladim, e o parceiro escolhido desta vez foi Patrick, um cantor de músicas italianas nas noites de São Paulo, adotando Alan & Alladin, mudando a grafia com "l" dobrado e "n" no final. Gravaram 05 álbuns e após 11 anos da formação, se separaram.

Atualmente Alan forma dupla com Arnaldo dos Reis, irmão da dupla Gian & Giovani, mantendo o nome Alan & Aladim.

Discografia

  • 1997 - Alan e Aladin (EMI Music - 98006)
  • 1991 - Alan e Aladin (Copacabana - 603.003)
  • 1989 - Alan e Aladin (Copacabana - 612.991)
  • 1987 - Alan e Aladin (Copacabana - COMLP 25213)
  • 1984 - A Distância (Copacabana - COELP 41951)
  • 1981 - Alan e Aladin (Veleiro/CBS - 2013)

Participações

  • 2000 - Bis Sertanejo (EMI Music - CD)
  • 1992 - O Melhor do Sertanejo (Som Livre - LP)

Otto Lara Resende

OTTO DE OLIVEIRA LARA RESENDE
(70 anos)
Escritor e Jornalista

* São João Del-Rei, MG (01/05/1922)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/12/1992)

Otto Lara Resende nasceu em 01/05/1922, na Rua da Matola 9, São João Del Rey. Foi um jornalista e escritor brasileiro. Otto Lara Resende é pai do economista André Lara Resende. Seu pai, Antônio de Lara Resende, era professor, gramático e memorialista, e foi casado com Maria Julieta de Oliveira, com quem teve 20 filhos, dos quais Otto era o quarto.

O seu pai, professor, era dono do próprio colégio, o Instituo Padre Machado que foi transferido para Belo Horizonte em 1938, levando toda a família. Otto começou a escrever no jornalzinho do colégio que era vistoriado pelo professor Benone.

Em 1938, aos 16 anos, quando já morava em Belo Horizonte, Otto começou a ter maior contato com autores lançados na época. Conheceu Fernando Sabino e entrou para o escotismo, frequentou o curso de inglês com Paulo Mendes Campos e tornou-se amigo de Hélio Pellegrino, com quem lançou o jornal Liberdade em oposição ao Estado Novo.

Nesta época, Otto já trabalhava como professor de português e francês. Em 1939, foi convidado para trabalhar no serviço do Imposto Territorial da Secretaria de Finanças de Minas Gerais. Aos dezoito anos, iniciou como jornalista no jornal O Diário, de Belo Horizonte, estreando com o artigo "Panelinhas Literárias".

No decorrer de sua vida trabalhou no Diário de Minas e no Rio de Janeiro, nos veículos Diário de Notícias, O Globo, Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora, Manchete, Jornal do Brasil, TV Globo, e no paulista Folha de São Paulo.


Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro, já formado em direito, trabalhou como jornalista e funcionário público. Em 1948, casou-se com Helena, neta do ex-governador de Minas Gerais, João Pinheiro.

Otto Lara Resende publicou o seu primeiro livro de contos, "Lado Humano", em 1952, pela editora A Noite. Em 1957, publicou o seu segundo livro "Boca do Inferno", pela editora José Olympio. Depois de ter trabalhado na revista Manchete como redator-chefe e diretor, se demitiu e viajou com a família para a Bélgica, onde exerceu trabalhos culturais na embaixada brasileira.

Fundou com Rubem Braga e Fernando Sabino, entre outros amigos, a Editora do Autor. Lá, publicou "O Retrato Na Gaveta" (1962) e "O Braço Direito" (1963). Em 1964, escreveu "A Cilada", um conto sobre a avareza, no livro "Os Sete Pecados Capitais", publicado pela Editora Civilização Brasileira, e do qual participaram também Guimarães Rosa (Soberba), Carlos Heitor Cony (Luxúria), Mário Donato (Ira), Guilherme Figueiredo (Gula), José Condé (Inveja) e Lygia Fagundes Telles (Preguiça).

Na década de 60, tornou-se editoralista do Jornal do Brasil. Em 1967, estreou o programa de TV "O Pequeno Mundo De Otto Lara Resende", na TV Globo, uma participação diária de 60 segundos durante a qual falava sobre os acontecimento do dia. Em 1979, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 39, em 2 de outubro.

Depois de prestigiado sucesso como cronista da Folha de São Paulo, no início da década de 90, em 1992, largou o jornalismo aos 70 anos de idade.

Em 28 de dezembro de 1992, faleceu vitimado por uma Embolia Pulmonar e Infecção Hospitalar. Na época de sua morte, trabalhava como cronista para o jornal Folha de São Paulo.


Academia Brasileira de Letras

Em 3 de julho de 1979, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 39, vaga com a morte de Elmano Cardim.

Obras

  • 1952 - O Lado Humano (Contos)
  • 1957 e 1998 - Boca Do Inferno (Contos)
  • 1962 - O Retrato Na Gaveta (Contos)
  • 1964 - O Braço Direito (Romance)
  • 1965 - A Cilada (Conto, publicado em "Os Sete Pecados Capitais")
  • 1975 - As Pompas Do Mundo (Contos)
  • 1991 - O Elo Partido e Outras Histórias (Contos)
  • 1993 - Bom Dia Para Nascer (Crônicas na Folha de São Paulo)
  • 1994 - O Príncipe E O Sabiá E Outros Perfis (História)
  • 1995 - A Testemunha Silenciosa (Novelas)



Zilá Fonseca

IOLANDA RIBEIRO ANGARANO
(63 anos)
Cantora

* São Paulo, SP (12/04/1929)
+ Rio de Janeiro, RJ (30/05/1992)

Zilá Fonseca nasceu em São Paulo, cidade onde iniciou sua carreira artística. Em 1939, foi contratada pela Rádio Tupi de São Paulo.  Trabalhou depois na Rádio Cruzeiro do Sul, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, passando a atuar na Rádio Mayrink Veiga.

Lançou pela Columbia, seu primeiro disco, com acompamento de Antônio Rago e seu conjunto regional, interpretando a marcha "Se Ele Perguntar Por Mim" e o samba "Fiz Esta Canção", ambas do compositor Sereno.

Em 1940, participou do filme "Vamos Cantar", dirigido por Leon Marten.  Gravou um disco na Columbia, incluindo o samba "Coração Em Festa" (José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro) e "Carta Verde" (Valfrido Silva e Armando Lima).  No mesmo ano lançou dois de seus grandes sucessos,  a marcha "A Charanga do Oscar", de Malfitano, Silva Araújo e Geraldo Mendonça e o samba "Sei Lá Si Tá", de Valfrido Silva e Alcir Pires Vermelho.

Em 1942, gravou na RCA Victor as marchas "A Vontade do Freguês" (Malfitano e Jorge Faraj) e "Olha a Conga" (Malfitano e Silva Araújo).

Em 1945, foi contratada pela Odeon e lançou os sambas "Já Não Posso Mais" (Milton de Oliveira e Gilberto de Carvalho) e o grande sucesso de "Muita Gente No Samba" (Ari Monteiro). No ano seguinte gravou o samba "Nicanor Vai Ser Chutado" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira).

Em 1948, transferiu-se para a Star, onde gravou "Quero Um samba" (Assis Valente e Júlio Zamorano), "Onde Vamos Morar" (Antônio Valentim dos Santos e Aldacir Evangelista), "Eta Pessoal" (Henrique de Almeida, Gadé e Humberto de Carvalho) e o grande sucesso "A Aurora Vem Raiando" (Nelson Trigueiro), além da marcha carnavalesca "Galo Garnizé" (Antônio Almeida, Luís Gonzaga e Miguel Lima).

Em 1949, atuou no filme "Estou Aí", com direção de José Cajado Filho. Nesse mesmo ano, casou-se com Osvaldo Luís, na época locutor da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1951, foi para a Odeon e transferiu-se neste mesmo ano para a Todamérica, estreando com a marcha "Meu Barracão Não Cai" (Valdir Gonçalves e Irani de Oliveira), o samba "Nome Manchado" (Paulo Marques e Alice Chaves), e para o carnaval "Balança Mas Não Cai" (Abel Ferreira), seguido de "Não Te Quero Mais" (Mário Sena e Armando Rosas), "Revés do Passado" (Plínio Gesta), "Minha Vida e Meus Amores" (Luís Vieira) e "O Príncipe Maru" (Oldemar Magalhães).

Em 1952 gravou o baião "A Jangada Não Vem", de sua parceria com Osvaldo Silva e o samba "Agradeço a Você" (Altamiro Carrilho e Armando Nunes). No ano seguinte, retornou para a Columbia e gravou o samba-canção "Jerusalém" (Castro Perret) e a canção "Noite de Luz" (Gruber e Osvaldo Molles).

Em 1954, gravou com Cauby Peixoto o bolero "Vaya Con Dios" (Russel, James e Pepper), com versão de Joubert de Carvalho e o baião "Elvira" (Rômulo Paes e Henrique de Almeida). No ano seguinte gravou o clássico samba "A Voz do Morro" (Zé Keti).


Em 1956, registrou o samba "Vingança de Pobre" (Hianto de Almeida e Francisco Anysio) e no ano seguinte o samba "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins). Gravou ainda na Chantecler e nos pequenos selos Sarau e Ritmos.

Zilá Fonseca durante muito tempo foi considerada uma especialista na arte de cantar tangos e boleros.   
Fonte: Cifra Antiga